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Release that Witch – Capítulo 751

Fran, o Verme Devorador

— “Por enquanto, o plano de retomada do Extremo Sul está indo bem. O Clã Chicote de Ferro já foi eliminado. Eco me pediu para agradecer ao senhor. O Duelo Sagrado precisa de um tempo para ser preparado. Presumo que os grandes clãs irão para a Terra do Fogo daqui a uma semana. Eu também contratei alguns homens para marcar a localização do Rio Styx. Acredito que logo encontraremos um Rio de Água Negra[1] relativamente próximo à costa. Além disso, Vossa Majestade, como o senhor planeja lidar com as Damas Divinas dos clãs? Respeitosamente, Machado de Ferro”. Vossa Majestade, essa é a mensagem que recebemos do Extremo Sul.

O Sigilo do Ouvir brilhou levemente, emitindo uma luz avermelhada. A Condessa Speer parou de falar após reportar a informação, aparentemente esperando a resposta de Roland.

Em seguida, Rouxinol pegou outro Sigilo do Ouvir.

Ela se sentou em cima da mesa e colocou o Sigilo do Ouvir bem perto de suas pernas esbeltas. Roland não sabia se ela havia feito isso de propósito ou não. Embora fosse inverno, Rouxinol vestia uma calça apertada e fina, que acentuava as curvas dela. Roland teria que se aproximar das pernas dela caso quisesse falar perto do Sigilo do Ouvir.

Para Roland, esse era um dilema.

Ele não sabia se deveria olhar para o sigilo ou para as pernas de Rouxinol.

— Eh… muito bonito… quer dizer, bom trabalho, Machado de Ferro.

— Vossa Majestade, o senhor está bem? — A Condessa perguntou. — Sua voz está um pouco rouca. Por favor, mantenha-se aquecido neste inverno. O senhor não é tão forte como as bruxas.

— Estou bem. — Roland disse enquanto tossicava (limpava a garganta). — Diga a Machado de Ferro para continuar com o plano. Quanto às Damas Divinas, ele pode tentar convencê-las a vir para Cidade de Primavera Eterna. Mas, se elas não quiserem vir, não há por que forçá-las.

— Isso é tudo?

— Sim. Se eu tiver qualquer outra coisa pra falar, entro em contato com você.

— Entendi. Então peço licença, Vossa Majestade.

A luz avermelhada do Sigilo se apagou.

Roland levantou a cabeça e suspirou.

Por que ele sentia como se tivesse perdido algo?

Sorrindo, Rouxinol guardou o sigilo, levantou-se da mesa e retornou à poltrona, onde ela continuou a ler o livro ilustrado “A História das Bruxas” enquanto mastigava um pedaço de peixe seco[2].

Roland franziu os lábios e começou a se concentrar no trabalho. Eles haviam destinado todos os Sigilos do Ouvir para a Missão do Deserto. A Condessa Speer Passi da Serra do Dragão Caído havia ficado responsável por transferir as mensagens, criando uma linha de comunicação entre a Cidade de Primavera Eterna e as tropas do deserto. Embora a comunicação ainda fosse um pouco inconveniente, ainda era muito mais rápida do que a entrega de cartas por pombos-correios, que levaria vários dias.

Ele finalmente sentiu que conseguia ter uma visão mais clara da situação, mesmo sem sair da Cidade de Primavera Eterna.

Infelizmente, um Sigilo do Ouvir só funcionaria se uma bruxa fornecesse poder. O que significava que pelo menos duas bruxas e dois Sigilos do Ouvir seriam necessários para manter uma conversa, criando limitações de uso.

Atualmente, a instalação da primeira linha telefônica da Região Oeste já estava em andamento. Essa linha conectaria o escritório do castelo com a Prefeitura da Área Cancioneira. Enquanto isso, a segunda e a terceira linha também estavam sendo planejadas, e elas conectariam as Prefeituras de ambas as áreas (Fronteiriça e Cancioneira), para que assim qualquer comando pudesse ser passado com apenas uma chamada no futuro.

Erguer postes de eletricidade consumia tempo e demandava muito trabalho, e além disso, os postes eram vulneráveis à neve e ao gelo. Considerando isso, Roland decidiu realizar esse processo de uma forma segura e conveniente, distribuindo os cabos elétricos pelas montanhas e enterrando-os no subsolo com a ajuda de Lotus.

Quando a linha defensiva na montanha fosse montada, as linhas de comunicação definitivamente precisariam aumentar para conectar-se com o escritório do castelo. No entanto, até lá, já haveria um sistema de operação manual mais avançado.

Além disso, Roland também estava preocupado com a realocação das bruxas de Taquila.

Maggie e Raio haviam ficado responsáveis pela patrulha. Elas aumentaram a área de vigilância para 30 milhas (~50 quilômetros) ao norte das Montanhas Nevadas. Dessa forma, elas poderiam enviar um sinal de alerta caso houvesse um ataque em larga escala de bestas demoníacas.

Afinal, a Relíquia, que determinaria a vida e a morte dos seres humanos, merecia ser tratada com extremo cuidado.

Ele havia conversado muitas vezes com Pasha nas últimas semanas.

A ideia delas era muito simples. Elas primeiro usariam o Verme Devorador para abrir um caminho no subsolo, ligando-se diretamente à Região Oeste. Chegando na Região Oeste, elas escolheriam uma formação rochosa que fosse estável e tivesse poucas bifurcações. Lá, elas construiriam um palácio. Após isso, as bruxas anciãs gradualmente trariam os Portadores, materiais e receptáculos de Guerreiros da Punição Divina para esse novo local, e, por fim, transportariam o Instrumento da Retribuição Divina e a Relíquia.

Fran era a peça chave para fazer esse trabalho de realocação, ou talvez Roland devesse chamá-la de… Verme Devorador.

Roland ficou chocado quando viu o corpo roliço de Fran se curvar em frente ao Instrumento Espectral. Ela havia feito isso para demonstrar gratidão a Roland, que na hora havia ficado boquiaberto.

Posteriormente, Pasha disse a ele que as bruxas integradas em Portadores não poderiam mais ser armazenadas em Guerreiros da Punição Divina. A percepção e a consciência dessas bruxas seriam consolidadas em seus novos corpos. A vantagem era que as bruxas poderiam se adaptar mais rápido aos Portadores[3], mas em contrapartida, elas não conseguiriam mais mudar de corpo. Portanto, era necessário que elas evitassem danos fatais.

Realmente, se as bruxas não usassem esse método de integração, elas não conseguiriam manipular esses corpos, mesmo com séculos e mais séculos de prática. Como poderia uma pessoa, acostumada a usar dedos e membros, aprender a manipular incontáveis tentáculos ou um corpo rastejante como o do Verme Devorador? Por outro lado, ao se adaptarem a esses Portadores peculiares, seria impossível elas retornarem à antiga vida delas.

No passado, caso Fran não estivesse em uso, as bruxas anciãs colocariam a alma dela de volta no Reservatório de Almas, onde ela dormiria pelo tempo necessário. Elas faziam isso porque o Verme Devorador consumia uma imensa quantidade de comida para ficar vivo. Certamente, essa não era uma boa experiência para Fran. De certo modo, ela havia sacrificado o futuro dela em prol das bruxas de Taquila, e ela até mesmo havia pagado um preço maior que Pasha e Alethea, que haviam se transformado em Portadores Originais.

Pelo menos os Portadores Originais poderiam observar as coisas e sentir as mudanças que aconteciam no mundo.

Então a gratidão que ela sentia por Roland era compreensível

Outro ponto crucial que fez Fran se sentir grata foi que Roland gabou-se de que haveria muito trabalho na Cidade de Primavera Eterna esperando por ela. Isso significava que ele forneceria comida suficiente para mantê-la cheia de energia. Felizmente, os Vermes Devoradores eram onívoros e poderiam se alimentar tanto de carne quanto de vegetais.

— Eu quero tomar uma sopa bem temperada e saborear uma carne de vitela com a gordurinha assada na brasa!

Ao dizer isso, Fran começou a babar.

Embora a aparência de um Verme Devorador fosse um pouco feia, eles, assim como os Sarcomas, poderiam sentir o ambiente em volta de uma forma única, o que incluía o paladar e a sensação de dor e temperatura.

Roland aceitou a gratidão dela de todo o coração, com risos e lágrimas.

Parecia que, independentemente do mundo, a construção industrial sempre seria algo que “devoraria” bastante dinheiro.

Aliás, ele também havia perguntado a Pasha o que os Portadores Originais e Central comiam para manter a vida. A resposta foi: terra e altas temperaturas, o que explicava por que elas gostavam de ficar no magma.

A resposta fez Roland ficar aliviado, pois seriam menos bocas gigantes para alimentar. De certo modo, os Sarcomas se pareciam com as plantas, já que só precisavam de uma fonte de calor e terra.

Justo quando ele pensava em como elaborar uma linha defensiva na montanha para que as instalações militares tivessem uma conexão efetiva com as estradas secundárias ou até mesmo com o palácio das bruxas anciãs, o som de uma explosão de repente veio do lado de fora da janela.

Roland se virou e olhou para a janela francesa, surpreso. Ele viu uma fumaça preta, misturada com algumas chamas avermelhadas, que se levantava de um certo ponto da cidade, onde a escola estava localizada.

— Rouxinol!

— Vou pedir para Sylvie e Phyllis darem uma olhada. Vossa Majestade, por favor, não saia do escritório. Já, já eu estarei de volta! — Ao dizer isso, Rouxinol entrou no Mundo da Névoa e desapareceu completamente.


[1] – Petróleo.

[2] – A linha anterior diz: “Por que ele sentia como se tivesse perdido algo?”. E na linha seguinte, Rouxinol está mastigando um peixe seco. Então já sabemos o que Roland perdeu enquanto era distraído por Rouxinol.

[3] – A alma da bruxa demora pouco tempo para se adaptar aos Portadores (Sarcomas, Vermes Devoradores), mas demora muito tempo para se adaptar aos receptáculos de Guerreiros da Punição Divina.

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