Gravis assentiu. — Sim, por favor, me conte mais — disse ele com interesse. Finalmente, ele descobriria mais sobre seu mundo natal.
O Opositor tomou mais um gole de seu café. — Você está atualmente dentro da Cidade Opositora. Um nome bem direto, não acha? — disse seu pai com um sorriso de canto.
Gravis nunca tinha ouvido o nome de sua cidade natal, mas fazia sentido. Ainda assim, ele olhou para o pai com uma expressão complicada.
— Ei, não me olhe assim — disse seu pai. — Não fui eu quem deu o nome à cidade. Na verdade, ninguém planejou construir essa cidade. Ela simplesmente surgiu do nada, e o nome pegou. Eu sou um grande ímã de Energia, então o ambiente ao meu redor é o mais denso em termos de Energia. Por isso, muitas pessoas começaram a construir suas casas ao redor da nossa.
“Cidade Opositora, que nome simples”, pensou Gravis com um sorriso de canto.
— De qualquer forma, a Cidade Opositora está localizada nas Planícies Centrais. Como o nome sugere, este é o centro do mundo inteiro. Quase todas as Seitas mais poderosas estão localizadas nessas planícies, e aqui você encontra a elite absoluta de cultivadores e bestas — explicou seu pai.
— Você pode compará-las ao Continente Central do seu mundo inferior. No entanto, as Planícies Centrais são muito, muito mais vastas do que o mundo inferior inteiro. Para colocar em perspectiva, as Planícies Centrais são muitas vezes maiores do que milhares de mundos inferiores juntos.
— Milhares de mundos inferiores? — perguntou Gravis, chocado. — As Planícies Centrais são tão enormes assim?
O Opositor assentiu. — Assim como no seu mundo inferior, quanto mais você se afasta do centro, menos Energia há. Não existem barreiras ou algo significativo entre as áreas, e a Energia não desaparece de uma vez. Ela apenas vai ficando cada vez menor.
— Você pode comparar o mundo mais alto a uma cebola. Estamos no núcleo, mas quanto mais você se afasta, mais camadas encontra. Assim como no seu mundo inferior, quanto mais longe você vai, maiores se tornam as áreas.
— As áreas fora das Planícies Centrais são maiores? — perguntou Gravis.
O Opositor assentiu. — Sim. O tamanho massivo do mundo mais alto não pode ser comparado a nenhum outro mundo. Ele existe há mais tempo que qualquer outro, então teve mais tempo para se expandir. Além disso, possui, de longe, a maior quantidade de Energia, o que faz com que sua expansão seja ainda mais rápida.
O Opositor coçou o queixo, pensativo. — Pode-se dizer que todos os outros mundos juntos são quase do mesmo tamanho que o mundo mais alto.
— Mas não existem bilhões de mundos? — perguntou Gravis.
O Opositor assentiu de novo. — Sim, mas é assim que o mundo mais alto é vasto. A grama do lado de fora da cidade, por exemplo, é a grama-comum mais poderosa que você pode encontrar. Ela nem possui Espiritualidade e, portanto, não pode ser considerada uma Planta Espiritual. É só uma grama muito resistente.
— Não é à toa que foi tão fácil matar a grama — disse Gravis. — Pelo seu poder físico, cada talo de grama deveria estar no Reino Unidade. Eu posso ser poderoso nesse Reino, mas matar milhares de cultivadores do meu nível? Parece um pouco demais.
— Sim. A grama tem um corpo equivalente ao Reino Unidade, mas nada além disso. Ela age apenas por instinto e não pode fazer mais nada. É por isso que a grama simplesmente atacou você sem parar. Qualquer besta ou Planta Espiritual já teria fugido do seu raio — disse o Opositor.
Gravis se lembrou de algo. — Falando nisso, que tipo de raio é esse que ganhei após absorver o raio do Céu? E por que fiquei atordoado quando o absorvi? — perguntou.
— É o Raio de Punição — disse o Opositor. — Normalmente, os cultivadores só podem usá-lo muito mais tarde em sua jornada de cultivo. Isso porque é necessário compreender algumas leis relacionadas ao raio para utilizá-lo.
BZZZ!
Gravis convocou uma pequena esfera branca de raio e a observou. — Mas eu consigo usá-lo sem problema — disse ele.
O Opositor assentiu. — Porque você entende suas leis.
Os olhos de Gravis se arregalaram. — Eu entendo? — ele perguntou.
— Seu Espírito é adaptado ao raio, então tem uma conexão profunda com ele. Quando você absorveu o Raio de Punição, seu Espírito começou a se fundir com ele. Foi como se o Raio de Punição estivesse revelando todos os seus segredos ao seu Espírito e dizendo o que ele é.
— Porém — continuou o Opositor — as leis são muito complexas, e entendê-las é um processo longo. Quando o Céu inferior descarregou tanto raio em você, seu Espírito foi sobrecarregado com compreensão. Ele ficou completamente ocupado e não conseguia fazer mais nada.
O Opositor coçou o queixo novamente e olhou para o teto. — Você pode comparar isso com uma perna adormecida. Quando seus nervos ficam sem conexão por muito tempo, eles não conseguem enviar sinais para o cérebro. Então, quando a conexão é restabelecida, todos os nervos enviam sinais de uma vez, sobrecarregando o cérebro e causando desconforto. Claro, existem algumas diferenças.
Gravis também coçou o queixo, pensativo. Em seguida, olhou para a esfera de raio que ainda flutuava e refletiu sobre ela. Por algum motivo, ele sentia algo peculiar em relação a ela. Parecia que esse raio era parte dele.
Tentar compreender tudo sobre si mesmo é difícil, pois seria complicado descrever cada faceta do próprio ser. Era apenas uma sensação, e essa sensação englobava todo o entendimento de si mesmo. O sentimento que Gravis tinha em relação ao raio era semelhante.
Ele tentou explicar algumas características do novo raio e descobriu que tinha muita informação para compartilhar. Ele podia explicar como o raio se comportava, como ele parecia, como interagia com diferentes coisas e várias outras nuances. Gravis sentia que poderia falar sobre esse raio por dias.
Quando percebeu isso, entendeu o quanto sabia sobre esse novo tipo de raio. Ele sabia tanto! No entanto, nunca tinha notado. Ele apenas sentia o que o Raio de Punição transmitia, sem perceber que essa sensação carregava tanto conhecimento.
Havia uma verdade geralmente aceita sobre como as pessoas aprendem um conceito. No início, o conhecimento sobre o tópico é básico e simples, mas com mais estudo, ele se torna complexo.
Em certo ponto, todas as facetas desconexas se fundem, criando um conceito completo. A partir desse momento, não é necessário aprender muito mais, pois o conceito permite deduzir o resto logicamente.
Se alguém perguntasse por que algo em um tema específico funcionava de determinada forma, a pessoa provavelmente responderia: ‘Porque faz sentido’ ou ‘é lógico’, ou ‘é óbvio’.
Gravis pulou todas as etapas de aprendizado e alcançou diretamente a sensação de domínio sobre o conceito do Raio de Punição. Conscientemente, ele sentia que não sabia nada, mas, ao mesmo tempo, tudo fazia sentido.
— Sabe — disse o Opositor, tirando Gravis de seus pensamentos — isso pode ser uma coisa ruim. A compreensão foi basicamente entregue a você em uma bandeja de prata e você não se deu ao trabalho de entendê-la. É semelhante a ter seu cultivo aumentado em um reino maior.
— A compreensão de novas leis no futuro pode se tornar mais desafiadora do que o normal. É por isso que você deve progredir lentamente e entender todas as facetas de seu cultivo.
Gravis assentiu. — Eu sei — disse ele. — Meu poder pode estar à frente dos outros no meu Reino, mas assim que eu me acomodar e elevar meu Reino, minha vantagem desaparecerá. Essas pessoas terão aprimorado suas habilidades. Nesse ponto, eu talvez seja apenas um pouco mais forte. Em um Reino seguinte, provavelmente serei apenas mediano.
O Opositor sorriu. — É bom que você entenda isso.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos até que Gravis se lembrou de algo. — A propósito, que fungo era aquele que absorvi no meu Anel da Vida? — perguntou Gravis.
— Esse é um Fungo Comum — disse o Opositor. — Parece mais uma categoria de fungo do que um tipo específico, mas na verdade esse é o nome do tipo específico.
— É porque esse é o fungo mais comum que ele se chama Fungo Comum? — Gravis perguntou.
O Opositor assentiu.
Gravis invocou seu Anel da Vida e olhou para ele. Sua consciência entrou no Anel, e ele viu uma área de centenas de quilômetros de largura com algumas gramíneas comuns. Havia também um pouco de água e ar, mas nada mais de especial. Era apenas o mínimo necessário para manter coisas vivas.
No entanto, abaixo da superfície, Gravis sentiu o fungo. Ele permanecia no subsolo, absorvendo alguns nutrientes e Energia. O Anel da Vida absorvia a Energia presente no ar e a canalizava para dentro dele.
— Mestre — o fungo transmitiu assim que sentiu o Espírito de Gravis. Gravis se surpreendeu que o fungo pudesse falar com ele, mas percebeu que ele apenas entendia conceitos básicos. Era semelhante à Bétula de Freya no mundo inferior.
— Em comparação com a grama — o Opositor disse, atraindo novamente a atenção de Gravis — esse fungo é uma verdadeira Planta Espiritual, ou Planta de Unidade, se preferir. Tem alguma consciência, mas não é muito inteligente. No entanto, possui um corpo resistente e muita Energia da Vida. Infelizmente, é muito lento e vive principalmente no subsolo. Não é útil em combate, já que qualquer um pode simplesmente fugir.
— E se não fugirem? — Gravis perguntou.
O Opositor esboçou um sorriso. — Aí pode ser bem problemático, porque é difícil e robusto. É como aquele arbusto espinhoso daquele clã de onde vem aquela garotinha.
Gravis ficou um pouco confuso com o que seu pai queria dizer, mas então percebeu de qual clã ele estava falando. — O Clã Freya? — Gravis perguntou.
— Sim, acho que era esse o nome — o Opositor disse, incerto. — Se os cultivadores o atacarem, até vários deles podem morrer para ele. O arbusto pode desgastá-los com seu corpo resistente e regeneração constante.
Os olhos de Gravis brilharam um pouco enquanto ele olhava para o Anel da Vida. Talvez isso fosse útil no futuro, mas as palavras de seu pai o fizeram se lembrar de outra coisa.
— A propósito, o que aconteceu com o mundo inferior depois que eu parti? — ele perguntou.