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Release that Witch – Capítulo 600

Um Evento Chocante

— Vindo? O que está vindo?

Assim que Roland perguntou, o chão abaixo da grande torre de pedra começou a subir de repente, com várias rachaduras aparecendo em sua superfície. A torre negra foi erguida no ar, e o que veio logo abaixo dela foi um monstro acinzentado, com sua enorme boca aberta, tentando devorar a torre de pedra. A gosma em sua pele se espalhava por todo canto.

Como Vera conseguia apenas reconstruir as imagens, mas não os sons, Roland sentia como se estivesse assistindo a um filme mudo de terror. As bruxas, que nunca haviam ido num cinema antes, reagiram de forma mais dramática. Todas elas gritaram assustadas e deram alguns passos para trás. Cinzas até mesmo puxou sua espada automaticamente e ficou na frente de Tilly, a fim de protegê-la.

A coisa mais horrível, contudo, era que havia outro monstro.

Debaixo da torre de pedra, havia um horripilante Monstro de Tentáculos. Seu corpo estava completamente fundido com a torre de pedra, com inumeráveis tentáculos saindo ao fundo da torre. Suas escamas irradiavam uma luz vermelho-escura.

O Monstro de Tentáculos era enorme, seu tamanho era como a metade de um castelo normal, mas ele ainda era incomparável à Besta da Boca Gigante, que tinha a capacidade de engolir uma torre inteira. Para evitar ser engolida, a criatura usou seus tentáculos para impedir que o outro monstro fechasse a boca. Enquanto isso, nuvens de névoa vermelha como sangue foram expelidas de suas escamas e começaram a corroer a pele da Besta da Boca Gigante. Evidentemente, a densa névoa, que tinha uma cor vermelha bastante escura, poderia causar danos ao seu oponente.

Mesmo assim, a Besta da Boca Gigante tinha um corpo muito grande, e a corrosão da névoa não seria o suficiente para derrotá-la. Quando a torre de pedra foi totalmente levantada do chão, o Monstro de Tentáculos foi incapaz de resistir ao próprio peso e acabou afundando na enorme boca de seu oponente. Após isso, o restante da torre começou a deslizar lentamente para dentro da boca da besta gigante. No final, Roland viu o Demônio Multi-Olhos, que estava parado no topo da torre sem nenhuma intenção de escapar. Parecia que ele não estava vendo a Besta da Boca Gigante logo abaixo de si, como se a besta não existisse.

Assim que a besta engoliu a torre de pedra por completo, a ilusão finalmente acabou. A Névoa Vermelha e os monstros gigantes desapareceram instantaneamente. A paz foi restaurada. Eles viram o imenso buraco no chão e perceberam que o que eles haviam acabado de assistir aconteceu de fato em algum momento no passado.

Roland deu um longo suspiro. Ele ficou ainda mais convencido de que a sua decisão de não permitir que os soldados do Primeiro Exército assistissem às cenas passadas havia sido correta. Assistir isso foi como um teste para cardíaco. Seu coração até agora estava batendo forte. Embora o “filme” já tivesse terminado, o medo ainda permanecia em seu coração.

— Aquele era… o verme que comeu o laboratório da Senhorita Agatha? — Após um longo silêncio, Tilly falou. — Por que ele atacaria a Comunidade de Demônios?

— Acho que estávamos errados. Provavelmente esses vermes não são controlados pelos demônios. Pelo menos não esse que acabamos de ver… — Roland olhou para Agatha e perguntou. — O que você acha?

— Concordo. — Agatha assentiu com a cabeça, aparentemente já tendo pensado nisso há um bom tempo. — Durante as duas Batalhas da Vontade Divina, não houve sequer um único relato sobre esse tipo de besta demoníaca. Se os demônios de fato tivessem o poder de subjugá-los, provavelmente Taquila não teria conseguido resistir por tanto tempo, e teria sido devastada bem mais rapidamente. Afinal, um verme desse poderia levar um Demônio Sênior na boca e lançar um ataque surpresa de qualquer lugar.

— Se não os demônios, então quem? — Tilly franziu as sobrancelhas. — A julgar pelo louva-a-deus invisível que a Senhorita Rouxinol encontrou uma vez[1], é meio que óbvio que essas bestas demoníacas agem em prol de algo. Aposto que existe alguma força oculta que as controla.

— Será que não foi apenas um ataque aleatório? — Rouxinol deu de ombros. — Afinal, bestas híbridas são bastante inteligentes, muito mais do que as bestas demoníacas normais. Eu pude notar isso durante os Meses dos Demônios. Talvez elas fiquem até mais inteligentes que a gente se viverem tempo o suficiente.

Todos riram do comentário de Rouxinol e imediatamente se sentiram menos tensos. Claramente, ninguém acreditava que aqueles monstros selvagens, que só sabiam se roçar na lama, poderiam ser mais inteligentes que os humanos civilizados. Os humanos teciam suas próprias roupas para vestir-se e cozinhavam sua própria comida para comer, eles não poderiam ser comparados às bestas. Essa ideia soava ridícula demais aos ouvidos.

Apenas Roland permaneceu em silêncio. Ele olhou fixamente para o imenso buraco, com um turbilhão de pensamentos na cabeça.

Será que somos de fato a espécie mais inteligente?

Ele não seria tão presunçoso assim para assumir com toda a certeza que os seres humanos eram as criaturas mais inteligentes que existiam, especialmente neste mundo completamente desconhecido para ele. Conforme o ambiente e as necessidades mudavam, o que seria considerado inteligente dependeria do ponto de vista. Tome as bestas demoníacas como exemplo. Elas certamente não tratariam seda ou pão francês como coisas essenciais.

— Por que o Demônio Multi-Olhos não reagiu? — Andrea perguntou, confusa. — Vocês não disseram que ele alertaria toda a Comunidade de Demônios assim que visse algum inimigo? Por que ele não alertou?

— Porque ninguém viu ele. — Agatha explicou. — Um Demônio Multi-Olhos só conseguirá nos ver se o vermos primeiro. Mas aquele verme não tinha olhos. Tudo o que ele tinha era uma boca imensa.

— Ele é assim porque não precisa de olhos. — Roland continuou. — É igual a minhoca que vive por debaixo da terra. Ela não precisa de olhos para “ver” as coisas. Então é normal não haver nenhum órgão sensível à luz no corpo dele, pois seria desnecessário.

— Órgão sensível… ao quê? — Tilly questionou, curiosa.

— Órgão sensível à luz. Como os olhos, por exemplo. Alguns animais usam a pele para detectar a luz. — Roland não continuou a explicar mais a fundo. Ele se agachou e apontou para o grande buraco no chão, dizendo: — Raio, você quer ir lá embaixo pra dar uma olhada?

A garotinha assentiu com a cabeça imediatamente.

— É muito perigoso. — Cinzas tentou pará-la. — Não sabemos o que tem lá.

— Fique tranquila. Não é pra averiguar todo o túnel. Só é pra saber em que direção ele vai. — Roland disse. — E Rouxinol ficará aqui conosco monitorando qualquer reação mágica. Tudo vai ficar bem.

— Não é pra eu entrar lá e capturar o verme? — Raio fez beicinho.

— Não desta vez. Afinal, ele devorou os demônios, não Agatha. — Roland salientou uma vez mais. — Assim que você descobrir em que direção esse túnel vai, saia de lá imediatamente e nos informe. Você entendeu?

— Sim. — Raio pegou uma tocha de sua mochila de aventureira e o acendeu. Em seguida, ela mergulhou no buraco profundo.

Após alguns minutos, a voz de Raio veio das Pedras Mágicas de Rouxinol:

— Rouxinol, cheguei na dobra do túnel. Você consegue ver a luz da tocha?

Rouxinol entrou em seu mundo da névoa e logo descobriu em que direção o túnel seguia baseado na localização da tocha.

— Tudo bem. Você já pode sair agora.

O túnel ia em direção ao sudeste. Ou melhor, em direção às montanhas nevadas.

— Parece que realmente estávamos errados. — Tilly deu de ombros. — O verme que encontramos na Floresta das Brumas não pretendia ir à Comunidade de Demônios, mas sim à montanha nevada?

— Parece que sim. — Roland olhou para cima. O cume da montanha atravessava as nuvens, e seu pico nevado refletia a luz do sol. — Parece que teremos que dar uma boa olhada na maior montanha da Região Oeste.


[1] – Lá no capítulo 337.


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