Second Life Ranker – Capítulo 347

“Ah, você não precisava vir até aqui para me ajudar.”

“Não se preocupe, estou ajudando porque quero.”

O idoso deu um sorriso afetuoso para o garoto que carregava suas coisas para ele. “Não sei de quem você é filho, mas os seus pais devem ter muito orgulho de você.”

“Obrigado.” O garoto coçou a cabeça e começou a subir a montanha com o idoso. Uma expressão triste passou pelo seu rosto por um momento, mas ele rapidamente sorriu de novo. A sombra observando de longe ficou emotiva.

Depois de se tornar subordinado de Yeon-woo, Hanryeong esteve tão ocupado tentando recuperar sua força e ajudando Yeon-woo que não teve tempo de se preocupar com o seu filho. Era parcialmente porque Yeon-woo estava cuidando de seu filho como havia prometido. Mas vê-lo com seus próprios olhos o deixou aliviado.

Ele ficou sabendo que seu filho tinha largado as drogas e estava trabalhando em uma loja de itens variados para conseguir dinheiro para viver. Depois de segui-lo o dia todo, parecia que ele realmente estava tendo uma vida decente. Ele era educado com os clientes e ajudava estranhos de vez em quando – ele não parecia em nada com o filho que Hanryeong conhecia.

Por um momento, Hanryeong até duvidou se tinha encontrado a pessoa certa. Mais tarde, ele ficou se perguntando se seu filho agia desse jeito de dia e fazia outra coisa à noite, mas esse não parecia ser o caso. Ele realmente tinha mudado.

Ele não tinha competência como um jogador, mas ainda estava se comportando como um humano. O que Yeon-woo havia feito para que isso acontecesse? Ele balançou a cabeça. ‘Eu devo ter criado ele do jeito errado.’

Hanryeong fez tudo que pôde por Hanbin, mas ele não estava lá quando Hanbin mais precisou dele e provavelmente era por isso que Hanbin acabou daquele jeito. Não era uma desculpa – ele machucou várias pessoas e por causa dele, o 16º andar quase foi destruído.

Mas ver seu filho transformado fez o coração de Hanryeong ficar tranquilo. ‘Sem Rosto…’ Ele se lembrou de seu encontro com Sem Rosto no Palácio do Rei Macaco.

“Hehe, não achei que te encontraria aqui! Meu querido amigo!” Aquele não era Sem Rosto. Sem Rosto possuía várias faces, mas a que apareceu naquela hora era alguém que ele achava que estava morto ou então à beira da morte. ‘Deus da Espada.’

Hanryeong cerrou seus punhos. ‘E eu estava aqui me perguntando onde você tinha se escondido…’

Sem Rosto era considerado uma das Seis Novas Estrelas, mas ele era um jogador que já estava na Torre há algum tempo. Ele era bem famoso por suas ações, mas não era muito popular porque não era tão forte. No entanto, depois da queda repentina do Dragão Vermelho, ele esteve em ascensão.

O Deus da Espada era Sem Rosto – ou melhor, ele se disfarçou como Sem Rosto. ‘Ele provavelmente engoliu o verdadeiro Sem Rosto.’ O Deus da Espada era louco por artes marciais, mas não ignorava completamente as outras habilidades. Era inteiramente possível que ele tivesse usado outros métodos ou artes que evitavam aqueles que estavam procurando por ele. Porém, havia uma coisa que complicava a situação: ‘Ele não é só uma pessoa.’

Como um Nobre da Morte, ele sabia que havia várias outras almas além do Deus da Espada dentro do corpo de Sem Rosto. E para piorar, ele reconheceu a maioria delas. ‘Mubyeol, Cadik, Heebaeksul, Sey, Tyler… e até Flang.’ Eles eram todos subordinados que dariam suas vidas pelo Deus da Espada. Eles foram as lâminas que ajudaram Cheonghwado a se tornar parte dos Oito Grandes Clãs.

Todos eles estavam com o Deus da Espada, até a pessoa que ele menos esperava: Flang. Ele era o irmão mais novo do Rei Marcial e um dos fundadores de Cheonghwado. Havia outras almas também, mas a maioria delas era de Cheonghwado. Sem Rosto era como um Cheonghwado ambulante.

Como havia muitas almas em um corpo só, ele tinha dificuldade em controlá-lo. Seu corpo rangia com pequenos movimentos e a personalidade dominante mudava frequentemente. Mas Hanryeong tinha certeza de que Sem Rosto conseguiria superar essas restrições e se tornar completo novamente. Ele poderia até atingir um pináculo ainda maior do que o do Deus da Espada já que ele podia processar os pensamentos de várias pessoas ao mesmo tempo.

O Deus da Espada que Hanryeong se lembrava nunca recuava diante de obstáculos e sempre se forçava a continuar andando em frente. Foi assim que ele foi de um mudo para um dos Nove Reis.

“Vamos nos encontrar de novo se o destino permitir.” Foi isso que Sem Rosto disse a Hanryeong antes da caverna desabar.

Até hoje, Hanryeong se sentia frustrado e desconfortável. Mesmo se voltasse no tempo, ele faria a mesma coisa. Ainda assim, ele que tinha sido o responsável pela destruição de Cheonghwado. Ele já tinha contado a Yeon-woo tudo que sabia sobre Sem Rosto e Yeon-woo o assegurou que ele não precisava se preocupar com nada. Mas ele ainda se sentia inquieto.

Já que Sem Rosto conseguiu ver que ele estava com Yeon-woo, a não ser que Sem Rosto fosse um idiota, ele sabia quem estava por trás da destruição de Cheonghwado.

『Hanryeong, onde você está?』Naquele momento, ele ouviu a voz de Yeon-woo através da conexão que tinham. Era hora de voltar. Depois de responder que estava a caminho, ele olhou para seu filho por um momento e desapareceu nas sombras.

“Hm?” Hanbin parou e olhou ao seu redor. Ele definitivamente tinha sentido uma presença familiar.

“O que foi?”

“N-Não foi nada. Vamos continuar.” Hanbin balançou sua cabeça e começou a caminhar com o idoso novamente.

“Tio! Você vai sair para trabalhar de novo?! Não é justo!”

Yeon-woo levantou Sesha, que estava choramingando. “Eu não vou demorar.”

“Hmph. É a mesma coisa que você disse da última vez. E até o Brahm vai com você dessa vez também.”

Yeon-woo sabia que ela estava chateada porque Brahm, que sempre tomava conta dela, estava indo também.

“Traz um sorvete de Melona pra mim então!”

“O quê?”

“Aquele que você fez da última vez estava muito gostoso! Quero comer de novo!”

Yeon-woo caiu na gargalhada. Ele deu um tapinha em suas costas e a tranquilizou dizendo que traria. Além disso, ele desesperadamente esperava que teria boas notícias para Sesha quando retornasse.

“Não se preocupe. Eu vou tomar conta da Sesha. Mesmo que eu não consiga, todos aqui nessa vila ficarão felizes em ajudar.” O Ancião Chefe ajeitou seus óculos enquanto pegava Sesha de Yeon-woo. As lutas entre os garotos da vila ficavam piores a cada dia graças a ela.

Yeon-woo acenou com sua mão e voltou para seus companheiros. Henova estava olhando para Sesha com uma expressão rígida. “Aquela garota…”

“Sim, é a filha do Jeong-woo.”

“Entendo…” Henova assentiu. Ele a via de tempos em tempos quando estava ajudando com a Pedra Filosofal, mas ele não tinha percebido quem era. Apesar de ela chamar Yeon-woo de tio, ele achou que era só um sinal de afeição.

“Você quer segurar ela?”

Henova hesitou por um momento e pegou Sesha no colo com tanto cuidado como se estivesse com medo de que ela pudesse quebrar. Sesha arregalou os olhos. “Tio! Esse vovô criança é esquisito!”

Vovô criança. Yeon-woo segurou a risada que estava prestes a escapar de seus lábios. Os outros desviaram o olhar com rostos vermelhos. Henova acariciou a cabeça de Sesha com seu braço curto e a devolveu com um suspiro. Então ele encarou Yeon-woo com os olhos meio apertados. “Parece que a falta de educação faz parte da família.”

“É o que parece.” Yeon-woo olhou para seus companheiros. Kahn, Doyle, Victoria, Creutz. E além disso, Brahm, Galliard e Henova. Oito pessoas no total. O número de pessoas em seu grupo havia aumentado. Considerando como ele queria agir sozinho quando entrou na Torre pela primeira vez, várias coisas tinham mudado.

“Vou abrir o caminho.” Brahm rasgou um pergaminho em sua mão. Um portal vermelho apareceu sobre seus pés usando as coordenadas de Yeon-woo, já que ele já esteve no Tártaro antes.

Eles podiam ver o céu escuro do Tártaro além do portal. Quando estavam prestes a entrar, o Rei Marcial acenou para Yeon-woo de cima do telhado da cabana de Brahm. “Ei, senhor discípulo! Você poderia vir aqui um segundo?”

Yeon-woo arregalou os olhos com a aparição repentina do seu professor e pediu para que seus companheiros esperassem para ele poder falar com o Rei Marcial. “Sim, senhor?”

“Você tem que limpar a merda que fez.”

Yeon-woo olhou para ele com um olhar questionador e o Rei Marcial jogou um pedaço de papel para ele como se não quisesse se dar o trabalho de responder. Yeon-woo pegou o papel facilmente e leu. Seus olhos ficaram sinistros. “Isso é…”

“O Exército Demoníaco declarou guerra.”

Em nome de nosso deus, nós declaramos guerra ao nosso inimigo, o Acumulador, por perturbar as ações de nosso senhor. Punições serão aplicadas aos bandidos, hereges e pessoas imorais que seguem o Acumulador.

“Como pode ver, eles estão dizendo que vão matar todos que te ajudam. Eles também tão me metendo nessa furada, não é?” O Rei Marcial continuou com uma expressão irritada. “E aquele desgraçado do Guloso devia ficar quietinho comendo no quarto dele, mas ao invés disso fica falando que está trabalhando com você e aquelas salamandras pretas pra bater nos lagartos brancos.” Ele estava se referindo ao Dragão Negro e Dragão Branco. “E também tem os jumentos das Torres de Magia que deviam levar um tiro, porque fizeram uma aliança e estão atrás de você.”

Yeon-woo se lembrou de como Boo tinha se livrado do Doutor da Ruína e Necrópole.

“Aqueles filhos da puta de Elohim estão começando a agir de novo. E o Clã Leão de Ferro está reunindo mercenários também.”

Quatro dos Oito Grandes Clãs estavam se movendo. As Torres de Magia não conseguiam mostrar todo o seu poder por causa de suas brigas internas, mas se eles se unissem, se tornariam uma força a ser reconhecida. Se o Leão de Ferro reunisse todos os mercenários, também seria uma poderosa força. Tudo isso poderia se tornar uma grande guerra.

“E você está no meio disso tudo. Que tipo de merda você fez?” O Rei Marcial estreitou os olhos. Ele estava sorrindo, mas o ar ao seu redor era arrepiante. “Por causa do senhor discípulo aqui, a vila inteira vai se envolver em algo irritante. O que vamos fazer?”

Mas Yeon-woo reagiu de forma indiferente. “Só isso?”

A testa do Rei Marcial se enrugou. “Oi?”

“Ainda precisa ficar maior. Não é tão sério quanto eu esperava.”

“Você… Você quer que uma grande guerra aconteça?”

“Se possível.”

“Ha! Seu merdinha maluco!” O Rei Marcial colocou a mão na testa com uma expressão incrédula.

Várias guerras aconteceram durante os milhares de anos de história da Torre, mas só algumas tiveram uma escala tão grande que quase eliminou metade da população. Uma das guerras mais famosa foi a lendária Guerra de Exterminação do Segundo Grande Dragão.

A espécie Dracônica queria abrir um caminho para o 98º andar para recuperar sua divindade, mas o Todos-por-um os bloqueou no 77º andar. O resultado da guerra foi a extinção da espécie Dracônica, que governava a Torre naquela época. Se a jovem Rainha do Verão não tivesse sobrevivido, a espécie Dracônica inteira teria morrido.

Aconteceram mais algumas grandes guerras depois dessa e em todas elas, houve mudanças na hierarquia da Torre. Era disso que Yeon-woo estava falando. O Rei Marcial achava isso inacreditável, mas os olhos de Yeon-woo estavam mais sérios do que nunca.

“É só ignorar o que está acontecendo. Uma guerra não vai começar tão fácil assim. A situação vai crescer além das expectativas deles e eles vão ficar ocupados demais suspeitando uns dos outros. Enquanto o fogo da fornalha não for acesso, eles só vão continuar falando sobre criar alianças.”

“E você vai acender essa fornalha?”

Yeon-woo não disse nada. Os olhos do Rei Marcial ficaram pensativos e um dos cantos de sua boca se curvou. Seu sorriso parecia de desdém de um ângulo e malicioso de outro. “Era isso que você estava imaginando na sua mente?”

“Sim.”

“Então as habilidades imaginativas do senhor discípulo são incríveis.”