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Release that Witch – Capítulo 736

Os Quadros Gigantes e a Vontade Divina

Por um instante, Pasha ficou surpresa com a pergunta de Roland, mas logo respondeu:

— Phyllis está certa. O senhor realmente sabe muito sobre nós. Quanto ao que é a Vontade Divina, nós só obtivemos essa informação após a queda de Taquila, então é normal que Agatha não tenha conseguido te responder isso.

Roland fez cara de “chefão”, apoiando seu queixo em cima de seus dedos entrelaçados, e disse:

— Claro que eu sei de muita coisa. Não se esqueça, eu derrotei a Igreja. Todas as Bruxas Puras que ocupavam cargos importantes na Cidade Sagrada de Hermes estão agora aprisionadas na Cidade de Primavera Eterna.

— Entendo.

Com essas palavras, Pasha ficou em silêncio, como se estivesse avaliando Roland cuidadosamente. Embora ela não tivesse olhos, Roland ainda conseguia sentir o olhar dela. Após um longo tempo, a voz de Pasha apareceu na cabeça de Roland novamente:

— Eu posso te explicar o que é a Vontade Divina, mas eu quero que o senhor mantenha isso em segredo para sempre, assim como todos que também estão presentes nesta reunião. Quando as pessoas protegem algo intangível, elas não se desesperam facilmente, mas quando esse algo se torna tangível, a história muda completamente. O que eu quero dizer é: se essa informação vazar, não fará bem algum aos seres humanos.

Roland fez contato visual com Rouxinol e as outras bruxas para confirmar que todas manteriam esse segredo e, em seguida, perguntou num tom de voz profundo:

— Então você quer dizer que… a Vontade Divina é algo tangível?

Pasha começou a falar mais lentamente, como se ela estivesse lembrando enquanto falava:

— Sim, ela parece uma Pedra da Retaliação Divina transparente, com a forma de um quarto de esfera, mas não afeta o poder mágico das bruxas e não possui nenhuma outra função especial. Se você abrir seu coração na frente dela, sentirá o chamado das divindades e verá algo incrível.

— Como o quê?

— Você verá um salão infinitamente espaçoso, uma Lua Sangrenta no teto e quatro quadros gigantes ao seu redor. Os quadros parecem ter vida e mudam a todo momento… — A bruxa anciã descreveu a “ilusão” criada pela Vontade Divina em detalhe.

Tilly logo perguntou:

— Para que servem esses quadros?

Ouvindo a pergunta, todos seguraram o fôlego, esperando a resposta.

Os tentáculos de Pasha se levantaram de vez.

— Essa pergunta intrigou os seres humanos por quase mil anos. A Sociedade Expedicionária sempre fez pesquisas sobre isso, mas nunca obteve resultados concretos. Nós só passamos a saber o que são esses quadros quando decodificamos os documentos registrados nas ruínas. Os quatro quadros que as divindades nos mostram representam quatro espécies diferentes: os seres humanos, os demônios, alguma raça desconhecida e a civilização subterrânea. A forma geométrica da Vontade Divina corrobora com essa especulação, já que é um quarto de esfera. Nós a chamamos de Relíquia Divina.

Roland franziu as sobrancelhas.

— Quatro quadros gigantes, e um quarto da Relíquia Divina… Você quer dizer que cada civilização desenhada nos quadros possui um quarto de Relíquia?

— Não todas. A civilização subterrânea já perdeu a Relíquia deles. Como resultado, um dos quadros está totalmente escuro. Esse quadro ficou escuro logo depois da 1ª Batalha da Vontade Divina. De acordo com os registros documentados nas ruínas subterrâneas e os documentos antigos da Aliança, supomos que a civilização subterrânea já foi removida da Batalha da Vontade Divina para sempre. — Todos se arrepiaram com a resposta de Pasha.

Eles ficaram chocados ao saber que todas as civilizações só haviam lutado por centenas de anos por causa da Relíquia, e mais importante ainda, para cada civilização, perder parte da Relíquia significava perder tudo.

Ao ouvir uma notícia tão chocante, Roland franziu ainda mais as sobrancelhas. Ao invés de se preocupar com os futuros inimigos, ele estava mais interessado em quem havia armado tudo isso.

Isso é apenas um acidente ou algo cuidadosamente planejado? Isso aconteceu por acaso ou será que foi uma punição que caiu sobre os seres humanos? Qual foi o propósito em deixar um quarto de Relíquia para cada espécie? Isso tem a ver com a Lua Sangrenta que aparece de tempos em tempos? — Roland ficou perdido em pensamentos, mas sentiu que havia entendido uma coisa… — E se eu trocar a palavra “divindades” por “alguém”?

Enquanto ele estava imerso em pensamentos, Tilly perguntou:

— Se coletarmos todas as quatro partes da Relíquia, o que acontece? As divindades falaram algo a respeito disso?

Pasha respondeu calmamente:

— Ninguém sabe a resposta, e as divindades nunca responderam ao nosso chamado. As divindades não amam as pessoas. Elas só favorecem os vencedores.

Incrédula, Wendy exclamou:

— Como que… lutamos por centenas de anos apenas por uma pedra inútil?  A Vontade Divina é… muito cruel.

A bruxa anciã tentou confortá-la, dizendo:

— Espero que essas palavras dos registros documentados nas ruínas possam responder à sua pergunta, embora sejam difíceis de entender. “Todos nós somos os filhos das divindades, mas apenas alguns de nós conseguirão ver o amanhecer. Já que sentimos o poder mágico, somos destinados a ter uma vida incomum. Essa competição já acontece há muito tempo. Nós já somos uma elite de um em mil. Os pássaros não eram pássaros, e nós não éramos nós. Lutar nos faz prosperar, e a competição faz com que os seres vivos sejam eternos.”

Algo passou pela mente de Roland como um raio.

Ele interrompeu abruptamente:

— O que você disse?

— Somos os filhos das divindades?

— Não, depois disso.

Pergaminho respondeu:

— “Essa competição já acontece há muito tempo. Nós já somos uma elite de um em mil.” Vossa Majestade, eu memorizei tudo.

O que isso me lembra? Essa descrição da civilização subterrânea lembra o processo de evolução! De um período selvagem para a era da civilização. Cada civilização que existe hoje já derrotou numerosos oponentes durante o curso de desenvolvimento. Todas as quatro civilizações têm algo em comum, que é: todas elas sabem usar o poder mágico. Entre os seres humanos, as bruxas são as únicas que conseguem usar esse tipo de poder, e os demônios e a civilização subterrânea parecem ser bem melhores em controlar isso. Diante disso, a quarta espécie, o inimigo que ainda não conhecemos, também deve saber como utilizar o poder mágico. Se isso for verdade, as descrições da civilização subterrânea fazem sentido. Os “filhos” na frase “Todos nós somos filhos das divindades”, provavelmente se refere às espécies que foram agraciadas com a habilidade de manipular o poder mágico. Desta forma, a Batalha da Vontade Divina não é causada pela Relíquia Divina, mas sim é uma forma de acelerar a evolução das regras básicas deste mundo mágico. Isso também corrobora com a conclusão da civilização subterrânea ao dizer que elevar o poder mágico é a forma de se aproximar das divindades.

A voz de Pasha reverberou na cabeça de Roland:

— Vossa Majestade, o senhor está bem? Sinto que sua mente está uma bagunça.

— Oh? Você consegue ouvir meus pensamentos?

— Não, eu só conseguiria ler seus pensamentos se o senhor estivesse disposto a se comunicar comigo pela mente. Por exemplo, neste momento estou conversando com o senhor pela MINHA mente, então o senhor consegue ouvir o que eu estou pensando. — Pasha parou por um momento e perguntou. — Mas se o senhor quiser, podemos criar uma conexão para conversarmos somente pela mente. Será mais eficiente se comunicar desse jeito. Quer tentar?

Roland balançou a cabeça, sorrindo.

— Não, eu prefiro me expressar usando minha garganta e língua. Quanto à “bagunça” na minha mente… É porque eu acabei de pensar em algo interessante. Mas relaxe, isso não afetará nossa comunicação.

Ao pensar que às vezes as regras eram apenas regras e que não precisava ter uma explicação para elas, Roland sentiu que era aceitável considerar tudo isso como algo criado pelas divindades. Pelo que ele sabia, a origem da vida e a Explosão Cambriana[1] na terra também eram coisas inexplicáveis. Diziam que a vida era formada pela presença de energia, onde as moléculas se colidiriam constantemente, mesclando-se, dividindo-se e formando cadeias moleculares que poderiam se reproduzir. A chance de algo assim ocorrer era tão pequena quanto a de um vulcão cuspir metal derretido para o céu e, quando esse metal caísse no chão, formasse a imagem perfeita de um carro esportivo.

Quanto à Explosão Cambriana, isso era ainda mais difícil de explicar. Um mar que tinha apenas algumas criaturas simples, como algas e moluscos, por milhares de anos, de repente é preenchida por uma variedade de animais. Num curto espaço de tempo, durante o Período Cambriano, os filos[2] mais importantes da terra apareceram de repente. Independentemente de como os seres vivos da terra evoluíram depois disso, a origem deles se deu no Período Cambriano.

Já que essas duas mudanças que impulsionaram a evolução das espécies na terra foram eventos de probabilidade extremamente baixa, algumas pessoas passaram a enxergá-las como a criação de algum poder misterioso além da imaginação, acreditando que foi alguma mão invisível que havia guiado o mundo para transformá-lo no que é hoje.

Mas e quanto a esse mundo estranho de magia? Esses fenômenos também acontecem aqui?


[1] — Para muitos cientistas a explosão cambriana representa o evento evolutivo mais importante na história da vida na Terra. A explosão é parte da era Paleozoica, que ocorreu entre 542 a 241 milhões de anos atrás. A era Paleozoica é dividida em seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano. O início da explosão geralmente ocorre cerca de 542 milhões de anos atrás, durante o período cambriano no início da era paleozoica. Embora a explosão tenha sido rápida em termos geológicos, ocorreu ao longo de milhões de anos. A explosão é particularmente notável porque todos os principais planos do corpo animal (cada um correspondendo mais ou menos a um filo distinto) apareceram durante esse período, mudando a biosfera para sempre. Entre eles estavam os cordados, aos quais pertencem os vertebrados (animais com espinha dorsal), como os humanos. Nós nascemos no Período Cambriano, pessoal. Top, né? Quer saber mais? Leia essa matéria do Mar Sem Fim, clicando aqui.

[2] — Filo, do grego Phylum, é usado na classificação científica dos seres vivos do reino animal. Os principais são: os poríferos, cordados (vertebrados), artrópodes, moluscos, equinodermos, anelídeos, nematelmintos ou nematódeos, platelmintos e cnidários.


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