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Release that Witch – Capítulo 787

Rumo ao Novo Mundo

Roland ficou em silêncio.

Phyllis estava certa. Para Roland, sensações eram coisas tão naturais que ele quase as enxergava como elementos inerentes do mundo. Quanto ao Mundo dos Sonhos, que era bizarro e complexo, Roland o via como um mundo fictício criado por sua imaginação. Para Phyllis, no entanto, este mundo era o paraíso. Era a luz no fim do túnel. Algo que ela faria de tudo para ter.

Se a entrada de Phyllis neste mundo realmente havia sido um acidente, ela provavelmente perderia algo além da compreensão de Roland. Porém, se a dor fosse a única coisa que Phyllis poderia sentir neste mundo, essa seria uma realidade muito cruel para ela.

Roland suspirou. No fim, ele segurou a mão de Phyllis e disse:

— Entendi. Então de noite a gente tenta voltar pro Mundo Real, tá bom?

48 horas no Mundo dos Sonhos equivalia a aproximadamente 12 horas no Mundo Real. Ou seja, ele acordaria um pouco mais tarde caso ficasse no Mundo dos Sonhos até de noite[1]. Esse tempo extra, no entanto, permitiria que Phyllis tivesse uma experiência completa neste mundo novo.

— Obrigada, Vossa Majestade… — Phyllis se levantou novamente e colocou a mão no peito, uma saudação normalmente realizada por integrantes da Aliança. — Eu agora entendo por que a União das Bruxas apoia totalmente o senhor.

Roland estava prestes a responder quando de repente alguém bateu na porta. Ele ouviu a voz de Zero do lado de fora:

— Eu fiz chá. Vocês querem um pouco?

Isso não faz o menor sentido. — Roland pensou. Normalmente, Zero desapareceria por um bom tempo quando estava irritada. Ela definitivamente não esquentaria água e faria chá. — O que essa diabinha tá aprontando agora?

Roland abriu a porta, com as sobrancelhas franzidas, e viu que não havia nada nas mãos de Zero. A garotinha olhou para Roland e, em seguida, enfiou a cabeça dentro do quarto. Ela observou Phyllis meticulosamente, com os olhos atentos.

— Ei, cadê o chá?

— Na sala de estar. Vá lá pegar. Tá pensando que eu vou te servir? — Zero deu um “humpf”. — A propósito, não façam mais esses barulhos estranhos. Vocês estão atrapalhando minha concentração. Não consigo fazer o meu dever de casa. — Com essas palavras, ela foi embora, furiosa.

Ah… Então foi por isso… — Roland balançou a cabeça, sem palavras. — As crianças de hoje em dia são muito espertas. No meu tempo de criança, com certeza eu teria pensado que alguém estava passando mal e chamaria a ambulância, em vez de ter essas ideias inapropriadas.

Roland deu de ombros e fechou a porta.

— Não ligue pra ela. Uma criança nascida nos anos 2000 é assim mesmo. Afinal de contas, é uma época diferente.

Phyllis pareceu bastante confusa, perguntando:

— Anos 2000? Época diferente? E esse nome, “Zero”, não me é estranho. Ela é o que do senhor?

— Apenas uma “colega de quarto”. — Roland explicou a Phyllis, sem dar muitos detalhes. Algumas perguntas ele simplesmente ignorou.

Embora Roland tivesse contado a Phyllis sobre a Batalha das Almas, ele não havia dito que essa garotinha era a ex-papisa da Igreja. Zero havia iniciado uma nova vida no Mundo dos Sonhos. O passado dela agora era história. Roland não queria conectar Zero com o Mundo Real novamente.

Phyllis mordeu o lábio e disse:

— Entendi. Bem… Por favor continue. Você pode usar outros métodos. Vou tentar ficar quieta desta vez.

Roland colocou a mão na testa, não sabendo se achava isso engraçado ou triste.

Ela ficou viciada em dor agora? Tem tanta coisa boa neste mundo. Ela não precisa ficar sentindo dor toda hora.

— Bem… — Roland tossicou (limpou a garganta). — Já que você veio pro Mundo dos Sonhos, deixe-me te levar pra dar um passeio.

— Eu posso sair? — Phyllis perguntou, surpresa. — Eu sei que este lugar é muito diferente da Cidade de Primavera Eterna, mas… se alguém notar minha presença, o senhor não terá problemas?

Phyllis claramente havia notado o quão diferente era este mundo, mas, evidentemente, ela achava que as pessoas deste lugar agiriam da mesma forma que as dos Quatro Reinos, onde as bruxas eram repudiadas pela massa. Ela acreditava que pessoas diferentes sempre estariam sujeitas à discriminação ou perseguição.

Roland sorriu para ela, dizendo:

— Saiba de uma coisa, bruxas com certeza seriam celebridades aqui, neste mundo. Ser diferente não fará as pessoas te odiarem, muito pelo contrário, você terá muitos fãs que te admirarão. Claro, tudo isso sob a premissa que você não viole as leis.

— Ve-Verdade? — Phyllis ficou alegre. — Tem tavernas e pousadas por aqui também?

Ainda sorrindo, Roland respondeu:

— Você quer saborear os melhores vinhos e pratos deste mundo? Tem mais comidas e bebidas do que você pode imaginar.

Então o plano original dela era ficar aqui sentindo dor constantemente? — Embora essa ideia sadista de torturar uma dama soasse um pouco excitante, Roland achava que isso o levaria a fazer algo muito errado. — Essa foi por pouco! Quase cometi um grande erro.

— A propósito, já que você está em seu corpo original, você ainda consegue usar seu poder mágico?

— Ah… Eu quase me esqueci disso. — Phyllis exclamou em voz baixa. — Deixe eu tentar.

Ela fechou os olhos e prendeu a respiração. No entanto, passou-se alguns segundos e nada aconteceu.

— Não funciona?

— Funciona sim… Eu consigo sentir meu Ciclone Mágico. Só que estou um pouco enferrujada, já que faz séculos que não invoco minha habilidade. — Phyllis respondeu, um pouco constrangida. — Espere um momento… Já está vindo.

Logo em seguida, garras negras e esqueléticas cresceram das costas de Phyllis. À primeira vista, pareciam asas esqueléticas e demoníacas.

Roland esfregou o queixo, dizendo:

— Isso é…

Phyllis suspirou.

— Eu as chamo de Garras Laminadas. As garras são retráteis e podem se esticar bastante. Elas são muito mais afiadas que as lâminas de ferro. Quando eu lutei contra o Exército de Demônios, essas garras me protegeram dos ataques que vinham de trás e me ajudaram a enfrentar os Demônios Seniores.

— Então você era uma bruxa combatente?

— Isso mesmo. Na era de Taquila, eu exercia a função de guarda das Três Líderes. — Phyllis parou por um instante, mas logo continuou. — Mas tem uma coisa que eu não entendo. De acordo com a pesquisa conduzida pela Sociedade Expedicionária, o poder mágico se origina da Lua Sangrenta. Então por que o poder mágico também existe no seu Mundo dos Sonhos?

Roland deu de ombros, dizendo:

— Embora tenha sido criado pela minha imaginação, este mundo provavelmente tem alguma coisa a ver com a Lua Sangrenta. Eu ainda estou tentando descobrir. Depois eu te conto os detalhes. Já que decidimos voltar pro Mundo Real à noite, é melhor não desperdiçarmos nosso tempo aqui.

— Sim, Vossa Majestade! — Phyllis respondeu com ânimo.

Já que era sábado, Roland decidiu levar Zero com eles. Caso contrário, a garotinha iria odiá-lo pelo resto da vida.

— Ah sim. Você não precisa me chamar de “Vossa Majestade” neste sonho. Só me chame de Roland. Não há rei nesta era.

— Bem… Neste caso, perdoe minha insolência.

Roland não sabia se era só impressão, mas Phyllis parecia respeitá-lo mais agora, um respeito que não era fingido. Foi aí que Roland notou que essa invasão acidental de Phyllis poderia ter seus benefícios.


[1] – Roland acorda muito cedo no Mundo Real, e aparentemente ele foi dormir muito tarde com Anna. Se ele sair do Mundo dos Sonhos à noite, sendo que ele chegou de manhã bem cedo, terá passado em torno de 4 a 5 horas no Mundo Real. Por isso ele fala que vai acordar um pouco mais tarde que o normal.


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