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Return of the Frozen Player – Capítulo 222

Até Logo (6)

Cento e oitenta e dois dias no goshiwon…

Skaya estava usando os telhados para voltar para o centro da cidade.

‘Ainda tem um monte…’

Ela ainda precisava se livrar de vários lixos na cidade. Skaya parou e olhou para baixo, cansada.

“Merda, é a Arquimaga!”

“Ela nos viu! Ataque!”

Os demônios escondidos na casa começaram a atacar. Espinhos dispararam na direção do telhado e explosões preencheram o ar.

“Acho que nós—” Um dos demônios começou a falar.

“Termine essa frase e eu vou te rasgar em pedaços.” Quando ouviu as palavras de seu companheiro, ele ficou quieto.

Através da fumaça das explosões, eles ainda podiam ver claramente a figura da maga.

“Merda! Ela ainda está viva!”

“N-Não matamos ela, mas acho que conseguimos causar um bom dano! Então…!”

“Desculpe por desapontar vocês, mas eu estou perfeitamente bem.”

Woosh!

Skaya acenou com sua mão e a fumaça foi assoprada para longe em um instante. O vento foi direcionado na direção dos demônios.

“Vai se foder… Sua velha…!”

“V-Velha? Isso me deixou fula.” [1]

“…?” Os demônios estreitaram os olhos, incapazes de entender o que ela tinha acabado de dizer.

“… As pessoas de hoje em dia não dizem isso?” Ela murmurou, frustrada. Seu humor piorou e sua magia ficou ainda mais feroz. O vento só estava empurrando os demônios para trás, mas seu comportamento acabou mudando rapidamente.

‘…!’

‘É-É muito forte.’

O vento começou a cortar suas roupas e peles. Os cortes começaram a se multiplicar, começando com um, dois, três, quatro… O sangue deles também começou a jorrar pelo ar e parecia mais brilhante do que o normal.

“Vou fazer vocês se arrependerem por terem me chamado de velha.”

“S-Se pedirmos desculpas, você vai nos poupar…?”

“Ridículo. É óbvio que vocês vão ter que pagar com as suas vidas.”

Então uma explosão ecoou…

Booooom!

Skaya explodiu a casa e a rua em que eles estavam. Fragmentos de ossos caíram do céu.

“Os dois morreram.” Depois de confirmar, ela pulou para cima de outro telhado e continuou sua busca. Seu sensor de magia havia detectado rastros de mais demônios.

“Sério, tem quantos deles nessa cidade?” Ela se perguntou em voz alta.

[Estão faltando dez. Já estamos quase acabando com a área do centro da cidade.]

“Que irritante. Eu queria terminar de limpar tudo na praia antes do Jun-Ho voltar.”

[Ainda temos 30 minutos, boa sorte.]

“Por que você não parece preocupado? Quantos matou até agora?”

[27.]

“… Você vai ver só.” Skaya só tinha matado 25 até agora, então acelerou o passo.


Duzentos e cinquenta dias no goshiwon…

“Eu o trouxe.”

“Hm, esse é o cara?” Um homem tremendo da cabeça aos pés foi forçado a se ajoelhar diante de Gu Shi-On. Ele não tinha conseguido cumprir as ordens da Associação dos Demônios. “Tch, você devia ter me ouvido desde o começo. Só deu mais trabalho para nós dois.” Gu Shi-On deu um tapa na bochecha do homem e reuniu sua magia.

“Pode passar as próximas duas semanas refletindo as suas ações.” Gu Shi-On começou a procurar por uma sala vazia para seu novo inquilino. “Hm?”

Seus olhos se estreitaram quando ele viu uma certa sala na janela do goshiwon. “… Ei.”

“Sim, Gu Shi-On-nim?” O membro do Esquadrão do Desespero se curvou educadamente.

“Que horas são?”

“17:40h, senhor.”

“…”

O rosto de Gu Shi-On ficou sombrio.

‘Tenho quase certeza de que coloquei Seo Jun-Ho naquela sala exatamente às 17h.’

Em vinte minutos, um ano teria se passado dentro daquela sala.

Mas de alguma forma, ele parecia perfeitamente bem.

‘Ou talvez não esteja?’

Seo Jun-Ho estava falando consigo mesmo. De vez em quando, algumas pessoas conseguiam aguentar esse longo período de tempo, mas ficavam meio loucas e começavam a criar pessoas imaginárias em suas cabeças, pois não conseguiam suportar a solidão.

‘Mas ao invés disso…’

Seo Jun-Ho parecia muito melhor do que ele esperava.

Gu Shi-On não entendia o motivo.

‘Mesmo sendo o Jogador que matou Pride, ele ainda deveria ser um novato.’

Nem mesmo Jogadores veteranos conseguiam durar um ano no goshiwon. Na verdade, eles raramente sobreviviam por sequer seis meses. Ou ficavam loucos antes disso ou tiravam suas vidas.

‘Então por que ele parece perfeitamente bem?’

Exceto pelo fato de que ele estava falando com um amigo imaginário, Seo Jun-Ho parecia perfeitamente normal. Apesar do goshiwon conseguir parar as mudanças físicas do corpo, a única coisa que não podia parar era a mudança do olhar em seus rostos.

‘Normalmente, as pessoas conseguem sobreviver por um mês…’

Mas quando percebiam que ficariam presas por um ano ao invés de um mês, a luz em seus olhos desaparecia. Depois de mal conseguir sobreviver por um mês, elas não conseguiam aceitar o fato de que teriam que passar pela mesma coisa por mais onze meses.

‘… Ele está me deixando ansioso. Eu devia pedir para prepararem uma emboscada para quando ele sair do goshiwon.’

Gu Shi-On não conseguia se livrar da sensação de inquietação em seu coração. “Me conecte com Porto Lane.”

“Sim, senhor.” O demônio franziu a testa quando se conectou telepaticamente com os outros. “… Capitão, algo não está certo.”

“O que é?”

“Eu perdi contato com todos os demônios enviados para o centro da cidade. Isso quer dizer que…”

Só podia significar uma dessas três coisas: um mago de alto nível havia destruído a linha de comunicação deles, os próprios demônios se desconectaram da linha ou…

‘Se não é nenhuma dessas duas, a única possibilidade é que eles estão todos mortos…’

Um total de 98 demônios tinham sido enviados para Porto Lane. Exceto por Pride e os membros do seu Esquadrão, os outros 80 tinham sido enviados para o centro da cidade para matar todos os cidadãos.

‘Mas todos os 80 foram mortos?’

O membro do Esquadrão mordeu o lábio, incapaz de dizer nada. Não importava o que realmente tinha acontecido, a Associação dos Demônios não ficaria feliz.

Gu Shi-On encarou o demônio aos seus pés. “… Você vai ficar por um ano.”

“H-Huh? Por favor… Gu Shi-On, me poupe por favor… Não fui eu que fiz isso!” O demônio lamentou enquanto era teletransportado para o outro mundo. Porém, Gu Shi-On continuou não se sentindo melhor. Ele virou sua atenção para a sala de Seo Jun-Ho.

“O que é esse desgraçado?”

Isso o deixava incomodado. Gu Shi-On esperava que Seo Jun-Ho se matasse, mas ele estava aguentando sem problema algum.

‘E…’

Sua habilidade era forte, mas possuía várias restrições. Uma delas era que ele não podia aprisionar a mesma pessoa duas vezes.

Porém, havia uma exceção.

‘Posso prender a pessoa de novo se ela concordar, mas ninguém é louco o suficiente para fazer isso.’

Em outras palavras, essa seria a primeira e última vez que Seo Jun-Ho ficaria preso no goshiwon.

Gu Shi-On cerrou os dentes. “Entre em contato com o Esquadrão. Diga para eles acelerarem o processo com o Leviatã.”

Já eram 17:43h. Só restavam 17 minutos até que Seo Jun-Ho pudesse sair.


364 dias no goshiwon…

“…”

Não havia nada na sala, nem barulhos ou interrupções. Seo Jun-Ho estava sentado na posição de lótus com os olhos fechados em um estado meditativo profundo.

[Você… Como pôde fazer isso comigo?!]

[Porque eu te amo! Eu fiz isso por amor!]

Enquanto isso, a Rainha Gélida estava deitada na cama, assistindo um drama com fones de ouvido.

“Huu…” Naquele momento, Seo Jun-Ho terminou sua longa meditação e lentamente abriu os olhos. Eles pareciam brilhar, iluminando brevemente a sala do goshiwon.

“Tu me assustaste!” A Rainha Gélida deu um pulo de surpresa e tirou os fones. “Estás acordado, Contratante?”

“Sim. Sinto como se tivesse acordado depois de um boa noite de sono.”

“Tu não caíste no sono enquanto meditava, não é?” Ela o acusou.

“Foi só uma figura de linguagem. É claro que não.” Seo Jun-Ho sorriu e se levantou. Ele tocou em seu Vita e assentiu. “Já se passaram 364 dias. Vamos conseguir sair daqui alguns minutos.”

“Este foi o ano mais longo da minha vida.”

“Mas não foi tão ruim.” Ele fechou suas mãos em punhos. Era difícil de dizer com palavras o quanto ele conseguiu aprender. “Acho que é por isso que me sinto um pouco triste por sair daqui.” Na verdade, ele queria que pudesse ficar preso ali por mais uns dois ou três anos. “Será que posso pedir para ele aumentar o tempo por mais um mês?”

“Contratante, isso não é um karaokê.” [2]

“… É, acho que é impossível.” As habilidades dos Jogadores não eram tão poderosas assim. Mesmo que a habilidade tivesse conseguido prendê-lo aqui por um ano, provavelmente possuía várias restrições.

‘O tempo provavelmente flui de forma diferente aqui e ele não deve conseguir usar consecutivamente.’

Era hora de voltar. Já fazia algum tempo desde que ele treinava assim e isso acabou trazendo memórias do passado. Mas Seo Jun-Ho não podia ficar aqui para sempre. Havia muitas pessoas que precisavam da ajuda dele e muitos demônios malditos à solta por aí.

“Espero… que a missão em Porto Lane ainda não tenha acabado.” Ele não estava preocupado com os dois demônios que deixou para trás. Ele confiava em seus amigos. Eles não eram pessoas fracas que precisavam de sua ajuda, eram companheiros que sempre protegiam suas costas. “E sendo honesto, eu quero lutar.”

Seu coração acelerou. Ele queria testar suas novas técnicas do mesmo jeito que uma pessoa testava uma nova espada. Seo Jun-Ho não conseguiu testá-las nesse goshiwon minúsculo, mas conseguiria fazer isso em uma área maior.

“Pensando nisso, aquele desgraçado disse ‘até logo’ para mim.” Ele sorriu. Gu Shi-On provavelmente só estava sendo arrogante, pois não achava que realmente fosse ver Seo Jun-Ho de novo.

‘Mal posso esperar para ver a expressão que ele vai fazer quando me vir de novo.’

Clack!

A porta do goshiwon que ficou trancada por um ano finalmente fez um som de clique. Seo Jun-Ho olhou para a pequena sala, sentindo como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros.

“A sala continua tão vazia como sempre.”

“Vamos. Não quero nunca mais voltar para este lugar.”

“Sim, vamos.”

Seo Jun-Ho agarrou a maçaneta com a Rainha Gélida ao seu lado.

Ele abriu a porta e a luz brilhante do pôr do sol ofuscou sua visão.


Gilberto franziu a testa.

‘Isso está sendo difícil…’

Ele e Skaya tinham conseguido se livrar de todos os demônios no centro da cidade. Depois disso, eles foram atrás dos demônios na praia que estavam lutando com um monstro irreconhecível. Havia 18 deles no total.

‘Os Esquadrões do Orgulho e do Desespero, não é?’ Os demônios faziam parte de um desses Esquadrões. Provavelmente era por isso que ele estava tendo dificuldades para acertá-los com suas balas.

‘Se só tivesse um ou dois deles como antes, eu poderia simplesmente atirar uma bala teleguiada…’

Mas havia mais do que dez inimigos poderosos e cada uma de suas habilidades conseguia bloquear os seus ataques. Assim que a bala saía de seu rifle, ela se tornava inútil.

‘Nem as balas silenciosas e nem as teleguiadas funcionam neles.’

Gilberto verificou quanto poder mágico ainda tinha. Sua expressão ficou determinada.

“Skaya, você está me ouvindo?”

[Sim, mas estou ocupada agora! Me ajude pelo menos!] Ela estava ocupada usando uma magia de voo por cima do oceano. Três membros do Esquadrão tinham recebido ordens para ir atrás dela, então eles não podiam abandonar a perseguição.

“Eu vou começar a usar balas mais fortes.”

[Espera, você consegue fazer isso? Por que eu sinto que nunca vi essas balas até agora?]

“… É que eu consegui uma arma nova.” Gilberto abaixou seu rifle e pegou o que Seo Jun-Ho havia dado a ele. Continuava tão leve quanto da primeira vez que o segurou em suas mãos. Mas diferente de espadas e lanças, o peso de uma arma não era o indicativo de sua força. “É a primeira vez que vou usar esse rifle em batalha, então não acho que vou conseguir controlá-lo completamente.”

Mas seria muito mais útil do que ficar sentado sem fazer nada.

“Tome cuidado. Já disse antes, mas é a primeira vez que uso essa arma.” Ele não sabia o quanto seu ataque seria destrutivo. Gilberto aproximou seu olho da mira e mirou no oceano. No fim do horizonte, os demônios pareciam com pequenas moscas.

‘Vou usar mais ou menos oitenta por cento de poder mágico.’

Mesmo sendo a primeira vez que usaria essa técnica, ele tinha que usar poder o suficiente para causar estragos. A maioria do seu poder mágico foi instantaneamente inserida na arma. Foi o suficiente para fazê-lo se sentir tonto e sua cabeça começar a girar.

“Ugh.” Gilberto se recompôs. Ele mordeu seus lábios tão forte que começaram a sangrar. Suas mãos trêmulas eventualmente voltaram a ficar firmes.

‘Preciso me manter parado…’

A única coisa que se movia era seu cabelo com o vento.

‘… Acalmar a minha respiração…’

Seria um grande erro assumir que um sniper possuía uma capacidade pulmonar pequena. Gilberto podia segurar mais ar em seus pulmões do que a maioria dos Jogadores.

‘E esperar…’

A arma estava tremendo levemente, mas não muito tempo depois, parou completamente. Ele parecia mais com uma estátua do que com um ser humano. Gilberto não piscou uma única vez enquanto esperava.

Ele estava esperando pela parte favorita de um sniper.

‘… que eles mordam a isca…’

Ele esperou pacientemente, como um pescador habilidoso esperando que o peixe mordesse a isca.

Click.

Gilberto puxou o gatilho.

A bala cinza desenhou um lindo arco no ar e silenciosamente disparou na direção do horizonte.


[1] Aqui ela usou uma gíria antiga, por isso que os demônios não entenderam o que ela disse.

[2] Nos karaokês é possível pedir para aumentar o tempo em que as pessoas podem ficar na sala.

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