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Release that Witch – Capítulo 404

A jornada para a magnoeletricidade

— Ah… eu invejo tanto a Nana. — Lunna secou o cabelo molhado e aproximou-se do rosto de Lily, que estava sentada na mesa.

— Hmm. — Lily respondeu sem sequer virar a cabeça.

— Você não vai perguntar por que eu a invejo?

— Você logo vai me contar de qualquer maneira. — Lily disse, com um sorriso amargo.

— Droga! — Lunna resmungou, mas não pôde deixar de dizer — Você não viu como os soldados do hospital e os moradores da vila tratam ela?

— Sim, eu vi.

— “Olá, senhorita Nana”, “Você já está indo, Anjo dos Céus?”, “Ah, senhorita Pinheiro, experimente esse bolo de trigo que fiz pra você”… ahhhh  eu também quero ser tratada assim! — Lunna pressionou seu rosto na bochecha de Lily, mas foi empurrada implacavelmente.

— É simplesmente o retorno que ela tem por usar sua habilidade. — Lily disse sem nem olhar para o lado — Você não percebeu que desde os Meses dos Demônios ela tem ficado no hospital quase todos os dias, esperando para tratar os feridos? Metade dos moradores receberam o tratamento dela, e o resto são praticamente as famílias dessas pessoas que foram tratadas.

— Ah, você está exagerando!

— Não estou, não. — Lily disse com um suspiro e pôs o livro que estava segurando na mesa — Embora nem todos lutem contra as bestas demoníacas na muralha da vila, é perfeitamente normal que os moradores se machuquem. Os mineiros podem machucar os dedos dos pés deixando as pedras caírem, os trabalhadores dos fornos podem se queimar, por exemplo. O mesmo se aplica aos aprendizes nas fábricas de motores a vapor ou nos laboratórios de química. — Lily parou por um momento e continuou — Sua Alteza uma vez me disse que Nana e eu somos a base da assistência médica aqui em Vila Fronteiriça. Uma de nós para tratamento interno e a outra para cirurgia. Isso permite que o tratamento médico funcione a todo vapor, ao mesmo tempo em que mantém todos os habitantes saudáveis, sem a necessidade do estabelecimento de uma política de segurança para isso. No entanto, na verdade, eu não fiz nada além da prevenção de epidemias para novos refugiados.

— Então você está se sentindo subestimada como eu! — Luna disse, inclinando-se sem firmeza.

— Não, não estou, não! — Lily falou sem papas na língua — E fique longe de mim. Você está interferindo na minha leitura.

— Ahhh… — Lunna se irritou e disse —, mas eu estou realmente com inveja dela.

— Então aprenda com Nana. Tome a iniciativa de ajudar todos os moradores até que eles conheçam e se familiarizem com você. Então, certamente todo mundo vai dizer olá para onde quer que você vá. — Lily disse, dando de ombros.

— Mas eu não tenho uma habilidade como a de Nana. — Lunna disse, frustrada.

— Então use sua força física, e não sua habilidade. — Lily disse, zombando — Independentemente disso, você esteve lá nos acampamentos da Associação Cooperativa das Bruxas.

— Nossa… agora você foi baixa!

Lunna ainda estava cheia de rancor quando foi para a cama dormir. Ela sabia que Lily estava certa, mas ser inferior às outras bruxas mexia profundamente com seu orgulho. Isso era intolerável. Ela tinha sofrido tanto… até que finalmente encontrou um lugar ideal para se acalmar e ficar ociosa durante o dia inteiro. Mas o dia a dia dela agora era uma tortura.

Lunna dormiu mal a noite inteira, acordando o tempo todo. Na manhã seguinte bem cedinho, ela bateu na porta do escritório de Roland, com profundas olheiras marcando seu rosto.

— Algum problema, Lunna? — O Príncipe perguntou surpreso — Alguém tratou você mal?

— Sim, a Lily… mas deixa pra lá, não foi nada. — Lunna inclinou-se dramaticamente na mesa de Roland e perguntou — Vossa Alteza, o senhor não disse que eu tenho um grande potencial? Por que não há nenhuma mudança na minha habilidade ainda? Eu realmente não vou evoluir minha habilidade a menos que eu entenda o livro Fundamentos Teóricos da Ciência Natural?

— Ah, entendi. — Roland disse tentando suprimir o riso, mas não conseguiu — Na verdade, eu estive pensando sobre esse problema também.

— Qual problema?

— Agatha não disse que, há mais de quatrocentos anos, as bruxas da Aliança tinham um ‘alto despertar’, mesmo sem ter uma compreensão abrangente do mundo? Além das práticas básicas, o restante era basicamente uma iluminação súbita. Isso pode ser alcançado pela observação de fenômenos naturais, ou por uma inspiração ocasional. — Roland continuou — No entanto, parece que essa inspiração ocasional não é comparável ao despertar inspirado pelo aprendizado sistemático. Veja o poder mágico de Agatha. Além de ser a mais fraca dentre as bruxas que evoluíram, o poder mágico dela também não é tão grande quanto as bruxas comuns, como Sylvie e Andrea.

— Não importa, desde que evolua! — Lunna disse com os olhos brilhantes — O senhor tem uma ideia?

— Sim, pode não funcionar… — Roland disse abrindo os braços —, mas não custa tentar. O que você sabe sobre força magnética?

— Hum… é uma força produzida pelo movimento direcional de elétrons. Esse movimento gera um campo magnético que atua nos corpos magnéticos e nas correntes elétricas.

— Isso está no livro. — Roland sorriu — Você memorizou bem, mas provavelmente não entende nada, certo?

Lunna hesitou por um momento, mas assentiu.

— Você já viu as linhas de forças magnéticas simuladas com pó de ferro. E você também já sabe a direção das forças magnéticas, além de conhecer o gerador de corrente contínua. Então, eu acho que… você pode não ser capaz agora de conseguir criar um circuito fechado, mas você seria capaz de mudar o campo magnético que você forma, experimentando assim pessoalmente a transformação do magnetismo em eletricidade.

— Eu não consegui entender nada…

— Pense assim, a natureza da transformação do magnetismo em eletricidade é a mudança no fluxo magnético. Se você quer mudar o fluxo magnético em um campo magnético constante, a única maneira é mudar a área, isto é, cortar as linhas de indução magnética. — O Príncipe desenhou um diagrama em um papel — E se a área permanecer constante? Isso vai mudar o campo magnético, o que significa mudar o fluxo magnético.[1]

Lunna pensou em escolher as palavras certas para responder ao Príncipe, mas foi incapaz, porque não entendeu uma palavra sequer.

O Príncipe riu e continuou:

— Tudo bem se você não entender agora. Você só precisa fazer uma coisa, que é liberar e retirar rapidamente suas forças magnéticas, em vez de usar seu poder continuamente.

— E depois? — Lunna esperou que Roland terminasse.

— Só isso, nada mais. — Ele balançou sua cabeça — Este é o único passo.

— Hã? Basta eu liberar e retirar as forças magnéticas?

— Exatamente. Se você também conseguir mudar a direção das linhas de forças magnéticas, isso seria perfeito. Por exemplo, mude da mão esquerda para a mão direita. — O Príncipe sorriu e continuou — Enquanto você pratica, eu vou preparar um “brinquedinho” para você. Você vai entender quando pegar o jeito desse método.


Dois dias depois, Lunna recebeu o que Sua Alteza chamou de “brinquedinho”. Era uma armação quadrada feita de fios de cobre, cujo topo estava ligado a uma bola de vidro um pouco maior que a metade de sua mão fechada. Olhando mais de perto, ela viu que os fios de cobre estavam abertos na esfera e estavam conectados por um fio de metal muito mais fino.

Um manual de instruções que acompanhava dizia:

“Segure as duas extremidades da moldura quadrada com as duas mãos e pratique.

Nota: não se esqueça de fechar as cortinas e esconder as pedras de luz.”

O que diabos é isso?! — Ela coçou a cabeça e depois fez o que o manual de instruções instruía — É somente prática, não importa o que eu faça, basta apenas praticar, ignorar o resto, e tudo ficará bem.

Lunna aprendeu que não era difícil liberar e retirar rapidamente seu poder, mas mudar a direção das forças magnéticas causava uma forte dor de cabeça. A força magnética era um poder essencial para ela e, a princípio, esse esforço era semelhante à respiração com apenas uma narina de cada vez. Apesar de Lunna ter recusado todas as propostas de jogar pôquer para praticar repetidas vezes sua nova habilidade nos últimos dois dias, o resultado tão esperado durou apenas alguns segundos.

Tudo aconteceu quando ela respirou fundo e convocou o poder mágico em seu corpo. No começo, ela não sentiu nada, mas logo viu um lampejo de luz vermelha.

O fio metálico da bola de vidro ficou vermelho e a luz tornou-se cada vez maior e mais intensa. Em poucos segundos, a luz estava brilhando. Lunna quase não podia acreditar em seus olhos. A sala escura e tênue estava iluminada por uma luz suave muito mais pura que a luz de velas, um tipo de luz que ela nunca vira.

Ela ainda estava atordoada quando a luz vermelha se apagou acompanhada de um abafado som de estalo antes que a escuridão envolvesse a sala novamente.


[1] Eu sei que é um pouco difícil entender todo esse conceito, mas o Iberê fez um vídeo mostrando como fazer um gerador de energia com um ímã.


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