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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 173

Construindo a Vontade (2)

“…”

Uma espada com punho de ouro e uma chama dourada brilhando através dela. Ao ver a energia de Airen Pareira, com cor selvagem e estática demais para ser considerada uma aura, o grande guerreiro Karakum relembrou a primeira vez que viu o rapaz.

‘Ele é um cara tão imprevisível…’

E era mesmo.

Apesar do fato de Airen não estar usando bem a Aura, ele reconheceu que o outro era um Mestre.

Era uma espada tão incomum. Quanto tempo se dedicou a ela para treinar e se acostumar?

No entanto, a energia do metal de Airen parecia fraca, como se não estivesse a par das suas habilidades.

Apesar de ter atacado uns poucos bandidos, as suas feições ficaram pálidas e, quando olhou para Karakum, buscava por ar em choque por ter matado alguém. A diferença entre aquele momento e agora era tão absurda, que o guerreiro não podia nem mesmo rir.

Mas o que o chocou de verdade aconteceu depois.

‘Não é uma questão se consigo ou não lidar com isso. É de se farei ou não. É claro que devo, pelo bem do meu amigo e professor, Kuvar.’

Na frente de Airen estava o orc mais forte, alguém que estava entre os mais poderosos do continente. Ainda assim, o rapaz desembainhou a sua espada.

Não porque estivesse confiante em suas habilidades, mas porque ele estava literalmente pronto para dar um passo à frente pelo bem do seu amigo.

‘Uma vontade de aço que não será afetada por nada…’

Quando o assunto era machucar os outros, era frágil como uma criança protegida. Mas, se fosse para proteger alguém, ele tinha a postura forte de um herói lendário. Era natural para todos notarem tal homem.

E, agora, Airen Pareira voltou a mudar.

Ele não era um herói completo. Mas ver o espadachim humano que parecia um “projeto de herói” fez Karakum sorrir.

‘Incrível.’

Era divertido.

Muito mais divertido que o tempo gasto pelo guerreiro melhorando as suas habilidades.

Apesar de ser um tempo relativamente pacífico, o continente ainda estava em caos.

Ao invés de uma guerra completa entre as nações, conflitos de pequena escala surgiram, com vilões ainda mais sinistros aparecendo no lugar de diabos.

Como no caso do grupo de bandidos que ele encontrou no mês anterior. Esses seres meio maus estavam por toda parte, mas a maioria estava ocupada satisfazendo os próprios interesses. Esse era o mundo atual.

Enquanto isso…

Um homem apareceu, declarando que ergueria a sua espada pelo bem dos outros. Um humano que afirmou que trabalharia duro pela felicidade de mais pessoas. Ele levava as suas emoções no rosto com orgulho, enquanto falava dos seus sonhos que pareciam estúpidos, outras vezes bobos e acanhados.

Os seus olhos pareciam mais brilhantes que o Sol que aquecia os prados pela manhã.

No entanto, não era mais apenas um desejo desajeitado.

“Eu quero te perguntar uma coisa…” Karakum, que se manteve em silêncio até agora, abriu a boca, “Admito a coragem que tem em trilhar o caminho do herói.”

“Obrigado.”

“Mas estou curioso. Você é um recipiente grande o suficiente para comportar o termo ‘herói’? Precisa saber que esse papel é um grande fardo. Não sei se pensou em todas essas coisas antes de chegar a essa palavra.”

“…”

“Existe um ditado antigo. Primeiro, prepare o seu corpo e a sua mente adequadamente, depois cuide da sua família. Então, governe o mundo, para aí sim trazer paz para ele.”

Airen assentiu. Embora não tivesse muito conhecimento, conhecia as palavras ditas pelo orc — era um ditado muito famoso, ouvido de muitas pessoas. Ele permaneceu em silêncio enquanto o outro continuou.

“Claro, não pretendo te pôr à prova nem nada do tipo, mas acho que a resposta que espero é se você considerou o quão difícil é o caminho do herói. Não é só um trabalho que acaba com o autoconhecimento, mas um em que você deve aguentar o fardo de inúmeras pessoas nos seus ombros.”

Karakum continuou a falar sobre quanto peso era colocado nas palavras, ações e escolhas de um herói. Sobre como era difícil manter as convicções em uma situação em que o certo e o errado não eram bem definidos. Sobre quão amargos seriam os erros inevitáveis que faria ao longo do caminho, e quantas críticas atrairia.

Sobre a força do coração, necessária para um herói.

Airen não achava que o orc estivesse errado.

Como ele disse, o rapaz nunca tinha sido responsável por alguém além dele mesmo em toda a sua vida.

Por outro lado, Karakum tinha sido chefe da sua tribo e carregou um fardo imenso.

‘Herói era um título que não poderia ser usado simplesmente por causa da força e bom caráter de alguém…’

Quando o orc apontou as partes que Airen ainda não tinha pensado com profundidade, a sua angústia voltou.

Karakum olhou para o jovem e assentiu. Ele não queria ofender Airen, mas esperava ajudar a conter o fogo que corria no seu coração.

No entanto, para se tornar um herói de verdade, ele devia ser capaz de pensar mais profundamente e trabalhar mais duro que agora.

Observando as nuvens se moverem, Karakum olhou para Airen e disse:

“Pense nisso o tanto que quiser e compreenda bem a sua situação. Talvez você esteja sendo iludido pelos grandes estímulos de quando viu a sua vida passada… Não sei se o seu coração é verdadeiro suficiente para perseguir um caminho que nem mesmo eu, um grande guerreiro e chefe de uma tribo, ousei tentar… Pense muito bem nisso.”

Depois do longo conselho o orc exalou.

Mas, quando estava prestes a deixar de lado o seu machado de lâmina dupla, Airen assumiu posição de luta.

Uma Espada de Aura dourada mais intensa surgiu.

Karakum franziu o cenho e perguntou:

“O que você está fazendo?”

“Os espadachins que encontrei até agora eram assim.”

O rapaz sorriu enquanto lembrava deles.

Lance Peterson e Ian na escola; Bratt e Judith, com quem se reuniu depois de um longo tempo.

Eles eram assim mesmo. Como bons espadachins, demonstravam as suas intenções e emoções através das espadas ao invés de usar as palavras.

E, nesse momento, Airen Pareira também tinha um coração digno de ser chamado espadachim.

“Nós devemos falar com as espadas.”

“…”

“Não é questão de ser influenciado pelas memórias da vida passada. Eu posso considerar essas como a última peça de um quebra-cabeças que estou montando há tempos, e acho que seguiria esse mesmo caminho, mesmo se nada disso tivesse acontecido.”

“Você…”

“Vou te mostrar a prova disso. Por favor, fiquei comigo mais um pouco.”

Uma espada incrivelmente forte.

Um fogo que a envolveu calorosamente.

Karakum riu enquanto olhava para o humano que se aproximava, ostentando uma vontade forte, mas ardente.

Era diferente do usual. Essa não foi uma simples provocação para um jovem homem, embriagado pelo próprio poder.

“Vamos lá, vou derrotá-lo pra valer dessa vez.”

O orc sentiu um tanto de raiva, mas a alegria e o prazer eram muito maiores que isso.

Com esses sentimentos no coração, Karakum ergueu o machado novamente e avançou contra Airen com mais ferocidade que antes.

Um chefe aposentado e um jovem espadachim que queria se tornar um herói.

Assistindo o duelo da dupla, Gorha sorriu com alegria.

* * *

No dia seguinte.

Tendo acordado cedo, Airen seguiu para o salão de treino depois de tomar um banho.

Ele fez uma careta. A batalha contra Karakum foi intensa. Apesar de receber tratamento depois, o seu corpo inteiro doía.

Ainda assim, ele não podia fazer nada.

Embora concordasse com o que Karakum disse, não podia ficar parado ao saber que o outro achava que ele estava sendo influenciado pelas memórias do passado. O seu coração batia pela sua família e pelos seus amigos.

Se não fosse por essas duas coisas, a sua vontade e crenças atuais, que uniram as fagulhas no seu peito e as tornaram uma chama, até a última brasa teria sido extinta.

E Airen nunca duvidou disso.

‘Mas eu preciso levar os conselhos do senhor Karakum a sério.’

Não havia motivo de se preocupar com os demônios do passado. Uma vez que o oponente fosse derrotado, seria claro se o caminho tinha sido certo ou errado.

Mas em situações cinzentas… em casos de conflitos entre humanos, por exemplo.

Se precisasse fazer uma escolha, seria capaz de tomar a melhor decisão?

Se houvesse dano não importava a escolha feita, estaria pronto para carregar o peso, o ressentimento e culpa que viriam em consequência ao caminho tomado?

E, como alguém que nunca foi ferido por situações do tipo… estava preparado para andar nesse caminho tortuoso?

‘Ainda não, eu acho…’

De repente, ele se lembrou do que aconteceu nas montanhas Alhad, do equilíbrio desconfortável criado pelo amontoado de interesses múltiplos. Airen não conseguiu encontrar uma resposta clara no final. Talvez não houvesse uma alternativa direta. Era a única coisa que conseguia pensar.

Para encontrar uma resposta em situações desconfortáveis sem pestanejar, eram necessárias uma subjetividade e uma visão ainda mais fortes que antes.

E isso pedia experiência, conhecimento e esforço.

O nome da comandante dos Cavaleiros Negros, Ignet Crescentia, que lhe impressionou mais que qualquer outro, surgiu na sua mente.

‘Talvez Ignet tenha feito isso por um longo tempo.’

Era por causa dos seus pensamentos sobre crenças?

Ao contrário de Airen, ela perseguia o caminho do Rei, mas dava na mesma. Mesmo ela achava difícil de encontrar e resposta certa em várias situações.

Era um fato que cada uma dessas decisões era incrivelmente pesada.

E não era apenas Ignet.

Chefe Tarakan.

Diretor Ian.

Além disso, ele pensou em todos aqueles que tinham uma posição ainda mais alta, que cuidavam de grandes massas de pessoas, ponderou quão difícil devia ser para eles carregar esses grandes fardos.

Parando para pensar, percebeu que a sua vida até então tinha sido muito confortável e fácil.

“Eu… vou conseguir?”

Era bom saber para que erguia a sua espada, mas a pressão que isso dava era maior do que o esperado.

Era por isso que essa era a primeira vez que algo como um sonho surgia nele?

O medo de não ser capaz de alcançar o seu objetivo e a pressão em relação aos outros cresceu ainda mais.

Airen olhou para o chão com um olhar depressivo.

“O que você quer dizer com ‘eu vou conseguir’?” Bratt Lloyd perguntou, enquanto se aproximava.

Airen olhou para ele com tristeza, e disse: “Bratt.”

“O quê?”

“Você pode me ajudar com as minhas preocupações?”

“Hã?”

“Hã? O quê?”

“Nada. Eu só tava vindo te pedir uns conselhos.”

“Uh, sério?” Airen perguntou, surpreso.

Bratt Lloyd, quem ele pensou conhecer, era uma pessoa forte e um nobre de verdade.

No passado, o rapaz passava uma sensação de ser difícil de se aproximar por causa da sua arrogância, mas agora ele era mais divertido e confortável de conversar.

Mas não era como se ele não tivesse preocupações…

‘Ele veio pedir conselhos para mim, não para os outros?’

Não para Kuvar?

Era estranho.

Mas a história de Bratt foi deixada de lado por um instante.

“Você falou primeiro, então diga.”

“Ok.”

Airen assentiu e confidenciou os seus pensamentos com Bratt. Falou das palavras de Karakum e dos problemas que isso causou na sua mente.

Surpreendentemente, Bratt não riu do seu sonho. Pelo contrário, pensou que combinava mais com Airen que com qualquer outro.

Mesmo se o amigo não visse as memórias da sua vida anterior, ele sabia que ele iria por esse caminho em algum momento.

O filho mais velho da família Lloyd apoiou o seu amigo sinceramente.

E isso o deixou com raiva.

Ignet, Tarakan e Ian. Outros que tinham grandes responsabilidades nos seus ombros.

Vendo Airen se deprimindo enquanto se comparava a eles, Bratt sacudiu a cabeça.

“Você realmente não tem nada na cabeça.”

“Uh? Quem?”

“Tô falando de você mesmo.”

“Por quê…?”

“Olha de quem você tá falando. O que posso fazer se todo mundo que você citou é um mestre espadachim ou maior que isso? Tá falando que sou menos que eles? Quer dizer que, como eu não sou um Mestre da Espada, nunca serei um herói?”

“Não, eu não quis dizer isso…”

“Cala a boca, fica quieto.” Bratt silenciou Airen com suas palavras, e balançou a cabeça.

Estava irritado.

Ele era ele, mas Judith… quanto ela sofreu por causa de Airen?

Era um absurdo ver o outro com uma expressão tão sombria por existir alguém melhor que ele. Mas, ao mesmo tempo, ele entendia.

A não ser que alguém fosse um deus, todo humano se compararia a outros, não importava o quão bom fosse.

Era inevitável. Olhar para as deficiências de alguém e se sentir impaciente era parte da natureza humana.

‘Se for ver, o estranho é ele ter mostrado tão pouco disso até agora.’ Pensando assim, Bratt se sentiu feliz.

Airen parecia melhor agora que na escola. Naqueles dias, ele era como uma boneca sem emoções, mas agora parecia um amigo de verdade.

‘Além disso, sou um especialista no assunto.’ Bratt assentiu. Tinha certeza. Como espadachim, estava chateado por causa de Airen e ILya, então podia dizer muito ao seu amigo.

“Airen.”

“Sim?”

“Lembra de quando estávamos na escola? Quando eu voltei pra minha família com cara de bosta?”

“Ah… quando você apanhou da Judith?”

“Cala a boca.”

“Desculpa.”

“De qualquer forma… vou te falar sobre isso.” Bratt Lloyd olhou para o nada, como se rememorando sobre o passado.

Vendo isso, Airen assumiu postura de um bom ouvinte.


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