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Release that Witch – Capítulo 207

Mães e réplicas

Dentro de seu mundo da névoa, Rouxinol esperou o poder mágico das bruxas se alterar.

Dentro deste mundo preto e branco, raramente ela tinha a oportunidade de ver tantas cores brilhantes. Em comparação com a época em que estavam na busca pela Montanha Sagrada, o poder mágico dentro delas aumentou bastante. A prática incessante a cada dia, não só permitiu-lhes controlar melhor as suas habilidades, como também elevar as respectivas reservas mágicas. Mas, o que mais comoveu Rouxinol, foi a expressão no rosto de suas amigas.

Embora Wendy, na Associação Cooperativa das Bruxas, sempre as incentivasse gentilmente e Kara sempre permanecesse firme, durante os dias em que se esconderam, nenhuma delas conseguia dormir e acordar no outro dia descansada, mesmo com todo esse cuidado. Qualquer vento que movesse a grama era suficiente para despertar as irmãs de seus sonhos. Sob a constante perseguição da Igreja e a suspeita do povo em geral, elas nunca conseguiram relaxar facilmente. Mesmo depois de entrar na Cordilheira Intransponível, esse estresse não foi muito reduzido. Nenhuma delas poderia saber se realmente alcançaria a Montanha Sagrada e obteria seu lugar desejado para chamar de lar. Naquela época, a atmosfera dentro do acampamento era, muitas vezes, sombria e a maioria das irmãs tinha uma expressão vaga e apática.

Mas agora, não precisando mais morrer de fome e não tendo que se preocupar com a caça às bruxas da Igreja, todos os seus rostos se tornaram cheios de um espírito sem precedentes. Ao ver que todas estavam relaxadas e sorrindo naturalmente, o coração de Rouxinol também se sentia feliz. No final, a Montanha Sagrada não estava na região selvagem, mas nesta pequena vila na fronteira.

Enquanto pensava com carinho em tudo isso, Rouxinol sentiu um agitado traço de magia.

Uma névoa roxa começou a girar incessantemente ao redor e foi atraída para uma fonte mágica, como uma tempestade em miniatura. Esta cena chocante só podia ser vista por Rouxinol. Depois de se recuperar de seu choque inicial, ela olhou com os olhos bem abertos e prendeu a respiração sem querer perder os detalhes. Mesmo que Anna e Soraya tivessem evoluído sua habilidade, hoje seria a primeira vez que Rouxinol estava presenciando a condensação da magia com seus próprios olhos.

Lily estava parada no centro desta tempestade. Ela estava completamente imersa no mundo microscópico sob o microscópio, sem perceber que a magia dentro de seu corpo estava sofrendo uma mudança drástica.

A névoa tornou-se cada vez mais densa, acelerando constantemente em torno de Lily, como um redemoinho, parecendo que estava prestes a se tornar uma entidade própria. Mas, ao mesmo tempo, sua forma começou a mudar, perdendo sua aparência de vórtice. Finalmente, a magia foi agregada em um ponto, condensando em uma esfera e depois gradualmente se detendo.

Seu poder mágico recém-nascido não se parecia com o cubo sólido e liso de Anna, nem era como a seda macia de Soraya. Era apenas do tamanho de um punho, com sua forma principal esférica, em cima desta forma haviam oito pares de tentáculos, quatro pares na parte inferior, quatro na superior. À primeira vista, parecia um… inseto.


Roland nunca esperaria obter resultados tão imediatos com a primeira aula de Biologia Fundamental e, ainda menos, que a primeira bruxa a evoluir sua magia seria Lily.

Como sua habilidade era preservar os alimentos, além da prática diária, Roland não lhe havia dado outras tarefas, pois a compreensão dele para com a habilidade dela também não era profunda. Depois de ouvir o relatório completo de Rouxinol, Roland ficou calmo e apenas assentiu pensativo, esperando até o final da lição para que ele pudesse conversar com Lily após a aula.

— O quê? O senhor disse que minha habilidade evoluiu? — Lily também ficou totalmente atônita — Não vi as esferas que o senhor mencionou.

— Claro que não. — Roland sorriu, balançando a cabeça — Essas esferas são milhares de vezes menores do que os micróbios. Mesmo que nós conseguíssemos fazer o microscópio óptico atingir seu limite, você ainda não conseguirá ver as esferas que formam toda a matéria.

— Mesmo? Eu pensei que se eu entendesse a teoria das esferas, seria possível evoluir nossa habilidade. — Lily murmurou — Eu não acredito que tudo no mundo seja formado por pequenas esferas, algo tão duro como rochas e aço, se fossem realmente feitos de esferas empilhadas, eles se tornariam em um montante de areia.

Então, esse é o motivo. — Roland pensou — Parece que compreender a teoria das micropartículas não é a única maneira de promover a evolução de sua habilidade.

— Nesse caso, o que você viu? — Roland perguntou.

— Hum… — Lily pensou consigo mesma, dizendo — Apenas vários insetos roxos[1] que, ao serem convocados pela minha magia, podem transformar todos os organismos, dos quais o senhor mencionou, em algo com a mesma aparência.

— Insetos? — Roland ficou um pouco atordoado por um momento — E eles eram tão grandes como um microrganismo?

— Quase. — Lily disse, balançando a cabeça — Enfim, logo depois, mais uma vez, usei apenas meus olhos para observar a gota d’água, e ainda era tão transparente e incolor quanto antes.

— Então… vamos realizar um teste real da sua habilidade.


A habilidade de Lily era mais difícil de testar porque, ao contrário de Anna e Soraya, seu poder não se manifestava a olho nu. Foi a primeira vez que Roland viu micróbios enfileirados ordenadamente no microscópio, deixando-o bastante surpreso. Parecia que todos tinham uma consciência coletiva, mostrando uma incrível quantidade de sinergia e consistência.

Em seguida, ele realizou alguns experimentos menores, incluindo seu impacto no tempo de duração da magia e a influência da Pedra da Retaliação Divina.

O teste continuou por três dias, embora a garota gostasse de fazer birra sob circunstâncias normais, ela ainda, meticulosamente, atendeu às instruções de Roland, independentemente de suas queixas. Por meio de um grande número de comparações de amostras, além de discussões com Anna, ele teve uma ideia geral de como a nova habilidade de Lily funcionava.

A variação roxa dos microrganismos foi claramente dividida em duas categorias principais: mãe e réplica. Depois de liberar sua magia, os microrganismos primeiramente transformados seriam as mães. A característica do organismo-mãe era semelhante à da Chama-negra de Anna, desde que fossem alimentados com magia, eles continuariam a existir. Além disso, caso Lily se distanciasse por mais de cinco metros, seus microrganismos desapareceriam por conta própria. Assim como qualquer outra magia do tipo evocação, eles também eram afetados pela Pedra da Retaliação Divina e, uma vez suprimidos pela pedra, as mães se dispersariam instantaneamente.

Enquanto a mãe existisse, os microrganismos circundantes seriam assimilados em réplicas em um curto período de tempo. O que deixou Roland extremamente animado foi que as réplicas, que eram os “resultados” da habilidade de Lily, compartilhavam do mesmo efeito notado no revestimento de Soraya, não mais vulneráveis ​​à supressão da Pedra da Retaliação Divina. Em termos simples, as réplicas, que foram transformadas pelos organismos-mãe de Lily, transformaram-se em uma nova forma de vida, integrando sua existência à realidade que conhecemos.

Os organismos seriam assimilados pelas mães e tomariam a iniciativa de transformar outros organismos por conta própria, mas alguns dos resultados deixaram Roland um pouco confuso, pois parecia que o processo de assimilação não seguia um padrão. Em algumas das amostras, o número total de réplicas aumentou, em outras, todos os microrganismos se transformaram, mas havia algumas em que ele poderia notar a coexistência pacífica de microrganismos naturais e das réplicas.

Devido à falta de instrumentos de observação mais sofisticados, essa parte, aparentemente, só poderia ser resolvida com palpites e conjecturas.

Depois de discutir isso com Anna, Roland teve um palpite de que o número de assimilações que uma réplica poderia executar estava diretamente relacionado ao seu tamanho.

A habilidade de Lily claramente não distinguiu entre os diferentes tipos de microrganismos. Então, a maioria das réplicas eram formadas por vírus e bactérias, que ainda não se podiam ver, juntamente com protozoários e algas unicelulares. O primeiro corpo dessas réplicas determinava sua capacidade de assimilação. Quanto maior fosse o organismo anterior, mais vezes a réplica poderia assimilar outros microrganismos.

No entanto, a réplica de uma réplica não conseguiria assimilar outros microrganismos. Quando o limite de assimilações fosse atingido, o último grupo de réplicas só conseguiria sobreviver por um dia ou um pouco mais. A ebulição da água também mataria a maioria das réplicas, demonstrando que não eram diferentes de outros microrganismos, ao menos nesse quesito.

Mas o interessante era que, sempre que houvesse uma mãe ao redor, essas réplicas se reuniriam como um enxame de insetos em torno de sua rainha, e se organizariam em uma fila reta, assim como soldados esperando por suas ordens.

Por haver limitação tecnológica com a observação microscópica desta época, é claro que haveria muitos aspectos da habilidade de Lily que eram desconhecidos. Por exemplo, quais efeitos seriam notados se as mães e as réplicas, que se assimilaram aos vírus e bactérias, teriam quando em contato com outras formas de vida? Agiriam como os naturais ou não? Será que poderiam substituir os fungos, a fim de serem utilizados para a indústria química e a produção de alimentos? Era uma pena que, atualmente, a garota não tenha conseguido compreender nenhuma destas ideias, muito menos era capaz de cumprir estas ordens.

Mesmo assim, as réplicas mostraram um imenso potencial de desenvolvimento na área de tratamento médico. Mesmo sendo incapazes de fazer qualquer outra coisa, desde que pudessem assimilar bactérias ou vírus mortais, eles ainda poderiam desempenhar um papel importante na desinfecção de inflamações. Este “medicamento” poderia pavimentar a estrada para uma era inteiramente nova de desenvolvimentos médicos.


[1] É claro que o que Lily e Roland viram não é uma forma de ‘inseto’, mas algo mais próximo de uma bactéria ou protozoário, só que este tipo de conhecimento ainda não existe nessa época, e insetos são o que mais se assemelha a esse tipo de organismo.


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