O sol ergueu-se vagarosamente na província de Guangdong, na China.
Em um condomínio abandonado, programado para ser demolido, um alarme tocava às seis da manhã.
O som ecoava de uma porta entreaberta, persistindo em permanecer aberta mesmo quando empurrada com força. Uma cadeira, posicionada em um ângulo de 45 graus, atuava como uma espécie de trava improvisada, tornando ainda mais difícil abrir e fechar.
O apartamento era de tamanho médio por cerca de 80 m² e seu interior estava quase vazio.
Um colchão jazia no centro da sala, acompanhado por uma pequena mesa contendo um despertador.
Em um canto, estavam alinhadas 10 garrafas de água, ladeadas por alguns pacotes de macarrão instantâneo.
Uma mão emergiu de sob o cobertor que cobria o colchão, movendo-se em direção ao despertador sobre a mesa.
Com um resmungo, o jovem tocou o despertador.
O corpo magro, aparentemente pertencente a um adolescente de 16 anos, levantou-se do colchão com calma e se dirigiu ao banheiro.
Devido a problemas no fornecimento de água, tomar um banho estava fora de questão naquela manhã.
Usando uma garrafa meio vazia de água, escovou os dentes com uma escova improvisada e engoliu o resto da água.
Pegou suas roupas de trabalho em cima da mesa e as vestiu antes de sair do apartamento.
Caminhar até um enorme canteiro de obras levava cerca de 20 minutos a partir do apartamento. Sinais de alerta como “Perigo” e “Obra em Andamento” eram proeminentes.
Enquanto se aproximava de um prédio inacabado de 8 andares, uma voz ecoou atrás dele: “Ei, Rock!” A voz pertencia a um homem de 45 anos.
“Bom dia tio.” saudou Rock.
Claro que esse não era o seu nome verdadeiro, mas um apelido dado a ele pelas pessoas que trabalhavam ali, pois não gostava de falar muito.
Ele era um órfão, que não tinha recebido um nome de seus pais. Cresceu num complexo habitacional mantido pelo governo para crianças sem família.
O governo fornecia alimento uma vez por semana, mas isso estava longe de ser suficiente para suprir todas as necessidades nutricionais.
Os orfanatos estavam superlotados, levando o governo a construir o prédio em que Rock agora trabalhava. No entanto, muitas crianças ainda enfrentavam a fome e a doença, pois não havia cuidados adequados disponíveis.
Rock permaneceu lá até os 12 anos, quando, devido à negligência, decidiu partir.
Cursou o ensino médio em uma escola pública não muito longe de onde residia.
Estudava durante a manhã, e trabalhava na construção à tarde.
Canteiros de obras não eram lugares adequados para crianças trabalharem, devido à ilegalidade e perigos associados. No entanto, devido aos baixos salários, poucos estavam dispostos a trabalhar nesses canteiros, resultando em pouca produção.
O gerente da construção aceitou até mesmo uma criança como Rock, com braços e pernas fracas, permitindo que trabalhasse por lá por uma quantia miserável de dinheiro como pagamento, é claro.
Não estava insatisfeito, afinal, teria dinheiro o suficiente todos os meses para se alimentar.
Essa situação ocorreu até se formar no ensino médio, mas nunca deixou de trabalhar, pois essa era a única forma dele possuí uma renda.
Seria uma mentira dizer que não se sentiu explorado.
Trabalhar em canteiros de obras para ter o que comer sem as devidas medidas de segurança era, considerado normal. A esperança de uma vida melhor no futuro ainda o mantinha motivado.
Durante o último meio ano que trabalhou, este ”tio” cuidou dele muitas vezes, seja compartilhando comida ou bebida.
Era impossível negar a gratidão que sentia por esse homem, que também o ajudava bastante durante o expediente sempre que possível.
”Haha garoto. Eu sabia que não traria seu café da manhã de novo. Minha esposa fez um lanche extra, então vamos compartilha.”
Assim que terminou sua frase, pegou um saco plástico e tirou 2 grandes garrafas de água, com 2 sanduíches e 4 bolinhos de arroz, dividiu em 2 porções e deu uma para Rock.
O homem sabia que não era de aceitar caridade tão fácil, então disse:
“Ei, garoto, temos que comer para começar a trabalhar, você ainda precisa cuidar de mim, pois esse trabalho é muito perigoso. Então coma. “Ele não respondeu até o homem dizer:
”Você pode me comprar uma bebida quando receber seu salário, ok? Vamos comer!” E, sem sequer olhar para ele, o homem começou a comer.
Rock continuou em silêncio e começou a comer também, mantendo a gentileza desse homem profundamente em seu coração.
Este homem de meia-idade foi o único que demonstrou alguma afeição por ele nos 20 anos de sua vida. Jamais esqueceria essa gentileza.
Depois que terminaram de comer, deram início ao trabalho diário. Mal sabiam que este seria o último dia de vida de Rock.
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