Gravis contou ao grupo sobre o encontro com sua cópia e como eles, inicialmente, tentaram destruir o teste. O grupo ficou um pouco surpreso, já que não tinham pensado em algo assim. Eles simplesmente aceitaram o teste sem tentar rompê-lo.
Bem, era compreensível. Afinal, todos no grupo estavam apenas no estágio inicial da Formação do Espírito. Romper algo como a Provação do Céu exigia muito poder. Gravis estava em uma situação diferente, pois ele tinha poder suficiente para lutar contra algo assim.
Juntos, Gravis e sua cópia poderiam ter destruído a área de todos os testes anteriores. O poder de dois Gravis era simplesmente grande demais. Claro, o Céu havia antecipado algo assim, por isso tornou a área do quinto teste especial.
Quando Gravis contou ao grupo sobre a solução que encontrou para o teste, os olhos de todos se arregalaram. Algo assim era possível?
— Nós poderíamos ter feito o mesmo? — Nero perguntou, nervoso. Ele ainda se sentia mal pela forma como venceu o quinto teste.
Gravis coçou o queixo. — Vocês não poderiam ter feito o mesmo — ele disse. — Vocês não têm a habilidade de se transformar em algo que possa ser fundido. Dois Espíritos não podem se fundir em circunstâncias normais. A única razão pela qual isso foi possível para mim é que meu Espírito pode ser convertido em raio. No máximo, vocês poderiam ter fundido suas energias.
Nero suspirou. — E como o Espírito é o núcleo de uma pessoa, ainda seríamos forçados a nos matar.
Gravis assentiu. — Infelizmente, sim.
— A propósito — Joyce disse, interessada — não consigo sentir o seu Espírito. Isso significa que você alcançou o Estágio do Eu? — ela perguntou.
Gravis sorriu e assentiu.
Em vez de ficar empolgada ou feliz, Joyce suspirou de tristeza. — Isso significa que você vai nos deixar em breve, certo? — ela perguntou.
Gravis também suspirou, mas se aproximou de Joyce e colocou a mão em seu ombro. — Isso iria acontecer eventualmente, mas primeiro, deixe-me falar sobre a solução que encontrei para a nossa situação.
Joyce se animou e olhou nos olhos de Gravis com expectativa.
— Agora, nós não podemos ficar juntos — Gravis disse, destruindo as esperanças de Joyce — mas isso não será para sempre, certo? — ele perguntou.
Joyce franziu a testa. — Não sei o que você quer dizer — ela disse.
Gravis balançou a cabeça suavemente e olhou para Manuel e Nero. — Preciso falar com ela em particular — ele disse.
Manuel apenas fez um gesto de indiferença, enquanto Nero se afastou.
Gravis se voltou para Joyce e começou a usar sua Transmissão de Voz. — Posso te contar sobre os níveis dos mundos e o meu mundo natal, porque, se continuar ascendendo, você eventualmente chegará lá. Quando esse momento chegar, e se você ainda estiver interessada, poderemos ficar juntos — Gravis transmitiu.
Os olhos de Joyce se arregalaram. — Eu vou alcançar o seu mundo natal? Achei que nossos mundos não tivessem conexão — ela transmitiu de volta.
— Antes de te contar mais, quero saber se você realmente quer seguir por esse caminho. Parte do conhecimento que estou prestes a transmitir pode ser perigoso para o seu caminho. Se você não estiver totalmente comprometida, seria melhor não saber essas coisas — Gravis transmitiu.
Joyce permaneceu em silêncio por alguns segundos, refletindo seriamente sobre as palavras de Gravis. Se ele dizia que esse conhecimento era perigoso, provavelmente era. Gravis nunca exagerava.
Mas seria o caminho dela, sua vontade e motivação, tão fracos a ponto de serem prejudicados por algo que ele dissesse?
— Quero saber — Joyce transmitiu — porque o meu caminho não será influenciado por algo que alguém diga. Meu caminho é mais estável do que isso. Então, você pode me contar.
Gravis sorriu ao ouvir isso. Era exatamente o que ele queria ouvir! Se suas palavras a abalassem, ele desistiria dela. Somente uma vontade forte o suficiente poderia mantê-la em movimento até que ela alcançasse seu mundo natal.
— Certo, então, por favor, preste atenção e não conte aos outros sobre o que vou te dizer agora. Você tem um objetivo agora, então pode lidar com essa montanha que estou prestes a colocar em seus ombros, enquanto os outros não podem — Gravis transmitiu.
Joyce assentiu com olhos determinados. — Eu não contarei!
Gravis também assentiu. — Estamos atualmente em um mundo inferior. Este é o tipo de mundo mais baixo — ele transmitiu, e Joyce assentiu. Essa não era uma informação nova. Afinal, ninguém ascendia ao mundo deles.
— O mundo acima deste é o mundo médio. Depois disso vêm os mundos superiores, e, depois, o mundo mais elevado, que é o meu mundo natal. No total, você precisa ascender três vezes — disse Gravis, chocando Joyce ao silêncio.
A maioria das pessoas acreditava que o próximo mundo já seria o mais elevado. Joyce imaginava que ainda houvesse um mundo após o próximo, pelo que Gravis havia dito sobre seu mundo natal e seu conhecimento. Mas ainda havia outro nível?
Joyce percebeu o quão fracos todos eram no grande esquema das coisas. Que status eles teriam no mundo natal de Gravis?
— Se você alcançar o meu mundo natal, poderemos ficar juntos — Gravis disse.
Joyce não sabia como reagir. Quanto tempo levaria para ela alcançar o mundo natal de Gravis? Já levava décadas para alcançar o Reino da Unidade. E quanto aos reinos seguintes?
Mas Joyce apenas cerrou os punhos. Aquilo era realmente destrutivo para o caminho de alguém, mas ela não se deixaria abater! — Eu entendo! — transmitiu Joyce com determinação. — Tudo o que preciso fazer é ficar mais forte! Eu já venho fazendo isso até agora, então só preciso continuar, certo?
Gravis sorriu ao ouvir isso. Ele contou isso por dois motivos: para dar a ela um objetivo, se realmente quisesse seguir Gravis, e para mostrar a distância entre eles. Se, após milhares de anos, ela ainda quisesse estar com ele, isso mostraria o quanto ela o amava. Nesse momento, Gravis retribuiria seus sentimentos.
Gravis refletiu sobre o que o futuro poderia trazer. Talvez tudo isso fosse apenas uma paixão passageira de uma jovem adulta. Se Joyce superasse isso e seguisse em frente, também estaria tudo bem. O mundo era vasto, cheio de indivíduos extraordinários, e alguns deles poderiam muito bem conquistar o coração de Joyce.
— Eu vou te alcançar! Vou chegar ao seu mundo natal! — Joyce transmitiu com determinação, embora Gravis pudesse detectar um leve nervosismo em sua voz. — Mas… — Joyce hesitou.
Gravis sorriu. — O quê? Pode me contar.
Joyce cerrou os punhos novamente. — Quero uma provação de confiança pelo meu esforço! — ela transmitiu, sua voz tremendo na mente de Gravis.
Gravis levantou uma sobrancelha. — O que você…
De repente, Joyce avançou e pressionou seus lábios contra os de Gravis. Ele congelou, completamente pego de surpresa. No entanto, com um suspiro interno, Gravis retribuiu o beijo. Eles ficaram ali, imóveis, por alguns segundos, até que se afastaram.
Joyce parecia ofegante, e seu rosto estava completamente corado. Manuel, ao lado, assobiou ao ver a cena, o que fez Gravis lançar-lhe um olhar de lado.
Gravis ainda estava abalado pelo que havia acabado de acontecer, mas logo se recompôs. Seu coração bateu mais rápido, e, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu suas emoções saírem de controle. Normalmente, ele mantinha um controle firme sobre seus sentimentos, mas dessa vez, uma genuína sensação de calor percorreu seu peito.
Gravis coçou o queixo, imerso em seus pensamentos. Aquela situação era totalmente nova para ele, e as emoções que surgiam o intrigavam.
— Argh — Joyce gemeu depois de alguns segundos, pisando no chão com frustração. — Eu fui lá e te beijei, e o que você faz? Você simplesmente fica pensando! Pelo menos diga alguma coisa! — ela gritou, seu rosto ainda vermelho.
Os pensamentos de Gravis foram interrompidos bruscamente pela voz dela. No entanto, ele apenas sorriu e riu. — Desculpa — disse ele, um pouco constrangido, coçando a nuca.
Joyce, ao ver a expressão embaraçada de Gravis, quase se viu de volta ao momento em que conheceu o jovem tímido na Guilda de Caça. Ele havia ficado igualmente envergonhado ao conhecê-la naquela época. Joyce apenas riu e se afastou, satisfeita. Fazer Gravis se sentir embaraçado era o que ela queria. Essa reação mostrava que ele realmente se importava com ela. E isso era tudo o que ela precisava saber.
Gravis olhou confuso para Joyce enquanto ela se afastava, rindo. Por que ela estava rindo?
Será que ele tinha feito algo errado?