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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 159

Embate Frontal (5)
Lulu era uma feiticeira em forma de gata. Quando finalmente se libertou de sua longa vida nômade e se estabeleceu ao lado de Airen, realmente achou que não tinha mais nada a desejar. Sentiu uma felicidade e conforto que nunca experimentara enquanto viajava com Airen; comendo, conversando e rindo juntos. Desejava que aquilo durasse o máximo possível. Mas, depois de encontrar Ignet em Derinku, percebeu que precisava se esforçar mais para manter aquela felicidade por mais tempo.

— É bom que você aproveite a felicidade agora, mas precisará se empenhar mais pelos seus preciosos amigos.

O que Ignet disse era verdade. Enquanto ela esmagava Charlot e Victor e depois enfrentava Airen, Lulu não conseguiu fazer nada para ajudar. Airen era seu amigo mais precioso, mas só conseguiu ficar parado, torcendo para que aquela calamidade de mulher simplesmente desaparecesse. Além disso, não havia garantias de que algo assim não aconteceria novamente.

Foi a partir daquele dia que Lulu prometeu a si mesmo treinar mais para ganhar o poder de proteger sua felicidade em vez de apenas desfrutá-la. E agora, enquanto enfrentava um inimigo tão forte quanto Ignet, ou talvez ainda mais forte, os esforços que dedicara nos últimos meses finalmente deram frutos.

Uma luz brilhou em torno de Lulu, girando pelo ar. Era tão intensa que chegava a cegar, fazendo Karakhum e todos os outros franzirem o cenho e desviarem o olhar. Enquanto isso, a gata preta começou a se transformar em algo completamente diferente. Seus braços e pernas curtos se alongaram, e a pelagem macia desapareceu. No lugar, surgiram longos cabelos negros e um vestido preto que envolvia seu corpo liso. Ela se transformou em uma pequena garota humana com um traje de maga de batalha. E isso não era tudo.

Com o som de algo se projetando, um par de chifres e asas surgiu. Depois de completar a transmutação, Lulu olhou para si mesma e falou com uma voz surpresa.

— Ah! Eu me transformei em humana! Não achei que seria assim!

Lulu havia focado seu treinamento na transmutação. Sabia muito bem que, por mais que treinasse feitiçaria, nunca venceria um inimigo como Ignet em circunstâncias normais. Mas tudo bem, porque não precisava ser sempre forte. Se pudesse salvar Airen do perigo, até considerava aceitável perder todo o seu poder. Isso também significava que estava disposta a sacrificar suas habilidades se pudesse utilizar um poder mais forte em situações especiais.

Lulu queria um poder que pudesse usar apenas quando Airen estivesse em perigo. E, nesse sentido, a transmutação era a habilidade perfeita. A ideia veio de um conto de fadas que havia lido em Aisenmarkt. Mas não esperava que a transformação fosse tão inesperada. Era surpreendente o suficiente virar uma garota humana, mas um chifre na cabeça? E aquelas asas? Nem eram de penas, mas pareciam asas de morcego.

— Ah, droga. Eu queria asas fofinhas — reclamou Lulu.

Os quatro aprendizes ficaram chocados, especialmente Brett, que teve um pensamento marcante.

“Um dragão?”

Dragões eram seres misteriosos que existiam apenas em lendas de muito tempo atrás, até mesmo 400 anos atrás, quando os demônios vagavam pelo mundo. Diziam que esses lagartos gigantescos, do tamanho de castelos, às vezes usavam magia para se transformar em humanos, como Lulu aparentava estar agora. Mas, claro, não havia como Lulu ser um dragão. Talvez ela só tivesse lido algo parecido em um livro. Mesmo assim, aquilo já era suficiente para surpreender a todos.

Karakhum não era exceção. Ele pensava que Lulu era apenas uma gata estranha, mas de repente ele se transformara em um ser poderoso com apenas algumas palavras. E ele nem conseguia determinar o quão forte a gata era. Como grande guerreiro e elementalista, Karakhum não tinha noção de feitiçaria. Ficou com dor de cabeça enquanto tentava entender a energia única de uma feiticeira.

“Feiticeiros são tão imprevisíveis… E este parece ainda pior.”

Ainda assim, Karakhum não achava que perderia. Ele era poderoso. Tinha certeza de que nunca seria derrotado por ninguém, exceto os três espadachins mais fortes: Ian, Khun e Julius Hule. Mas sempre havia algo complicado ao enfrentar feiticeiros. E então aconteceu.

— Ha!

A feiticeira, observando sua nova forma, esticou os braços. Airen fazia isso frequentemente para invocar sua espada, e, assim como ele, algo surgiu desta vez. Era um longo cajado mágico, com uma enorme pedra em forma de olho de gato no topo, que Lulu observou com satisfação.

— Uau, é tão bonito! — exclamou Lulu.

Soava tão inocente que era difícil acreditar que estava no meio de uma luta. Todos ficaram atordoados com a cena, e até mesmo Karakhum ficou um pouco perplexo.

Foi então que Lulu apontou o cajado para Karakhum, e uma enorme bola de fogo saiu da pedra avermelhada em forma de olho de gato. Não era tão rápida quanto o ataque de um mestre espadachim, mas ainda assim era veloz. Mas Karakhum não precisou se esforçar para evitá-la.

— Ah, errei — disse Lulu.

O fogo passou muito acima do orc. Os quatro aprendizes suspiraram de alívio ao mesmo tempo, e Karakhum esboçou um sorriso perplexo. Enquanto isso, a bola de fogo continuou voando para longe na distância.

A bola de fogo passou acima da cabeça de Karakhum, além dos soldados orcs que voltavam, seguiu ainda mais longe e caiu no chão. Todos nas planícies olharam silenciosamente para o ocorrido, como se tivessem combinado fazer isso. E logo, uma luz e um som intensos atingiram os olhos e ouvidos de todos.

— Aaah!

— Ugh!

Então, uma poderosa onda de choque seguiu. Uma onda de calor forte o suficiente para causar queimaduras sobrecarregou os guerreiros Durcali. Alguns orcs feridos caíram e rolaram no chão enquanto o vento os empurrava. A onda de choque não chegou ao local onde Karakhum estava, mas o que todos viram após a nuvem de poeira se dissipar deixou-os aterrorizados.

Um enorme cratera foi revelada sob a nuvem de poeira, e quem havia causado aquela visão infernal murmurou com uma voz desanimada.

— Droga, não consigo. É difícil demais — disse Lulu.

Todos permaneceram em silêncio diante de suas palavras, mas Lulu estava sendo honesta. Nunca havia usado um poder tão grande antes, mas instintivamente sentiu que esse tipo de força não lhe era apropriado. Apesar de ter aumentado sua força através da polimorfia, percebeu que estava usando aquele poder de forma ineficiente. Além disso, estava extremamente cansada, talvez por causa da excitação, ou talvez porque estivesse atingindo seu limite de tempo. Pelo menos, era isso que lia em contos de fadas, como o da bela dama que retornava à sua forma original quando o relógio marcava meia-noite.

Mas isso não importava. Lulu sorriu enquanto observava Airen e pensava:

“Eu não despertei minha feitiçaria para atacar as pessoas, de qualquer forma.”

Era verdade, Lulu não se importava em vencer ou não alguém. Se pudesse salvar Airen do perigo, não se preocupava com o que aconteceria na luta. Por isso, não tinha como se acostumar a usar uma habilidade como aquela. Em vez disso, levantou novamente seu cajado.

“Eu deveria usar meu poder para proteger aqueles que amo, não para ferir quem não gosto.”

Com esse pensamento, uma luz branca brilhou no cajado de Lulu. Era muito mais revigorante do que a bola de fogo ardente. A luz subiu ao céu, dividiu-se em quatro feixes e desceu sobre Judith, Brett, Illia e Airen.

A luz que caiu sobre Judith transformou-se em uma energia vermelha ardente que a envolveu.

— Hmm?

Para Brett, era azul. Ele ficou surpreso ao sentir um poder interminável sendo liberado dentro dele como um rio fluindo. Illia teve uma experiência semelhante. A luz transformou-se em uma energia prateada que a fez sentir-se mais leve, como se o vento a estivesse ajudando.

E, para Airen… uma energia dourada o envolveu enquanto ele se preparava para enfrentar Karakhum.

Os três espadachins fizeram o mesmo, mas agora todos possuíam um poder bastante surpreendente. Os quatro gênios prepararam-se para lutar contra o mais forte guerreiro orc com o apoio confiável de sua aliada. E, diante disso, Karakhum riu.

— Haha…

O orc ainda se sentia incomodado. Sua dor de cabeça piorava, e ele imaginava que duraria mais alguns dias, mesmo que sobrevivesse àquela situação. O que o confortava era que gostava de cada um dos amigos de Khubaru.

Karakhum então olhou nos olhos dos quatro espadachins. Eles eram mais determinados e inocentes do que qualquer guerreiro Durcali. Ele liberou o máximo de poder que podia, seus olhos brilharam com uma energia ardente, aquecendo a área ao redor. Estavam prestes a começar outra batalha imediatamente. Até os guerreiros Durcali engoliram em seco de nervosismo. Mas aquele que não era nem um dos espadachins, nem Karakhum, interveio para acabar com a luta. Era o orc vidente errante, Khubaru.

Khubaru caminhou lentamente, mas com determinação, em direção a Karakhum. Sangrava pela boca devido à pressão da poderosa energia do guerreiro, que era demais para ele suportar, pois não era um combatente.

Mas ele conseguiu. Não gemeu nem franziu o cenho enquanto avançava em direção ao pai. Então, ajoelhou-se e colocou a cabeça no chão em um gesto de respeito.

— Khubaru, elementalista de Durcali… finalmente retornou a você, pai.

Karakhum observou seu filho, depois olhou para os quatro espadachins, para a feiticeira imprevisível e, em seguida, para os guerreiros Durcali. Por fim, voltou seu olhar para Khubaru. Seu semblante ainda era frio, mas a poderosa energia já havia desaparecido. Então, virou-se calmamente e falou.

— Conversaremos no castelo…

Khubaru não conseguiu responder. Nem mesmo limpou as lágrimas que escorriam pelo rosto enquanto mantinha a cabeça no chão. Lulu, por sua vez, saltou e voou até Airen. Imediatamente retornou à sua forma original de gata. Enquanto a abraçava, Airen pensou:

“Foi só o conto de fadas que fez a Lulu se transformar naquilo?”

Airen não tinha ideia. Mas o importante era abraçar gentilmente a gata que havia se esforçado tanto por ele.

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