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Lightning Is the Only Way – Capítulo 350

O Amor de um Pai

Segundos de silêncio passaram.

— A propósito — disse o Opositor. — Agora você provavelmente também consegue adivinhar por que eu e o velho bastardo somos inimigos.

Gravis ficou surpreso ao ouvir isso. Ele sempre imaginou que a inimizade entre eles tivesse começado por algo específico que havia acontecido no passado, mas agora seu pai sugeria que ele poderia descobrir a razão sozinho?

Surpreendentemente, entender por que seu pai e o Céu eram inimigos parecia mais difícil do que compreender a razão da morte. No entanto, após alguns segundos de reflexão, Gravis acreditou ter encontrado a resposta.

— Você é um imenso reservatório de Energia… mas sem uma chave para abri-lo — disse Gravis.

Seu pai sorriu. — Muito bem. Sempre foi um garoto esperto — respondeu o Opositor.

Gravis ficou feliz em ouvir o elogio de seu pai.

— Após certo tempo — explicou o Opositor — eu alcancei um Reino que ninguém havia alcançado antes. Mas o velho bastardo percebeu isso tarde demais. Naquele ponto, eu já conseguia resistir à sua influência. É claro que não posso te dizer exatamente como fiz isso, porque isso certamente o faria agir contra você.

— Assim que resisti à influência dele, me tornei o maior ímã de Energia do mundo. No entanto, como ele não pode me matar, ele também não pode acessar minha Energia. Como você disse, sou um grande depósito de Energia ao qual ele não tem acesso. Então, ele tentou de tudo para me matar. E assim nasceu nossa inimizade.

O Opositor franziu a testa. — Mas, para ser honesto, eu não sei se ele realmente não pode me derrotar ou se está apenas fingindo. Afinal, sou uma fonte imensa de atração para a Energia Cósmica. Pode ser que ele consiga me matar, mas prefira me deixar ‘engordar’ ainda mais.

Gravis sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ele não ouviu preocupação na voz de seu pai, mas tinha certeza de que ela estava lá. Era a primeira vez que seu pai parecia não ter o controle absoluto de tudo. A possibilidade de seu pai estar caindo em uma armadilha do Céu sequer havia passado por sua mente antes.

O Opositor suspirou — algo que Gravis nunca tinha visto antes.

— Na verdade, cerca de cinco dias atrás, senti que caí em uma das armadilhas do velho bastardo.

— Como assim? — perguntou Gravis, preocupado.

O Opositor olhou profundamente para ele. — Foi quando você atingiu o Reino Formação do Espírito — respondeu.

— Ah, certo! — disse Gravis. — Eu tinha esquecido completamente da dilatação temporal. É bizarro pensar que para mim se passaram seis anos, mas para você, apenas dois dias. O que aconteceu exatamente naquele momento?

— Quando você adaptou seu Espírito ao raio, abriu um túnel para ele entrar em você — explicou o Opositor. — A Energia em si não tem vontade, mas o raio tem. No entanto, sem um Espírito ou alma, ele não pode se tornar consciente.

— Assim que entrou em você, tornou-se consciente e fez o que sabe fazer de melhor: destruir. Seu Espírito era fraco demais para resistir ao poder esmagador do raio, e você morreu.

Gravis suspirou, trêmulo. Ele já havia suspeitado que tinha morrido naquela ocasião, mas ouvir isso diretamente de seu pai tornou a verdade muito mais impactante.

— O raio tomou conta do seu ser e começou a convocar e absorver ainda mais raios. O velho bastardo não notou, já que você era fraco demais para chamar sua atenção, mas eu percebi.

— Você precisa saber que a manifestação do raio teria sugado todos os raios do seu mundo inferior em questão de segundos. Depois, teria ascendido e repetido o processo até alcançar o Mundo Mais Alto.

— Nesse ponto, seria tarde demais para o velho bastardo. Ele decidiu que 50% de seu poder estaria no raio, e se a manifestação o absorvesse, ele perderia metade de sua força. A manifestação teria os outros 50%.

— Nesse ponto, eu poderia simplesmente matar o velho bastardo e, depois, a manifestação. Afinal, sou mais versátil. O raio é apenas uma pequena parte do meu poder. Assim, eu finalmente teria alcançado o que busquei por 50 bilhões de anos.

Os pensamentos de Gravis vacilaram. Uma inimizade que havia durado 50 bilhões de anos… ou a vida de apenas um entre milhares de filhos. Em sua mente, ele pensou que talvez ele mesmo teria escolhido a inimizade.

O Opositor suspirou. — Mas eu não queria te perder — disse ele, sua voz carregada de um tom triste e caloroso que fez o coração de Gravis se apertar. — Caí nas armadilhas do Céu e deixei o amor guiar meu julgamento. Sempre acreditei que seguir os esquemas do Céu e, por extensão, suas emoções criadas, levaria à minha morte. Mas fiz isso mesmo assim.

— O Céu criou o amor para nos tornar mais fortes, mas agora, a mesma emoção que evitei por toda a minha vida afetou meu julgamento. Eu queria sacrificar sua vida pela morte do Céu, mas simplesmente não consegui.

Gravis sentiu uma mistura complexa de emoções. Por um lado, estava feliz por seu pai amá-lo tanto. Por outro, sentia culpa por ter impedido seu pai de alcançar seu objetivo. Talvez tivesse sido melhor se ele tivesse permanecido morto naquela ocasião.

O Opositor colocou a mão no ombro de Gravis e olhou profundamente em seus olhos. — Não se sinta culpado, Gravis — disse com firmeza. — Eu fiz minha escolha, e não me arrependo. Não se esqueça: se você não existisse, essa possibilidade nunca teria surgido.

Gravis permaneceu em silêncio, olhando nos olhos do pai.

— Não é como se você tivesse cometido um erro ou me prejudicado. Minha decisão de escolher sua vida ao invés da minha vingança apenas fez as coisas voltarem ao que eram antes. Nada disso teria acontecido se você não existisse.

Então, o Opositor abriu um sorriso. — Além disso, não saímos de mãos vazias. Você agora tem uma afinidade sem precedentes com o raio. Se alguém algum dia alcançar meu nível, só poderá ser tão forte quanto eu ou mais fraco, já que seguimos o mesmo caminho. Mas você é diferente.

— Se você alcançar o meu Reino, será imune à arma mais poderosa do velho bastardo e ainda terá sua força completa. Mesmo que você não seja mais forte do que eu, será certamente mais forte do que ele. Afinal, você é o contraponto perfeito para ele.

Lágrimas escorreram dos olhos de Gravis. Ele nunca tinha sentido tanto amor paterno vindo de seu pai, mas tudo mudou naquele dia. Seu pai havia escolhido a vida dele em vez de seu objetivo de uma vida inteira. Gravis frequentemente duvidava se seu pai realmente o amava, mas agora essas dúvidas foram completamente dissipadas.

Seu pai pode não ter demonstrado seu amor com frequência, mas o sentia profundamente. Pela primeira vez em muito tempo, Gravis se sentiu genuinamente feliz. A vitória sobre o Céu inferior havia trazido excitação, mas não felicidade.

— Obrigado, pai — disse Gravis, com lágrimas nos olhos.

Seu pai sorriu calorosamente. — Não precisa agradecer. Você é meu filho, e tenho muito orgulho de você.

Eles permaneceram em silêncio por um minuto, enquanto Gravis desfrutava daquele momento de proximidade com seu pai.

Então, o Opositor sorriu maliciosamente. — Afinal — disse ele com uma risada — você conseguiu matar um dos filhos do velho bastardo sem ascender! Ninguém jamais fez isso antes.

Gravis deu uma risadinha. — Ninguém?

— Bem, houve alguns casos em que alguém de um mundo mais alto matou um Céu de um mundo inferior por vingança, mas um Céu mais poderoso sempre veio e os aniquilou rapidamente.

Gravis suspirou. Então, havia acontecido antes. — Mas isso só foi possível porque você me protegeu — disse ele. Gravis sabia que ainda estava vivo porque alguém mais poderoso o havia protegido, e isso o irritava profundamente. Ele não queria depender de ninguém.

— Isso está errado — respondeu o Opositor, surpreendendo Gravis. — Eu conheço bem o velho bastardo, e tenho quase certeza de que ele não mataria alguém que conseguiu matar um Céu. — Então, levantou um dedo. — Desde que não tenha ascendido para um mundo mais alto antes de fazer isso.

— Então — o Opositor continuou com um sorriso de canto. — Mesmo sem a minha proteção, o velho bastardo não teria te matado por eliminar um dos filhos dele. Ele valoriza a força acima de tudo. Se um dos seus filhos não consegue matar alguém em seu próprio mundo, mesmo tendo o mundo inteiro como arma, ele os considera inúteis. Assim, na visão dele, se foram fracos, merecem morrer.

Gravis ficou surpreso, mas se sentiu mais em paz com o fato de ter matado o Céu inferior. — O Céu mais elevado é tão justo assim? — perguntou ele. — Achei que, depois do que aconteceu com Stella e com a conduta repulsiva do Céu inferior, o Céu mais elevado também seria assim.

O Opositor suspirou. — Bem, eu não gosto do velho bastardo, mas tenho que admitir que ele é bem justo… Claro, desde que eu não esteja envolvido. Ele só age como um cretino com a nossa família e comigo. Com o restante, ele é surpreendentemente justo. No Mundo Mais Alto, não existem manipulações como os Nascidos do Céu nem a supressão de talentos poderosos.

Gravis arqueou uma sobrancelha. — Não existem Nascidos do Céu?

Seu pai balançou a cabeça. — Não. Por que ele precisaria deles? Ele sabe que tem controle absoluto sobre tudo, exceto sobre mim, é claro. Então, não há necessidade de criar algo como os Nascidos do Céu. Se ele não gosta de algo, pode simplesmente mudar as regras ou eliminá-lo. Além disso, ter pessoas escolhidas pelo Céu à vista de todos só geraria ódio e inveja nos cultivadores comuns.

O Opositor deu de ombros. — O velho bastardo tem uma reputação sólida no Mundo Mais Alto. Ovelhas que seguem de bom grado são mais fáceis de controlar do que aquelas que te odeiam. Aos olhos das pessoas, eu sou o antagonista. E, para ser justo, elas não estão completamente erradas. Provavelmente matei muito mais pessoas do que ele.

Gravis nunca havia visto seu pai agir e falar de forma tão casual. A distância fria entre eles estava, lentamente, se dissipando, e Gravis sentia que a lacuna entre eles estava diminuindo.

— Enfim, você queria saber mais sobre o Mundo Mais Alto — disse o Opositor, enquanto invocava mais café para si e para o filho. — Acabamos desviando um pouco do assunto.

Gravis tomou um gole de café com um sorriso.

— Conte-me mais — disse ele.

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