O cálculo de Gravis já estava feito há muito tempo. Se ele absorvesse todas as Pedras Imortais que possuía, poderia alcançar o nível de Rei Imortal de Circulação Menor Avançada. Isso representava um salto de um Reino inteiro!
Espere, um Reino inteiro?
Não seria mais do que isso?
Não, seria exatamente um Reino.
Havia um detalhe que muitos poderiam ter ignorado.
Quando Arthur atacou Liran com aquele golpe, o raio desapareceu. Para onde foi aquele raio?
Obviamente, para Gravis.
No entanto, Gravis precisava manter isso em segredo. Ele confiava em Liran, mas não completamente. Por isso, manteve sua evolução em sigilo.
Atualmente, no Anel da Vida de Gravis, havia um segundo Gravis com o poder de um Imortal de Circulação Menor Avançado. Sem perceber, Gravis já havia avançado duas vezes. Com mais um avanço, ele se tornaria um Imortal de Circulação Maior Básica, o que seria suficiente para enfrentar Siegfried.
Infelizmente, essa evolução veio com uma desvantagem. A Força de Batalha de Gravis, que antes podia superar quase cinco níveis, agora estava firmemente limitada a quatro níveis. Saltar cinco níveis não era mais possível. Esse era o preço inevitável de elevar o Reino.
Siegfried ficou surpreso com a ameaça de Gravis, mas, em vez de sentir-se ofendido, sentiu respeito.
Aquele Imortal ‘fraco’ estava fazendo o que queria, independentemente do que qualquer um dissesse. Antes, Siegfried teria acreditado que Gravis era apenas arrogante, mas não mais. Com sua nova compreensão de liberdade, ele conseguiu ver as ações de Gravis pelo que realmente eram.
Livres. Sem qualquer interferência externa.
Quase todos diriam que a ameaça de Gravis era tola e arrogante. Afinal, ele realmente acreditava que podia matar um Imortal no Pináculo?
Essa avaliação, no entanto, pressupunha que Gravis acreditava ser mais poderoso. Em vez disso, Siegfried tinha certeza de que Gravis sabia exatamente o quão mais poderoso Siegfried era. Mesmo assim, sabendo que não poderia vencer, Gravis ainda fazia o que queria.
Ele estava alheio às consequências, e ninguém podia impedi-lo de agir conforme sua vontade.
Siegfried curvou-se respeitosamente para Gravis, chocando os outros.
— Obrigado pelos ensinamentos — disse com respeito.
As pessoas no salão ficaram atônitas. O que aconteceu com o obstinado Siegfried? Por que ele estava sendo tão respeitoso de repente?
— Eu não te ensinei nada — respondeu Gravis. — Só estou fazendo o que quero. Se você tira proveito disso, bom para você.
Siegfried assentiu e deixou Gravis passar.
Gravis deu alguns passos, mas parou. Então, virou-se para Liran. — Uma última coisa — disse Gravis. — Talvez eu não possa te ensinar liberdade, mas posso te contar como a obtive.
Todos ouviram atentamente o que Gravis tinha a dizer.
— Eu estive nos abismos mais profundos do desespero — disse Gravis. — Não tinha controle sobre minha vida nem sobre a vida das pessoas que amava. Meu maior inimigo tinha controle absoluto sobre tudo o que eu era e possuía.
— Naquele momento, eu abandonei a coisa mais importante da minha vida: o controle. Controle sobre minha vida e sobre a vida de quem eu amava. Todo o controle me deixou, e eu não tive outra escolha senão seguir o que meu maior inimigo queria de mim.
— E só então eu consegui compreender a liberdade — concluiu Gravis.
SHING!
E com essas palavras, Gravis desapareceu ao se teletransportar.
O silêncio reinou no salão.
— Eu não entendo — disse um dos Vice-Mestres da Seita. — As circunstâncias que Gravis descreveu soam como o oposto da liberdade. Soam como supressão. Como alguém pode compreender liberdade na supressão? Os discípulos sempre compreendem a supressão pela própria supressão.
Liran balançou a cabeça lentamente. — Eu não sei — respondeu. — Só sei que, sempre que o vejo, sinto que não consigo tocá-lo. É como se, independentemente do que eu fizesse, não pudesse restringir sua liberdade. Sinto que, mesmo se eu fizesse o meu melhor para constranger sua liberdade, ele ainda seria livre. É bizarro.
— Eu poderia restringi-lo, bloquear sua Aura de Vontade, Energia e Espírito. Eu poderia forçá-lo a ficar incapaz de cultivar ou se mover por milhares de anos — disse Liran. — Ainda assim, sinto que ele seria livre. Posso ver a supressão que eu criaria. Posso sentir as restrições à sua liberdade até que ele não tenha mais controle sobre si mesmo. No entanto, essas restrições simplesmente não parecem reais.
— As restrições existem. Posso vê-las. Posso senti-las. No entanto, diante dele, elas parecem ilusórias, como se não existissem.
— Não consigo explicar — admitiu Liran.
O restante caiu novamente em silêncio, mergulhado em pensamentos.
Para eles, Gravis era um paradoxo ambulante. Algo que eles não conseguiam julgar pelos meios normais, não importava o quanto tentassem.
Enquanto isso, Gravis apareceu na casa de Surem.
Finalmente, ele poderia aprender mais sobre o Cultivo com Armas!
Gravis olhou ao redor, mas, assim que o fez, ficou chocado.
O quê?
Onde estava a casa de Surem?
Onde ele estava?
Gravis tinha certeza de que havia se teletransportado para a casa de Surem, então por que…
Ele estava de repente em uma clareira de floresta!?
Gravis expandiu seu Sentido Espiritual ao máximo, mas só viu floresta em todas as direções.
Ele nem conseguia localizar a Seita Irrestrita!
Isso era impossível! Gravis só podia se teletransportar até onde seu Sentido Espiritual alcançava, o que significava que ele ainda deveria estar no alcance da Seita Irrestrita.
Mas ele não estava!
WHOOOM!
De repente, o tempo ao redor de Gravis parou. Os animais deixaram de se mover. O vento desapareceu.
Nada se movia.
Ainda assim, Gravis podia se mover como quisesse, como se não tivesse sido afetado pelo Parar do Tempo.
Parar do Tempo?
Isso não era algo que a Lei de Nível Três do Tempo podia fazer. Era algo que apenas a Lei de Nível Seis do Tempo permitia.
Uma Lei de Nível Seis?
Só se podia compreender uma Lei de Nível Seis tendo a Aura de Vontade de um Imperador Imortal no Pináculo!
Havia alguém desse nível por perto?
— Saudações, Gravis — disse uma voz à sua direita.
Gravis virou-se e viu um jovem loiro com duas espadas curtas.
Assim que Gravis viu o homem, soube que ele era o responsável por sua situação atual.
Gravis não conseguia sentir o poder do homem, o que significava que ele era, no mínimo, um Rei Imortal de nível mais alto, provavelmente até um Imperador Imortal.
— O que você quer? — perguntou Gravis. Ele não tentou ser educado, já que sua vida estava nas mãos dessa pessoa. A polidez não o ajudaria agora.
SHING!
Um emblema branco apareceu diante do homem loiro e flutuou até Gravis. Gravis olhou para ele e viu que havia um grande e poderoso olho inscrito no emblema.
— Este é um convite do meu professor — disse o homem com um sorriso. — Este emblema age como um teletransporte bidirecional. Com um estalo, ele o transportará até meu professor, e, com outro, o trará de volta.
Gravis olhou para o emblema. — Por que alguém do calibre do seu professor se interessaria por um mero Imortal? — perguntou.
— Meu professor não faz parte de nenhuma Seita — disse o homem com um sorriso. — Ele é uma espécie de eremita, por assim dizer. Gosta de ficar sozinho, mas também de guiar crianças perdidas.
— Eu, por exemplo, fui tirado da escravidão pelo professor — revelou o jovem.
— O quê? Seu professor é algum tipo de santo altruísta? — perguntou Gravis com sarcasmo.
— Na verdade, isso está bem perto da verdade — disse o homem, surpreendendo Gravis. — Meu professor não tem interesse nos conflitos do mundo. Ele também só aceita pessoas sem talento, com passados trágicos. Exilados de Clãs, rejeitados de Seitas, Cultivadores selvagens sem nenhum histórico, meu professor aceita todos eles. Ele cria um lar e uma escola para essas pessoas.
Gravis arqueou uma sobrancelha. — Isso não parece muito comigo.
— Não parece mesmo — respondeu o homem, surpreendendo Gravis mais uma vez. — Quanto mais poderoso for o histórico ou a Força de Batalha de um Cultivador, menos provável é que ele algum dia encontre meu professor. Você faz parte de uma Seita, e sua Força de Batalha é poderosa demais. Você está praticamente tão distante dos critérios normais de recrutamento quanto possível, Gravis.
— E, mesmo assim, meu professor ainda o convidou.
— Contudo — continuou o jovem — eu também sei que o seu convite é diferente de todos os outros.
— Diferente como? — perguntou Gravis.
— Porque eu também devo lhe entregar uma mensagem — revelou ele.
— Ah, que mensagem? — perguntou Gravis.
— A mensagem é que você não se juntará à nossa escola — disse o jovem. — Este convite é apenas para uma conversa, nada mais. Após a conversa, você pode retornar à Seita Irrestrita.
— Claro, cabe a você decidir se deseja encontrar o professor ou não. No entanto, se decidir encontrá-lo, seria melhor fazê-lo antes de começar a se focar seriamente no Cultivo com Armas.
— Por quê? — perguntou Gravis.
— Porque você pode acabar recebendo conhecimento incompleto ou incorreto sobre o Cultivo com Armas — explicou o homem. — Por algum motivo, meu professor está muito interessado no seu poder. Presumo que ele tenha percebido sua incomparável Força de Batalha e não queira que você se torne medíocre por causa de um mau professor.
Gravis refletiu sobre isso por alguns instantes. Então, guardou o emblema.
— Entendido — disse Gravis. — Agora, pode me devolver à Seita Irrestrita?
O jovem assentiu.
SHING!
E, com isso, Gravis desapareceu da clareira e reapareceu em frente à casa de Surem.
Enquanto isso, o jovem franziu a testa enquanto olhava para o chão.
— Eu realmente não entendo o que o professor quer com ele — murmurou o jovem. — Ele é muito diferente de todos os outros recrutas que conheci. Ele não irradia aquela sensação de solidão e melancolia. Pelo contrário, parece bastante confortável com sua vida. Além disso, ele é poderoso demais para um recruta.
— Não faço ideia de por que o professor está tão interessado nele.
O jovem suspirou novamente e se teletransportou.
Enquanto isso, Gravis olhou para o emblema com incerteza.
— Fico me perguntando do que se trata isso tudo.