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Release that Witch – Capítulo 142

Trilhos

Metade do mês se passou desde que Roland conquistou Forte Cancioneiro. As cinco Famílias nobres no forte já tinham entregue as pessoas necessárias e suprimentos para Vila Fronteiriça.

Depois que o Ministério da Agricultura foi completamente organizado, o preparo da terra para o primeiro plantio da primavera tinha finalmente começado, e era o primeiro passo para a revolução técnica agrícola de Roland. Os servos, que enxergaram um vislumbre da liberdade, estavam cheios de motivação para o trabalho. A cena de um capataz chicoteando os servos forçando-os a trabalhar nunca mais seria vista na margem sul do Rio Vermelho. Alguns servos até resolveram fazer uma pausa no trabalho, apenas para descobrir que ninguém viria supervisioná-los novamente. Eles ouviram dos funcionários que estavam ocupados medindo os campos com ferramentas estranhas, que Sua Alteza não se preocupava sobre a colheita de um ou dois campos. A partir de agora, os servos iriam trabalhar para si mesmos, e quanto mais eles arassem, mais eles ganhariam.

Nem todos os funcionários do Ministério da Agricultura entenderam o princípio de ‘distribuir para cada um, conforme o resultado de seu trabalho’. Roland exigiu que eles repetissem incessantemente essas ideias para os servos, a fim de incutir essas ideias em sua mente. Para satisfazer a nostalgia de Sua Alteza, bandeiras vermelhas e cartazes foram postos ao longo das margens do Rio Vermelho. Nos cartazes foram escritos slogans como ‘Trabalho é a única maneira de ficar rico’, ‘Trabalho traz honra e glória’, ‘Trabalho leva à liberdade’, ‘Trabalho muda o destino’, e assim por diante.

É claro que os outros não aprovaram essas ideias imediatamente, por exemplo, Barov foi o primeiro a levantar-se e expressar sua desaprovação.

— Vossa Alteza, isso é totalmente sem sentido. A maioria dos servos não são capazes de ler, e eles não se preocupam com o que está escrito nos cartazes. Essas pessoas são simplesmente estúpidas e ignorantes. Chicotes realmente não podem torná-los pessoas melhores, muito menos essas faixas com palavras estranhas.

Roland, no entanto, deu uma resposta simples:

— Esses cartazes não são destinados a eles.

— Então por que o senhor deu essa ordem? — Ouvindo isso, o Ministro Adjunto perguntou um pouco confuso.

— Para criar exemplos vivos.

Roland nunca pensou que os servos fossem estúpidos e não fossem capazes de aprender. Era verdade que eles não eram alfabetizados, mas isso não significava que eles não tinham aspirações. Não importa quão turrão um homem possa ser, ele seria conduzido pelo desejo e interesse, pois isto era simplesmente a natureza humana. As palavras repetidas ditas pelos funcionários do Ministério da Agricultura pareciam produzir pouco efeito no início, mas pouco a pouco estas palavras iriam influenciá-los, assim, os servos iriam mudar inconscientemente suas velhas ideias, como pequenos riachos que se reuniam para formar um mar. Quando o primeiro grupo de servos fosse promovido a homens livres, quando trocarem a sua safra colhida por dinheiro para comprar roupas decentes e comidas deliciosas, bem como casas de tijolos, firmes e calorosas, estes slogans repetidos muitas vezes se tornariam uma realidade. Além disso, estariam profundamente arraigados nas mentes dos servos.

Quanto aos cartazes ao longo da margem do rio, o objetivo deles era disciplinar as pessoas de Vila Fronteiriça depois de passarem pela educação universal.

Por meio do esforço próprio, com suas próprias mãos, os servos seriam capazes de sair da pobreza, se tornar um membro formal de Vila Fronteiriça e até mesmo ter uma vida melhor do que os habitantes nativos. Tudo isto graças ao trabalho duro.

Ao compararem entre si, as pessoas poderiam sentir a diferença entre elas. Estas pessoas, então, começariam a buscar uma vida melhor por iniciativa própria. Só desta forma a eficiência de um indivíduo poderia ser elevada no mais alto nível.


Tito estava na entrada da mina esperando a última entrega de minérios. Desde aquela vez em que seu rosto foi queimado pelo vapor quente durante os últimos meses dos Meses dos Demônios[1], ele nunca mais se atreveu a ficar ao lado daquela máquina.

Felizmente, havia uma espécie anjo, Senhorita Nana, em Vila Fronteiriça. Tito tocou seu rosto, que estava completamente curado, e seu coração se encheu de gratidão. Quando ele foi ferido, ele teve até mesmo a audácia de suspeitar que ela era uma das servas do diabo. Que coisa mais absurda! Após o inverno, ele embrulhou dois peixes salgados e uma perna de javali, e depois foi para a casa de Sir Pinheiro pedir desculpas por seu erro e entregar as iguarias.

Surpreendentemente, embora Titus Pinheiro fosse um Visconde, ao contrário daqueles nobres arrogantes de nariz empinado, ele generosamente aceitou suas desculpas. Pela primeira vez, Tito sentiu que nem todos os nobres eram cruéis e impiedosos.

— Tito véio! — Um mineiro que estava coberto com pó correu para fora da mina e gritou — As cordas já foram presas.

— Ok! — Tito se virou para a direção do motor a vapor e gritou — Atenção, saiam da frente! Flacke, levante a barra verde e depois baixe a barra vermelha. Se você cometer um erro novamente, eu vou torcer seu pescoço!

— Confie em mim, Tito véio. Deixa comigo! — Flacke respondeu em voz alta.

Já que Nils resolveu se juntar ao Primeiro Exército, Tito colocou Flacke para operar o motor a vapor. No começo, Flacke errava o tempo todo e não sabia executar direito as ordens, e até mesmo fez os tubos de vapor estourarem. Tito xingou ele muitas, muitas vezes. Felizmente, Sua Alteza não culpava eles e nem os punia. Em vez disso, ele enviava pessoas para substituir as peças danificadas da máquina. E eles ainda não precisavam pagar do próprio bolso as peças danificadas. Tito pensava que Sua Alteza exigira um mês de salário como compensação, mas isso nunca aconteceu.

Com a abertura da válvula de entrada, o motor a vapor esguichou uma tremenda quantidade de fumaça branca e a roda principal começou a rodar lentamente, levando o cabrestante[2] a esticar as cordas de forma reta.

— Vamos! Prestem atenção nas cordas, com cuidado! — Tito gritou.

Além do motor a vapor, a maneira de puxar os minérios para fora da mina tinha mudado muito. Sua Alteza ordenou aos carpinteiros para cortarem muitas varas longas de madeira, que foram colocadas de ponta a ponta para formar trilhos ao longo dos túneis de toda a mina. E, em seguida, outras varas de madeira foram colocadas sob os trilhos de madeira. À primeira vista, parecia que uma escada longa de madeira.

Sua Alteza chamou isso de transporte sobre trilho de madeira, um nome estranho. Não parecia ser muito complicado, mas os efeitos foram surpreendentes depois de terem utilizado as vagonetas[3] especiais, chamadas agora de carrinho de mina! Muito eficiente! Os minérios, que antes levavam de três a quatro dias para serem transportados para fora da mina, agora eram postos em vários carrinhos, um atrás do outro, e o motor a vapor puxava tudo rapidamente!

Tito observava tudo atentamente as quatro rodas do carrinho corriam ao longo dos trilhos de madeira. Os carrinhos eram todos feitos de ferro e por isso eram extremamente caros. O segredo para fazer os carrinhos se movimentarem pelos trilhos de madeira sem cair eram as rodinhas. Havia uma borda externa[4] em cada rodinha que deixavam elas fixas no trilho. Em cima das rodinhas tinha uma grande bacia de ferro, com ganchos na parte da frente e de trás para conectar cada um dos carrinhos em uma linha reta.

Tito admirava a sabedoria de Sua Alteza. Com um design tão simples, ele fez o transporte de minérios ficar muito mais fácil. Antes da invenção, o transporte do minério para fora da mina era a parte mais demorada e que despendia maior energia. No entanto, este sistema não era perfeito. Por exemplo, depois de uns cinco dias de uso contínuo, dois pedaços de trilhos de madeira já haviam sido esmagados, e outros pedaços estavam quebrados. A situação melhorou muito depois que Sua Alteza ordenou aos carpinteiros para envolverem os trilhos de madeira com uma fina camada de ferro.

Além disso, as cordas arrebentaram uma vez, causando um grave acidente. Quando Tito se lembrava disso, seu coração palpitava. De acordo com os regulamentos, eles só eram autorizados a puxar quatro carrinhos de cada vez. Mas naquele dia, os mineiros queriam terminar seu trabalho mais rápido, e acabaram conectando seis carrinhos. Os carrinhos estavam no meio do caminho, quando uma corda, cuja espessura era da metade de um braço, de repente arrebentou, ricocheteou e atingiu um mineiro que estava de pé ao lado de Tito. Ele quebrou um braço e várias costelas. Os carrinhos deslizaram para baixo ao longo dos trilhos, derrubando dois mineiros e esmagaram as pernas de outro mineiro azarado.

Felizmente, Tito sabia o que deveriam fazer em situações como essas. Ele imediatamente organizou as pessoas para transportar os mineiros feridos para a casa do Visconde Titus. Enquanto estivessem vivos, a Senhorita Nana seria capaz de curá-los completamente.

— Tito véio, os carrinhos já estão do lado de fora! — O homem que estava observando a entrada gritou.

Ouvindo isso, Tito ordenou em voz alta:

— Flacke! Espere umas dez respirações e só depois desligue o motor! E não se esqueça da ordem!

— Tá, deixa comigo!

Quatro carrinhos pararam lentamente no fim do trilho. Tito foi registrar o rendimento da mineração de hoje. Os dois carrinhos da frente estavam cheios de minérios de ferro castanho-avermelhado. Este tipo de minério era o que mais se encontrava na mina. No terceiro carrinho havia minérios cinzentos com uma ligeira coloração amarela, que deveriam ser minérios de cobre. Quando Tito viu os minérios no quarto carrinho, ele ficou um pouco chocado, porque ele nunca tinha visto, tão pouco registrado esse tipo de minério antes. Eles eram de um castanho-escuro e emitia um brilho metálico fraco sob a luz do sol.

Outro minério desconhecido. — Tito balançou a cabeça.

A mina da encosta norte possuía muitos túneis, por isso, era normal extrair alguns minérios estranhos de vez em quando. Ele desenhou uma cruz em seu papel e ordenou aos mineiros para enviar todos os minérios para o pátio. Quanto ao minério castanho-escuro, se fosse para a fornalha ou se fosse jogado fora, isso não tinha nada a ver com Tito.


[1] Caso você não se lembre, você pode começar a ler de novo essa parte da história aqui no capítulo 42.

[2] Cabrestante é o nome do mecanismo em navios feito para puxar âncora. Ele é parecido com o nosso guincho mecânico. A ideia é semelhante a esta imagem, porém, quem puxa é o motor a vapor.

[3] Lembrando que as vagonetas são aqueles carrinhos utilizados para transportar os minérios das minas, mas sem rodinhas. Agora com rodinhas, nós temos os carrinhos de mina, ou somente carrinho.

[4] O nome disso é flange ou rebordo.


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