CRRRK!
Gravis saiu do chão e olhou para a Seita do Relâmpago. “Estou pronto para alcançar o Reino da Unidade, mas não sei se poderei continuar neste mundo depois de matar este Céu. Melhor eu fazer aquela outra coisa primeiro. Depois disso, posso muito bem alcançar o Reino da Unidade de imediato.”
Gravis também olhou para Lasar, e Lasar sorriu de volta. Lasar sabia que era hora de Gravis lutar contra o Céu. A partir de agora, tudo dependeria dele. O mundo já estava em um curso de mudança, mesmo que Gravis morresse. No entanto, se ele conseguisse matar o Céu, o mundo mudaria ainda mais.
Quando Gravis viu a expressão de Lasar, ele apenas deu um sorriso de canto. — Desculpa, mas você vai ter que esperar mais meio dia. Primeiro preciso fazer outra coisa — disse Gravis, mas seus olhos brilharam quando ele se lembrou de algo. — Falando nisso, ainda preciso te entregar minhas riquezas.
BONK!
Uma pequena colina de minérios, tesouros, pílulas, armas e até armaduras apareceu diante de Lasar. O Alto Sacerdote só havia guardado as coisas mais valiosas, então tudo que ele possuía era de primeira categoria.
Os olhos de Lasar brilharam ao ver a montanha, e ele rapidamente guardou tudo, enchendo completamente seu Espaço Espiritual. Vale lembrar que Lasar havia caído para o Estágio da Muda para se refinar mais. Isso significava que seu Espaço Espiritual era muitas vezes menor do que o de Gravis.
Lasar não agradeceu a Gravis, pois não era necessário. Ele fazia parte da Seita deles, e entregar algo para a Seita era normal. — Onde você planeja lutar contra o Céu? Quero assistir — perguntou ele.
Gravis apenas balançou a cabeça. — Faz diferença? Tenho certeza de que todos no Continente Central vão perceber, querendo ou não.
Lasar riu um pouco. — Acho que você tem razão. Vai lá! Estou ansioso pela sua luta — disse Lasar.
Gravis assentiu e disparou. Ele não convocou sua prancha de raio, porque ela provavelmente não suportaria a velocidade de Gravis. Afinal, ela havia sido construída tendo em mente o Velho Relâmpago. Gravis não só tinha o Raio de Destruição, mas ele também estava ainda mais comprimido.
A força de Gravis era provavelmente igual ou um pouco mais poderosa do que a de cultivadores do Reino da Unidade que só passaram pelo Estágio da Árvore. Materiais deste mundo inferior não seriam capazes de resistir ao seu poder. Seu sabre era a melhor prova disso.
Gravis olhou com um suspiro para o sabre quase destruído em seu Espaço Espiritual. Ele já havia começado a rachar assim que ele usou seu Crescente de Relâmpago no quinto teste. Junto com o ataque de Gravis contra o corpo do Alto Sacerdote, a arma se tornara inutilizável. Havia rachaduras por toda a lâmina.
O segundo sabre, que ele havia conseguido de sua cópia, estava apenas marginalmente em melhor condição. Afinal, ele também tinha sido usado para um Crescente de Relâmpago. Ele talvez aguentasse mais um ataque de Gravis, mas isso só considerando seu poder atual.
Gravis não precisaria usar o sabre antes de sua luta contra o Céu. Não havia mais nada neste mundo inferior que exigisse que Gravis usasse uma arma. O Céu era a única coisa que restava. Contudo, assim que ele atingisse o Reino da Unidade, o sabre nem mesmo seria útil como arma.
“Assim que eu voltar para casa, devo aprender a forjar. Meu cultivo é muito peculiar. Armas normais simplesmente não combinam com meu estilo. Acho que, como sou o único que conhece minha cultivação melhor, devo fabricar minhas próprias armas. Assim, não teria que me preocupar com minhas armas no futuro.”
A mente de Gravis também pensou um pouco sobre seu raio e o quão útil ele poderia ser na forja, mas logo ignorou esse pensamento. “Meu mundo natal é tão poderoso e avançado que certamente existem milhares de técnicas de forja que utilizam raio. Isso deve ser a menor das minhas preocupações.”
Com o corpo poderoso e o raio forte de Gravis, ele se movia quase tão rápido quanto a prancha de raio quando ele tinha acabado de alcançar o Estágio do Eu. Para descrever a velocidade atual de Gravis, não se poderia usar segundos por quilômetro, mas apenas quilômetros por segundo. Mesmo que Gravis se movesse ‘apenas’ dois quilômetros por segundo, isso ainda poderia ser considerado ridiculamente rápido.
Em quase nenhum tempo, Gravis chegou ao seu destino. Seus olhos se estreitaram ao mirar seu alvo.
Era a Seita da Terra.
A maior parte da Seita da Terra estava no subsolo e só podia ser acessada por um enorme túnel dentro da Cidade Tremor. Não se podia ver a Seita da Terra de cima com os olhos. A Seita só era visível para o Espírito.
Semelhante à Guilda da Terra no Continente Médio, a Seita da Terra estava em uma caverna escavada. Claro, o material que compunha as paredes e o teto era muitas vezes mais duro e comprimido. Além disso, a Seita da Terra também era muito maior.
O Espírito de Gravis não foi impedido pelas Formações de Matrizes que protegiam a Seita. Ele ainda se lembrava de que tinha sido impossível olhar dentro da Seita da Terra, na época em que lutou contra o Ogro. Naquele tempo, seu Espírito era fraco demais. Mas agora, era como se a Formação de Matrizes nem existisse.
Gravis viu alguns anciões e o Mestre da Seita reunidos em uma vasta torre no centro da Seita. A torre era provavelmente o núcleo da Seita, e conectava o chão ao teto. Também poderia ser chamada de pilar.
Restavam poucos anciões. Gravis havia matado um após derrotar o Ogro, e mais dois quando saiu do Julgamento do Céu. No total, Gravis só viu três anciões e o Mestre da Seita.
Gravis nem se deu ao trabalho de ouvir a conversa deles. O que diziam era irrelevante para a situação. Eles tinham ido atrás de Gravis várias vezes, e ele já estava farto. Assim como com a Seita da Escuridão, os anciões e o Mestre da Seita eram os responsáveis. Eles tinham emitido a ordem de matar, e os discípulos não tinham nada a ver com isso.
BANG!
Quatro Lanças de Relâmpago apareceram dentro do salão do nada e aniquilaram as quatro pessoas. Gravis não estava interessado em suas defesas ou justificativas. Ele também não estava interessado em se exibir diante deles ou intimidá-los. Qual seria o sentido disso? Para se sentir melhor consigo mesmo? Ele não precisava disso. Acabar com aquilo de forma rápida e limpa era a melhor opção.
Assim, todo o alto escalão da Seita da Terra foi destruído sem que ninguém da Seita percebesse. Devido ao sigilo, o salão estava isolado. Nenhum discípulo da Seita da Terra tinha força suficiente para ver dentro da torre.
— Eu sou Gravis, e matei seus anciões e seu Mestre da Seita — ele transmitiu a todos na Seita. — Eles foram contra mim várias vezes, e não sinto nenhuma culpa por matá-los.
Toda a Seita da Terra ficou em um silêncio mortal.
— Deixe-me dar um conselho — Gravis transmitiu para todos. — Somos todos jovens. Daqui a cem anos, acharemos que os nós de hoje éramos apenas crianças inexperientes. Então, quando somos crianças inexperientes aos olhos de nossos futuros eus, como podemos ter a capacidade de decidir corretamente nossas crenças e caminhos para um futuro que ainda não conhecemos?
A Seita permaneceu em silêncio. Tudo havia chegado de forma repentina demais.
— Dizer que a terra não cede é uma simplificação excessiva. Essa descrição pode até servir para pedras, granito e outros materiais similares, mas há mais na terra do que apenas isso. A grama não enterra suas pequenas e frágeis raízes na terra? Não existem mortais que criam campos na terra? Se ela não cedesse, nada disso seria possível.
— Pense em quando você tinha seis anos. Imagine se você ficasse preso nas crenças que tinha naquela idade. Não pareceria estúpido para o você de agora? Você sabe muito mais agora. Seguir um sistema de cultivo tão rígido não vai te ajudar a chegar ao topo.
— Mortais usam ferro para fazer armas, não gemas ou minerais mais duros. Gemas como diamantes, rubis, safiras, quartzos e outras semelhantes são mais duras que o ferro, mas, mesmo que os mortais tivessem acesso ilimitado a elas, não fariam armas com elas. Isso porque essas gemas são mais duras que o metal, mas também são frágeis. Armas de metal não se destroem facilmente porque cedem quando atingem algo. Elas se dobram. Gemas se quebram.
— Reconsiderem seu sistema de cultivo. A terra não é tão simples quanto você pensa — disse Gravis, e então se virou. Ele havia compartilhado alguns de seus pensamentos com a Seita, mas o que os discípulos fariam com isso era com eles. Gravis nem verificou se seu discurso havia destruído algumas crenças ou não. Isso não era importante para ele.
Gravis deixou a área de Cidade Tremor e foi para a montanha mais alta que pôde encontrar. Quanto mais desolada a área, melhor. Ele havia terminado tudo o que queria fazer. Quase nada mais o prendia a esse mundo inferior.
Gravis ficou no topo da montanha por uma hora, apenas sentado com os olhos fechados. Com seu Espírito, ele observava o mundo. Gravis tinha 22 anos e estava neste mundo inferior há seis. Isso era mais de um quarto de toda sua vida.
Ele reviveu toda sua vida neste mundo inferior em suas memórias. Ele tinha sido simples e frágil no Continente Externo. Tinha sido arrependido e pressionado no Continente Médio. E agora, ele estava determinado e esclarecido no Continente Central.
O Céu sempre o havia suprimido no início.
O Céu tinha lutado de igual para igual no meio.
O Céu estava perdendo constantemente no fim.
Sua jornada havia completado um ciclo, e só restava a última batalha deste mundo. Gravis tinha encurralado o Céu. Não havia mais nada para ele fazer além de morder. O véu foi levantado, e todos os enganos e esquemas do Céu fracassaram e perderam seu sentido.
Depois da hora de contemplação, Gravis se levantou. Ele olhou para seus três centros de poder, que estavam prontos para se conectar, e estreitou os olhos.
— Está na hora!