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Release that Witch – Capítulo 438

Eletricidade e luz

Com base no plano de construção, Roland montou uma sala de trabalho com todo o equipamento para construir um eficiente sistema do Projeto Três Suprimentos.

O conjunto completo de equipamentos incluía um motor a vapor, um motor elétrico, uma fonte de alimentação, uma caldeira e dois tanques de água. Juntamente com a torre de água fora da sala, todos estes equipamentos eram responsáveis pelo funcionamento do Projeto Três Suprimentos.

O motor a vapor bombeava a água para a torre de água e os tanques de água. A torre de água fornecia às comunidades residenciais água para as necessidades domésticas. Os tanques de água abasteciam a caldeira e o sistema de aquecimento. O tanque de água de primeiro nível era o mais alto. Pedras calcárias e pedras de lavagem eram usadas para tornar a água “menos dura”[1], devido à reação de precipitação de íons de magnésio e cálcio que, posteriormente, eram retirados do tanque. A água então fluía para o tanque de segundo nível através de uma tela, que servia como um filtro, especialmente feita por Soraya, o que impediria que os objetos em suspensão na água entrassem no tanque de segundo nível.

O fornecimento de água da caldeira era controlado por um motor elétrico. Quando o nível de água no interior da caldeira estivesse muito baixo, a válvula interna ligava o motor elétrico para bombear água até o nível da água voltar ao normal. Este processo era mais estável do que o controle manual e o sistema de motor a vapor, poupando o trabalho de arranjar alguém para observar o local o tempo todo.

Os sistemas de abastecimento de água e aquecimento já haviam sido testados com sucesso. Roland estava confiante de que a construção deles iria ocorrer sem problemas. Seu foco atual estava no fornecimento de energia, afinal, era algo totalmente novo e nunca antes pensado em Vila Fronteiriça. Nem Karl nem outros membros da guilda dos pedreiros tinham alguma ideia de como funcionava a eletricidade. Dado que Roland também não sabia muito sobre um sistema de fornecimento de energia elétrica em nível macro, além de que todo o seu conhecimento sobre circuitos eletrônicos era do mais básico do Ensino Médio, ele decidiu construir primeiro um modelo em seu pátio. Se ele conseguisse fazê-lo funcionar, ele explicaria ao Ministério de Construção.

Como ele possuía agora uma fonte de energia elétrica estável, o primeiro passo foi criar o equipamento mais tradicional e icônico da energia elétrica: a lâmpada.

Com isso em mente, Roland vestiu um casaco grosso e partiu para o complexo na mina da encosta norte.

Normalmente levaria um quarto de hora para caminhar até lá, mas com a ajuda da névoa de Rouxinol, eles chegaram em apenas quatro minutos.

Quando a porta de madeira foi aberta, Anna e Lucia notaram imediatamente Roland. Anna, ocupada com seu trabalho, apenas acenou para ele. Lucia correu feliz até ele e o cumprimentou:

— Vossa Alteza, bom dia!

— Bom dia. — Roland acenou com um sorriso e depois caminhou até Anna — Com o que você está ocupada?

— Com os novos canos das armas e mecanismos de bloqueio. — Anna apontou para vários tubos longos de aço sobre a mesa com uma expressão séria no rosto — Alguns aspectos de seus projetos não fazem sentido. Eu acho que vai ser melhor assim.

Ah, minha incrível Anna! — Roland pensou e não pôde evitar esticar a mão, tentando tocar sua cabeça, mas ela se desviou, virando-se e voltando ao trabalho — Bem… essa cena parece familiar. — Ele tossiu, tentou deixar esses pensamentos sobre Anna de lado e disse:

— Tudo bem, continue o que está fazendo, então.

Roland não se importou com as palavras de Anna. Ele sabia que naturalmente teria erros e falhas baseados em sua experiência mínima de design. Ele sentia que Anna não era apenas mais talentosa, mas também tinha um olhar mais atento aos detalhes e estava convencido de que um dia ela o superaria.

Depois de um tempo, Anna terminou seu trabalho e largou suas ferramentas. Ela andou até Roland e baixou um pouco a cabeça.

Hum? Está tentando compensar a rejeição de agora? — Roland pensou surpreso.

Roland bagunçou o cabelo macio dela. Anna olhou satisfeita e perguntou:

— O que vamos fazer?

— Ah, sim. — O Príncipe se virou para Lucia — Como foi o seu trabalho de separação de minérios?

— Quase tudo pronto, mas aqui estão os resultados que conseguimos até agora. — Lucia deu-lhe uma pilha de notas — Mas receio que demore um longo tempo para testar as misturas, as proporções e o aço laminado. Existem muitos elementos individuais.

— Tudo bem, isso já está ótimo! — Roland a encorajou.

Isso fazia parte do seu plano de melhoria das matérias-primas. Ele já havia melhorado a qualidade do aço laminado, reduzindo o teor de carbono e eliminando as impurezas, e agora todos os elementos da área da mina da encosta norte poderiam ser utilizados. Só que eles teriam que testar todas as combinações, não havia outro atalho.

Roland olhou para as notas, observando as características dos elementos obtidos dos minérios recolhidos nas minas. Ele logo encontrou o elemento com o maior ponto de fusão e colocou o dedo na amostra de teste marcada com o nº 12, perguntando:

— Onde está essa amostra?

Lucia rapidamente os encontrou. Era uma pedra bruta e um saco de partículas elementares, ambos selados em sacos revestidos e transparentes.

Roland pensou ter reconhecido essa pedra negra e grosseira de algum outro lugar.

Espere, não é a mesma pedra negra que eles enviaram para mim outro dia? Eu dei aos alquimistas e depois esqueci completamente disso. Será que é o mineral que tem o maior ponto de fusão na mina da encosta norte? — Roland pensou.[2]

Anna não conseguia medir as temperaturas exatas nas quais os materiais derretiam, então ela os descreveu mais ou menos com palavras como “normal”, “alta” e “relativamente alta”. Apenas o ponto de fusão da amostra do teste nº 12 foi descrito como “extremamente alta”.

As partículas elementares no saco eram brancas prateadas, semelhantes à maioria dos outros elementos metálicos.

Será que é tungstênio? Seja como for, o que importa é que ele seja difícil de derreter. — Roland pensou.

Roland deixou que Anna transformasse as partículas em um fio muito fino, enrolou o fio em uma espiral e fixou-o em uma prateleira de vidro posta, depois, em um bulbo de vidro. Então, a parte principal de uma lâmpada elétrica foi concluída.

Para fazê-la emitir uma luz estável, havia mais duas etapas que também eram consideradas a parte mais difícil na fabricação de lâmpadas elétricas. O primeiro passo era evacuar o bulbo, impedindo que o filamento reagisse com o oxigênio. O segundo passo era selar o bulbo para evitar que entrasse ar.

Sem dúvida, apenas as bruxas poderiam realizar esses dois passos.

Roland logo pensou em Agatha.

O filamento se tornaria extremamente reativo em altas temperaturas, oxidaria facilmente e produziria novos óxidos. Por isso, no fim, o filamento acabaria derretendo. Por isso era importante retirar o ar do interior do bulbo, deixando a vácuo.

Porém, Roland sabia que ao invés de vácuo, o bulbo poderia ser preenchido com gases inertes, o que resultaria em efeitos melhores. O nitrogênio puro seria uma excelente escolha para isso.

Como o nitrogênio é mais leve que o ar, usando um método simples de exaustão para baixo, a lâmpada poderia ser facilmente preenchida com nitrogênio. Era muito mais simples que o processo de aspiração. Assim que a equipe preencheu o bulbo com nitrogênio gasoso, Soraya o selou rapidamente. Assim, a primeira lâmpada incandescente simples desta era foi feita com sucesso.

Olhando para a lâmpada elétrica tão pequena quanto a palma da mão, Roland sentiu todo tipo de emoção em sua mente. Era algo ultrapassado, mas agora representava as habilidades de fabricação mais avançadas de toda Vila Fronteiriça.

Na noite seguinte, ele convocou todos os funcionários da Prefeitura para se reunirem em frente ao castelo e ordenou a seus guardas que apagassem todas as tochas no pátio.

Nesta noite escura e nevada, Roland ligou o circuito.

De repente, no centro do pátio, uma luz laranja se acendeu. Ela não fora apagada pelo vento como a luz de uma vela, tampouco bruxuleava como fogo. Embora pudesse apenas se acender dentro de um raio de alguns metros, uma luz estável ao vento era algo que as pessoas nunca tinham visto antes.

Neste momento, tudo era autoexplicativo.

O olhar fixo no rosto de todos e o silêncio da cena diziam tudo.

Roland trouxe a eletricidade para este mundo.


[1] Dureza da água é uma propriedade da água que nós utilizamos para relacionar a quantidade de certos íons, como cálcio e magnésio.

[2] Você pode conferir a “descoberta” desse mineral lá no capítulo 182 e 183.


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