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Paragon of Destruction – Capítulo 199

O Portão do Vale
Assim que viu o portão no final do caminho fechado diante deles, o Ancião Naran se virou com calma para o mago que tinha mudado a aparência deles. “Remova as ilusões.”

O homem rapidamente cumpriu a ordem, anulando os feitiços que tinha usado no grupo no acampamento do Sol Crescente. Ele removeu a ilusão que usou para si mesmo por último, enquanto um sorriso melancólico surgia em seus lábios quando seu cabelo ficou grisalho e as rugas retornaram ao seu rosto.

Quando o mago removeu suas ilusões, o Ancião Naran mudou o método que ele havia usado para suprimir seu tamanho e, em poucos instantes, ele recuperou um metro e meio de altura. Em seguida, ele trocou de túnica – uma que não só servia em seu tamanho normal, mas também mostrava elegantes bordados dourados.

“Agora veremos o peso de nosso status de Anciãos”, disse ele, avançando para a passagem estreita.

Arran seguiu os outros enquanto eles se dirigiam em direção ao portão fechado no final da passagem, mais de 800 metros à frente deles.

“E se eles não deixarem a gente entrar?”, ele perguntou a Lâmina Brilhante, que caminhava ao seu lado.

“Então vamos ter que lutar contra nossos perseguidores”, respondeu ela. Ainda que não tivesse medo em sua voz, a leveza de antes havia praticamente desaparecido.

“Você não pode atravessar?”

“As defesas do Vale não são facilmente quebradas”, ela respondeu. “Inúmeras gerações de magos reforçaram tanto o portão quanto a muralha, e essa passagem tem uma formação que suprime a magia.”

Ao ouvir isso, Arran franziu a testa. “Uma formação?”
“Tente usar um feitiço e veja o que acontece.”

Arran fez como ela disse e tentou criar uma bola de fogo em suas mãos. No entanto, imediatamente, ele descobriu que era impossível – assim que a Essência saiu de seu corpo, ela se dissipou e se espalhou pelo ar ao seu redor.

“Então você está indefesa aqui?”, perguntou ele, chocado.

Ela sorriu em resposta. “Ainda estamos com nossas espadas. E, embora não seja possível usar magia aqui, os traidores da Montanha de Ferro também não.” Ela hesitou, mas depois continuou: “É claro que, se todos os defensores também forem traidores, vamos ter um problema.”

“Um problema tão grave?” Arran perguntou, embora, por sua expressão, ele não tinha certeza se queria ouvir a resposta.

“A formação foi criada com o objetivo de defender o Vale, não seus inimigos. Ela bloqueia o uso de magia por quem está na frente do portão, mas os defensores não são suprimidos.” Ela sorriu ironicamente. “Qualquer pessoa que esteja no topo da muralha pode atacar quando quiser e, se o fizer, não há muito que possamos fazer para impedi-lo.”

Os olhos de Arran se arregalaram em choque. “Isso significa…”

“Não assuma o pior ainda”, ela o interrompeu. “Os traidores devem ter enviado a maior parte de seus homens com o exército da Montanha de Ferro e, mesmo assim, não conseguiram controlá-lo totalmente.”

Suas palavras, por mais sensatas que fossem, não tranquilizaram Arran totalmente. Mas então, ele não teve nenhuma outra opção além de seguir o Ancião Naran – existiam inimigos atrás deles, e Arran ganhou a ilusão de que seria pego.

Eles haviam atravessado a maior parte da distância até o portão enquanto conversavam e, agora, Arran viu que restavam apenas cem passos a percorrer.

Ainda que ele tivesse estado aqui antes, com o portão fechado parecia que o muro de 30 metros havia se tornado ainda mais alto de que ele se lembrava, com sua superfície de pedra lisa se estendendo para o céu como uma barreira impenetrável.

Por trás do muro, na parte superior, estava uma fila de magos, cujos olhos se voltavam para o pequeno grupo à sua frente. Era difícil ver de longe, mas para os olhos de Arran, eles aparentavam estar extremamente nervosos.

O Ancião Naran sinalizou para que o grupo parasse e, em seguida, gritou em voz alta: “Abram o portão!”

Passaram-se alguns minutos sem resposta, e a expressão do Ancião ficou irritada.

“Abram o portão!”, ele gritou novamente. “Agora mesmo!”

Dessa vez, a resposta veio. “Lorde Ancião”, um dos magos no topo da muralha respondeu, com uma voz tão fraca ao ponto de ser difícil de ouvir. “Temos ordens de não abrir o portão para ninguém.”

“Quem deu essas ordens?” A voz do Ancião Naran ecoou pela passagem e ele não tentou esconder sua raiva.

“Senhor Ancião, as ordens foram dadas pelo próprio administrador do Ancião Feng.”

“Você nos negou a entrar por causa da palavra de um administrador?” Embora o Ancião Naran soasse furioso, Arran achou que podia ouvir um pouco de alívio na voz do homem também. “A ordem foi revogada! Agora abram o portão ou enfrentem as consequências!”

“Lorde Ancião, eu não posso… eu tenho que ir…” A voz de pânico do mago diminuiu à medida que ele foi deixando a parede.

Por vários minutos, os dois ficaram esperando, até que, finalmente, outro mago surgiu na parede.

“Lorde Ancião”, ele gritou, mas depois se calou brevemente. “Anciãos…” O choque na sua voz foi evidente ao perceber que o Ancião Naran não era o único Ancião do grupo. “Abram o portão, seus idiotas!”

Seu grito de pânico fez com que os outros guardas começassem a se mexer e, momentos depois, o enorme portão foi lentamente aberto.

O Ancião Naran e os outros passaram rapidamente pelo portão e, lá dentro, viram o comandante que ordenou a abertura do portão. O homem ficou claramente perturbado e, ao ver o grupo de Anciãos na sua frente, ele não conseguia falar.

“Mandem fechar o portão”, disse o Ancião Naran. “Imediatamente.”

“É claro, Lorde Ancião”, respondeu o homem, com uma reverência profunda.

Depois que o comandante saiu correndo, o Ancião Naran se voltou para o grupo. “Aquele tolo vai tentar abrir o portão assim que os traidores da Montanha de Ferro surgirem. Eu preciso que dois de vocês fiquem aqui e se certifiquem de que ele não o faça, além de dar aos traidores as boas-vindas que eles não esquecerão tão cedo.”

Quando o comandante voltou alguns momentos e soube que não era mais o responsável, ele parecia aliviado ao invés de chateado – um sentimento que Arran achou que desapareceria no momento em que os magos da Montanha de Ferro aparecessem.

Eles saíram pouco tempo depois, com um grupo ainda menor do que o anterior. No entanto, mesmo tendo abandonado dois Anciãos, Arran sabia que as chances de sucesso haviam aumentado muito.

As forças da Montanha de Ferro foram bloqueadas para não segui-los mais e, mesmo que de alguma forma descobrissem uma maneira de atravessar o Vale, já seria tarde demais para fazer diferença.

Tudo o que faltava agora era alcançar o Patriarca e curá-lo, e se eles conseguiriam ou não, isso seria decidido em breve. O perigo ainda não havia acabado, já que outros traidores, certamente, estariam à espreita dentro do Vale, mas o final de sua jornada estava à vista.

Eles se dirigiram à capital da mesma forma que Arran e Snowcloud fugiram um ano antes, percorrendo o dia e a noite, atravessando os campos sem parar para descansar ou dormir.

No entanto, desta vez, com o Ancião Naran carregando Snow Cloud e Arran muito mais forte do que antes, eles foram muito mais rápidos. Depois de apenas dois dias e uma noite de corrida incansável, a antiga capital surgiu ao longe, tão grande quanto Arran se lembrava.

Lâmina Brilhante cutucou Arran e depois apontou para um vasto edifício com uma imensa estrutura em forma de cúpula1 na extremidade da cidade, onde torres brancas como mármore se alinhavam nas laterais. “É para lá que estamos indo”, disse ela. “O palácio do Patriarca.”


Nota:

[1] tipo de teto em forma de semi-esfera

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