Switch Mode
Participe do nosso grupo no Telegram https://t.me/+hWBjSu3JuOE2NDQx
Considere fazer uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo, acesse a Página de Doação.

Release that Witch – Capítulo 757

Sharon

Wendy entrou no hospital segurando uma caixa cheia de comida, e lá ela viu o pai de Nana, Tigui Pinheiro, conversando com um homem e uma mulher. Eles se curvaram e dobraram os joelhos, como se quisessem se ajoelhar, mas foram impedidos pelo Visconde Tigui. A conversa continuou por um bom tempo, e no final o homem e a mulher foram embora relutantemente.

Em seguida, Wendy se aproximou do Visconde e perguntou, curiosa:

— Quem são eles?

Tigui deu de ombros e disse:

— Quem mais? Eles são os pais da nova bruxa. Eles estavam preocupados em deixá-la sozinha no hospital e perguntaram se podiam levá-la pra casa. Depois que eu disse pra eles que o rei queria que ela ficasse aqui, eles imediatamente mudaram de atitude e expressaram gratidão a Sua Majestade.

Wendy notou um pouco de decepção e orgulho nas últimas palavras do Visconde, e não conseguiu conter a risada, dizendo:

— Você acha que todos os pais são como você, que teve a coragem de invadir o castelo do lorde para resgatar a filha?

Wendy sabia por que Tigui se sentia decepcionado. Ele acreditava que os pais nunca deveriam entregar os filhos para ninguém, nem mesmo para o rei. Quando Nana havia despertado, ele havia entrado diretamente no castelo de Roland sem autorização. Felizmente, o gentil e piedoso Príncipe Roland nunca havia pensado em tratá-la mal, e por isso esse incidente acabou se tornando uma história comovente. Se ele tivesse invadido o castelo do Duque Ryan ou o de qualquer outro grande nobre da Região Oeste para salvar Nana, ele não teria conseguido se safar tão facilmente.

Embora isso tivesse acontecido antes de Wendy morar em Vila Fronteiriça, Rouxinol lhe havia contado essa história várias vezes. Por isso ela sabia de onde vinha o orgulho de Tigui.

— Pelo menos, eles são bem melhores que os pais de Vera. — Wendy suspirou.

Os pais de Vera a haviam mandado rapidamente para o castelo a fim de receberem uma moeda de ouro quando ela despertou como uma bruxa. Eles a haviam tratado como uma escrava e a vendido ao rei e à União das Bruxas, mandando ela obedecer a qualquer pedido que fizessem. Se não fosse pelo dinheiro que receberiam, eles provavelmente nem teriam deixado ela voltar para casa.

Decepcionada, Vera parou de visitar os pais com a mesma frequência de antes assim que se acostumou a morar na Casa das Bruxas.

Como bruxa, ela até que podia ser vista como sortuda.

No entanto, como filha, ela havia sido abandonada pelos próprios pais.

Tigui assentiu com a cabeça e concordou com Wendy.

— Verdade, eles são melhores. A mãe trabalha na Área de Fornos, e o pai é um pedreiro na equipe de construção. Eles só ficaram sabendo do que aconteceu com Sharon depois que terminaram o expediente, mas assim que eles ouviram a notícia, correram pra cá imediatamente, sem nem mesmo jantarem. Pelo rosto deles, posso afirmar que eles realmente se importam com a garota.

Wendy sorriu e disse:

— Parece que eu estava certa ao trazer essa caixa cheia de comida comigo. Você pode me levar pra onde Sharon está?

Tigui passou a mão na barba e disse:

— Claro, por favor, siga-me.

Após a reestruturação e a expansão, o hospital agora possuía um departamento próprio de internação, mas apenas alguns pacientes ficariam aqui, já que Nana e Lily podiam curar rapidamente a maioria dos pacientes na Cidade de Primavera Eterna.

Ao considerar que a influência da Igreja ainda pudesse existir, Roland havia pedido que Sharon permanecesse no hospital. Ele não sabia ao certo se todas as pessoas que haviam imigrado de outros cantos do Reino de Castelo Cinza conseguiriam aceitar as bruxas como iguais. Ao mantê-la no hospital, pelo menos, ele garantiria que ela não ficasse sem casa ou fosse machucada pela própria família.

Tigui e Wendy se dirigiram à ala de recuperação. Tigui abriu a porta gentilmente e acenou para Nana, que estava ao lado da cama de Sharon.

— É hora de jantar. Você pode conversar com a sua amiga depois.

— Ela não vai jantar com a gente? — Nana perguntou, surpresa. Em seguida, ela viu Wendy e disse: — Irmã Wendy. Você também veio.

Wendy sorriu e levantou a caixa, dizendo:

— Eu trouxe o jantar dela.

Nana disse:

— Ah, entendi. Conversem primeiro então. Mais tarde eu volto. — Ela se despediu de Sharon e saiu da ala de recuperação com o pai dela.

Wendy se aproximou da cama e colocou a caixa em cima da mesa de cabeceira. Em seguida, ela virou o rosto e se deparou com os olhos de Sharon. A nova bruxa olhava para ela, com um rosto que transbordava curiosidade. Wendy perguntou:

— Como se sente ao se tornar uma bruxa?

A garota tinha um rosto infantil e cabelo rosado. Era uma cor de cabelo rara no Reino de Castelo Cinza e parecia um botão de rosa. Wendy tinha certeza que essa garota se tornaria ainda mais bonita com o passar do tempo. Ela já conseguia imaginar o quão extraordinariamente linda Sharon seria quando fosse adulta.

Sharon respondeu:

— Eu sinto que algo entrou no meu corpo… A Senhorita Nana me disse que foi o poder mágico. — Ela franziu os lábios e continuou: — A senhora é uma bruxa também? Sempre dói assim na primeira vez? Na segunda vai doer menos?

Embora a segunda e terceira pergunta dela pudessem causar uma certa ambiguidade, Wendy sabia exatamente o que a garotinha estava querendo dizer.

— Sim, eu sou uma bruxa. Você pode me chamar de Wendy. A dor que você sentiu é consequência direta do “despertar”, toda bruxa sente a mesma coisa quando desperta, mas só acontece uma vez, então fique tranquila. Se você treinar seu poder mágico, ele se tornará parte de você, como seus braços e pernas. — Com essas palavras, Wendy abriu a caixa e colocou os pratos de comida, que estavam bem quentinhos, em cima da mesa de cabeceira.

Sharon engoliu a saliva duas vezes para não babar, mas não conseguiu impedir seu estômago de roncar.

Ela corou de vergonha.

— Você está com fome? — Wendy sorriu e imediatamente colocou a sopa de cogumelos shimeji na frente da garota.

Pedaços de cebolinha flutuavam no caldinho amarelo da sopa. O óleo na superfície do caldo cintilava. O cheirinho da carne fazia com que a sopa ficasse ainda mais tentadora.

Wendy havia aprendido esse truque com Roland, que gostava de realizar banquetes para acolher bem as novas bruxas.

Sharon assentiu com a cabeça vigorosamente.

Wendy disse suavemente:

— Tome um pouco de sopa para aquecer seu estômago primeiro, depois você pode comer outra coisa.

Logo a garotinha começou a devorar o jantar, e até mesmo Wendy sentiu um pouco de fome ao ver isso.

Wendy perguntou:

— Onde está sua amiga? Ela foi pra casa?

Sharon disse enquanto devorava a comida:

— Não sei… Talvez sim.

Wendy ficou surpresa, dizendo:

— Ela não veio ver você?

— Não… — Sharon balançou a cabeça. — Ela provavelmente não confia em mim completamente. Afinal, eu também sou do Território Sul, assim como aqueles estudantes que perturbaram ela.

Wendy ficou atônita.

— O quê? Você é do Território Sul?

— Sim. — A garotinha enfiou outro pedaço de cogumelo shimeji na boca. — Vila Flor do Bordo, uma pequena vila perto da Cidade da Águia… mas agora esse lugar se encontra inabitável.

Wendy exclamou:

— Eu pensei que você fosse do leste, assim como ela, e que por isso você decidiu ajudá-la.

— Então eu não deveria ajudá-la só porque somos de regiões diferentes? — Sharon piscou os olhos e disse seriamente. — As brigas entre os nobres obviamente não têm nada a ver com ela. Aqueles garotos só queriam encontrar um motivo para perturbá-la. Não importa de onde a gente venha, o errado é o errado. Se eu não tivesse tomado a frente para detê-los, ninguém corrigiria aquele erro.

Wendy ficou sem palavras por um tempo, perdida em pensamentos.

Vossa Majestade, você se preocupou à toa. Essa garota não precisa que eu a conforte. Só de olhar para o rosto dela, eu consigo perceber o quão decidida ela é.


Comentários

0 0 votos
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar