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Release that Witch – Capítulo 838

Um Dia Especial

Quando o céu ainda estava clareando, Espadim já estava completamente acordada.

Ela se levantou, caminhou até a janela e a abriu. A brisa refrescante da manhã de repente entrou no quarto, trazendo consigo a frieza da neve derretida com a fragrância da primavera. O céu azulado ainda não estava completamente iluminado, mas pelas nuvens dispersas, dava para notar que hoje seria um ótimo dia.

Após trocar de roupa, ela foi até a sala de estar e viu que uma bandeja cheia de nozes torradas e uma panelinha de sopa de verduras já estavam em cima da mesa, postas para quatro pessoas. Entre as quatro bruxas, Annie era a que se levantava mais cedo, e não apenas ela era a primeira a tomar banho, como também ocasionalmente fazia o café da manhã.

Depois que se juntaram oficialmente à União das Bruxas, elas se mudaram para a Casa das Bruxas e agora podiam lanchar a qualquer hora que quisessem no castelo, mas Annie ainda preferia fazer o próprio café da manhã às vezes. No primeiro mês, após receber o salário, Annie foi até o Mercado de Conveniências comprar materiais e ingredientes de cozinha, como lenha, manteiga e sal. Ela também ia para a floresta toda semana, coletar algumas frutas silvestres e vegetais.

Espadim, curiosa que só, havia perguntado por que Annie fazia isso, e a resposta de Annie foi simples: “Sobreviver é uma habilidade, e se não a praticarmos por muito tempo, corremos o risco de esquecer. Se um dia precisarmos fugir de novo, quem garantirá nossa sobrevivência?”

Espadim não entendia por que Annie exagerava tanto quando se tratava de fugir. Mas por ora, provar algumas frutas de vez em quando não era ruim.

— Bom dia. — Espadim se sentou à mesa e pegou algumas nozes torradas. — Você vai pra fábrica hoje?

— Sim. — Annie assentiu com a cabeça, terminando de tomar o resto da sopa na tigela. — Tem alguns objetos que os trabalhadores não conseguem tocar por serem muito quentes. Nem as máquinas conseguem conectar aquelas coisas gigantes. Elas só podem ser conectadas por pequenos pedaços de ferro, que depois devem passar pelo processo de solda. A Senhorita Anna fazia isso antes, mas agora essa é a minha responsabilidade.

Pela voz de Annie, Espadim conseguiu sentir um ar de satisfação e conquista, o que provavelmente foi a mudança mais significativa desde que as quatro haviam chegado na Cidade de Primavera Eterna. A habilidade de cada uma delas não era mais inútil. Trabalhar para Sua Majestade e ser paga por isso era como um dever. A experiência de depender de si mesma em vez da caridade dos outros trazia uma sensação de renascimento. Ela acreditava que Annie sentia o mesmo, ou ela não levantaria tão cedo todos os dias e seria a primeira a ir para a fábrica, mesmo sem nenhuma pressão para sobreviver.

Mas hoje era um dia especial.

— Não se esqueça que hoje Salvadora…

— Eu sei. — Annie ficou séria. — Fique tranquila. Vou terminar tudo o que eu tenho que fazer lá no trabalho e voltar a tempo.

Espadim ficou mais aliviada.

— Ótimo. Ela vai se sentir mais tranquila com você por perto.

— Vou indo então. Até mais. — Ela se levantou e foi em direção à porta.

— Até mais. Vou ficar tomando conta de Salvadora.

— A água quente está na cozinha. O resto é com você. — Annie não falou muito e foi embora.

Após tomar o café da manhã, Espadim foi para a cozinha e pegou um balde de água quente. Ela entrou silenciosamente no quarto de Salvadora. Já que Salvadora havia perdido as pernas, ela ainda dormia com Annie mesmo havendo outros quartos disponíveis. Durante o dia, as outras três bruxas trocavam de turno para tomar conta dela. A Senhorita Iffy e a Lady Wendy também vinham de vez em quando para ajudar.

Entrando no quarto, Espadim ficou surpresa ao descobrir que Salvadora já estava acordada e sentada na cama. A bruxa observava calmamente a claridade que passava pela janela. O brilho leve de seu cabelo lilás e a cor branca de seu rosto lhe dava um aspecto extremamente sereno. E vendo isso, era difícil imaginar que, nesses últimos dias, essa bruxa linda estava passando por um tratamento brutal.

No entanto, Espadim rapidamente se recompôs e percebeu que Salvadora talvez não estivesse tão calma quanto aparentava estar. Talvez até tenha sido por isso que ela havia acordado tão cedo.

— Bom dia. — Espadim disse.

— Ah… Bom dia. — Salvadora respondeu como se tivesse sido pega de surpresa e disse com um tom de culpa: — Perdão por incomodá-la novamente.

— Isso não é nenhum incômodo. — Espadim disse, dando língua. — Todas ficam felizes em te ajudar. E talvez depois de hoje você consiga fazer isso sozinha.

De repente, os olhos de Salvadora se encheram de tensão, nervosismo, medo e animação… Depois de um tempo, ela conseguiu controlar as emoções e forçou um sorriso.

— Eu não sei se eu consigo… Eu esqueci completamente como se anda, até mesmo em meus sonhos, eu… — Ela mordeu o lábio inferior e continuou: — Talvez eu consiga apenas rastejar.

— Então você pode aprender do início. Não é um problema tão grande assim. — Espadim disse, colocando a mão no ombro de Salvadora. — Se até mesmo uma Bruxa da Punição Divina pode fazer isso, você também pode. Vamos, tente levantar suas pernas.

Salvadora respirou profundamente, tirou o cobertor e viu suas duas pernas finas, sem a parte dos pés. Dois meses atrás, essas pernas não estavam assim. As pernas dela, que haviam sido decepadas na altura dos joelhos, haviam ficado muito mais longas, quase na medida do tornozelo, e as cicatrizes terríveis haviam ficado muito mais sutis, quase que imperceptíveis. Essas pernas pareciam bem magras e frágeis, como se fossem quebrar a qualquer momento, mas pelo menos estavam bem melhores que antes.

Isso foi resultado de um esforço conjunto da União das Bruxas.

De primeira, Nana conseguia apenas curar pequenas feridas, como dedos decepados. Fazer um braço ou perna crescer novamente só foi possível depois que as quatro bruxas do Reino de Coração de Lobo se juntaram à União das Bruxas. Espadim havia seguido as instruções de Sua Majestade Roland e complementado Nana com sua habilidade de fortalecimento. Ao segurar Espadim em forma de espada, a habilidade de Nana avançava completamente, alcançando outro nível. Agora, até mesmo um cão de caça sem pata podia recuperar suas garras.

Essa nova descoberta trouxe um raio de esperança para a recuperação de Salvadora.

No entanto, o início do tratamento não foi nada fácil.

Primeiramente, a habilidade de cura de Nana só fazia efeito na ferida exposta, e as pernas de Salvadora já estavam cicatrizadas. Se quisessem recuperar as pernas dela, elas teriam que criar novos ferimentos na superfície. Segundo, mesmo com o fortalecimento de Espadim, o tratamento só podia ser conduzido por alguns minutos, o que indicava que o processo de recuperação teria que ser dividido em várias etapas. A combinação desses dois fatores representava um desafio formidável tanto para a curadora quanto para a paciente.

Salvadora tinha que sofrer dores repetidamente nas pernas, e Nana tinha que cortar as pernas várias vezes para fazê-las crescerem. Esse tratamento era complicado e problemático.

Felizmente, a Lady Wendy notou esse problema e mobilizou toda a União das Bruxas.

Espadim percebeu, pela primeira vez, que as bruxas se chamavam de irmãs, e isso não era apenas da boca para fora, pois elas realmente pareciam uma família. Isso fez Espadim refletir sobre si mesma. Apesar de elas quatro (Annie, Amy, Espadim e Salvadora) terem vindo do Reino de Coração de Lobo e se juntado à União das Bruxas há pouco tempo, elas não pareciam tão próximas umas das outras como essas bruxas de Primavera Eterna.

A Senhorita Ramos usou uma planta especial chamada Samambaia do Sono para cultivar ervas que, quando consumidas, fariam qualquer um dormir profundamente por horas. E não adiantava o que fizessem, a pessoa não acordava. Isso ajudou a aliviar o sofrimento de Salvadora.

Já a parte dos cortes foi conduzida pela Senhorita Anna. Com a Chama-negra afiada, a formação de uma nova ferida poderia ser feita imediatamente, e Nana precisava se preocupar apenas em usar a habilidade.

Por último, a Marquesa Speer Passi, a governante da Serra do Dragão Caído, também decidiu ficar na Cidade de Primavera Eterna por mais alguns dias por causa de Salvadora. As últimas seções do tratamento haviam sido conduzidas de forma bastante cautelosa. Os poderes mágicos de Nana quase se esgotavam todo dia para recuperar partes da perna que eram tão curtas quanto um dedo, mas que exigiam muito poder mágico por causa da complexidade da formação óssea. Se o poder mágico de Nana se esgotasse por completo, as feridas abertas poderiam se tornar letais. Portanto, o processo de recuperação acontecia de uma forma extremamente lenta. Mas com a ajuda da Marquesa Speer, que havia se juntado ao grupo recentemente, os últimos tratamentos haviam progredido de forma espetacular.

Se tudo corresse bem, ainda hoje, Salvadora recuperaria suas pernas por completo.


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