Gravis caminhou pelo corredor por alguns minutos até chegar a um grande salão aberto. Em comparação com as áreas anteriores, esse salão parecia mais majestoso. Havia alguns ornamentos, e todo o salão era feito de ouro. Não havia lâmpadas, mas, por algum motivo, o ouro irradiava uma luz suave que iluminava o ambiente.
No centro do salão, havia um orbe giratório com muitos símbolos flutuando ao redor dele. Gravis imaginou que esse fosse o núcleo de toda a Provação do Céu. Atrás do núcleo, havia quatro baús de tesouro fechados. O fato de haver quatro baús provavelmente significava que todos haviam sobrevivido.
Claro, Gravis não precisava olhar para os baús para saber disso. Afinal, todos os seus companheiros estavam ali, parados diante do orbe, olhando para ele com sorrisos. Todos tinham sobrevivido.
Pack!
Joyce abraçou Gravis. — Estou tão feliz que você sobreviveu — disse Joyce com uma voz exaltada. — Quando vi o meu teste, soube imediatamente que você estava em perigo mortal. Estou tão feliz que você venceu sua cópia!
Gravis sorriu um pouco e, surpreendentemente, retribuiu o abraço. Joyce ficou chocada. Ele nunca havia feito algo assim antes. Será que o que ele havia dito era verdade? Ele realmente tinha uma solução para a situação deles, algo que ambos poderiam aceitar?
Manuel sorriu ao ver Gravis abraçar Joyce, enquanto Nero apenas olhou para o lado, fingindo não ver nada. Após alguns segundos, Gravis afastou Joyce gentilmente.
— Bem, não sei se derrotei minha cópia ou o original, mas sobrevivi — disse Gravis com uma leve risada.
O grupo todo franziu as sobrancelhas. — O que você quer dizer? — perguntou Joyce. — O fato de você estar aqui significa que você é o original.
Gravis apenas sorriu e balançou a cabeça. — Essa Formação era muito mais complexa do que você pensa, e vocês também subestimam o poder do Céu.
— Você pode explicar? — perguntou Manuel, com as sobrancelhas franzidas.
— Bem — Gravis começou — o Céu não criou uma simples cópia. Ele criou outra versão de nós. A cópia, como vocês chamam, tinha um Espírito, uma mente, uma alma, memórias, e tudo o que constitui um ser humano. Então, não era apenas uma construção, mas outro ser vivo, idêntico a nós.
Joyce e Manuel tentaram entender o que Gravis acabara de dizer, enquanto Nero olhava para uma de suas adagas. — Então, eu poderia ser a cópia? — perguntou Nero.
Gravis assentiu. — Sim. O Céu criou vida, e com poder suficiente, ele pode simplesmente criar outro de nós. Se o Céu for poderoso o bastante, ele pode entender e ver através da nossa existência e então esculpir outra versão de nós. Claro, este Céu inferior não sabe como fazer isso. Isso foi obra do Céu do meu mundo natal.
O clima no grupo ficou tenso. Eles começaram a duvidar de sua própria existência. Quando Gravis percebeu isso, ele apenas balançou a cabeça com um sorriso. — Não importa se somos a cópia ou o original. Todas as nossas ambições, objetivos, sonhos, memórias e tudo o que somos é o mesmo. Portanto, desde que um de nós tenha sobrevivido, continuamos vivendo.
O grupo ficou em silêncio por um tempo. — Mas por que o Céu faria algo assim? — Manuel perguntou, curioso.
— O Céu provavelmente queria forçar uma mudança em nós — disse Gravis.
Manuel franziu a testa. — Então o Céu nos manipulou? — ele perguntou.
Gravis balançou a cabeça novamente. — Não. Quando duas versões idênticas de uma pessoa se encontram sob essas condições, uma delas precisa mudar. Se ambas permanecerem idênticas, ambas morrerão. Não acho que o Céu tivesse um plano específico em mente, mas apenas queria nos forçar a crescer de alguma forma. Não importa qual mudança aconteceria. O importante era que uma de nós mudasse. Isso também é um tipo de crescimento.
O grupo permaneceu em silêncio por mais algum tempo, perdido em pensamentos. Se outra pessoa dissesse algo tão absurdo, eles provavelmente não acreditariam, mas Gravis sabia muito mais sobre o Céu e como os mundos funcionavam do que qualquer um ali. No que dizia respeito ao Céu, ele era a autoridade suprema.
— Me contem, como vocês sobreviveram a esse teste? — Gravis perguntou.
Joyce e Nero ficaram em silêncio, então Manuel deu um passo à frente. — Decidimos fazer um duelo. Quem conseguisse infligir um ferimento que colocasse a vida do outro em risco venceria. O perdedor, então, se suicidaria.
— E eu imagino que você venceu? — Gravis perguntou.
Manuel assentiu. — Foi por pouco. Depois de vários minutos de luta, vi uma abertura na minha cópia e desferi o golpe. Minha cópia ficou chocada no início, mas depois riu. Após algumas despedidas, ela explodiu.
Gravis assentiu. — Seu caminho foi interrompido hoje, mas ainda continua. Você foi confrontado com a possibilidade de falhar, mas foi apenas um espectador. Acho que isso pode fortalecer sua motivação.
Os olhos de Manuel se arregalaram um pouco, e então ele caiu em reflexão. — Acho que você tem razão. Ver a mim mesmo morrer foi uma experiência complexa. Foi como um espelho do que poderia acontecer.
Gravis sorriu e depois se virou para Nero. — E você?
Nero parecia desconfortável em responder, mas mesmo assim obedeceu. Após soltar um suspiro, Nero começou a contar sua experiência no quinto teste. — Decidimos o mesmo que Manuel. Quem conseguisse cravar uma adaga no corpo do outro seria o vencedor.
— E você venceu? — perguntou Gravis.
Nero soltou um suspiro trêmulo. — Não. Eu perdi.
Os olhos de Gravis brilharam. — Interessante. Conte-me mais.
Nero soltou outro suspiro. — Depois de uma longa luta, ambos conseguimos cravar nossas adagas um no outro. Minha cópia foi um segundo mais rápida, então ele venceu. — Nero olhou com visível desconforto para o lado. — Mas eu não podia deixar meu caminho acabar, então cravei minha segunda adaga nele, matando-o. Ainda posso ver a expressão de choque e traição nos olhos dele.
Gravis assentiu. — Não se culpe por isso — disse Gravis de forma casual, surpreendendo Nero. Gravis não era um defensor da justiça? — Já que sua cópia ficou chocada, isso significa que ela não podia acreditar que você faria algo assim. Portanto, houve uma mudança. Você se diferenciou da sua cópia ao abandonar o orgulho para continuar em seu caminho. Estar disposto a sacrificar algo assim pelo seu objetivo é bom. Essa atitude só vai te ajudar na sua jornada.
Nero continuou respirando fundo, desviando o olhar, tentando processar o que tinha feito. Ele entendia o que Gravis estava dizendo, mas ainda não conseguia aceitar. Sentia-se sujo e culpado. Gravis percebeu isso, mas sabia que Nero precisava lidar com esse conflito sozinho, sem interferências.
Então, Gravis se voltou para Joyce.
Joyce olhava desconfortável para o chão, sua expressão marcada por tristeza, luto e tragédia. — Decidimos fazer uma luta de vida ou morte — disse Joyce, surpreendendo Gravis. Ele esperava que elas resolvessem de uma maneira diferente. Parecia que ele ainda não conhecia Joyce tão bem quanto pensava.
Joyce suspirou. — Fizemos isso principalmente para nos refinarmos e aumentar nossa experiência de combate. Após algumas trocas de golpes, já havíamos nos curado várias vezes. No entanto, minha cópia e eu nunca usamos ataques que poderiam matar uma à outra. Eu simplesmente não consegui me forçar a matá-la.
Gravis assentiu. — Então, como terminou? — ele perguntou.
Joyce franziu a testa, e lágrimas começaram a se formar em seus olhos. — Eu usei um ataque horizontal para forçá-la a se esquivar para o chão ou para o ar. Naquele momento, eu conseguiria atingi-la. Mas, em vez de desviar ou pular, ela sorriu feliz para mim e deixou o golpe cortá-la ao meio — disse Joyce, a voz tremendo.
Gravis também suspirou. — Acho que ela acreditava que você era a original — Gravis disse. — Ela viu sua determinação e pensou que ela era a cópia. A mudança em seu teste é complexa. Pode ser que sua cópia tenha mudado e morrido, ou que você tenha se tornado mais determinada. Algo assim é difícil de discernir.
Joyce soltou um suspiro trêmulo. A morte de sua cópia ainda pesava em sua mente. Aparentemente, apenas Gravis e Manuel estavam em paz com o resultado de seus testes.
— O que aconteceu com você? — Joyce perguntou depois de um tempo.
Gravis sorriu e começou a contar o que havia acontecido com ele no quinto teste.