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Release that Witch – Capítulo 101

O livro antigo e suas pistas (Parte 2)

O que isto significa? — Roland esfregou os dedos sobre a linha escrita à mão — O dono original desse livro antigo também teve que lutar contra esses monstros nas Terras Selvagens?

Então ele voltou a ler o livro.

— Os Diabos cresciam em número a cada dia, e a cada dia nós diminuíamos.

— A Pedra da Retaliação Divina também não conseguiu detê-los. As Pedras só funcionam contra seus poderes estranhos e incomparáveis, mas mesmo sem confiar em sua magia, eles ainda são inimigos ferozes e terríveis.

— A Cidade Sagrada de Taquila já caiu nas mãos do inimigo. Nossa única opção foi nos espalharmos em todas as direções.

— Sobre as montanhas, pelos rios. Tentando fugir o mais longe possível dos Portões do Inferno.

— Mas quando chegar a próxima vez, para onde devemos fugir?

— Entretanto, isso não é algo sobre o qual eu deva me preocupar. Eu vou morrer, Natalia.

— O poder do Diabo está corroendo meu corpo, e todas as nossas drogas não estão funcionando mais.

— Estou escrevendo tudo isso porque eu tenho que pedir algo simples para você fazer por mim.

— O teste da Alice, do Exército da Punição Divina, já está se aproximando do seu fim, e foi um sucesso. Mesmo quando confrontados com os extraordinários Guerreiros do Diabo, eles não temiam coisa alguma, mas ela esqueceu o ponto importante, mesmo que o Exército da Punição Divina vença, essa vitória não nos pertencerá.

— É isso mesmo. O Exército da Punição Divina, nos levará ao fim.

— Para detê-la, só resta você.

O texto que ele conseguiu ler não era longo, por isso, Roland olhou todo o texto mais uma vez do começo ao fim. Ele então fechou os olhos e começou a pensar sobre o que ele havia lido. Tentando enxergar a escrita da perspectiva de Kara.

Supondo que ela não conhecesse a existência do Diabo, e ela pensou que o Diabo se referia a uma bruxa. Com essa suposição, seria fácil imaginar que o livro fosse escrito da perspectiva de um membro da Igreja, fugindo das bruxas. Então, combinados com rumores amplamente divulgados, os quais diziam que as bruxas são todas servas do diabo e que adquiram sua magia do Portão do Inferno, Kara provavelmente pensou que a Igreja realmente queria esconder a verdade: que a Igreja alterou o nome da Montanha Sagrada para Portão do Inferno, e durante várias centenas de anos, as bruxas já tinham acesso à Montanha Sagrada e que lá elas encontrariam uma vida eterna. Assim, as bruxas cresciam em número, enquanto os guerreiros da Igreja diminuíam.

Claro, essa teoria tinha muitas falhas. Por exemplo, o autor do texto disse que o outro lado possuía poderes estranhos quando comparados com pessoas comuns, e claramente não havia bruxas que possuíssem tais características. Outro exemplo era que, mesmo sob a supressão da Pedra da Retaliação Divina, as bruxas ainda podiam fazer a Igreja sofrer uma derrota esmagadora, o que parecia muito bizarro. Então, no final, a razão pela qual Kara estabeleceu a jornada para as Terras Selvagens ainda era desconhecida. Talvez ela estivesse tão ansiosa que não percebeu que já havia afetado seu julgamento.

Entretanto, ainda havia algumas frases que ele não conseguia entender. Talvez a verdadeira causa estivesse ali?

Roland preferiu essa última possibilidade.

Pelo menos, agora ele sabia que o Diabo que foi descrito na última página não era uma bruxa, mas era a descrição da verdadeira raça alienígena. Entretanto, suas dúvidas não diminuíram, em vez disso, apenas aumentaram, bem como seus problemas se tornaram muito mais numerosos.

No fim das contas, desde quando a Igreja estava lutando contra os Diabos?

Mesmo assim, repetidamente, Roland olhava para todo o conteúdo do livro, mas ainda não conseguia encontrar alguma coisa relevante. A Igreja estabeleceu sua base no Norte, desde o fim da guerra de fé. A base foi construída para se defender das bestas demoníacas de um enorme fosso na Cordilheira Intransponível. Mais tarde, eles simplesmente construíram uma fortaleza no planalto de Hermes, e simplesmente a chamaram de Nova Cidade Sagrada. Estas duas cidades agora estão conectadas entre si, uma na parte alta e a outra na parte baixa, mas ambas eram usadas para bloquear o ataque das bestas demoníacas, e não dos Diabos. Além disso, Roland nunca tinha ouvido antes sobre um lugar chamado Taquila.

Se tudo isso for verdade, a Igreja não teria razão para ocultá-la. De acordo com os livros de história da Igreja, eles sempre foram capazes de resistir aos ataques das bestas demoníacas e também conseguiram grandes vitórias na batalha contra as bruxas. Tudo isso estava descrito com grandes detalhes, como se eles temessem que seus grandes méritos caíssem no esquecimento.

Mas, em comparação com o confronto contra os Diabos, como eles ainda poderiam tratar a questão das bestas demoníacas e das bruxas, como algo mais digno de ser esmiuçado nos livros?

A última pergunta dizia respeito ao Exército da Punição Divina.

Evidentemente, este membro da Igreja não queria ver o Exército da Punição Divina crescer, além disso, ele até confiou a outra pessoa a tarefa de o responsável por este experimento. Aparentemente, eles pareciam ter conseguido? Roland só sabia que a Igreja tinha um Exército de Juízes, mas nunca tinha ouvido falar do Exército da Punição Divina. É claro, é preciso lembrar que o 4º Príncipe era simplesmente um ignorante.

No entanto, se eles realmente pudessem desenvolver um guerreiro forte o suficiente para lutar contra os Diabos, não aumentaria o poder da Igreja? Então, por que o autor da nota escreveria que isso iria causar sua destruição? O lugar onde encontraram este livro, deve ter informações adicionais.

— Foi Kara quem encontrou o livro, não? Você sabe onde ela encontrou? — Roland levantou a cabeça e perguntou a Rouxinol.

— Quando entrei na Associação Cooperativa das Bruxas, a irmandade já estava a caminho da Montanha Sagrada. — Rouxinol respondeu distraidamente, enquanto ainda mastigava um pedaço de peixe seco — Mas Wendy mencionou que, no início, a irmandade não se chamava Associação Cooperativa das Bruxas, e que eram apenas algumas bruxas do Condado de Ventomar. Entre elas estavam Kara, Wendy e Pergaminho. Depois, quando saíram do Condado de Ventomar, elas encontraram um local secreto dentro de uma floresta, que servia como local de encontro. Mas ninguém esperava que realmente houvesse uma entrada secreta para uma antiga ruína escondida lá.

Rouxinol mordiscou o seu peixe seco mais algumas vezes, e após lamber os lábios, ela continuou:

— Mas, exceto Kara, ninguém mais ousou ir lá para explorar.

— Ela encontrou o livro antigo dentro das ruínas?

— Pelo menos foi o que Kara disse. — Rouxinol disse fazendo uma careta — E depois, elas começaram a reunir mais e mais bruxas. Mas parece que a Igreja acabou descobrindo o esconderijo delas, trazendo um grande exército para cercar o local de encontro. Apenas vinte bruxas conseguiram escapar, o que era menos da metade. Foi então que Kara decidiu procurar a Montanha Sagrada. Então, elas estabeleceram a Associação Cooperativa das Bruxas, com o objetivo de encontrar a Montanha Sagrada como sua mais alta prioridade.

Depois de ouvir esta história, Roland mais uma vez começou a pensar sobre isso. Perscrutar mistérios sabendo tão pouco era muito inconveniente, mais ainda quando a história estava misturada com lendas, o que deixava muitas inconsistências. O livro antigo não mencionava o ano em que foi escrito, e também não tinha outra grande guerra nos livros de história que ele havia lido.

A primeira pessoa envolvida na descoberta já está morta, mas talvez possamos buscar alguma pista na ruína antiga— Roland pensou.

Mas, para Roland, também estava bastante claro de que isso seria uma tarefa praticamente impossível. A floresta ao leste estava muito longe de Vila Fronteiriça, não era como uma simples caminhada, mas sim uma viagem por todo o Reino de Castelo Cinza. Além do mais, neste momento, sua maior prioridade era o desenvolvimento de seu território.

Roland levantou-se e caminhou até a janela. Lá, ele tinha uma visão perfeita dos jardins posteriores. No jardim, as bruxas estavam treinando de acordo com seu programa de treinamento. Agora que seu grupo de bruxas tinha crescido para doze, era hora de estabelecer uma organização.

Na sua concepção, a organização não precisava de nenhum programa ou guia. A ideia era concebê-la para facilitar o gerenciamento das bruxas e suas respectivas habilidades. Além disso, sua função seria semelhante à futura geração das associações industriais.

As regras das organizações também seriam o mais simples possível, havendo apenas duas regras: não utilizar sua habilidade para violar a lei do território; e é proibido usar sua habilidade para burlar a lei.

Inicialmente, Roland queria usar as três leis da robótica[1], restringindo a habilidade das bruxas ao não permitir que elas machucassem ou atacassem pessoas comuns e assim por diante, mas depois pensou que seria realmente desnecessário. A habilidade delas tinha o mesmo princípio das armas. Quando confrontadas com os perigos, realmente não havia diferença entre usar uma arma ou a habilidade de uma bruxa para se defender. E ao enfatizar deliberadamente a diferença entre bruxas e pessoas comuns, a diferença entre esses dois grupos só aumentaria e afastaria ambos os lados.

Então, ao não tornar o uso das habilidades algo ilegal, ele não poderia fugir de sua responsabilidade como cientista e um engenheiro diligente, ao se expressar da maneira mais concisa.

Quanto ao nome desta organização, Roland já havia descoberto um nome bom.

O nome do novo grupo seria União das Bruxas.


[1] Se você não assistiu ‘Eu, o robô’ ou se quiser se lembrar, as três leis da robótica de Asimov podem ser conferidas aqui.


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