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Release that Witch – Capítulo 209

Mercado de conveniência

— Pare! — May interrompeu Irene que estava segurando uma adaga, tentando encenar um ataque — Você não precisa ser tão feroz, embora o papel dele seja a de uma escória perversa que não tem salvação, você deve lembrar que ele ainda está desempenhando o papel de seu pai adotivo. Então, você deve mostrar alguma hesitação junto com a sua determinação, e no final você tem que mostrar uma expressão de alívio e paz. Vamos, vamos fazer isso mais uma vez.

— Sim! — Irene respondeu seriamente.

Desde a primeira performance na praça da vila, já se passou meio mês. A própria May não sabia explicar o porquê de haver permanecido aqui. Em vez de ir embora, ela já estava participando de uma segunda peça. Hoje, o elenco da peça e o restante da equipe estavam ensaiando seu terceiro espetáculo O Diário da Bruxa. Apenas olhando para o roteiro, esta peça estava destinada a tornar-se algo incomparável. Mesmo quando May leu pela segunda vez, ela ainda percebeu que era uma história maravilhosa e cativante. Era uma história que abandonava completamente o romance entre o príncipe e a princesa, tinha um enredo sobre as intrigas da corte, ao mesmo tempo que louvava a coragem, amizade e fé do povo comum e das bruxas. Mesmo que ela só tivesse lido o roteiro, ela queria mesmo era aplaudir de pé o escritor dessa peça maravilhosa.

O Diário da Bruxa também era uma das razões pela qual May resolveu continuar na vila por mais tempo. Entretanto, ela mesmo não sabia qual era a principal razão que a fez continuar.

Irene pegou a adaga e apunhalou ferozmente Sam, que estava desempenhando o papel de seu pai adotivo. Sam gritou de forma miserável:

— Você realmente… — Então sua cabeça caiu ao lado em um ângulo torto, fingindo estar respirando com dificuldade.

Pareceu um pouco exagerado. May balançou a cabeça e exortou:

— Ela esfaqueou você no peito, então, como você teve tempo de gritar desse jeito? Assim que a faca penetrar no seu corpo, você vai enfraquecer, não terá tempo de gritar. Esta é a forma mais comum de morte, então não me diga que você nunca ouviu nada sobre isso na aula de teatro?!

— É verdade. Desculpe. — Sam disse enquanto ficava vermelho, envergonhado.

— Mais uma vez! — May disse sem qualquer emoção.

Mas o desempenho de Irene era um tanto diferente do que ela esperava. Sempre que May apontasse algum defeito em sua atuação, Irene logo os corrigiria. Seja a sua atitude profissional em relação ao teatro ou ao seu talento de atuação, ambos poderiam ser considerados como de alto nível. Parecia que o título “Flor do Teatro” não era inteiramente baseado nas lisonjas do povo comum.

— Desta vez foi excelente, com este ensaio, nós terminamos por aqui. — May bateu palmas ao perceber que este ato tinha sido interpretado de forma suave e coesa — Ferlin Eltek logo terminará suas aulas, certo? Você também deve ir para casa e preparar o jantar, afinal, aquela água alguma coisa…

— Água da torneira. — Irene acrescentou com um sorriso.

— Isso! A água da torneira só é reabastecida uma vez e antes do anoitecer, então, se você comer muito tarde, não haverá mais água para tomar banho. — May tossiu duas vezes.

— Senhorita May, o principal motivo de terminarmos mais cedo, não é porque o Senhor Cavaleiro quer se encontrar com você? — Rosia cobriu a boca para esconder o riso dela — Ainda falta uma hora para anoitecer.

— Ouvi dizer que Sir Carter é um subordinado confiável do Príncipe, ele está frequentemente dentro do castelo, e também sempre acompanha o Príncipe. — Tina também exclamou — Ah, ha… mas, como a estrela mais deslumbrante da Região Oeste, onde quer que você vá, sempre irá chamar atenção.

— Já chega! — Irene acenou com a mão dela para parar — A senhorita May ainda não aceitou Sir Carter.

Será que não fui severa o suficiente até agora? — May pensou enquanto levantava as sobrancelhas — No começo, essas duas pessoas nem se atreviam a respirar alto diante de mim, mas agora elas se atrevem até mesmo a brincar comigo. Parece que durante os próximos ensaios, precisarei dá-las um pouco de amargura para engolir. Caso contrário, se continuar assim, elas não irão mais me respeitar e, consequentemente, não irão atender minhas demandas quanto a atuação no palco.

— Bem, eu vou indo.

— Muito obrigada pelos ensinamentos de hoje! — Irene e o resto do grupo abaixaram a cabeça em saudação.

Originalmente, apenas um instrutor de teatro era elegível para desfrutar de tal cortesia, mas May não se importava. Ela apenas acenou com a cabeça em resposta, depois deixou a sala quando, de repente, sentiu o ar quente que soprava de fora.

Depois de ir até a árvore no centro da vila, May sentou-se à sombra e esperou. Não demorou muito, antes de um homem alto caminhar rapidamente até ela.

Era Carter Lannis, Cavaleiro-chefe do Lorde de Vila Fronteiriça.

— Espero que você não tenha esperado por muito tempo. — Carter disse, tocando a parte de trás da cabeça.

— Não esperei. — May deu um sorrisinho fraco — Vamos.

Na primeira vez, quando ele me convidou e o rejeitei, além de não desistir, ele sempre veio me visitar e me levar até a porta de casa, o que era completamente incompatível com o ar de arrogância e indiferença que o rosto dele exibia. No final, ele me deixou tão confusa que acabei ficando. — May pensou.

O que May sabia muito bem em seu coração, era que ela realmente estava interessada em Carter, mas só de pensar em ficar nessa terra estranha a deixava assustada e confusa ao mesmo tempo. Mesmo quando ela tinha vindo pela primeira vez a Vila Fronteiriça por causa do Cavaleiro Luz da Manhã, ela nunca teve a intenção de morar aqui com ele por um longo tempo.

No forte, ela era como a lua, a qual era cercada por todas as estrelas do teatro, mas aqui, não havia diferença entre ela e os outros membros da equipe, pelo contrário, Irene, também professora, era ainda mais famosa do que ela.

Seguindo a ampla rua coberta de sombras, os dois se direcionaram ao mercado de conveniência no centro da vila.

Esta vila, dentro de uma única semana, mudou completamente sua aparência. — May pensou — Na semana passada, o exterior do distrito ainda estava praticamente sem nada, mas hoje em dia, é verdejante e exuberante. Eles sempre estão construindo alguma coisa, exceto quando chove. Se eles não estão reparando as estradas, eles estão construindo essas casas e, geralmente, estão fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. Até mesmo na Cidade Real, seria difícil encontrar uma cena tão animada.

O mercado de conveniência estava localizado na parte norte da praça, que também estava dividido em duas regiões, separadas por figueiras plantadas em uma linha. À direita estava a área mais em conta, com produtos mais baratos e um layout semelhante ao de outros mercados, com galpões de madeira abertos em todos os lados, dispondo de uma cobertura, também feita de madeira. Eles vendiam algumas ferramentas de ferro com preços acessíveis e, também, determinados produtos agrícolas. Desde ferramentas para o trabalho em fazendas, martelos, brocas e agulhas, bem como ovos, carne, uvas e outros alimentos que ela não conhecia. Os produtos estavam ordenados em diferentes categorias e  dispostos  em frente às bancas, tendo, em cada estande, uma pessoa designada para cuidar das vendas.

No lado esquerdo estava a área de boutique, com coisas mais caras. Ambos os lados das lojas estavam cercados por paredes de tijolos, semelhante a uma casa de um andar. Lá, eles vendiam todos os tipos de bens, mas os preços também eram mais caros, consequentemente, o número de pessoas que circulava ali era menor. Em seu segundo dia em Vila Fronteiriça, ela foi arrastada por Irene ali uma vez. Se o Cavaleiro não tivesse dito que hoje havia um novo produto raro sendo vendido, May teria preferido ir ao bar para beber duas taças de vinho gelado.

Depois que seu registro de identidade terminou, os dois entraram na área de boutique. Aqui, o modo de venda também era muito estranho, pois, em todo o mercado, havia apenas uma entrada, e todos os bens estavam dispostos em prateleiras, onde você poderia escolhê-los à vontade. Eles não aceitavam barganha, e ninguém tentava se vangloriar dos produtos. Em vez disso, os preços e as introduções das mercadorias estavam escritos em um pergaminho preso ao lado deles. Depois de escolher os itens favorecidos, eles teriam que pagar na saída.

May observou que a primeira fileira à esquerda tinha dezenas de copos coloridos, e estes ainda apresentavam o mesmo design da última vez que ela tinha vindo aqui, indicando que, neste período de um mês, eles ainda não haviam sido vendidos. No caso de serem comerciantes comuns, eles estariam tendo um bom prejuízo.

Então, ela perguntou:

— Este mercado foi realmente aberto por Sua Alteza Real?

— Sim. — Carter assentiu — E é por causa disso que você pode ver algumas mercadorias incríveis. — Enquanto falava, ele foi para a terceira fila de prateleiras — Como essa aqui.

— Isto… é a nova mercadoria rara da qual você estava falando?

May perguntou ao Cavaleiro e parou ao seu lado, apenas para ver cinco ou seis caixas amarelo-claro em cima da prateleira. Cada uma das caixas era do tamanho da palma da mão e não se podia ver o conteúdo que havia dentro delas.

— Isto é algo que Sua Alteza criou, e agora as bruxas do castelo, coff, coff, digo, as atendentes e seus guardas pessoais, estão todos usando. Ao usá-lo durante o banho, você pode remover facilmente a sujeira grudada na pele. Depois de se lavar com isto, você experimentará um novo tipo de frescor. Além disso, também dá ao corpo a fragrância das rosas. Eu ouso jurar que, ao tomar banho, não há nada mais mágico do que isso. — O Cavaleiro jurou solenemente.

May olhou em direção ao pergaminho, notando que em cima da etiqueta haviam duas palavras: Sabão Perfumado.


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