— Autora? — Audrey perguntou casualmente enquanto observava a reação de Glaint.
Ela não precisou se importar com a presença de sua criada, Annie, já que eles estavam conversando sobre assuntos ordinários.
Glaint se endireitou e riu.
— Sim, acredito que você já tenha lido as obras dela. Ela escreveu o livro Vila Montanha Tempestuosa, que foi muito elogiado nos últimos dois meses.
— Gostei do livro, principalmente da calma Lady Sissi — respondeu Audrey com um leve sorriso.
Enquanto isso, ela estava revirando os olhos interiormente para sua própria hipocrisia.
Isso porque seu último hobby não tinha nada a ver com romances. Ela havia parado de ler Vila Montanha Tempestuosa há um mês, tendo seu progresso parado na marca de um terço.
Desde que ingressou no Clube de Tarô e se familiarizou com o poderoso Louco e se tornou uma verdadeira Beyonder, ela passou a mergulhar no conhecimento de misticismo, e, além disso, também estava estudando sistematicamente sobre psicologia, tendo perdido o interesse em outras atividades.
Sorrindo, Glaint guiou Audrey para um sofá no salão.
— Tenho certeza de que a senhorita Fors Wall vai deixar uma boa impressão em você, pois ela é como Lady Sissi de Vila Montanha Tempestuosa: calma, intelectual e preguiçosa.
— Além disso, minha querida senhorita Audrey, você vai tocar piano para nós mais tarde? Esse é a maior honra para um romance e literatura.
Audrey olhou para o perfil lateral do rosto de Glaint. Sua expressão, tom e linguagem corporal transmitiam sua intenção de se exibir.
Ele quer me usar para se exibir… — pensou Audrey consigo mesma, como se tivesse acabado de conhecer esse seu amigo pela primeira vez.
Ela manteve seu sorriso elegante e disse:
— Meu professor de música, o pianista Sr. Vicanell, disse que minhas habilidades se deterioraram recentemente e precisam de mais prática.
— Tudo bem. — Glaint estava se perguntando o que dizer quando de repente viu uma senhora pegando uma sobremesa da mesa comprida. — Audrey, esta é a senhorita Fors Wall, a autora de Vila Montanha Tempestuosa.
Audrey olhou na direção de senhorita Fors Wall, que tinha cerca de 23 anos e 1,65 metros de altura. Ela estava usando um vestido amarelo claro com babados, e seu cabelo castanho era ligeiramente encaracolado. Ela olhou para a autora Beyonder com seus olhos azuis claros enquanto Glaint a apresentava com um sorriso que parecia pensativo.
Audrey notou vários pequenos detalhes nos menos de três segundos de observação.
Há leves traços de amarelo nos dedos da Srta. Fors… Ela gosta de cigarros…
Há calos visíveis em seus dedos nos locais usados para segurar uma caneta, detalhe que encaixa em sua identidade como autora…
Os movimentos do braço mostram que ela tem certa força física. Essa não é uma qualidade esperada de uma autora, a menos que seja apaixonada por exercícios. Talvez ela tenha nascido assim, ou possa ter se envolvido em alguma outra ocupação no passado…
Ela exibiu seu estilo calmo, racional e preciso em Vila Montanha Tempestuosa, isso deve estar ligado à sua ocupação anterior…
Seus olhos e emoções estão relaxados, me dando a sensação de que ela está nos menosprezando. Essa é a superioridade psicológica que um Beyonder tem sobre um ser humano comum?
Se tiver sido por coincidência que Glaint descobriu sua identidade de Beyonder, ela deveria estar se sentindo ansiosa e apreensiva. Afinal, ela é incapaz de adivinhar a reação dele e o que ele faria a seguir, uma vez que o desconhecido sempre causa medo.
Isso indica que foi ela quem se aproximou voluntariamente de Glaint, tendo aprendido sobre nossos hobbies. Ela deve estar bastante confiante sobre o que vai acontecer a seguir…
Por que um Beyonder abordaria Glaint? Ela precisa de apoio financeiro ou dos ingredientes Beyonder armazenados no cofre? Ou talvez ela precise de ajuda com alguma coisa…
Nesse momento, Glaint estava apresentando Audrey a Fors.
— Madame, esta é a senhorita Audrey que mencionei anteriormente, a joia mais brilhante de toda Backlund. Seu pai é Conde Hall, um assessor de confiança de Sua Majestade e respeitado membro do gabinete.
— Boa tarde, senhorita Fors. Vila Montanha Tempestuosa ainda está ao lado da minha cama até hoje. — Audrey aderiu às regras da aristocracia e fez uma reverência.
Mas ela acrescentou silenciosamente: isso porque não terminei de lê-lo mesmo depois de um mês…
Fors devolveu as gentilezas com simplicidade e disse:
— Boa tarde, Srta. Audrey, sua beleza certamente deixa uma profunda impressão. Acho que já tenho uma ideia para o meu próximo romance. Heh, Visconde Glaint disse que você tem um talento musical excepcional.
Eles apenas trocaram elogios, já que estavam em público.
Depois de assistir Fors continuar em direção à mesa de jantar enquanto olhava para um bolo cremoso, Audrey retraiu o olhar e foi para a sala com Glaint.
Ela se lembrou dos detalhes que havia visto naquele momento e tentou descobrir os motivos da mulher. Ela queria obter alguma vantagem em futuras conversas.
Quando deu um passo à frente, Audrey, que era tão calma quanto uma Espectadora objetiva, pisou em seu vestido e quase caiu.
Nesse momento, sua criada pessoal, Annie, a segurou, permitindo que mantivesse sua graça.
— Senhorita, o design exclusivo deste vestido significa que você não pode andar muito rápido. — Annie chegou perto da orelha de Audrey e a lembrou suavemente.
— Eu sei. — assentiu Audrey em resposta, com o rosto vermelho.
Eu estava muito concentrada em observar os outros que esqueci de olhar onde estava colocando o pé… — ela silenciosamente reclamou, ressentida.
Audrey se encontrou com muitos outros respeitados autores, críticos e músicos pelo resto do salão, mantendo sempre seu sorriso doce e elegante.
Finalmente, depois que seus músculos faciais começaram a ficar doloridos, ela viu o sinal de Visconde Glaint.
Esperando alguns minutos, ela deu a desculpa de precisar usar o banheiro. Levantando seu vestido, se levantou lentamente e saiu do salão.
Depois de confirmar que não havia ninguém a seguindo, ela foi até o escritório no primeiro andar e disse à sua criada, Annie:
— Eu tenho algo a discutir com Glaint. Vigie a porta para mim. Não deixe ninguém entrar.
— Tudo bem. — Annie não achava o pedido estranho, pois sabia que Audrey e Visconde Glaint compartilhavam hobbies semelhantes e costumavam discutir misticismo em um ambiente privado.
Audrey entrou no escritório e trancou a porta. Ela viu Glaint sentado atrás da escrivaninha enquanto brincava com uma caneta. Fors Wall estava em pé na frente da estante, folheando um livro despreocupadamente.
— Vou apresentar as duas novamente. Senhora Fors, uma verdadeira Beyonder. — Glaint largou a caneta e se aproximou.
— É mesmo? — Audrey intencionalmente exagerou seus sentimentos de dúvida.
Fors guardou o livro em seu lugar original e se virou com um sorriso.
— Parece que preciso provar.
Ela foi até a porta e estendeu a palma da mão direita, agarrando a maçaneta.
De repente, a visão de Audrey ficou turva. Foi como se ela testemunhasse Madame Fors ficar incorpórea ao passar pela porta.
Ela ficou chocada. Concentrando-se, percebeu que Fors não estava mais em sua posição original.
Alguns segundos depois, a maçaneta da porta girou, e a porta trancada foi aberta. Fors Wall sorriu quando entrou pelo lado de fora. A criada de Audrey, Annie, que não estava longe, não parecia estar ciente do que havia acontecido.
— Que habilidade mágica! — exclamou Glaint.
Audrey respirou fundo e disse:
— Não tenho mais dúvidas.
Ao mesmo tempo, a habilidade que Fors demonstrou permitiu a Audrey confirmar quais eram seus verdadeiros motivos, já que adquirir dinheiro ou materiais não seriam um problema para um Beyonder assim.
Glaint não tem guardas Beyonder… Fors quer usar os status e recursos disponíveis de Glaint e de mim para conseguir alguma coisa? — Audrey se esforçou ao máximo para atuar como uma Espectadora.
Fors riu e disse:
— Vamos interagir com honestidade. Não nos resta muito tempo.
— Já fui médica em uma clínica e tive a oportunidade de me tornar uma Beyonder. Isso foi há mais de dois anos.
— Espero que possam fazer algo por mim, e a recompensa que lhes darei é permitir que se juntem ao grupo de verdadeiros Beyonders. Vou vender a fórmula de uma poção de Sequência específica e seus materiais correspondentes.
Ao ouvir tal promessa, Glaint não pôde deixar de perguntar:
— O que quer que façamos?
— Eu tenho uma parceira que agora está presa, aguardando o veredicto final. Espero que possam salvá-la, independentemente dos métodos utilizados — disse Fors simplesmente.
Audrey fez uma careta.
— Senhora Fors, as habilidades que você demonstrou devem ser mais adequadas para tal tarefa…
Fors riu e balançou a cabeça.
— Não, não é esse o caso. Ela não pode passar pelos lugares que eu posso. Só consigo entrar regularmente para conversar com ela.
— Além disso, acho que arriscar minha vida para salvá-la não é uma boa ideia. A vida é curta, mas há muito a fazer.
Audrey observou o rosto e a linguagem corporal de Fors. Considerando suas palavras, ela perguntou:
— Entendo. Por qual crime sua parceira está presa?
A expressão de Fors imediatamente se tornou um pouco estranha.
— Minha parceira é uma pessoa muito respeitada que pode fazer os outros concordarem com ela do fundo de seus corações. Ela é gentil e tem um bom caráter. Bem… Uh… Foi porque os meios que ela usou para convencer um bandido foram um pouco exagerados…
Depois de distribuir a missão, Klein seguiu sua rotina original de aulas de misticismo pela manhã e aulas de combate à tarde. A regularidade de sua vida quase o fez esquecer que ele era um membro dos Falcões Noturnos. A “maldição” de encontrar frequentemente incidentes sobrenaturais também pareceu ter desaparecido.
Era sábado, sua vez de guardar o Portão Chanis.
— Você pode desfrutar do café que deixei aqui ou do chá preto na sala dos funcionários. — Dunn examinou a sala com seus profundos olhos cinza.
Klein, que já havia dado uma desculpa para seus irmãos, assentiu com alegria.
— Tudo bem, Capitão. Você com certeza é um cavalheiro generoso.
Dunn riu.
— Isso ajudará você a relaxar. Estar tenso o tempo todo não é bom para a saúde. — Ele pegou seu chapéu e sua bengala e caminhou em direção à porta.
Quando estava saindo, ele de repente se virou e disse:
— Esqueci de lembrá-lo, não abra o Portão Chanis, não importa o que você ouça, a menos que seja aberto por dentro.
— Lembre-se, não importa o que ouvir, não importa o que aconteça.
Capitão, isso é um pouco assustador… — Klein ficou tenso instantaneamente. Ele sentiu a escuridão do andar subterrâneo triunfar sobre a luz da lâmpada de gás.
Madame Fors, tá sendo ótimo reler e ver esses personagens que eu amo aparecendo dnv
Capitão: Não fique tenso.
Ele também: Não importa o que aconteça não abra o portão, a menos que ele se abra por dentro.
Klein: Bacana, se essa budega abrir sozinha eu faço o que?! Tá contra o meu progresso capitão? *tensão*
Já tá fazendo ser legal virar professor de história
no Brasil. Até ficar sentado de vigia é quase letal.