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Release that Witch – Capítulo 755

Administração de Crise

Barov e Pergaminho entraram juntos no escritório de Roland.

— Vossa Majestade, aqui está a análise estatística do acidente.

— Oh? Então o que aconteceu exatamente? — Roland perguntou, preocupado.

— Felizmente, ninguém morreu no acidente. Seis estudantes ficaram feridos. Três sofreram fraturas enquanto fugiam da sala de aula. Dois perderam a audição, o que deve ter sido causado pela explosão ensurdecedora. E um teve queimaduras graves. Todos foram curados pela Senhorita Nana.

Roland se sentiu aliviado ao ouvir o relatório do Diretor da Prefeitura.

Pergaminho completou:

— O acidente aconteceu durante o recreio. Ao ouvir a explosão, os professores na secretaria imediatamente organizaram a evacuação dos estudantes. Ferlin Eltek contou a todos que era apenas uma operação militar do Primeiro Exército e que os soldados estavam simulando um contra-ataque aos inimigos, caso atacassem a escola. Ele ordenou que os estudantes se acalmassem e agissem coordenadamente. Ao fazer isso, ele conseguiu controlar os estudantes assustados, exceto os da sala seis. Essa sala presenciou o despertar da bruxa. Todos os estudantes feridos mencionados por Barov estavam nessa sala.

Roland elogiou Ferlin:

— Ele realmente é a “Luz da Manhã”. Ao usar o prestígio do Primeiro Exército como uma forma de restaurar a ordem e acalmar os estudantes, ele reduziu significativamente o impacto do acidente. Se daqui pra frente adotarmos algumas medidas corretivas, apagaremos da mente das pessoas que o despertar das bruxas é algo perigoso.

A nova bruxa despertada havia feito o melhor que podia para controlar o próprio poder, e isso, até certo ponto, havia impedido que o acidente se transformasse num completo desastre. O grande barulho da explosão havia sido causado pela corrente elétrica passando pelo ar, o que formou um arco elétrico com as partes metálicas da janela. Similar a um trovão, a explosão havia sido muito barulhenta, mas não extremamente destrutiva.

Agatha rapidamente havia se dirigido à escola após o acidente. Inimiga natural do fogo, ela havia conseguido congelar o incêndio rapidamente e salvar a instituição de ensino. Apesar disso, Roland decidiu que iria reconstruir as escolas com material moderno de concreto, para que acidentes similares não acontecessem mais no futuro.

Barov perguntou:

— Vossa Majestade, quais medidas corretivas iremos adotar?

Roland bateu com os dedos na mesa.

— Você tem alguma ideia?

O Diretor da Prefeitura pensou por um instante e respondeu:

— Temos que levar em conta dois problemas nesse acidente. O primeiro é o motivo por trás da briga dos estudantes. De acordo com nossa investigação, esse conflito foi causado pela desavença que há entre as crianças do Território Sul e da Região Leste. O motivo da discussão era se a Região Leste ainda era a casa do rei rebelde, já que Valencia fazia parte do território de Timothy. Essa área ainda não se rendeu ao senhor, então… — Barov parou de falar de repente, provavelmente porque não queria se aprofundar nos conflitos da família real. Em seguida, ele continuou: — Aposto que as crianças só sabem disso porque os pais delas ficam conversando sobre isso em casa. Para evitar futuras desavenças, sugiro que punamos os pais dessas crianças e proibamos qualquer conversa sobre Timothy.

— Prossiga.

— O segundo problema é como impedir que o despertar das bruxas cause danos ao povo. Minha sugestão é que, independentemente do que o senhor decida fazer a respeito desse acidente, criemos uma lei que tenha por objetivo impedir qualquer tipo de contenda entre as pessoas.

Sem falar nada, Roland olhou significativamente para Barov, animado com a melhora dele.

Esses dois anos trabalhando como Diretor da Prefeitura realmente havia aberto os olhos de Barov e o ajudado a enxergar as coisas de outro jeito. Agora, ele não era mais um mero assistente do Tesouro, e sim alguém que conseguia identificar problemas e apontar soluções.

No entanto, Roland também percebeu uma certa limitação nas ideias de Barov. Os tempos eram diferentes agora, pois um poder central havia começado a substituir a ordem aristocrática feudal. Por possuir tamanho poder, a Prefeitura também teria que arcar com maiores responsabilidades. Incluir uma decisão do rei na lei não garantiria que todos iriam apoiá-la. Às vezes, quando a decisão ia de encontro à maioria das pessoas, fazer disso uma lei plantaria sementes de uma rebelião. Essa crise oculta estouraria uma hora ou outra e se tornaria um problema complicado.

— O que você acha? — Roland olhou para Pergaminho.

— Vossa Majestade, eu tenho uma visão diferente. Já que, neste momento, a maioria dos súditos da Cidade de Primavera Eterna são de diferentes regiões do Reino de Castelo Cinza, é mais que lógico que eles possuam diferentes crenças, culturas e comportamentos. Se nós proibirmos qualquer contenda entre eles, a lei se tornará muito complexa, o que atolaria a administração da Prefeitura. Eu sugiro que os guiemos em direção à paz, fazendo-os conhecer o certo e o errado. Na minha visão, essa abordagem pode funcionar melhor que uma lei. — Pergaminho parou para pensar um pouco e, logo depois, continuou: — Quanto ao segundo ponto mencionado por Barov, eu acho que deveríamos pedir o conselho da Senhorita Agatha, já que Taquila deve ter uma rica experiência em lidar com esses tipos de acidentes causados pelo despertar das bruxas.

Roland pegou a xícara de chá e deu um gole.

Sobre guiar a opinião pública, ele concordava com Pergaminho. Comparado ao “martelo da justiça”, ou seja, a lei; oferecer um guia adequado às pessoas seria uma escolha melhor e ao mesmo tempo um plano acessível. Diferente dos países alimentados pelo nacionalismo no Mundo Moderno, as contendas que aconteciam entre regiões diferentes eram bem mais simples. Por nunca terem sido infectados pelo sentimento de nacionalismo, os seres humanos deste mundo aceitariam facilmente a propaganda de que todas as pessoas do Reino de Castelo Cinza e de outros reinos eram iguais. Ao pensar nisso, ele decidiu lidar de forma leniente com os estudantes envolvidos nesse acidente.

Ele também planejou escrever essa visão nos materiais de ensino para informar a todos os súditos que eles pertenciam ao mesmo grupo, o de pessoas honestas, claro, tirando os rebeldes que só queriam perturbar a ordem, mas as pessoas inocentes não deveriam ser culpadas pelos pecados dos rebeldes.

Para ele, a parte mais difícil era como harmonizar a relação das bruxas com as pessoas comuns.

Ele queria que as bruxas fossem bem aceitas e vistas como parte do povo, ao invés de um grupo isolado. No entanto, as bruxas eram muito diferentes das pessoas comuns, o que fazia desta uma tarefa difícil que poderia perdurar por toda a história deste mundo. Neste momento, ele não conseguia pensar numa solução perfeita para esse problema, então ele decidiu resolver isso com calma e seguir a sugestão de Pergaminho.

Felizmente, esse acidente não havia se transformado num desastre, então ele ainda poderia promover facilmente sua política de integrar as bruxas à sociedade.

Com esses pensamentos em mente, Roland disse:

— Vamos encarar esse caso como uma briga normal entre estudantes. O garoto que feriu a bruxa com a cadeira deve receber uma advertência e pagar pelas despesas médicas. Quanto aos outros estudantes feridos na sala seis, a União das Bruxas cobrirá qualquer despesa gasta no tratamento deles. A Prefeitura precisa reparar a escola o quanto antes e abri-la novamente.

— Sim, Vossa Majestade. — Barov e Pergaminho responderam juntos.

— Quanto às medidas corretivas, vamos seguir a sugestão de Pergaminho. Guiar a opinião pública. Eu vou elaborar um plano para vocês depois. — Ele deu um longo suspiro de alívio. — A propósito, a bruxa…

— O nome dela é Sharon, Vossa Majestade. O senhor quer que eu a traga?

— Não, deixe ela descansar por alguns dias. Peça para Wendy tomar conta dela e falar um pouco sobre a União das Bruxas.

— Entendi.

Depois que Barov e Pergaminho saíram do escritório, Roland mandou chamar Agatha e Phyllis.

Antes mesmo de se sentar, Agatha disse solenemente:

— Vossa Majestade, tem algo de errado com o despertar de bruxas da Cidade de Primavera Eterna.


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lherha_quemD
Membro
lherha_quem
6 meses atrás

Não costumo comentar então para compensar lá vai um textão:
É interessante observar como a política está na mente de alguém até mesmo quando escreve uma ficção. De vez em quando o autor deixa tranparecer seu pensamento esquerdista “doente”.
Nesse capítulo ele usa a palavra “infectado” para se referir a “nacionalismo” o que dá uma conotação negativa ao nacionalismo como se fosse algo ruim. Pura ideologia!
Existe como exemplo um país mais nacionalista do que Israel? Lá eles valorizam tanto a nacionalidade que até guardam sua árvore genealógica por séculos. No entanto esse mesmo país é um dos que melhor acolhe/trata os estrangeiros no mundo, são super educados.
Então a idéia de que nacionalismo causa a divisão entre os povos é uma mentira, amar o meu país não significa que tenho que tratar mal os estrangeiros.

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