Drip… Drip.
O som de algo caindo.
O Deus da Espada abriu os olhos ao som irritante. A máscara de leão que sempre estava sobre o rosto havia se perdido em algum momento.
“Onde estou?”
O Deus da Espada queria falar, mas apenas um gemido escapou. Ele estava sem forças. Desde o nascimento, ele era mudo, então ele não sabia como falar. Graças a isso, ele sempre sofreu bullying. Uma pessoa com deficiência só poderia sobreviver na Torre caso fosse forte e foi com esse objetivo que ele chegou onde chegou.
O Rei Marcial o havia notado e ele se tornou seu discípulo e graças a isso, no ponto alto de sua vida ele conquistou a habilidade ‘Discurso’. A habilidade que ele mais amava. No momento em que ele a conseguiu, ele chorou emocionado. Aquele foi o primeiro momento em sua vida em que ele havia derramado lágrimas. Após ganhar essa habilidade ele não sentia mais desconforto em ser quem era, mas agora… Como seu corpo estava totalmente danificado, assim como seu poder mágico, ele não podia mais a usar.
Era tão desconfortável não poder falar, que a sensação o fez relembrar seu passado. Ele juntou todas as suas forças restantes e ignorando a dor e a confusão, ele usou o Discurso.
[— Tem alguém aí?]
Ele falou com dificuldade, mas não houve resposta.
“Não tem ninguém aqui?”
O Deus da Espada se forçou a usar a habilidade novamente.
[— Tem alguém aí?]
Não houve resposta.
Ele fez uma careta.
Onde quer que fosse, seus subordinados sempre o seguiam como sombras. Mesmo cansados, eles sempre o seguiam. Sempre perguntando se ele estava bem ou precisava de algo. O Deus da Espada percebeu que algo estava errado. Suas estavam memórias dispersas, ele se lembrava de seus subordinados. Mesmo quando gravemente ferido, eles estavam com ele… Ele se lembrou do Deus da Lança correndo com ele nas costas…
“O que aconteceu depois disso?”
Sua cabeça doía como se tivesse sido mordida. O Deus da Espada franziu a testa. Como se dissesse que não deveria pensar em mais nada, sua cabeça se negava a pensar mais, dizendo-o para descansar.
Mas o Deus da Espada franziu a testa e forçou sua mente ainda mais. Estava claro que ele estava perdendo algo. Ele tinha que se lembrar.
Sua mente ficou mais clara e tudo começou a se encaixar como um quebra-cabeça.
A Rainha do Verão os perseguindo, o Dragão Vermelho, seus subordinados que se sacrificaram, morrendo nas chamas, a ilha em colapso e…
O Deus da Lança que o estava protegendo da melhor maneira possível, recebendo flechas e lâminas de todos os lados com um sorriso.
[— …!]
O Deus da Espada havia se lembrado de tudo. Ao abrir os olhos, tudo passou na sua frente como um panorama. Ele se viu sendo perseguido, mas não sabia o que havia acontecido depois. O Deus da Espada acabou usando a última gota de sua energia, teve um mau pressentimento…
Seu circuíto mágico destruído continuou a se mover.
Toda vez que acontecia, seu corpo se contorcia de dor, mas ele aguentou. Começando com os dedos, ele lentamente moveu metade de seu corpo. Movendo os braços, depois as pernas, o corpo começou a se levantar de forma instável. Ele estendeu a mão para se apoiar na parede, levantou a cabeça pesada e observou seus arredores.
O Deus da Espada foi capaz de perceber que ele esteve em um túnel todo esse tempo. Ele podia sentir a umidade pelo seu nariz. Mal conseguindo caminhar, as poças no chão faziam barulho quando ele pisava nelas.
Ele se moveu em direção à luz que podia ver de longe. Como se fosse um raio de salvação vindo do céu, ele caminhou em direção a ele como se fosse um sinal… Após algum tempo, ele conseguiu sair do túnel. O cheiro úmido do túnel desapareceu e uma brisa bateu em seu rosto. Ele se sentiu aliviado.
Mas o Deus da Espada não podia sorrir.
A visão que se espalhava ao longo do grande campo na frente do túnel tinha rostos familiares e estavam parados ao longo dele como uma parede. Como se não fossem permitir que ninguém entrasse no túnel, eles bloquearam o local.
Pessoas com aparência estavam desabadas no chão, incapazes de passar pelo bloqueio. Parecia que ali havia ocorrido uma luta difícil, os arredores foram todos destruídos e apenas ruínas vazias ficaram para trás.
[— Ah…!]
Os subordinados que formavam o bloqueio estavam todos sorrindo.
Como se estivessem sobre a lua com o fato de que eram capazes de proteger o Deus da Espada sem deixar uma única pessoa passar. Os deixou felizes, eles cumpriram seu papel até o final.
[— Aaaaaahh!]
Embora eles não estivessem mais respirando há algum tempo, eles ainda estavam de pé, como se quisessem proteger seu mestre mesmo na morte.
E no meio de todos eles, estava o Deus da Lança…
Em um estado ainda pior do que ele se lembrava, com inúmeras armas plantadas em seu corpo, o fez se perguntar como ele conseguiu sobreviver por tanto tempo.
Usando sua lança como uma bengala, ele estava ajoelhado com os olhos fechados. Havia numerosos cadáveres deitados na frente dele, como se ele tivesse lutado até o fim.
[— AAAAAAAAAAAAAAAAhhhhh…]
O Deus da Espada gritou com a visão inacreditável. Ele queria liberar as emoções acumuladas. Queria gritar, mas não conseguiu emitir nenhum som. Pela primeira vez, ele amaldiçoou seu corpo mudo.
Ele era o Deus da Espada, aquele que calculava cada um de seus movimentos.
Só havia uma pessoa a quem ele revelava tudo… O Deus da Lança…
Seu amigo que estendeu a mão para ele, quando ele só recebia desprezo e preconceito dos outros. O cara travesso que continuou a motivá-lo dizendo que eles deveriam aprender a se divertir com o jogo chamado Mugong juntos estava morto.
Mas estranhamente ele estava sorrindo… Ele deve ter ficado feliz com o fato de que ele foi capaz de proteger seu amigo usando todos os meios possíveis.
Mas o Deus da Espada sentiu ainda mais dor por esse fato.
“Esse tolo deveria ter fugido! Por que arriscaria a vida por ele?”
Se ele estivesse vivo, o Deus da Espada poderia odiá-lo ligeiramente e destruí-lo depois, mas com isso, ele não poderia odiá-lo.
A dor que estava sentindo o fez querer arrancar seu coração.
Se ao menos ele pudesse salvar o Deus da Lança. Se ao menos ele pudesse devolver a vida aos seus subordinados mortos. Ele desistiria da sua vida imediatamente… Mas o mundo não era tão simples.
O Deus da Espada soluçou e ergueu a cabeça, cerrando os punhos e os dentes. Veias em seu rosto vermelho apareceram.
Então…
Ele sentiu algo com as mãos. Era Gungnir, na forma de pulseira. A espada que ele queria empunhar tanto ainda estava em sua mão.
Naquele momento, todas as suas emoções desapareceram, ele se acalmou e pensou…
Ele construiu o Cheonghwado do nada, então ele seria capaz de fazê-lo novamente. Além disso, ele tinha a confiança que conseguiria fazer algo ainda mais grandioso.
Ao contrário da última vez, o Deus da Lança não estaria ao seu lado, mas o Deus da Espada imaginou que ele estaria em espírito.
[— Sempre comigo. Sempre.]
Deus da Espada lentamente se levantou. Foi doloroso porque seu corpo ainda não estava curado, mas ele se aproximou do Deus da Lança com um rosto seco como se não sentisse nada.
Cortou o peito dele e um coração frio podia ser visto. Sem hesitar, ele colocou o rosto em direção ao coração.
Crunch. Crunch.
O coração duro se partindo entre seus dentes. Ele sentiu vontade de vomitar, porque o coração já estava quase podre, mas Deus da Espada se forçou a engolir lentamente o coração de Deus da Lança para ser propriamente digerido.
[— Canibal.]
Para restabelecer o Cheonghwado, ele precisaria de mais força do que antes. E para fazer isso, ele seguiria por um caminho anormal.
Ele precisava tocar um tabu.
Canibal era uma habilidade do tipo de drenagem de energia que absorvia os poderes da pessoa cujo coração era consumido.
Era também uma das habilidades básicas escritas nas Inscrições Esmeralda que Leonte tinha.
O Deus da Espada nunca a usou, mesmo que estivesse em sua posse.
O poder adquirido por atalhos sempre tinha consequências ao usuário e era algo que ele, que priorizava o treinamento marcial sobretudo, não podia aceitar, então ele simplesmente ignorou.
Além disso, se almas e maldições fossem misturadas ao seu poder mágico, isso poderia danificar permanentemente o sue corpo.
No entanto, o Deus da Espada não tinha a quem recorrer e se ele tentasse se curar lentamente, poderia levar anos. Então, seu sonho de restabelecimento e vingança não seria realizado.
Mais do que isso…
Como ele não tinha um método para obter a Pedra do Sábio, essa era a única maneira de ativar Gungnir. O Deus da Espada deixou o resto de seu orgulho de lado.
Ele não tinha mais o orgulho de um mestre marcial. Felizmente, havia muitos ‘materiais’ que o permitiriam alcançar um poder mais alto do que ele tinha antes.
Seu amigo e subordinados. Ele realizaria o desejo deles de protegê-lo, mesmo morrendo de verdade. O plano era devolver o poder inimigo de volta ao seu dono.
Crunch… Crunch.
Apenas o som do Deus da Espada mastigando e engolindo podia ser ouvido. Sacudiu a paz daquele lugar.
— … Então. Está indo embora?
A Rainha do Verão fechou a cara para o Deus do Arco, que estava se curvando para ela. Não, agora ela precisava chamar ele por outro nome agora. Jang Wei. Ela se lembrou ser algo estranho assim. Ele era de algum planeta insignificante chamado Terra. Ela se lembrou porque era o mesmo mundo do Asa Celestial.
— Eu acho que terminamos aqui. Não?
Jang Wei não pertencia ao Cheonghwado ou ao Dragão Vermelho.
Ele era um mercenário que fazia o que lhe pagavam para fazer. E nesse campo, ele era bastante conhecido. Um Mercenário rank S. Há muito tempo, ele era mais conhecido pelo nome de ‘Crepúsculo Oculto’.
No entanto, além do fato de que ele era da Terra, pouco se sabia sobre ele. Além disso, o rosto que ele mostrava cada vez era diferente, então ninguém conhecia seu rosto real.
E havia um trabalho que ele havia recebido do Dragão Vermelho há muito tempo.
Para subir a uma posição alta no Cheonghwado, e se tornar seus olhos e ouvidos. E ajudá-los quando fosse necessário.
Como o Cheonghwado era conhecido por ser exclusivo, esse era o único método que eles tinham para espioná-los. Ao longo de alguns anos, ele mostrou um enorme potencial no Cheonghwado e foi capaz de assumir a posição de Deus do Arco.
Do ponto de vista da Rainha do Verão, Jang Wei era uma peça de xadrez que poderia ser usada com eficiência, já que ninguém iria querer jogar fora anos do que eles estavam trabalhando e Jang Wei até havia se tornado um dos Cinco Deuses Marciais do Cheonghwado. Se ele quisesse, ele poderia ter facilmente cortado seus laços com o Dragão Vermelho.
No entanto, ele dissipou todas as suspeitas e levou o Dragão Vermelho à sua vitória final.
Mesmo que tenha sido uma vitória com derrotas para a Rainha do Verão, com Bahal desaparecido, ela não seria capaz de encontrar um subordinado como este.
Então a Rainha do Verão sugeriu que ele se tornasse um dos 81 Olhos. Dando-lhe a posição mais elevada.
Mas Jang Wei firmemente recusou.
Dizendo que ele faria isso se fosse um trabalho, mas que ele realmente não iria trabalhar sob ninguém. Adicionando uma ameaça perguntando se eles poderiam lidar com um espião como o Cheonghwado.
Então a Rainha do Verão o queria ainda mais.
Seus Olhos Dracônicos que tinham que conseguir o que queriam, Jang Wei era como um tesouro precioso, mas a Rainha do Verão teve que deixar esses pensamentos de lado.
Já que ela não estava em posição de ser gananciosa agora. Ela estava torcendo seus cabelos em seus dedos que eram agora ainda mais azuis do que antes. Prova de que o seu Coração Dracônico estava nas últimas.
A Rainha do Verão sentia-se perigo de vez em quando. Se isso continuasse, seu Coração Dracônico poderia acabar se tornando uma pedra.
Um ser dracônico sem um Coração Dracônico não era nada mais do que um grande lagarto. O valor da espécie dracônica desapareceria e ela seguiria o destino do resto do espécie.
A Rainha do Verão estava com medo de tal futuro. Ela não havia sentido medo mesmo quando guerreou contra o Allforone, mas agora estava com medo de desaparecer.
A Pedra do Sábio que ela achava que seria capaz de consertar seu coração desapareceu, junto com o resto dos materiais para concluí-la.
Era muito perigoso se isso continuasse.
Ela ainda estava vasculhando a Torre, tentando encontrar o Deus da Espada, mas ela sabia que mesmo que ele fosse encontrado, ela não encontraria a Pedra do Sábio.
Alguém definitivamente a tinha levado. A pessoa que havia arquitetado tudo e os fez lutar, deixando-os confusos. Ela precisava descobrir quem ele era. Felizmente, Jang Wei disse que ele era capaz de rastrear as pessoas também.
— Certo. Vou te perguntar pela última vez. Você realmente não tem intenção de trabalhar para mim? Você deveria saber muito bem o que significa receber minha bênção.
— Eu já tenho um deus a quem sirvo.
— Claro. Não há melhor resposta do que rejeitar alguém assim, certo?
— Obrigado.
— Então pedirei outro trabalho a você. Não há limite de tempo. Eu posso te dar o quanto quiser. Mas eu quero… que você termine o trabalho o mais rápido possível. Você só precisa encontrar alguém.
— Quem é que você está procurando?
Na pergunta de Jang Wei, a Rainha do Verão cruzou as pernas e abriu a boca.
“Outro trabalho.”
No caminho para longe do portal vermelho do 76º andar, Jang Wei esfregou o queixo com o polegar.
— Eu me pergunto quanto tempo esse vai levar.
Jang Wei não queria muito dinheiro, ele já tinha bastante e também já possuía O Arco das Quatro Direções, então ele não precisava de mais nada.
Mas ele precisava de algo para saciar sua sede. A sede que sempre incomodava sua mente e alma. Se isso não fosse saciada, ele não seria capaz de se estabelecer em qualquer lugar e teria que vagar por aí.
— Espero que dure muito tempo desta vez também.
Com seus movimentos rápidos, um colar brilhava dentro de suas roupas.
Era um colar de conchas que ele tinha feito com seus companheiros quando era jovem.
Mas agora, era a origem da sede que incomodava sua alma.
Como se estivesse esperando por algo.