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Release that Witch – Capítulo 703

Aquela que Veio do Passado

Número 76 conhecia ela. Ela tinha certeza disso. Embora quatrocentos anos tivessem se passado, a imagem ainda estava clara em sua mente.

Ela lembrou da bruxa de cabelo azul que havia: se ajoelhado na frente das Três Líderes da Aliança; assumido a capa e o cetro que simbolizavam a superioridade; e aceitado a benção da líder da Sociedade Expedicionária.

Naquela época, Número 76 havia ficado bastante impressionada com essa bruxa, que havia se virado para o público e levantado o cetro, tornando-se a Bruxa Sênior mais jovem da história de Taquila. O orgulho e a confiança dessa bruxa ficaram marcados nas mentes de todas que presenciaram aquele momento. Naquele tempo, Número 76 servia apenas como uma bruxa combatente normal da guarnição. Ela sempre teve grande admiração por essa bruxa, e também um leve sentimento de inferioridade.

O nome dessa bruxa era Agatha.

Numa fração de segundo, os fragmentos de memória se juntaram na mente de Número 76.

Ela até mesmo se lembrou dos últimos anos de Taquila, quando Agatha foi expulsa do centro de pesquisas. Ela havia violado o princípio da Sociedade Expedicionária, que era nunca recrutar pessoas comuns.

Mas Agatha não se arrependeu disso. Muito pelo contrário, ela decidiu construir a própria torre de pesquisa fora da Cidade de Taquila.

Mas por causa do prestígio dela, nenhuma bruxa se atrevia a criticá-la abertamente. Se o fizesse, certamente seria mandada para as linhas de frente de batalha contra os demônios e terminaria morrendo na guerra.

Naquela época, Número 76 havia ficado descontente com a atitude de Agatha, já que elas estavam no meio de uma guerra. Para a Sociedade Expedicionária, perder Agatha era o mesmo que perder uma Bruxa Sênior jovem e talentosa. Para Agatha, ser excluída significava ser privada da maioria dos recursos e bases para explorar os mistérios das Pedras Mágicas. E todas perderiam com isso, inclusive a Cidade Sagrada de Taquila.

Contudo, para Número 76, que havia presenciado a queda da Aliança e esperado por mais de quatrocentos anos, todo esse descontentamento passado havia desaparecido. Neste momento, seu coração irradiava felicidade e imensa perplexidade.

Ela estava feliz porque agora tinha uma chance inesperada de se reunir com uma bruxa de Taquila.

E estava imensamente perplexa porque não entendia como uma bruxa de Taquila podia ter sobrevivido até agora.

Era óbvio que Agatha havia preservado o corpo dela, já que o rosto dela permanecia o mesmo.

Número 76 lutou contra a vontade de parar Agatha e fazer perguntas. Tudo o que ela pôde fazer foi observar Agatha caminhar lentamente até o portão e sair do local. Após isso, Número 76 respirou profundamente.

Ela já sabia o que fazer em seguida.

Quando a luz do dia começou a desaparecer e o vento assobiante ficou mais forte, como era em todas as noites, Rouxinol notou uma pequena mudança na expressão facial de Sylvie e, portanto, perguntou:

— O que foi? O que aconteceu?

— Número 76 saiu do Edifício de Relações Exteriores, pulando pela janela do corredor no segundo andar. — Sylvie respondeu.

— Sério? — Rouxinol ergueu uma sobrancelha. — Essa janela tem grade de ferro, não é?

— Talvez esteja enferrujada. Daí não seria tão difícil derrubá-la. — Sylvie estava de pé diante de uma janela francesa, olhando para a cidade. — Ela passou pelos guardas e eles nem notaram nada.

— Mas ela não consegue escapar de nós. — Rouxinol deu um sorriso. — Eu estava certa. Ela está armando alguma coisa.

Já que manter Roland seguro era mais importante, ela havia chamado Sylvie para o escritório do palácio para vigiar as recém-chegadas de longe, durante o passeio.

Pela manhã, Sylvie não havia detectado nada de errado com o comportamento das bruxas do Reino de Coração de Lobo. Após o almoço, contudo, Número 76 de repente começou a ficar bastante inquieta. Lendo os lábios de Número 76, Sylvie entendeu ela dizer que estava muito cansada por causa da noite mal dormida. Após isso, Número 76 foi para a cama, “descansar”. Ela não participaria da segunda parte do passeio pela cidade, que aconteceria de tarde.

Rouxinol havia pensado que este dia seria quieto e pacífico, mas as coisas mudaram inesperadamente quando já estava quase anoitecendo. Elas perceberam que Número 76 havia começado a agir.

— Você realmente estava certa. — Roland disse, fechando o livro. — Mas é incrível que ela tenha conseguido enganar sua detecção de mentiras.

Rouxinol tossiu suavemente.

— Cedo ou tarde eu vou descobrir como ela fez isso, após capturá-la.

— Número 76 está se movendo para o sul, aqui perto. Espere… ela parou. — Sylvie continuou a falar. — Parece que ela… está esperando alguém?

— Ela não tem poder mágico, nem arma. Talvez ela esteja coletando informações, ou planejando algo grande em conluio com outras pessoas. — Rouxinol analisou, parecendo orgulhosa. — Mas se ela estivesse mesmo coletando informações, ela teria saído mais vezes para investigar, e não apenas desta vez. A julgar pelas ações dela, talvez ela ataque hoje à noite.

— Atacar? Atacar quem? — Sylvie perguntou.

— Hmm… Bem, iremos descobrir isso depois.

Após dez minutos, a voz de Sylvie ficou agitada.

— O quê? Ela está se movendo de novo… E ela está indo em direção a… Oh, não, Agatha?

— Não é à toa que ela veio pra cá justamente quando os trabalhadores trocam de turno… — Rouxinol franziu as sobrancelhas. — Você tem certeza que Número 76 não está usando uma Pedra da Retaliação Divina?

— Agatha reagiu! Não… Como isso é possível?! — Sylvie vozeou, incrédula. — Número 76, do nada, começou a mostrar a mesma reação de uma Pedra da Retaliação Divina.

A informação chocou Rouxinol e Roland.

— Rouxinol!

— Tô indo lá! — Antes de Roland terminar de falar, Rouxinol já havia entrado no Mundo da Névoa. — Sylvie, proteja Sua Majestade na minha ausência.

Agatha estava caminhando por uma pequena rua que levava para a Zona do Castelo. Poucas pessoas passariam por esta rua, especialmente à noite. Quando Agatha percebeu que alguém estava se aproximando dela por trás, sem nenhuma hesitação, ela se virou e invocou cristais de gelo para congelar o pé do inimigo.

Mas assim que o gelo se formou no pé do inimigo, dissipou-se logo em seguida.

Pedra da Retaliação Divina? Não, se ela estivesse usando uma Pedra da Retaliação Divina, o gelo nem conseguiria tocá-la.  Não foi ilusão. O gelo que ela havia invocado foi formado; mas logo em seguida, dissipado. — Como isso é possível?

Mas Agatha sabia que este não era o momento apropriado para investigar isso.

Agatha tinha certeza de que o inimigo havia se preparado bem, já que havia esperado ela passar por esta rua quieta e conseguido dissipar o poder mágico dela.

Aliás, o inimigo era uma mulher.

Quando Agatha estava prestes a atacar, a mulher fez algo que a chocou bastante.

Agatha viu a mulher colocar as duas mãos no peito, com os dedos entrelaçados, e logo depois se curvar profundamente.

Fazia tempo que Agatha não via esse tipo de gesto.

Isso fazia parte da etiqueta de Taquila, e só era usado quando uma bruxa encontrava uma superior.

— Você é… — Agatha falou, surpresa.

— Meus cumprimentos à senhora, Lady Agatha, a Bruxa Sênior mais jovem da Aliança. — A mulher disse lentamente. — Podemos conversar em outro lugar?


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