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Release that Witch – Capítulo 836

Sinais de Mudança

Apesar dessas condições, os comerciantes dos Fiordes acabaram aceitando esse método de seleção. Todos sabiam que, se decidissem desistir do negócio agora, os outros se aproveitariam e aumentariam suas quotas. Mal podendo esperar para se tornarem os distribuidores desses produtos exclusivos, eles não se importavam com essa pequena desvantagem.

E eles também não podiam negar que o que Roland disse era verdade. As unidades que eles haviam levado antes, apesar da notável diferença de sabores, eram bem superiores a qualquer outra bebida disponível no mercado. Então a diferença estava principalmente nos ganhos. Já que todos eles eram responsáveis pelas vendas em regiões diferentes, a possibilidade de competição era quase inexistente.

Roland ria por dentro enquanto observava Gammon e os outros indo para lá e para cá, avaliando os barris. Alguns cheiravam bem de perto e outros até mesmo tentavam ver se havia um pingo da bebida no chão para checar a cor. Embora os barris parecessem normais por fora, o interior era revestido por uma membrana feita por Soraya. Isso isolava completamente o ar fora e dentro do barril, não deixando o aroma escapar.

Ao ver que os comerciantes estavam ocupados escolhendo as Bebidas Caóticas, Roland silenciosamente puxou Margarete para um canto e sussurrou:

— Os barris em ambos os lados do número 10 e 24 são bem saborosos. Eu, pessoalmente, gosto muito deles.

Margarete pareceu surpresa.

— Vossa Majestade…

— Considere isso como um presente. — Roland disse com um pequeno sorriso. — Se não fosse pelo primeiro grupo de comerciantes que você trouxe, a Região Oeste ainda estaria dois ou três anos atrasada economicamente e estruturalmente. Embora essa não tenha sido sua intenção no início, a cidade ainda colheu frutos, então essa recompensa não é nada. — Ele parou e disse. — Mas claro, só farei isso desta vez. Afinal, se eu te revelar os trunfos toda vez que você vier aqui, os outros com certeza vão ficar desconfiados.

Roland falou a verdade. Naquela época, os motores a vapor eram complicados e difíceis de operar, sendo indicados simplesmente para drenagem e trabalho de transporte. Também não havia muitas vias de comércio na Região Oeste. Se Margarete não lhe tivesse apresentado os comerciantes de minérios da Cidade da Prata, abrindo uma rota de comércio ampla e rentável, o desenvolvimento inicial teria sido mais difícil.

Sem falar que a Câmara de Comércio de Margarete era responsável pelas vendas na área do Reino de Castelo Cinza, então monopolizar o mercado local com produtos de alta qualidade também era uma boa ideia, só dessa vez.

— Nesse caso aceito seu presente. — A comerciante não fez cerimônias. Quando lidava com pessoas, ela realmente se parecia com Trovão, que era sempre alegre, generoso e sincero. Após saudar Roland rapidamente, Margarete riu e disse: — Já que eu recebi um presente seu, também tenho que dar algo em troca. Que tal uma informação?

— Como assim? — Roland perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— O primeiro grupo de comerciantes que o senhor mencionou agora, que inclui meu velho amigo Hogg, planeja visitar a Região Oeste em breve. — Ela abaixou a voz e disse. — Mas, pela carta que ele me enviou, parece que dessa vez ele não virá sozinho. As máquinas a vapor que o senhor vendeu causaram uma grande sensação na Região Central do reino, e quase todos os comerciantes de minério estão agora querendo comprar esse novo sistema de transporte por trilhos. Então se prepare. Daqui a mais ou menos seis meses, suas fábricas estarão bastante ocupadas.

— Verdade? — Roland ficou surpreso, mas logo sorriu e assentiu com a cabeça. — Essa é uma notícia digna de se celebrar.

No entanto, só Roland sabia o verdadeiro valor dessa notícia.

Esse dia finalmente chegou. — Ele pensou.

Nos últimos dois anos, ele havia vendido aproximadamente cem máquinas a vapor, das quais apenas 30% pertenciam ao reino. Quando as Indústrias do Reino de Castelo Cinza foram criadas, a produção mensal não passava de duas ou três unidades. Essa produção mal podia suprir a demanda de seu próprio território, mas ele ainda assim vendia uma parte para a Cidade da Prata. E esse esforço estava rendendo frutos agora.

Uma fonte de poder tão escassa quanto essa seria quase insignificante para a revolução industrial, mas era um sinal de mudança que evoluía o trabalho manual para a maquinaria, estabelecendo uma nova forma de produção. Quando todos notassem o poder dessa nova fonte de energia e quisessem seguir o fluxo, a mudança começaria.

Roland acreditava que essa mudança baseada em lucro, inovação e interesses seria quase impossível de parar. Seus efeitos fariam o mundo entrar numa era completamente nova.

Atualmente, a Cidade de Primavera Eterna não era mais como antes. Hoje, a produção diária num parque industrial era o equivalente a um mês de produção no passado. Quando as fábricas adotassem o sistema de três turnos, com carga horária de oito horas, a produção aumentaria ainda mais. Além disso, um grande número de aprendizes, que haviam recebido a educação básica primária, constantemente transformavam-se em trabalhadores profissionais. Eles nunca haviam tocado num martelo ou forjado uma espada, mas haviam aprendido a operar e realizar manutenção em máquinas. Máquinas essas que produziam peças para construir outros tipos de máquinas.

Com essa notícia de Margarete, Roland previu que esse momento não estava tão longe de chegar.

Dois dias depois, os comerciantes dos Fiordes partiram da Cidade de Primavera Eterna com seus lotes de Bebidas Caóticas, e Barov entrou animadamente no escritório de Roland com uma pilha de papéis.

A julgar pelo sorriso no rosto do Diretor da Prefeitura, Roland soube que os resultados desta vez haviam sido excepcionais.

No entanto, ao pegar os papéis que continham as estatísticas, Roland não focou nos ganhos econômicos, mas sim prestou atenção nos “recém-chegados”.

De acordo com o contrato firmado na última reunião, a Ilha do Sol Poente e a Ilha da Água Rasa forneceriam trezentos artesãos em troca dos navios a vapor, que seriam entregues num prazo de cinco anos. A Baía Lua-Crescente havia sido muito mais direta, usando duas mil pessoas e cinquenta mil moedas de ouro para comprar um navio de aço, sem velas. Embora essas Câmaras de Comércio buscassem o conhecimento tecnológico para a construção desses navios, Roland não se importava com isso. Muito pelo contrário, ele considerava isso como uma moeda de troca. Contanto que estivessem dispostos a deixar o pessoal deles na Cidade de Primavera Eterna, Roland não apenas lhes passaria as técnicas e métodos de construção, como também os desenhos dos projetos.

No entanto, os comerciantes se esforçaram bastante desta vez. De acordo com as estatísticas de Barov, o número de artesãos trazidos pelas Câmaras de Comércio dos Fiordes havia sido 10 a 20% maior que o combinado. A maioria deles eram trabalhadores com vários anos de experiência na construção de navios e carpintaria. Portanto, a intenção deles era óbvia. A Cidade de Primavera Eterna não proibia que suas habilidades técnicas fossem aprendidas por outras cidades. Isso significava que, quando o contrato terminasse, tirando aqueles que ficariam na cidade como parte da transação, esses 10 a 20% de trabalhadores que eles haviam mandado a mais voltariam para os Fiordes munidos de todas as técnicas aprendidas na Cidade de Primavera Eterna.

Infelizmente, os comerciantes não entendiam os termos técnicos dessa nova era.

Roland sorriu. Os comerciantes dos Fiordes logo descobririam que, se quisessem produzir seus próprios navios a vapor, eles teriam que comprar materiais brutos, equipamentos, além das partes importantes e componentes feitos exclusivamente na Cidade de Primavera Eterna… No final, eles só se tornariam mais dependentes do Reino de Castelo Cinza, tipo aqueles países pequenos sem capacidades industriais completas que existiam no Mundo Moderno[1].

Roland pegou a pena de escrever, desenhou um círculo ao redor do número total de artesãos e devolveu os papéis estatísticos para Barov, dizendo:

— Chame Karl Van Bate e ajude os recém-chegados a se acomodarem na cidade. Juntos, vocês formularão um plano financeiro baseado no que o parque industrial está fazendo neste momento. — Roland disse. — Temos que construir mais fábricas.


[1] – Uma indireta pro meu Brasil, Roland?


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1 ano atrás

Eu também senti a indireta, mano. Kkkkk

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