No mês passado, Yeon-woo ficou bastante ocupado. Enquanto esperava Henova completar os Olhos de Giges, ele tinha revocado a vida passada do seu irmão e aprendido ferraria para que pudesse reparar o relógio de bolso. E tinha mais uma razão para ficar no Distrito Externo: elaborar uma estratégia para avançar rapidamente pelos andares inferiores. “Jeong-woo concluiu os primeiros dez andares em dez dias.”A razão pela qual Arthia chamou a atenção de toda a Torre foi que eles passaram pelos andares da Zona Iniciante dez dias depois de terminar o Tutorial. Isso significava que tinham concluído um andar por dia. Foi um registro sem precedentes que se tornou um ponto crucial nos milhares de anos da história da Torre.
Graças a isso, Jeong-woo e sua equipe, Arthia, foram capazes de provar a si mesmos como um dos clãs mais influentes da Torre, e ninguém até agora quebrou o recorde deles. No entanto, Yeon-woo não estava procurando quebrar o recorde para ganhar honra ou glória. “Jeong-woo recebeu a Chave de Hades depois de bater esse recorde.”
A Chave de Hades era a segunda chave que abria a Tesouraria do Olimpo. Era uma peça oculta dada apenas para aqueles que passaram rapidamente pela Zona Iniciante, assim como a Chave de Zeus era dada apenas aos jogadores que assumiram o primeiro lugar no Tutorial. A Torre recompensava apenas aqueles que conseguiam completar uma tarefa excruciantemente difícil.
“Depois que obtive a Chave de Hades, tomei conhecimento da existência da Tesouraria do Olimpo e de como adquiri a Chave de Zeus. Tô com um pouco arrependido, porque se tivesse tentado um pouco mais, poderia ter ficado em primeiro lugar no Tutorial e obtido a Chave de Zeus. Ainda bem que tenho a chance de entrar na Tesouraria do Olimpo mais tarde, mas se eu tivesse conseguido entrar um pouco mais cedo…”
A única maneira de adquirir a Chave de Hades era quebrar o recorde anterior, o que significava que tinha que passar por dez andares em menos de dez dias. Podia até ser desafiador, mas não achava que era impossível. Todas as habilidades e experiências que ele ganhou durante o Tutorial ajudariam e, acima de tudo, teria o Olho de Giges.
Um leve sorriso apareceu nos lábios do Yeon-woo. “Pensando bem, isso também não é uma competição entre mim e Jeong-woo?” O desejo de vencer seu irmão começou a queimar no seu coração. Seu orgulho como irmão mais velho não permitiria que perdesse contra ele. Yeon-woo levantou a cabeça e olhou pela janela. A Torre se erguia ao longe, perfurando o céu nublado.
— Haa… Esses desgraçados! Eu não tive um único dia de paz depois que aquele idiota começou a vir aqui. — Na forja, Henova estava resmungando enquanto soprava furiosamente no cachimbo depois que Yeon-woo e os irmãos saíram. Sua forja foi um lugar pacífico nos últimos anos. Mas, em questão de dias, muitas coisas aconteceram de uma vez, e agora havia três crianças por perto que nunca o ouviam, não importava quantas vezes gritava para ficarem quietos. Como ele acabou assim? Era tudo culpa do garoto de máscara branca. “Espera um pouco. Qual o nome dele?”
Enquanto tentava se lembrar do nome do Yeon-woo, Henova percebeu que só o chamava de “garoto”, “idiota” ou “desgraçado”. Ele nunca perguntou o nome dele, então começou a se sentir culpado pelas coisas boas que Yeon-woo tinha feito, mas, ao mesmo tempo, sentiu uma explosão de gratidão. — Não. Não. Olha como estou estressado por causa desse pentelho!
Enquanto murmurava para si mesmo, Henova se aproximou do espaço de trabalho do Yeon-woo. No lugar onde martelou tão ruidosamente, o metal derretido irradiou calor intenso, e a fornalha expeliu um fogo abrasador há apenas alguns minutos. A memória do Yeon-woo martelando um pedaço de metal, Phante tagarelando ao lado dele, e Edora lendo em silêncio seu livro, tudo isso permaneceu na sua mente, e ele sentiu como se as imagens viessem à vida a qualquer momento.
Além disso, as imagens continuaram se sobrepondo a outra memória.
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— Ei, vovô! Dê uma olhada nisso! Não ficou incrível?
— Pera aí, você usou aquela habilidade, não usou? Você prometeu não usar nenhuma habilidade!
— Nah. Não usei. Pode provar?
— Como você produziu com essa qualidade se não usou a sua habilidade?
— Você tem provas? Hein?
— Seu babaca!
— Ei, vocês aí. Dá para pararem de gritar! Estou lendo aqui.
— Procure outro canto se quiser ler!
— Tsc. É por isso que as pessoas te chamam de burro.
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As cenas barulhentas, agitadas e caóticas em sua memória estavam cheias de crianças que visitavam a sua forja com tanta frequência que parecia até o esconderijo delas. Henova tentou gritar com elas, chutando seus traseiros, xingando e vários outros métodos para se livrar deles, mas nenhum deles prestou atenção.
Só que isso era algo que nunca mais aconteceria. Acompanhado por um suspiro profundo, um fluxo de fumaça branca saiu da boca e subiu até o teto. “Acho que tô velho.” Henova balançou a cabeça com um sorriso amargo. — Hunf. Aqueles pestinhas…
Provavelmente, era melhor encerrar o expediente. Se continuasse batendo assim, poderia arruinar o artefato. — Vamos ver aqui… Hum, parece que estou quase terminando. Já faz um mês? Haha, como o tempo voa. — O tempo parecia ter passado mais rápido do que o normal, e eles estavam chegando no prazo para o artefato. “Olha, se eu me atrasar, a culpa é toda daquele pirralho.” Com esse pensamento em mente, Henova estava prestes a se levantar e apagar a fornalha, quando a porta foi aberta do nada.
Creak!
— Com licença.
— Desculpa, mas a loja está fechada. Volte amanhã se você… — Henova estava falando com o visitante sem olhar, mas quando virou a cabeça, sua expressão de repente congelou. De pé na porta estava um homem que jurou nunca mais ver, um conhecido de suas memórias.
— Faz muito tempo, mestre. — O homem sorriu para Henova.
Sob a lua brilhante e as estrelas cintilantes, Yeon-woo mais uma vez foi ao café que seu irmão costumava visitar e bebeu o café de creme de avelã no terraço. Sobre o corrimão, havia uma vista noturna magnífica repleta de luzes brilhantes e coloridas.
Era uma visão da qual ninguém poderia se cansar, mas a atenção do Yeon-woo estava atualmente focada em outra coisa.
◈◈◈◈◈
『As informações não podem ser acessadas.』
『A avaliação falhou.』
『As informações não podem ser acessadas.』
···
『A avaliação foi bem-sucedida.』
『??? do ??? relógio de bolso』
『???. ??????.』
◈◈◈◈◈
“Deu certo!” Yeon-woo assentiu após examinar o relógio de bolso com os Olhos Dracônicos. Parecia que o avanço nas habilidades de ferraria finalmente lhe permitiu ver as informações dele. Mas, obviamente, mesmo que finalmente tivesse acesso a isso, não podia ler muita coisa ainda. “Ainda tenho um longo caminho a percorrer.”
Porém, era como o provérbio “uma base bem-feita é metade do caminho” dizia, agora que tinha acesso, a única coisa que restava era ganhar mais conhecimento e habilidades para aprimorar os Olhos Dracônicos. Ele estava sorrindo com sua conquista quando ouviu uma voz atrás dele. — Ei, o que você está fazendo aqui sozinho… Quero dizer, com licença.
Ele rapidamente colocou o relógio de bolso de volta no bolso enquanto Phante e Edora se sentavam ao lado dele. Como ainda não estava acostumado a falar educadamente, balbuciou a última parte da frase.
Edora sorriu e falou depois de um gole de café. — Oraboni Cain não é como você, Phante. Ele provavelmente estava planejando uma estratégia para escalar a Torre. Não é mesmo?
Seu uso de “oraboni”, o termo formal para “irmão mais velho”, deixou Yeon-woo confuso, como se tivesse ouvido algo errado.
— Oraboni?! — Phante sentiu nojo da voz fininha e fofinha da sua irmã, que nunca tinha ouvido antes, mas Edora continuou sorrindo para Yeon-woo e falou: — Se você é o hyung do meu irmão mais velho, isso faz de você meu oraboni. Ou tem outro termo que prefere?
Phante explodiu com a resposta de Edora. — Isso não é justo! Você deveria me chamar de “oraboni” também!
— E por que deveria? — Edora bufou para Phante, sua atitude era claramente diferente de quando estava falando com Yeon-woo. Seu irmão ficou mudo e olhou com espanto para ela, que simplesmente o ignorou.
Yeon-woo começou a rir desses dois jogadores que só encontrou por acaso. Ele pensou que iriam embora depois que lutasse contra Phante, mas permaneceram no Distrito Externo e o seguiram. No início, só os ignorou, mas, conforme passou mais tempo com ambos, começou a gostar deles, era como ter um irmão e uma irmã mais novos. Sempre que começavam a brigar, ele também via outra coisa neles: Yeon-woo e seu irmão. Kahn e Doyle. “Irmãos são iguais, não importa onde.” Yeon-woo não pôde deixar de sorrir.
— Aliás, hyung. — Ele voltou ao presente novamente quando ouviu a voz do Phante, que ficou com uma expressão estranha. — Tô me perguntando isso desde esta manhã. — Ele olhou para a rua, e seus olhos ficaram ferozes como quando se conheceram no Tutorial. — Por que você está ignorando essas moscas te seguindo? Eles tão me enchendo já.
Os jogadores que estavam espionando Yeon-woo provavelmente acreditavam que estavam sendo discretos, mas não perceberam que a presença deles tinha sido notada assim que apareceram. No entanto, não se incomodou em afugentá-los. Em vez disso, andou ainda mais visivelmente para deixá-los saber onde estava, e Phante não conseguia entender o que Yeon-woo estava fazendo. Afinal, já teria agido no lugar dele.
Yeon-woo também olhou para a rua abaixo. — Deixa eles.
— O quê? Mas…
Yeon-woo olhou para ele.
— Tá bom, tá bom. Nossa, não precisa me olhar assim também — Phante assentiu com um beicinho.
Yeon-woo o ignorou e bebeu seu café. Ele também achou bastante irritante ser seguido pelos jogadores e tentou despistá-los na primeira vez que os notou. No entanto, eles o encontraram novamente e começaram a segui-lo mais uma vez, como mosquitos irritantes. Assim, era melhor deixá-los em paz. “Não quero causar um alvoroço aqui.” Yeon-woo não queria derramar sangue no lugar preenchido pelas memórias do seu irmão.
No entanto, começou a notar que as pessoas estavam se reunindo na frente da lanchonete. Os jogadores espionando Yeon-woo também começaram a se mover ativamente, como se tivessem encontrado algo.
— Hã? O que está acontecendo? — Phante também notou uma presença subindo as escadas e se virou para a entrada do terraço, onde um homem bem vestido apareceu com um sorriso. No entanto, Phante apenas franziu a testa, descontente por alguém estar se aproximando deles sem permissão. Previamente, ele espalhou rumores de que os irmãos da tribo de unichifre alugaram todo o prédio da lanchonete como uma tentativa para impedir estranhos de entrar.
Mas era claro que o homem não se importava com os rumores. Ele passou por Phante e Edora e ficou na frente do Yeon-woo antes de perguntar educadamente: — Com licença, o senhor é o Cain?
— Sim, e quem é você? — Yeon-woo perguntou.
O homem deu um sorriso largo. — É uma honra, Cain. Eu sou Rahaam do clã “Zéfiro Vermelho”. Venho aqui para te convidar para se juntar a nós.