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Release that Witch – Capítulo 807

Por Entre as Ruínas

Ao mesmo tempo, a pele do “ovo” murchou, e um “Verme Gosmento” começou a escalar a parede da caverna. Mesmo com gosma saindo de sua pele, o verme se movia rapidamente[1].

Mas Rouxinol foi muito mais rápida.

Ela de repente desapareceu no Mundo da Névoa e correu pelo teto da caverna, tão ágil quanto era no chão. Em seguida, ela apareceu na frente do verme, bloqueando o caminho dele. Antes de cair, ela fincou a adaga na cabeça do verme, empalando-o na parede da caverna.

O “Verme Gosmento” se debateu por um momento, mas logo suas seis pernas caíram sem vida. Ele estava morto.

Nesse momento, Raio finalmente notou que o “ovo” na verdade era a barriga do “Verme Gosmento”. Com sua cabeça e pernas enterradas nos pedregulhos da caverna, sua grande barriga fez parecer que era um ovo.

O corpo do verme não combinava em nada. A parte da frente dele parecia uma formiga gigante, com um comprimento de meio metro. Sua parte de trás, ou melhor, sua barriga, que antes envolvia o Demônio Frenético, era grande o suficiente para acomodar três barris gigantes.

— O demônio nasce da barriga dessa coisa? — A garotinha perguntou, surpresa.

— Nunca ouvi falar de algo assim. — Agatha agachou-se e analisou o demônio minunciosamente sob a luz da Pedra Mágica. — Esse Demônio Frenético… é um adulto. Olhem pro braço direito dele. Essa cicatriz foi causada pela inserção de uma Pedra Mágica. Além disso, esse braço direito é maior que o esquerdo, indicando que ele costumava atirar lanças constantemente com poder mágico.

— Então onde tá a Pedra Mágica?

— Não faço ideia. Provavelmente foi levada.

Impaciente, Elena falou:

— Sabemos que esse verme engoliu o demônio e estava digerindo ele. Talvez a pedra também tenha sido digerida pelo verme, ou, sei lá, foi perdida durante algum confronto que não sabemos. Isso faz sentido, né? Certo, agora vamos esquecer esse verme nojento. Encontrar Fran é mais importante.

Engoliu o demônio? — Raio questionou em silêncio. — A boca desse verme não é grande o bastante nem pra engolir um ser humano, quanto mais engolir um Demônio Frenético, que tem quase três metros de altura.

— Isso é estranho… — A voz de Rouxinol veio do vazio. — Ele obviamente tá morto, mas por que o poder mágico dele não dissipou até agora?

— O quê? — Agatha ficou surpresa. — Você se refere ao demônio?

— Sim. O poder mágico dele tá tão fraco que é quase imperceptível. Eu só percebi quando ele saiu da barriga do verme. Mas ele com certeza tá morto. A julgar pelo nível de decomposição da pele, posso assegurar que ele morreu de dois a três dias atrás. — Confusa, Rouxinol continuou a falar: — Pelo que eu sei, ou achava que sabia, é impossível que o poder mágico resida em coisas mortas. Não é?

— Se o que você está dizendo é verdade, isso realmente é muito estranho. — Zoe assentiu com a cabeça. Após fazer um corte com a espada na parede da caverna para marcar o local, ela continuou: — Seria bom levarmos esses dois corpos para investigarmos mais a fundo. Mas não agora. Vamos achar Fran primeiro.

Conforme caminhavam, elas se depararam com mais “Vermes Gosmentos”. Nem todos se enterravam nas rochas da caverna; alguns podiam ser vistos perto da margem do rio subterrâneo, e outros em meio aos inúmeros cogumelos.

Experientes, as bruxas agora só atingiam as partes vitais dos “Vermes Gosmentos” ou decepavam a cabeça deles, que ficava enterrada debaixo da terra. Ao cortarem a barriga desses vermes, elas descobriram que não havia apenas Demônios Frenéticos lá dentro; também havia Demônios Temíveis e até mesmo corpos humanos.

Isso espantou as bruxas.

Para além da Área Fronteiriça, não havia moradias humanas. Então como os Vermes Gosmentos haviam conseguido caçar os humanos?

Será que eles entraram na Cidade de Primavera Eterna sem percebermos? — Raio pensou.

Foi neste momento que Rouxinol de repente alertou:

— Detectei uma reação mágica logo à frente! Esperem, não… Aquela é… Fran?

— Onde? — Elena não avançou. Ela entrou em formação de combate com as outras Bruxas da Punição Divina, que seguravam suas espadas, atentas.

Raio sabia que, no Mundo da Névoa de Rouxinol, tudo era preto e branco e que os objetos eram constituídos de linhas distorcidas, exceto o poder mágico, que possuía cores vibrantes. Era por isso que Rouxinol conseguia ver tudo nessa caverna.

— Duzentos metros à frente… Cerca de quatrocentos passos. Parece que Fran tá presa em algo. — A voz de Rouxinol se distanciou cada vez mais, quase sendo abafada pelo barulho do rio subterrâneo. — Não consigo ver o que é… Eu vou primeiro… Me esperem aqui!

Momentos depois, dois disparos foram ouvidos.

PÁ! PÁ!

O barulho dos disparos foi bem forte, provavelmente porque elas estavam no subterrâneo. As Bruxas da Punição Divina se entreolharam e começaram a avançar enquanto mantinham a formação. Raio foi a mais rápida. Ela voou por cima das outras, indo na direção de onde vieram os disparos, enquanto segurava um revolver.

Felizmente, o pior não havia acontecido. Logo, Rouxinol apareceu segurando uma Pedra da Luz e guiou as outras bruxas até o local.

No chão havia dois monstros com garras que mais pareciam foices. Os dois disparos de antes haviam acertado a cabeça dessas duas criaturas, e sangue azul escorria pelo chão.

— São essas as bestas demoníacas que você falou que podem ficar invisíveis? — Flutuando, Raio perguntou.

— Sim, mas não importa o quão habilidosas elas sejam, elas não podem escapar dos meus olhos. — Rouxinol guardou o revolver, aproximou-se de Fran, que estava presa, e perguntou: — Não é mesmo, Fran?

Fran se contorceu e tentou falar algo, mas parecia que a boca dela estava grudada.

Rouxinol notou que ambos os lados do Verme Devorador estavam grudados numa espécie de gelatina branca, que colava o corpo de Fran fortemente ao chão. A boca gigante de Fran também estava bloqueada. Além disso, o corpo forte dela estava cheio de ferimentos e hematomas. Aparentemente, esses ferimentos haviam sido causados pela queda.

Além disso, para a surpresa de Rouxinol, havia mais de um verme gigante. Outros dois Vermes Devoradores estavam deitados quietamente no chão, como se estivessem em sono profundo.

— Isso é… — Um palpite de repente passou pela mente de Raio. Ela rapidamente pousou e, com os pés, retirou um pouco do musgo no chão. O que apareceu foi uma pedra de ardósia, parecida com aquelas usadas para pavimentar o chão das ruas. Ou seja, esse era um trabalho de uma civilização inteligente. Em outras palavras…

— Oh? — Rouxinol assobiou. — Legal! Parece que encontramos a…

— A lendária ruína subterrânea das Montanhas Nevadas! — Raio disse, animada.

— O que aconteceu? — As outras chegaram, uma após a outra.

Para não afrouxar a formação, as Bruxas da Punição Divina aproximaram-se lentamente. Na liderança estava Elena, como sempre. Raio a enxergava com novos olhos agora.

— Encontrei Fran… e mais dois monstros que pareciam querer devorá-la. — Rouxinol explicou rapidamente. — Fran está bem, mas tá presa no chão. Nós já estamos nas ruínas subterrâneas, o que indica que os inimigos estão por perto. Vamos tirar Fran daqui o mais rápido possível e chamar o Primeiro Exército para montar postos de vigilância.

Elena assentiu com a cabeça, puxou a espada pesada que estava embainhada em suas costas e, de forma precisa e rápida, cortou o grude que prendia Fran ao chão e que a impedia de falar. Quando a boca gigante de Fran recuperou a liberdade, todas a ouviram murmurar as seguintes palavras:

— Não olhem para cima!

Mas quando Raio ouviu isso, ela subconscientemente levantou a cabeça.

Era muito escuro lá em cima; nada podia ser visto de primeira. Naquele local, a caverna se estendia para cima, criando um enorme espaço em forma de redoma. A Pedra da Luz conseguia iluminar apenas um espaço limitado do chão, não oferecendo uma visão detalhada do topo.

Mas logo em seguida, Raio sentiu todos os cabelos de seu corpo se arrepiarem.

Naquela escuridão, apareceu um olho vermelho, logo dois, três, quatro…

Ela não conseguiu contar quantos olhos a encaravam naquele momento. Ela viu aquelas dezenas de milhares de olhos, como estrelas escarlates, que, juntas, assumiam uma forma que a fez lembrar da Lua Sangrenta.


[1] – Usei o termo “Verme Gosmento” para diferenciá-lo de “Verme Devorador”. Não se confundam.


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