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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 170

A Arte dos Cinco (2)
Normalmente, o Ritual dos Cinco Elementos era realizado por aqueles que nunca haviam aprendido sobre elementalismo ou a Arte dos Cinco. Aqueles que já haviam aprendido sabiam o que lhes faltava ou no que se destacavam, não necessitando do ritual. Naturalmente, como os que nada sabiam sobre os elementos realizavam o ritual, o resultado era igualmente medíocre e prematuro. Geralmente, eles criavam um pequeno lago, uma chama do tamanho de um punho por um breve momento ou um pedaço bruto de metal semelhante a minério…

Mas o elemento de Airen Farreira era diferente. Possuir dois elementos, metal e fogo, já era extraordinário, mas o tamanho deles superava qualquer expectativa. O metal se erguia do chão como se tentasse alcançar o céu, enquanto o fogo que se espalhava abaixo era tão intenso que era difícil acreditar que aquele homem nunca havia aprendido sobre elementalismo. Mais impressionante ainda, os dois elementos não atuavam separadamente.

O fogo no chão moldava o grande elemento metálico. O metal mudava de uma forma bruta para algo semelhante a uma espada, quase no nível de uma arma utilizável…

Essa era a essência da Arte dos Cinco, que utilizava o fogo para controlar o metal. O Grande Elementalista Gorha parecia atônito. Ele não era o único. Khubaru, Karakhum e outros elementalistas, todos no topo desta montanha espiritual, estavam perplexos ao ver aquilo.

— Hmm…

Gorha foi o primeiro a recuperar os sentidos. Ele era o mais habilidoso em elementalismo ali e o responsável por liderar o ritual, sendo, portanto, o único capaz de explicar a situação. No entanto, o que ele disse não foi uma explicação, mas uma pergunta.

— Você já aprendeu elementalismo antes? — perguntou.

— Khubaru me contou algumas coisas sobre isso… — respondeu Airen.

— Lorde Khubaru, você ensinou elementalismo a esse humano? — Gorha indagou.

— Não ensinei. Dei alguns conselhos baseados nos cinco elementos para o treinamento mental dele, mas… jamais esperava algo assim — respondeu Khubaru com um aceno.

Ele sabia que Airen era extraordinário. Um homem comum não seria capaz de iniciar um fogo em sua mente apenas com algumas palavras de conselho ou de salvar um humano à beira da corrupção em Aisenmarkt. Mas nunca imaginou que Airen apresentaria um feito capaz de chocar alguém tão habilidoso na Arte dos Cinco como Karakhum e Halifa.

Karakhum, que ouvira sobre Airen por meio de seu filho, parecia igualmente chocado.

— Parece que… o aprendizado da Arte dos Cinco será feito em ambas as direções — disse ele.

Todos assentiram ao comentário do Grande Guerreiro da tribo. O fato de alguém que nunca havia aprendido elementalismo ou a Arte dos Cinco controlar dois elementos de forma tão eficiente significava que existiam outros métodos para aumentar o poder elemental e dominá-lo. Eles precisariam aprender com o jovem e expandir seu conhecimento. Foi então que o orc percebeu como era um alívio o humano chamado Judith ter superado o teste. Caso contrário, não saberiam que tal oportunidade existia.

“Gurgar estava certo. Esses humanos serão de grande ajuda para o futuro da tribo…”

Mestre Halifa suspirou enquanto alguns orcs o olhavam com sorrisos significativos. Mas isso era problema dos orcs. Judith não tinha interesse nisso. Ela se sentia confusa enquanto encarava Airen à distância, imóvel.

“Aquele desgraçado.”

Era incrível. Airen superava expectativas toda vez que aprendia algo, mas Judith não era generosa a ponto de parabenizar o amigo por seu feito. Para ser honesta, ela estava um pouco deprimida. Sentia-se inferior, invejosa, ciumenta e tomada por todos os tipos de emoções. Contudo, diferente de antes, esses sentimentos não a feriam mais. Então, ela fechou os olhos e colocou todas essas emoções negativas em um caldeirão fervente em sua mente. Depois, derreteu tudo em uma chama intensa, o que lhe permitiu encarar o amigo com confiança. Ela abriu os olhos e disse, encarando Airen.

— O meu ainda é maior.

— Hã?

— O fogo. Pelo menos nisso, eu não vou perder para você. Espere só. Vou mostrar uma esgrima extremamente quente que vai te queimar depois que eu aprender a Arte dos Cinco.

— Certo.

Airen sorriu e apertou a mão de Judith quando ela estendeu a mão para ele.

Os anciãos orcs os observavam com sorrisos satisfeitos, felizes por verem jovens guerreiros competindo em uma rivalidade positiva. Mas Brett parecia ainda mais feliz que qualquer outro.

“Estou tão orgulhoso dela.”

Ele sabia que Judith odiava perder para qualquer um e que tinha um temperamento terrível, para ser franco. Mas ela andava tão abatida ultimamente, com um semblante sombrio desde que Airen e Illia se juntaram à jornada. Brett sabia disso, mas não sabia como resolver o problema, o que o deixava desconfortável por dentro. Contudo, Judith mudou após o teste. Ela ainda era impulsiva, mas parecia ter conseguido superar a negatividade dentro de si.

“Estou tão aliviado.”

Então, ele fez uma expressão semelhante à que tinha quando achava Judith fofa, algo que outros poderiam considerar estranho. Não ficou assim por muito tempo, pois estava consciente de sua aparência. Desta vez, porém, demorou um pouco mais. Illia, que por acaso olhou na direção de Brett, soltou um palavrão.

— Caralho.

— O quê?!

— Illia?

Todos olharam para Illia, chocados. Até mesmo Lulu deixou cair o novelo de lã com o qual brincava. O novelo rolou, deixando um longo fio para trás. Era inevitável, já que Illia nunca havia xingado e sempre fora muito quieta. Aquela palavra chocou a todos. Airen perguntou.

— O-o que houve?

— Você está bem? — até Judith perguntou, com um olhar preocupado.

Mas Illia permaneceu em silêncio por um momento. Então, caminhou para frente.

— É a minha vez…

Somente Brett não disse nada para Illia, e o incidente terminou sem grandes problemas.

— Hmm, fogo. Sim, a maioria dos jovens espadachins contém fogo.

— Oh… água. Mas é uma quantidade considerável.

Illia e Brett passaram pelo ritual, e seus elementos eram fogo e água, respectivamente. Embora não se comparassem a Judith ou Airen, eram suficientes para impressionar Gorha, já que a poça d’água era grande o suficiente para cobrir toda a tribo. Lulu foi a última a colocar a mão no vaso, mas nada aconteceu.

— Não sei se é por você ser uma gata ou uma feiticeira. Você até parece ter talento, mas… — disse Gorha.

— Está tudo bem. Estou satisfeita apenas com minha feitiçaria — respondeu Lulu animadamente.

Assim, o ritual terminou. Os anciãos orcs voltaram com expressões satisfeitas, e Tarakhan e Halifa também partiram para retomar seus afazeres. Khubaru retornou ao túmulo de seu mestre. Os únicos que permaneceram foram Gorha, alguns outros elementalistas e Karakhum. Após o silêncio que se seguiu à partida das pessoas, Karakhum dirigiu-se a Airen.

— Airen Farreira.

— Sim, senhor.

— Siga-me.

— Sim, senhor.

— Gorha, eu mesmo o ensinarei — disse Karakhum.

— Entendido, Grande Guerreiro. Você é o melhor quando se trata de metal… Eu e meus aprendizes ensinaremos os outros humanos, então.

Gorha respondeu e virou-se para Judith. Ele parecia empolgado, como um mago que encontra um reagente interessante. Era um pouco desconfortável, mas Judith não se intimidou.

— Me torne mais forte que Airen — disse Judith.

— Haha. Não posso garantir isso, mas sou o melhor no ensino de elementalismo.

— Mas não deveríamos aprender a Arte dos Cinco, e não elementalismo?

— Haha…

Gorha ficou perplexo com Judith. Brett tentou dizer algo, mas parou, enquanto Illia apenas prestava atenção às palavras de seu mestre.

Airen os observou por um momento, até que Karakhum continuou.

— Khubaru me falou brevemente… sobre como você carrega os elementos fogo e metal.

— Sim, senhor.

— Ouvi dizer que você nasceu com um metal incrivelmente poderoso. E que viajou para encontrar o fogo em sua mente para controlá-lo.

— Isso mesmo, senhor.

— Impressionante… Você alcançou esse nível apenas com treinamento mental, sem qualquer auxílio da Arte dos Cinco ou técnica semelhante…

Ele estava realmente surpreso. Um elemento poderoso era compreensível, pois haviam casos de orcs extraordinários no passado. Claro, já era considerado um grande talento possuir uma quantidade de elementos como Brett. Mas Karakhum nunca havia visto alguém treinar um elemento do zero até esse nível em apenas um ano… sem treinamento ou educação formal.

“E ele ainda usou isso para controlar seu metal.”

Isso era impossível pelos padrões de Karakhum. Mas ele não tinha a intenção de negar algo apenas porque parecia impossível. Na verdade, ele era grato por isso, pois ampliava sua visão. Assim, o que disse a seguir não era novidade para seu aprendiz.

— Vá em frente e controle o metal à sua maneira — disse Karakhum.

— Perdão, senhor?

— Você tem seu próprio método. Usou o fogo para controlar o poderoso elemento metálico dentro de você, transformando aquele metal bruto em algo que parecia uma espada. Não é verdade?

— É verdade.

Airen assentiu, e Karakhum continuou.

— Para treinar a Arte dos Cinco, é preciso seguir o ciclo dos elementos. O metal cria a água, que alimenta a árvore, que nutre a chama, que gera as cinzas que se transformam em terra, formando o metal novamente. É um processo para fortalecer outro elemento.

— Entendido.

— Mas você está indo no sentido oposto. Criou um fogo para controlar o poderoso metal dentro de você, que é o extremo oposto dos elementos. É tão pouco ortodoxo que fica difícil saber por onde começar. Quero ver como você treinou e aconselhá-lo sobre o que pode ser adequado para você. E, para ser honesto, também quero aprender com isso. Está claro para você?

— Sim… mais ou menos.

— Então vá em frente. Faça como tem feito.

Karakhum então se sentou após dizer isso. Ele parecia tão sério que provavelmente permaneceria assim caso Airen não começasse. Airen o observou por um breve momento e, em seguida, sentou-se em posição de meditação para iniciar seu treinamento mental.

Já fazia algum tempo desde seu último treinamento mental devido a tudo o que havia acontecido, mas Airen focou-se facilmente e criou uma grande espada em sua mente, envolta por uma chama. Então, ele continuou martelando a espada dourada e radiante.

Airen estabilizou-se imediatamente, como de costume, mas sentiu que faltava algo. Logo percebeu o que era. Era o fogo de Judith que ele havia visto durante o combate. Ele refletiu calmamente sobre aquela vontade poderosa, gigantesca e intensamente aquecida.

“Preciso de uma chama mais forte.”

Como confirmado no ritual, o fogo de Judith era enorme e possuía uma forma única, diferente do fogo de Airen, que se espalhava finamente pelo chão. Era desordenado e caótico, como se cada chama se movesse por conta própria.

“Se eu puder combiná-las em uma só, ou pelo menos encontrar o centro dessas chamas, talvez consiga uma chama ainda mais forte…”

Ele precisava de uma chama mais poderosa para criar uma espada ainda mais afiada. E, para adquirir uma chama maior, precisava de uma base. Mas o que eram aquelas chamas em sua mente? O que ele deveria usar como base para tudo isso? Era o amor por sua família que ele sentiu ao aprender feitiçaria? Era a vontade de crescer que adquiriu na Fortaleza de Alhaad? Ou era a competitividade que Ignet lhe despertou? Se não fosse nenhuma dessas coisas, seria a amizade que sentiu ao impedir o descontrole de Illia? Perguntas inundaram a mente de Airen, enquanto Karakhum o observava silenciosamente.

E, após cerca de duas horas, um guerreiro orc aproximou-se deles com uma mensagem.

— Estou aqui para entregar a mensagem do Lorde Gurgar. Ele… está preparado para ver a vida passada.

Era uma notícia ao mesmo tempo bem-vinda e inquietante, que fez todos se voltarem para Airen.

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