Gravis parou de pensar em Morus rapidamente. O sujeito havia passado pouco tempo com ele, e Gravis também nunca foi muito fã dele. Não fazia diferença para Gravis se Morus estava vivo ou morto. Assim, ele se concentrou em aprender sobre Cultivo de Armas com Surem.
Gravis e Surem encontraram um local livre para si, o que não foi difícil, considerando que o deserto se estendia por mais de mil quilômetros. Depois disso, sentaram-se, e Surem tirou um pouco de vinho.
Surem ofereceu um pouco a Gravis, mas ele recusou. Se o vinho tivesse algum tipo de efeito sobre ele, talvez tentasse, mas Gravis sabia que seu Espírito era muito diferente do de Cultivadores comuns. Isso significava que o vinho não passava de uma bebida qualquer para ele, e Gravis preferia o sabor de café ou chá.
Surem deu de ombros e virou uma garrafa inteira de uma só vez, soltando um suspiro de satisfação.
— Está perdendo, irmão sênior — disse ele com um sorriso.
— Não estou — respondeu Gravis, também sorrindo.
Surem apenas deu de ombros. — Azar o seu.
Surem guardou o vinho e se preparou para a lição.
— Muito bem, então, Cultivo de Armas — começou Surem. — Você não sabe absolutamente nada sobre isso, certo?
Gravis assentiu.
— Certo, então vou tratá-lo como um dos nossos discípulos mais iniciantes, sem ofensas — disse ele.
Gravis acenou com a mão de forma despreocupada, mostrando que não se importava.
— Cultivo de Armas é tudo — começou Surem, sua voz assumindo um tom solene. A atmosfera casual desapareceu imediatamente com essas palavras de impacto.
— Cultivo de Armas não é apenas uma ferramenta para nós. É todo o nosso caminho de cultivo. É quem somos e quem seremos. Sem a nossa arma, não estamos completos. Nossa arma é parte de nós, e nós somos parte dela. Tornamo-nos um só.
— Sem a nossa arma, não podemos crescer. Sem a nossa arma, somos indefesos. Sem a nossa arma, não temos futuro. Sem a nossa arma, não estamos completos — disse Surem.
— Por isso, veneramos nossa arma. Afinal, ela representa nosso cultivo e nosso futuro. Quando veneramos nossa arma, estamos venerando nosso poder e reafirmando nosso caminho à frente. Colocamos toda a nossa confiança e ser na nossa arma.
— Quando você coloca tudo o que é na sua arma, sentirá que a arma é você. Seu Espírito e essência entram na arma e tornam-se ela. Assim, sua arma também se torna você.
Gravis assentiu. Tudo isso parecia vago e profundo, mas deixou Surem continuar.
— Quanto mais próximo você estiver da sua arma, maior será o potencial dela. Sua própria essência apoia a arma, permitindo que ela libere mais poder do que seria capaz de produzir sozinha. Sua arma se torna mais resistente, mais afiada, mais flexível, mais durável. No geral, muito mais poderosa.
— Você já sentiu isso quando lutou contra o capitão do Túmulo de Terra — disse Surem.
Gravis assentiu ao se lembrar do Imortal de Circulação Maior Básica que havia matado.
Surem também assentiu. — O capitão usava uma lança feita da Lei Maior de Material Duro, criada para alguém no Reino de Circulação Menor Avançado.
Gravis percebeu que a Lei Maior de Material Duro mencionada por Surem era, na verdade, a Lei de Material Puro Duro de Alto Nível. No entanto, algo o fez franzir a testa.
— Você disse que foi criada para alguém no Reino de Circulação Menor Avançado? — perguntou Gravis.
Surem assentiu.
Gravis olhou para o chão, recordando a luta. Ele era poderoso o suficiente para forjar equipamentos para o Reino de Circulação Maior Básica, e todos os seus equipamentos estavam nesse nível. Ainda assim, quando lutou contra o capitão, sentiu que seu equipamento era de qualidade inferior. Gravis precisou usar várias Leis para evitar que seu sabre se quebrasse.
Mas agora, Surem dizia que o equipamento de seu oponente era, na verdade, inferior? E ainda assim, Gravis foi quem precisou proteger sua arma contra a destruição?
Normalmente, isso não faria sentido para Gravis, mas após a explicação de Surem, fazia sentido. Essa era a força da conexão entre um Cultivador de Armas e sua arma.
Essa realização também mostrou a Gravis que ele havia subestimado o poder do Discípulo Central da Seita do Cutelo Punitivo. Esse Discípulo Central provavelmente tinha equipamentos apropriados para seu nível, o que significava que qualquer golpe único poderia ter destruído completamente a arma de Gravis.
Em resumo, Gravis havia subestimado o Discípulo Central.
— Entendi — disse Gravis.
Surem assentiu e continuou. — Nós, Cultivadores de Armas, dedicamos muito do nosso tempo à nossa arma. Cada vez que a veneramos, nossa conexão melhora. Dependendo da sua dedicação à sua arma, você pode decidir quanto tempo quer passar com ela.
— No entanto, lembre-se de que sua arma sempre tem prioridade sobre tudo — disse Surem solenemente. — Não importa o que aconteça, sua arma exige atenção, e, se você pular o tempo dedicado por qualquer motivo, sentirá uma queda brusca na sua conexão com ela.
Gravis assentiu. — Qual é o tempo usual? — perguntou.
— A maioria dos iniciantes dedica três horas por dia à sua arma — disse Surem.
Gravis imediatamente franziu a testa. Três horas por dia? Como ele deveria compreender Leis assim?
— Felizmente — continuou Surem — você já é um Imortal. Essas três horas diárias são para Cultivadores que ainda não se concentram em compreender Leis. Assim que entram em contato com algumas Leis, o cronograma precisa ser ajustado.
— Isso significa que eles precisam alcançar o próximo nível de Intenção ou perder muito do progresso. Você pode começar diretamente com um cronograma adequado. Um bom exemplo seria dedicar dez anos à sua arma após cem anos fazendo outra coisa.
Surem já havia notado que Gravis tinha uma pergunta e também sabia qual era.
— Intenção é como chamamos nossa Lei de Arma — disse Surem. — Uma Intenção de Arma de Baixo Nível tem o poder de uma Lei Inicial. Uma de Nível Médio tem o poder de uma Lei de Baixo Nível. Uma de Alto Nível tem o poder de uma Lei de Nível Médio.
“Então, a Intenção de Arma tem três níveis que correspondem aos níveis das Leis. Uma Intenção de Arma de Alto Nível, portanto, corresponde a uma Lei de nível três”, pensou Gravis.
— Elevar sua Intenção de Arma é como compreender uma Lei — explicou Surem. — No entanto, no fim, isso depende de você. Houve casos de pessoas que entenderam diretamente o Coração da Arma do nada. Compreender a Intenção de Arma depende da sua dedicação e confiança na sua arma.
— Coração? — perguntou Gravis.
— Isso é o que vem depois da Intenção — explicou Surem.
“Uma Lei de nível quatro, então”, pensou Gravis.
— Não posso explicar o que você entenderá em cada nível de Intenção de Arma — disse Surem. — Isso é algo que você terá que aprender sozinho, e ninguém pode ajudá-lo nisso.
Gravis assentiu. — E como posso criar uma conexão com minha arma? — perguntou.
— Você se senta, isola-se de tudo, esquece de tudo e concentra-se apenas na sua arma — explicou Surem. — Todo o seu ser deve focar na sua arma, e seu foco não deve vacilar. Caso contrário, terá decepcionado o seu próprio caminho, e tudo o que você construiu começará a desmoronar.
— Lembre-se, não há nada mais importante do que sua arma — disse Surem com seriedade.
Gravis olhou para Surem com ceticismo. — Não me leve a mal, mas isso soa um pouco exagerado e meio confuso.
— Exagerado? Confuso!? — gritou Surem, chocado. — Do que você está falando!? Isso é igual a compreender Leis!
Gravis piscou algumas vezes, confuso. — Não é não!? — disse ele, confuso. — Eu apenas observo as Leis, descubro como elas funcionam e o que as faz fazerem o que fazem. Segundo sua explicação, a Cultivo de Armas parece algum tipo de jornada mística, espiritual, com conceitos profundos ou algo assim.
Agora, era Surem quem estava confuso. — O quê? Observar as Leis e descobrir como elas funcionam? — perguntou ele, confuso. — Não, não é assim! Eu me concentro na Lei, sinto sua essência, sua alma, sua personalidade. Então, quando sinto uma conexão próxima com ela, ela me permite usar seu poder!
Gravis olhou novamente para Surem com ceticismo. — Você não está falando sério, está?
— Quem deveria perguntar isso sou eu! — gritou Surem, batendo na areia à sua frente.
— Ei, ei, ei, o que está acontecendo? — disse a voz de uma terceira pessoa. Era uma jovem, uma Imortal de Circulação Maior Intermediária.
— Ele disse que compreende Leis observando como elas funcionam e o que fazem — disse Surem.
A jovem fez uma careta enquanto olhava para Gravis com uma expressão confusa e cética. — O quê? Como isso funcionaria? O quê, você acha que só porque sabe como uma Lei funciona pode usá-la? Isso não faz sentido. Saber algo não significa ser capaz de usá-lo. A Lei precisa dar permissão para ser usada. Você acha que só porque sabe como funciona ela magicamente faz o que você quer?
“Isso é real?” pensou Gravis. “Isso está realmente acontecendo? Esses caras honestamente acreditam que as Leis precisam primeiro dar sua permissão para serem usadas? O quê, a compreensão durante o refino de combate é algum tipo de teste para ver se você é digno?”
“Esses são Imortais! Que porra está acontecendo com essa ideia supersticiosa, misteriosa, profunda, de emprestar o poder da natureza?” pensou Gravis.
Então, seu Sentido Espiritual percorreu a área de treinamento para observar os outros Cultivadores mais de perto.
“Eles estão realmente rezando!” pensou Gravis, chocado. Mais cedo, ele havia visto alguns Cultivadores olhando para um rio feito de Gelo, o equivalente de nível três da Lei da Água. Gravis pensou que esses discípulos estavam se concentrando, mas, ao inspecionar mais de perto, parecia que estavam abrindo seus Espíritos para o rio, tentando construir uma conexão.
“Espera! Isso significa que este mundo inteiro compreende Leis construindo uma conexão emocional com elas, ou é só essa Seita? Quero dizer, é um método válido. Afinal, essa é uma Seita com vários Reis Imortais. Se isso não funcionasse, não haveria Reis Imortais nessa Seita.”
“Puta que pariu, isso é tão estranho!”
— Ei, Surem — disse Gravis de repente, olhando para ele.
— Sim? — perguntou Surem. Ele não estava realmente bravo com Gravis, apenas perplexo.
— Preciso pensar sobre tudo isso nos próximos dias. Podemos retomar depois disso? — disse Gravis.
Surem ficou um pouco surpreso, mas assentiu. — Claro. Até mais, irmão sênior.
Gravis também se despediu.
Enquanto isso, a jovem de antes balançou a cabeça em desapontamento para Surem. — Surem, você precisa parar de ser tão ingênuo. Esse irmão júnior claramente estava apenas brincando com você.
— Tem certeza? — perguntou Surem.
— Tenho certeza — respondeu a jovem, assentindo. — Você sabe como as Leis funcionam. Todo mundo sabe como as Leis funcionam.
Então, Surem começou a rir.
— Eu não sabia que o irmão sênior era tão brincalhão! — disse Surem com uma risada. — Mas vou deixar ele ter seus “dias de reflexão”. Ele me pegou, e pegou bem. Pelo menos vou dar a ele essa pequena satisfação — disse Surem com um sorriso.
Enquanto isso, Gravis se teletransportou algumas vezes até estar longe da Seita.
“Que se dane! Não vou aprender nada sobre Cultivo de Armas com esses malucos!” pensou Gravis.
SHING!
Gravis pegou um Emblema e olhou para ele.
“Não é à toa que o sujeito me disse que eu poderia receber informações erradas ou algo assim. Ele provavelmente sabia como essas pessoas pensam. Vou até lá, tiro minha dúvida, volto e cultivo do meu jeito na Seita Irrestrita. Afinal, eu me juntei a ela.”
“Além disso, a Seita Irrestrita tem alguns inimigos agora. Isso pode ser a oportunidade perfeita para encontrar algum refino.”
Os olhos de Gravis brilharam enquanto ele olhava para o Emblema.
“De qualquer forma, vamos encontrar esse tal professor e conseguir uma explicação real sobre Cultivo de Armas.”
CRACK! SHING!
E Gravis desapareceu.