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Release that Witch – Capítulo 705

Audiência

— Você já pode sair agora. — Agatha olhou para um canto vazio do local.

Depois que ela falou, uma sombra apareceu na parede e Rouxinol saiu do Mundo da Névoa.

— Quando você me descobriu? — Ela soou um pouco surpresa.

— Quando eu peguei o anel de Número 76. — Agatha disse enquanto dava de ombros e levantava a jarra de cerveja. — Quer um copo?

— Se você pagar. — Rouxinol se sentou de frente a Agatha e disse. — Aquele anel pode detectar poder mágico?

— Não é o poder mágico, e sim um feixe de luz laranja, ou melhor… a “Chave”. — Ela pegou um copo vazio, encheu-o de cerveja e empurrou para Rouxinol. — Seu feixe de luz iluminou metade desta taverna. Seria difícil não notar.

— Ela também notou?

— Provavelmente. — Agatha assentiu com a cabeça. — Ela não se importa em revelar a identidade dela na frente de aliadas.

— Eu e ela não somos aliadas. — Rouxinol disse. — Você acreditou no que ela disse?

— Sim, acreditei.

— Mas você não ficou com o anel.

— Porque eu realmente quero ajudá-la a trilhar o caminho correto. — Agatha encheu um copo de cerveja para si e, logo em seguida, bebeu tudo de vez. A qualidade da bebida era horrível, infinitamente inferior às Bebidas Caóticas de Evelyn. Porém, nem mesmo o sabor amargo dessa cerveja poderia acabar com a sua alegria.

Agatha estava exaltada.

No exato momento em que Número 76 revelou a identidade, a sensação recorrente de solidão que Agatha sentia no coração desapareceu imediatamente. Acabou que ela não era a última sobrevivente de Taquila.

Embora as integrantes da União das Bruxas fossem amigáveis e Wendy fosse bastante carinhosa com ela, Agatha constantemente se sentia perdida. Ela sabia que havia um certo distanciamento entre ela e as outras bruxas, causado pela realidade diferente em que nasceram, o que não poderia ser eliminado num curto espaço de tempo. Ela não conseguia se entrosar direito com as bruxas desta nova era, então ela sempre tentava se entupir de trabalho para não ficar pensando nisso.

A única exceção era Roland Wimbledon. Ela sempre se sentia confortável quando estava na companhia dessa pessoa comum estranha. De primeira, ela não conseguia entender isso direito. Mas depois ela percebeu que Roland passava essa mesma sensação de “distanciamento inexplicável”, como se ele não pertencesse a este mundo. A única diferença era que Roland escondia isso bem melhor que ela, e dificilmente alguém notava.

Mas agora, finalmente, ela não estava mais sozinha.

Por este motivo, Agatha esperava que Número 76 fizesse um pedido de visita à Roland Wimbledon, usando a identidade real dela.

Ela mal podia esperar para vê-los lado a lado na Batalha da Vontade Divina.

Ela já havia se apaixonado pela vida na Cidade de Primavera Eterna e, naturalmente, também esperava que suas colegas de Taquila se apaixonassem por este lugar.

Além disso, Agatha tinha um pequeno desejo.

Ela queria provar para as outras bruxas que o que ela havia dito antes era o mais correto e inteligente: a cooperação entre as pessoas comuns e as bruxas era a melhor forma de lutar contra os demônios.

— Foi por isso que você falou aquilo pra ela? — Rouxinol pareceu perplexa, como se tivesse entendido as reais intenções de Agatha.

— Ela vai entender depois de um tempo. — Agatha sorriu levemente. — Não foi assim comigo?

Esse grupo de sobreviventes não pensava da mesma forma que as bruxas que fundaram a Igreja… Elas não haviam concordado com o plano do Exército da Punição Divina, que usavam bruxas como materiais de sacrifício. Elas até mesmo se separaram de Alice por causa disso. Foi por isso que Agatha decidiu ajudá-las.

Após isso, Rouxinol ficou em silêncio por um longo tempo. Quando a luz da vela queimou até o fundo, Rouxinol desapareceu gradualmente, retornando à escuridão.

— Espero que ela tome a decisão correta.

— Ela vai. — Agatha sorriu e disse. — Eu acredito nisso.

Quando Número 76 voltou para o Edifício de Relações Exteriores, ela se deparou com Anna e as outras bruxas, que haviam terminado de visitar a vinícola de Evelyn.

— Eu acordei me sentindo muito melhor. — Ela disse antes que qualquer uma tivesse a chance de perguntar. — Estava um pouco abafado no quarto, então decidi sair para caminhar no jardim.

— Você devia ter colocado um casaco. Vai que você pega um resfriado. — Espadim disse, preocupada.

Amy segurou a mão de Número 76 e disse alegremente:

— É uma pena que você não veio com a gente nesse passeio da tarde! As Bebidas Caóticas feitas pela Senhorita Evelyn são a melhor coisa que eu já provei na vida!

— Bebidas… Caóticas?

— Sim, inicialmente ela podia mudar apenas o sabor das bebidas. Mas depois que a habilidade dela evoluiu, ela começou a criar bebidas deliciosas que possuem sabores únicos. Eu aposto que nem mesmo a nobreza da Cidade Real de Coração de Lobo provou uma bebida tão incrível. — Amy disse, empolgada. — Seja chá preto, leite com mel ou vinhos finos, nada pode se comparar às bebidas que Evelyn faz.

Outra Bruxa Sênior… — Número 76 já havia ficado sem reação a tudo isso. Embora ela ainda não entendesse bem o que Wendy e Anna quiseram dizer com “aprendizado”, não havia um pingo de dúvida que, relativo ao treinamento das bruxas, a União das Bruxas era mais avançada que a Aliança. De acordo com as palavras de Agatha, parecia que tudo isso havia começado com Roland Wimbledon, uma mera pessoa comum. E era isso que ela não conseguia entender.

Uma pessoa comum entende mais de poder mágico que as bruxas?

— Eu concordo com Amy. — Salvadora disse. — Por um instante, eu até mesmo pensei que todas as tribulações que eu sofri haviam valido a pena.

— Se eu pudesse beber aquela delícia novamente, nem que fosse uma vez por semana, eu nunca mais sairia da Cidade de Primavera Eterna! — Amy colocou a língua pra fora.

— Então vamos nos juntar logo à União das Bruxas. — Espadim de repente disse. — Se a gente ficar aqui, sempre haverá a possibilidade de provar aquela bebida de novo, não é?

— Eu concordo! — Amy levantou a mão imediatamente.

— Sim… Eu também. — Salvadora assentiu com a cabeça.

As três olharam para Annie, que não teve outra escolha senão dizer:

— Tudo bem.

Esperem… Vocês concordaram em ficar aqui por causa de uma bebida? — Número 76 ficou embasbacada. — E Annie, não foi você mesmo que disse que teríamos que observar cuidadosamente a situação e sermos cautelosas? Só deveríamos decidir isso depois do passeio de amanhã. Se Wendy souber que vocês decidiram ficar por causa de uma bebida, ela com certeza não vai saber se ri ou se chora.

De repente, Número 76 sentiu inveja.

Requisitos simples e decisões fáceis. Onde quer que houvesse uma faísca de esperança, essas bruxas iriam atrás sem hesitação.

E quanto a ela mesma?

Depois que todas caíram no sono, Número 76 saiu do quarto silenciosamente e foi até a cobertura.

Em meio ao vento congelante, ela levantou o anel na direção do castelo e semicerrou os olhos para ver, à distância, um feixe de luz tão largo quanto a muralha da cidade. Esse feixe de luz ainda aparecia no campo de visão dela, mesmo sem a ativação do poder mágico e fora do alcance teórico de detecção.

Ela precisava encontrar a Escolha Divina. Essa era a sua missão.

Enfim, a importância da Escolha Divina para as sobreviventes de Taquila e o significado das Bebidas Caóticas para Amy e as outras bruxas eram quase a mesma coisa em essência.

Ela havia tomado uma decisão.

Quando Wendy foi para o Edifício de Relações Exteriores no dia seguinte, Número 76 entregou uma carta a ela.

— Meu nome é Phyllis, uma bruxa de Taquila do Labirinto do Desespero. Eu trago uma notícia da Providência Divina. Gostaria de solicitar uma audiência com o Lorde de Primavera Eterna e, se possível, estabelecer um plano de colaboração para a Batalha da Vontade Divina. — Ela disse isso na frente de todas, incluindo as bruxas do Reino do Coração de Lobo.

Amy e as outras arregalaram os olhos, incrédulas, como se tivessem ouvido algo inacreditável.

— Número 76… Do que você está falando?

— Você também é uma bruxa? Isso é ótimo!

— Phyllis… Esse é o seu nome verdadeiro?

As três responderam de forma diferente; somente Annie ficou em silêncio.

Wendy não pareceu surpresa. Ela pegou a carta da mão de Phyllis e, sorrindo, disse de forma encorajadora:

— Venha comigo. Sua Majestade já está esperando por você no escritório dele.


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