Assim que Martha viu o sorriso suave no rosto de Monk, trouxe de volta um miríade de memórias que eles compartilharam. No entanto, ela rapidamente se lembrou que isso foi há muito tempo, e o tempo que eles passaram juntos foi mais curto do que o tempo que passaram separados.
Antes de mais nada, ela era um membro do Asas Carmesim, e tinha vindo neste lugar por causa disso.
“Monk, espero que você não esteja brincando comigo, por que você deixou um bilhete para mim e só para mim?” – Martha perguntou, indo direto ao ponto.
Monk fez uma pausa, quando abriu a boca, mas não saíram palavras, e por alguma razão vendo-a agora à sua frente, Monk sentiu-se um lixo. Todas as vezes anteriores, enquanto liderava os membros da Guilda das Trevas, ele se sentia maior do que realmente era devido à confiança que irradiava dentro dele, mas neste momento, ele não sentia a mesma coisa.
Então, de repente, colocando as mãos sobre o rosto, ele afundou as costas contra a parede do castelo, deslizando para baixo até se sentar no chão.
“Eu não sei por quanto tempo mais eu posso aguentar isso.” – disse Monk. – “Já passei muitas noites sem dormir, nem me lembro quando dormi da mesma maneira que antes, mas agora que Gary se foi, e o mesmo com Morfran, sou o único em quem podem confiar.”
Ele parecia fraco; exausto. Ela podia sentir todas essas emoções emanando dele agora, mas ainda não entendia o que ele estava tentando dizer.
“Sinto muito por tudo que fiz, você deve ter sofrido muito.” – ele finalmente disse. “Eu não estou infectado pela Sombra se você estiver se perguntando. Eu nunca fui. Quando eu caí naquele dia, eu vi o homem misterioso, e ele estava montado em … em cima de um Dragão. Isso é o que estava matando e comendo todos aqueles monstros. Quando parei na frente dele, senti o mais puro poder. Não pude acreditar. Se atacasse Avrion naquele ponto, poderia facilmente ter nos eliminado. O que eu não entendi foi por que ele não fez isso. Por que aquele homem não comandou o Dragão para atacar Avrion naquela época? Achei que era crucial descobrirmos, se quiséssemos sobreviver, então tentei ir para o outro lado. Eventualmente, entrei para o Guilda das Trevas, encontrando-me com Morfran e Gary, ou pelo menos o que restou de Gary.”
Era muito para assimilar, mas parecia que finalmente Monk estava dizendo-lhe o que tinha acontecido e porque razão ele tinha feito o que fez. Também por alguma razão, ela apreciou muito essas palavras.
“Quando entrei para a Guilda das Trevas, Martha, percebi uma coisa. Eles são pessoas, não são nenhuma Besta tentando nos matar, ou como a Sombra. Eles são apenas pessoas lutando por suas vidas. Por causa disso, eu decidi que queria ajudá-los… Você viu a aldeia pela qual passou no caminho para cá?”
“Sim, nós também fomos atacados lá.” – Martha respondeu, imaginando o quanto ela deveria compartilhar com ele agora.
“Essas eram as famílias dos membros que pertencem à Guilda das Trevas. Eles foram prometidos que estariam seguros se trabalhassem para a Sombra e permanecessem no Continente das Sombras, como você pode ver que isso não é exatamente verdade. Gary e Morfran estavam profundamente ligados à Sombra, eles conheciam bem o líder, mas com eles sumindo… só restou eu, e como não estou infectado pela Sombra, o elo entre nós é fraco e está causando uma divisão entre a Guilda das Trevas e a Sombra, mas para onde eles poderiam ir? Não podemos deixar a Sombra agora, e não há reino para voltarmos.”
Ela podia ver as dificuldades no seu rosto. Monk tinha muito em que pensar desde o primeiro dia, e desde o início ele estava fazendo tudo pelo bem de Avrion. Este era o homem de bom coração que ela se lembrava e costumava amar. O problema era que ele era muito gentil e desejava salvar a todos.
“Você provavelmente não acredita em mim.” – Monk disse enquanto erguia a cabeça, apenas para descobrir que Martha estava ali na sua frente. Suas bochechas começaram a ficar vermelhas ao ver o quão perto ela estava, e seus lindos olhos verdes estavam ainda mais espetaculares de perto.
“Monk, você é um idiota!” – ela disse, dando um tapinha na testa dele. “Você não teve que passar por tudo isso sozinho, e é claro que eu acredito em você. Eu sempre poderia dizer quando você estava mentindo e quando não estava. É por isso que eu tinha tanta certeza de que você nunca foi para o outro lado. Mas poderíamos ter ajudado você, por que você não voltou e nos contou antes, em vez de agora, enquanto todos estão presos nessa bagunça!”
“Mas você não entende, você já viu um Dragão antes?” – perguntou Monk. “Seus poderes estão além de qualquer classificação de Besta, eles são tão fortes. Não estou falando sobre aquele que você viu na guerra também, que não era nada comparado ao que eu tinha visto. Eu precisava encontrar uma maneira de vencer a Sombra de dentro para fora, mas ainda não o fiz. Os Guardiões da Sombra não me tratam com o mesmo respeito que trataram Gary e Morfran. E eu não vi aquele homem estranho desde então.”
Martha começou a rir baixinho.
“Não, eu não vi um Dragão, mas se você está preocupado que eles tenham um, nós temos um também. E é o mais forte que já existiu.”
Havia claramente uma expressão confusa no rosto de Monk, e lentamente essa expressão mudou para choque quando Martha revelou que Ray não era outro senão o Grande Dragão Vermelho – Sen do passado.
‘Mas… como pode ser…’ – Monk pensou, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas e ele se lembrava de todas as vezes que ele e Ray fizeram viagens juntos na Academia, e mesmo quando ele os salvou de Morfran.
“Ray, não admira que você tenha sido tão incrível, sinto muito por duvidar de você, cara.” – disse Monk, mas então se lembrou de algo. “Falando em Ray, onde ele está?”
Eu ainda acho ele meio suspeito mas realmente espero que ele não tenha sido comtaminado