Participe do nosso grupo no Telegram https://t.me/+hWBjSu3JuOE2NDQx
Considere fazer uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo, acesse a Página de Doação.

Release that Witch – Capítulo 364

Pessoas diferentes

A neve lá fora estava caindo cada vez mais forte. Flocos de neve do tamanho de uma unha caíam do céu e cobriam Vila Fronteiriça. Flocos cinzentos dançavam ao vento e pousavam juntos na terra, onde se misturavam com os telhados brancos e os galhos das árvores. Bastava testemunhar toda essa neve caindo para sentir-se com frio.

No entanto, quanto mais olhava para fora da janela, mais quente Tilly se sentia.

Ela recostou-se em uma cadeira confortável, como uma cadeira de praia, e cobriu metade de seu corpo com um cobertor de lã macia, enquanto estendia suas pernas em direção a um pequeno balde com brasa, que era mais uma das invenções de Roland. Um braseiro de carvão foi colocado dentro de um pequeno balde quadrado de madeira e uma tábua foi acoplada entre o balde e a cadeira, de modo que a pessoa pudesse colocar os seus pés na tábua. O braseiro dentro do pequeno balde não ardia como uma fogueira e também não oferecia muito calor para quem estivesse longe. Dessa forma, ao colocar os pés em cima da tábua acoplada ao pequeno balde com braseiro, Tilly desfrutava de calor suficientemente seguro para não se queimar, mas que também oferecia um conforto inigualável. Juntamente com seu cobertor, ela estava perfeitamente quente, mesmo com a nevasca caindo do lado de fora.

A neve rodopiando do lado de fora da janela acentuava o aconchego do interior do quarto, e a sensação de felicidade criada por esse contraste era profundamente memorável.

Ela tinha que dizer que o tratamento que as bruxas recebiam aqui, em Vila Fronteiriça, era completamente diferente de um ano atrás. Compreensivelmente, as bruxas não queriam partir, e até ela mesma estava gostando imensamente da estadia.

Além dela, Anna e Agatha também estavam hospedadas no quarto. Este era originalmente o quarto de Anna, e sempre que havia um raro tempo de inatividade, Tilly levava seus livros para o quarto e procurava conselhos de Anna para coisas que ela não entendia. No início, havia apenas as duas, mas agora havia também uma bruxa antiga que acordara das ruínas. Anna simplesmente moveu o balde quadrado com braseiro do lado da mesa para um espaço vazio no quarto e pediu a Roland para instalar mais duas cadeiras. As três sentaram-se em volta do balde de fogo, com as pernas apoiadas umas nas outras, e juntas discutiam e aprendiam conhecimentos do mundo natural e mágico.

Claro, na maioria das vezes, eram Tilly e Agatha quem faziam perguntas enquanto Anna as respondia.

— É difícil acreditar que um livro como este fora escrito por um mortal. — Agatha fechou a capa do livro Fundamentos Teóricos da Ciências Natural e respirou profundamente — Quanto mais eu leio, mais percebo que o mundo é do jeito que é. Em meio ao caos deliberado, há regras ocultas, e tudo funciona de acordo com as mesmas regras. Se ele tivesse nascido em Taquila, a Aliança certamente o aceitaria como membro, e existiria até mesmo uma chance de que ele possuísse o mesmo status de uma bruxa sênior.

No início, ela fez muitas perguntas sobre o conteúdo do livro, mas com as explicações detalhadas de Anna, a atitude de Agatha em relação a Roland mudou significativamente.

No entanto, Tilly acreditava que essa mudança era apenas direcionada a Roland, enquanto Agatha ainda continuava a ver outros mortais como extremamente chatos e estúpidos.

Enquanto pensava nisso, Tilly suspirou incontrolavelmente. Só ela sabia que todo esse conhecimento não se originava de Roland Wimbledon, mas de outra pessoa que apareceu de repente em sua mente.

Por meio desses poucos dias de contato, e também com as evidências que Sylvie conseguiu por meio de seu Olho da Verdade, Tilly pôde atestar essa explicação. No entanto, seria impossível para elas provarem que ele ainda era Roland Wimbledon. O que era ainda mais suspeito era que ele não sabia de onde essas memórias tinham vindo ou a quem pertencia. Era difícil acreditar que essas memórias pudessem ser completamente separadas da vida da outra pessoa, como se não pertencessem a outro ser. Por exemplo, sempre quando ela tentava se lembrar dos conhecimentos que ela aprendera com os mentores da corte, ela se lembraria das experiências que viveu e não somente das informações que recebera.

— De onde exatamente ele adquiriu todo esse conhecimento? — Agatha suspirou e perguntou — Eu achei que a pesquisa dos mortais tivesse progredido muito pouco, mas depois desses poucos dias de observação, parece que não está muito diferente de quatrocentos anos atrás, não, está ainda mais avançada.

— Eu também não sei. — Tilly deu de ombros — De qualquer forma, esse conhecimento ele não aprendeu no palácio.

— Como ele era no passado?

Essa pergunta fez Anna levantar a cabeça e prestar mais atenção.

— No passado… — Tilly hesitou por um momento e respondeu francamente — Ele era arrogante, covarde, intolerante, ignorante, sem habilidade e terrível. A única coisa que eu poderia dizer como “algo bom” é que provavelmente ele não usou seu status como príncipe para cometer qualquer ato atroz.

— Oh… então, ele era igual aos outros mortais?

— Não. Mesmo entre os mortais, ele era considerado um homem terrível. — Tilly disse, resmungando — Embora ele tenha melhorado depois de vir para cá, ainda não está claro para mim o que ele está pensando. Ele sempre esconde seus verdadeiros propósitos e ainda quer que as pessoas confiem nele. Como isso é possível?

A sala subitamente ficou em silêncio.

— Qual é o problema? — Tilly sentiu algo estranho nos olhos das outras duas bruxas.

— Não… não é nada. — Anna deu um sorriso de canto de boca — Essa é a primeira vez que eu ouvi você falar sobre isso.

Droga! — Só agora Tilly percebeu que tinha falado demais, pois esse tipo de queixa não deveria vir de uma aliada — Provavelmente eu só disse isso porque estive muito relaxada nos últimos dias.

Mas ainda assim, ela tentou se explicar:

— O que eu quero dizer é…

— Tudo bem, Sua Alteza não se importaria. — Anna balançou a cabeça e riu — Ele provavelmente tem suas próprias razões.

— Roland… — Tilly hesitou brevemente e perguntou —, não mencionou isso para você antes?

— Não. — Anna disse casualmente — Eu também não perguntei a ele. Se ele quisesse falar sobre isso, ele teria falado.

De fato. — Tilly suspirou em sua mente — A primeira vez que Anna conheceu o Príncipe, ele já era uma pessoa diferente e, portanto, não faz sentido considerar essa questão.

— Pelo que você disse, ele era uma pessoa totalmente diferente no passado? — Agatha perguntou com interesse — Havia um ditado na Sociedade Expedicionária que quanto mais incomum uma pessoa for, mais peculiar ela será. Talvez esse tipo de mudança seja uma ocorrência normal. Enquanto estava no palácio, Roland tinha o costume de uivar para a lua, ou passava muito tempo olhando e apontando para as paredes?

— Que tipo de peculiaridades são essas? — Tilly não pôde deixar de balançar a cabeça — Não, além de ser um pouco excêntrico na maneira como ele fazia as coisas, ele não era diferente das pessoas comuns. No entanto… eu ouvi pessoas mencionarem que uma vez durante uma aula, ele exclamou publicamente que se casaria com uma bruxa, e provavelmente por causa dessas palavras, Gerald e Timothy constantemente o criticavam para purificá-lo da contaminação das servas do diabo. Até mesmo nosso pai, o rei, estava insatisfeito com o comportamento dele. Depois disso, ele tornou-se cada vez mais teimoso e indisciplinado.

— Ele foi discriminado porque queria se casar com uma bruxa? — Agatha esboçou um sorriso debochado — Esse seria um objetivo nobre em Taquila. Claro, o número de pessoas que conseguiram casar com uma bruxa foi muito pequeno, pois a maioria das bruxas não estava disposta a passar suas vidas com apenas um único homem.

— Mas somos diferentes de quatrocentos anos atrás. Se ele se casasse com uma bruxa, isso significaria que ele não teria filhos para sucedê-lo. Como seu pai poderia se sentir bem com essa ideia? — Tilly suspirou — Já se passaram mais de dez anos. Ele provavelmente já esqueceu essas palavras bobas.

— É mesmo? — Anna falou de repente — Mas ele ainda está disposto a se casar com uma bruxa.

— Oh, ele ainda se lembra? Espere… — Tilly perguntou com os olhos arregalados e perguntou um pouco nervosa — Você disse que ele ainda está disposto?

— Sim. — Anna riu gentilmente — Sua Alteza disse isso pessoalmente.

Ao ouvir a resposta de Anna, Tilly ficou atônita.


Comentários

5 1 voto
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar