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Release that Witch – Capítulo 650

Uma Escrava Especial

— O que são essas pedras brilhantes? — Apesar do brilho forte, Yorko olhou fixamente para o objeto que iluminava o palco, surpreso. — Vocês também vendem isso aqui no leilão?

— Essas pedras têm vários nomes. Por exemplo, Pedras do Sol ou Cristais de Luz… Mas nós preferimos chamá-las de Pedras Mágicas, pois é dito que essas pedras vêm do covil dos demônios. — Número 76 explicou em voz baixa. — Os Mercadores Negros uma vez venderam uma dessas pedras no leilão, e o lance final foi de quase três mil moedas de ouro. Elas são bem caras e escassas, então é bem raro vê-las sendo leiloadas. Pelo menos, não é algo que está incluído na lista de produtos à venda no leilão de hoje. — Ela parou por um segundo e perguntou: — Senhor, é a sua primeira vez vindo aqui?

— Bem… Quase isso. — Yorko esfregou o nariz para esconder sua inquietação. Se uma pedra custava tanto assim, então todas as Pedras Mágicas usadas para a iluminação do palco valeria mais de dez mil moedas de ouro. Esse leilão era extravagante demais.

A guia pareceu ter percebido a inquietação de Yorko. Ela se aproximou dele e sussurrou em seu ouvido, como se fosse uma amante:

— Não se preocupe, Senhor. Cada convidado que participa do leilão pela primeira vez fica chocado com as Pedras Mágicas. Isso não passa de uma ferramenta que os Mercadores Negros usam para mostrar o poder deles.

— Você também é uma dessas ferramentas, não é? — Quando o assunto era dinheiro, Yorko perdia feio para esses nobres extravagantes, mas quando se tratava de conversar com mulheres, ele era melhor do que ninguém. Enquanto seu desconforto desaparecia gradualmente com os sussurros suaves da guia, Yorko colocava seu braço em volta da cintura da mulher e chegava cada vez mais perto dela.

— Não até que eu consiga a sua aprovação.

— Você já tem a minha aprovação. Bem, depois do leilão…

— Eu ainda estarei ao seu serviço, senhor. — Ela assentiu com a cabeça gentilmente.

Yorko lentamente começou a gostar deste lugar.

Quando seus olhos voltaram para o palco, ele já havia perdido duas rodadas de leilão. Esses primeiros dois produtos à venda aparentemente não foram tão atraentes para o público, já que poucas pessoas mostraram interesse neles.

Assim como nos leilões que ele havia participado com Denise, as primeiras rodadas não passavam de aperitivos. O prato principal normalmente viria na fase final.

Otto especulou que a venda da bruxa muito provavelmente não aconteceria no final do leilão e estimou que o valor do lance final não passaria de setecentas a oitocentas moedas de ouro. Esses comerciantes buscavam coisas mais exóticas e estimulantes do que escravas bonitas.

A audiência finalmente se agitou um pouco quando a primeira pessoa à venda foi empurrada para o palco.

Era uma mulher jovem e com uma aparência bem comum no geral, entretanto, a pele dela era bastante clara e bem cuidada.

Yorko notou que a garota, diferente dos escravos vendidos no mercado de escravos que ficavam completamente nus, estava glamourosamente vestida com um traje caro que somente os nobres poderiam se dar ao luxo de comprar. Em outras palavras, ela se parecia exatamente como uma dama da nobreza.

— Por que eles vestiram essa escrava como uma nobre? — Yorko cutucou a cintura de Número 76. — É pra poder vendê-la por um preço maior?

A guia o corrigiu com um sorriso:

— Não é uma escrava vestida como uma nobre, e sim uma escrava nobre.

— Qual é a diferença… Espere aí. — Os olhos de Yorko se arregalaram. — O que você disse?

— Ela é uma verdadeira nobre. — Número 76 fez um gesto com a mão para que Yorko diminuísse o tom de voz. — Ela não é uma parente distante de algum nobre, e sim uma nobre de linhagem pura, a herdeira legítima de uma grande família.

— Cavalheiros, os senhores veem esta dama aqui? — O leiloeiro anunciou com uma voz alta. — O nome dela é Aphnie Tanfek, a filha do Conde do Bosque das Pedras do Reino de Coração de Lobo. Já que o pai dela lamentavelmente morreu na batalha contra a Igreja, ela é agora oficialmente a nova Condessa do Bosque das Pedras. Os Tanfeks são uma família proeminente com um legado de mais de trezentos anos. Contudo, acredito que todos os senhores estejam mais interessados no incidente do jade, que aconteceu vinte anos atrás. Essa é uma boa chance para retaliar. O lance inicial é de trezentas moedas de ouro. Sintam-se à vontade para darem seus lances.

— 310! — Alguém vozeou imediatamente.

— 350 moedas de ouro!

— 400!

Um rebanho de… loucos! — Yorko comentou, incrédulo, enquanto os lances aumentavam. — Vender uma nobre verdadeira como uma escrava? Essa é uma ofensa capital que nenhum reino iria tolerar!

Havia uma regra subentendida entre os nobres de que o sangue dos nobres estava acima de tudo. Qualquer um que representasse uma ameaça à essa regra seria considerado inimigo de todos os aristocratas. Era também por esse motivo que uma compensação seria paga em troca da vida dos nobres se estes por ventura fossem derrotados em alguma batalha. Contanto que a linhagem deles ainda existisse, suas famílias mais cedo ou mais tarde voltariam ao poder. Essa regra da nobreza se manteve inalterada por centenas de anos, e era bastante respeitada.

Este leilão, contudo, confrontava abertamente toda a classe aristocrática.

Número 76 deu de ombros.

— Ficará tudo bem, contanto que ninguém saia espalhando por aí. Ninguém atribuirá o fim da linhagem Tanfek aos Mercadores Negros, já que a verdadeira culpada é a Igreja.

— O que vai acontecer com essa nobre? O leiloeiro acabou de dizer “retaliar”, não foi?

A guia começou a rir.

— Vinte anos atrás, os Tanfeks abaixaram à força o preço das jades, tudo isso para ganho próprio. Isso fez com que muitos comerciantes de jade tivessem prejuízos tremendos. Então a retaliação deles… com certeza será cruel. Nobres como ela, que perderam tudo, estão fadadas à desgraça, assim como as bruxas.

Depois da mulher, outros nobres do Reino de Coração de Lobo e do Reino de Inverno Eterno começaram a ser empurrados para o palco. Havia homens e mulheres. Os homens nobres, por possuírem uma vida útil maior, eram mais populares do que as mulheres nobres.

“Você vai entender quando chegar lá”. — Yorko se lembrou das palavras de Otto. Ele agora entendia por que esse leilão acontecia na clandestinidade. E também entendia por que os Mercadores Negros possuíam um critério de seleção rigoroso em relação aos convidados. Além da riqueza e identidade de seus convidados, os Mercadores Negros também atribuíam grande importância a se o convidado genuinamente tinha a intenção de fazer uma compra. Em outras palavras, eles só aceitavam potenciais compradores, pessoas que estavam no mesmo barco que eles.

A bruxa que Yorko pretendia comprar era o décimo produto.

Era inegável que, embora amarrada, a bruxa era consideravelmente mais bonita que qualquer uma das nobres que foram previamente apresentadas. O cabelo negro e desarrumado dela chegava até os ombros. Nos braços e pernas dela, havia marcas de chicotada. Evidentemente, ela havia sido bastante torturada desde que foi capturada. Mas apesar de seu corpo magro e abatido, ela possuía um rosto encantador e um charme inefável.

O leiloeiro exclamou:

— Esta é uma bruxa refugiada sem nome do Reino de Coração de Lobo. Ela pode curar a si mesma com o poder dos demônios. Graças às informações passadas por nossos caros cidadãos, nós conseguimos capturar esse valioso tesouro. Pensem comigo, uma bruxa que pode se curar sozinha. Os senhores podem fazer o que quiserem com ela, e no momento seguinte ela estará curada. O lance inicial será de quinhentas moedas de ouro. Sintam-se à vontade para darem seus lances.

— 510!

— 560!

— 600!

Yorko não deu seu lance imediatamente. Ele queria esperar um pouco mais, até que os lances começassem a ficar mais acirrados, com menos pessoas participando. Somente assim ele possivelmente obteria o grande prêmio.

Para a sua surpresa, contudo, o valor dos lances logo excedeu oitocentas moedas de ouro, valor que Otto havia previamente estimado. E não parou por aí. Imediatamente, os lances ultrapassaram o valor de mil moedas de ouro. Os lances continuaram a aumentar e não havia sinais de que iria parar tão cedo.

Yorko sentiu a palma de sua mão começar a suar.


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