Quando Bahal saiu da lanchonete, o grupo de jogadores bloqueando as ruas se reuniu ao seu redor. Eles eram a Fera Flamejante, a unidade de combate do Dragão Vermelho, que também atuava como unidade de escolta dele. Bahal olhou para as ruas desertas com as sobrancelhas franzidas. — Vocês bloquearam as ruas de novo? Avisei para não fazerem nada idiota.
— Como sabe, tem muitos jogadores atrás do senhor na Torre, se precaver disso não seria o fim do mundo.
Bahal balançou a cabeça com as palavras do líder. Até podiam ser considerados sua unidade de escolta, mas eram, a princípio, uma das forças-tarefa especiais criadas pelo chefe do Dragão Vermelho. Os membros da Fera Flamejante não seguiam Bahal por lealdade, mas por causa das ordens. Eles o seguiam, mas muitas vezes desconsideravam os detalhes das instruções, especialmente com a atmosfera perturbadora que tomava conta da Torre. O poder de um clã era medido pelos rankers, então não podiam se dar ao luxo de perder um jogador como ele.
Bahal tentou explicar que não tinha perigo em um lugar como o Distrito Externo, mas eles não ouviram. Claro, também não levou a desobediência deles a sério, porque poderia se mover mais livremente sem ter que se preocupar em ser emboscado com eles por perto.
— Mas por que o Acumulador não veio com o senhor?
— Bem, ele disse que vai considerar nossa oferta.
O líder franziu a testa como se estivesse chateado. — Ele é muito ousado para um novato. — A decisão do Yeon-woo irritou uma pessoa profundamente leal como ele, mas Bahal riu e acenou com a mão.
— Não leve a sério. Ele é só um novato cheio de orgulho, sabe? Você e eu, todos passamos por isso depois de passar no Tutorial.
— Mas, ainda assim, foi rude da parte dele…
— Relaxa. De qualquer jeito, ele vai se arrepender de recusar nossa oferta conforme sobe a Torre.
O líder assentiu e não falou mais, concordando que a Torre não era um lugar que podia ser entendido apenas pela experiência do Tutorial.
— E sem falar que nosso objetivo era impedir que outros clãs se aproximassem dele em primeiro lugar. Tipo, eu já vim pessoalmente, então quem é o tolo que vai se aproximar dele? Agora só tem nosso clã para confiar. Aliás… — Bahal gentilmente acenou com a mão enquanto mudava de assunto. Uma expressão séria apareceu no seu rosto gentil. — Como foi a investigação? Encontrou algo?
O líder respondeu com um aceno de cabeça. — Foi exatamente como o senhor esperava.
— É mesmo? Hahaha! Leonte não mudou nada. Ele é um amigo muito confiável. — A razão pela qual Bahal tinha deixado a Torre não era simplesmente para recrutar Yeon-woo, uma tarefa que poderia ser feita enviando um dos membros da Fera Flamejante. Em vez disso, assumiu a tarefa de esconder seu verdadeiro objetivo de procurar o paradeiro de Leonte.
Não muito tempo atrás, a rede de inteligência do Dragão Vermelho encontrou uma estranha informação sobre Leonte, quem eles sabiam que pretendia se tornar o novo Deus Marcial do Cheonghwado, planejando algo em segredo no Tutorial.
O Dragão Vermelho já sabia que o Cheonghwado estava por trás de Arangdan, mas não tinham tomado nenhuma medida. Esta informação por si só não faria muito mal ao Cheonghwado, de modo que precisavam de algo a mais para ter um impacto de verdade.
As informações que receberam afirmavam que Arangdan era na verdade o grupo secreto do Leonte. E não só isso, também estava sequestrando jogadores no Tutorial e usando suas vidas como material para criar algo. O Dragão Vermelho concluiu que a questão exigia uma investigação mais aprofundada e delegou total autoridade e responsabilidade ao Bahal.
Ele já foi companheiro de equipe do Leonte em Arthia, então o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa no clã. Com sua equipe, Fera Flamejante, Bahal começou a rastrear a trilha de Arangdan e Leonte: financiamento, implantação de recursos e as informações pessoais dos jogadores enviados para o Tutorial.
Logo, foram capazes de chegar a uma conclusão: “Eles estão tentando fazer um Órgão de Poder Mágico feito com centenas, talvez milhares, de jogadores. Pensei que essas coisas só existiam nas mitologias e coisas do tipo. Nunca imaginei que alguém cometeria mesmo uma atrocidade dessas.” Bahal ainda não tinha descoberto exatamente o que Leonte estava fazendo, mas podia inferir sua função: tinha que ser algo como um órgão de mana ou motor de mana.
Todos os jogadores do mundo e da Torre tinham mana dentro dos corpos, e o recipiente contendo mana era chamado de órgão de mana. No entanto, como o órgão de mana fazia parte do corpo, tinha um limite de quanto poderia conter. Dizia-se que o recipiente de um jogador cresceria assim que atingisse um nível sobre-humano, como ranker ou Lorde, mas apenas uma minoria minúscula já conseguiu isso. E, até mesmo para esses seres, a falta de mana ainda era um problema.
Muitos jogadores buscaram maneiras de se abastecer com mana de fontes externas, e os primeiros produtos que apareceram foram itens conhecidos como poções. Mas, assim que isso se provou ser possível, mais itens se espalharam pela Torre, como ferramentas mágicas, que eram itens embutidos com várias opções, e fontes de mana, que era um armazenamento para mana excedente. Os jogadores até criaram habilidades conhecidas como Drenagem de Energia para roubar mana de outros jogadores. Mas, como diziam, não existe limite para a ganância.
Os jogadores ansiavam por maneiras de obter ainda mais mana e até tentavam criar coisas que dessem um suprimento infinito dela. Bahal teve certeza de que era isso que Leonte tinha em mente. Quanto mais pura a mana, melhor era em produzir energia, e a fonte mais pura conhecida em toda a história da Torre era a alma humana. A maneira mais fácil de extração era simplesmente extraindo do corpo.
No passado, houve várias tentativas de fazer uso da mana extraída com esse método cruel, mas cada uma acabou em fracasso porque a mana extraída das almas humanas era facilmente corrompida pelos espíritos amaldiçoados dos mortos.
E, no entanto, apesar desses riscos, Leonte ainda estava tentando extrair mana das almas dos jogadores vivos, o que significava que havia encontrado uma maneira de fazer uso, processar e impedir essa mana de ser corrompida.
“Não me diga que estava fazendo a pedra.” Existia uma lenda dos tempos antigos entre os alquimistas sobre uma substância que poderia conter tanta mana quanto o órgão de mana dos mestres da mana, a Raça dos Dragões. Eles chamavam de “pedra” ou de “coração”.
“É impossível, e, mesmo que não fosse, não seria revelado ao mundo.” Bahal sabia que tal item não poderia existir, mas ainda queria obter o procedimento e o produto. “Será de grande ajuda para o Dragão Vermelho e para mim.” Ele lambeu os lábios em antecipação. — Então, você descobriu o paradeiro de Leonte?
— Nós o encontramos no Tutorial, e ele está se movendo nesta direção.
— Tudo bem. Vamos atrás deles. Como eu disse, nosso objetivo é garantir tanto o item quanto o Leonte. Só que se acha que não pode proteger os dois, pode matar Leonte, mas deve levar o item por qualquer meio necessário.
— Entendido.
— Bem, vamos dar uma recepção daquelas. — Bahal e a Fera Flamejante entraram em ação para caçar Leonte, mal sabiam que o item que queriam não estava mais nas mãos dele.
— Henova.
— O que foi, garoto?
Henova ainda era o mesmo de sempre. Mesmo que agora soubesse o nome do Yeon-woo, ainda que fosse falso, continuou chamando de “garoto”. A diferença era que agora estava olhando para ele com uma expressão satisfeita. Ficou claramente feliz em ver um jogador armado com armas e armaduras que tinha criado. Provavelmente foi a primeira vez em muito tempo.
Yeon-woo sorriu por um segundo e continuou com uma voz calma: — Acho que vou demorar muito tempo para voltar.
— Hum. — Yeon-woo notou Henova se encolher por uma fração de segundo, mas ele estufou o estômago como se nada tivesse acontecido. — Claro. Afinal, você é um jogador tentando subir a Torre. Por que se preocupou em me dizer isso?
Yeon-woo ia falar algo, mas desistiu e balançou a cabeça. — Nada, só queria que soubesse. — Será que Henova suspeitou que estava se despedindo pela última vez? “É melhor eu não me aproximar dele, porque não vai trazer nenhum bem. Não posso permitir que se envolva na minha vingança.” Ele já entendia por que seu irmão gostava tanto do Henova e tinha que acabar com isso agora.
O caminho a percorrer era áspero e perigoso. Qualquer um ao lado dele também estaria destinado a andar em um caminho espinhoso. Yeon-woo não podia deixar isso acontecer com Henova. Assim como falou para Galliard; era sua guerra pessoal e não podia deixar nas mãos dos outros. — Obrigado por tudo que fez por mim.
Henova levou o cachimbo à boca enquanto acenava com as mãos sem olhar para ele, mas Yeon-woo agora sabia que essa era sua maneira de dizer “se cuide”. Depois de se curvar mais uma vez, foi em direção à Torre.
Yeon-woo ficou em frente ao enorme portão de ferro. A Torre era um lugar misterioso onde qualquer um que subisse ao último andar se tornaria um deus. Ele já tinha pensado nisso muitas vezes antes, mas teve a sensação mais uma vez de que a Torre era muito alta. Parecia quase um pilar apoiando o céu. Assim que estava prestes a abrir o portão, ouviu alguém correndo e se aproximando atrás dele.
— Espeeeera! — Uma mão gigante veio de trás e agarrou a sua mão. — Huff, huff! — O dono da mão gigante ofegou pesadamente enquanto pairava sobre Yeon-woo, mais alto do que ele por uma cabeça. Era Phante. Seu rosto ficou vermelho como se tivesse corrido um longo caminho. — Você nem deu ouvido quando implorei pra ir à Torre! O que te fez mudar de ideia do nada? E por que não nos contou que ia entrar? Podia ter deixado uma mensagem ou qualquer coisa!
Yeon-woo inclinou a cabeça como se não conseguisse entender. — E por que eu faria isso?
— Ah, que saco! — Phante bateu no peito com os punhos como se estivesse frustrado.
Yeon-woo estreitou os olhos. — Não sei o que vocês pensam de mim, mas não tenho tempo para brincar com vocês dois. Tenho que resolver meus próprios negócios.
Phante ficou com vontade de falar muitas coisas diante da resposta fria do Yeon-woo, mas não conseguiu abrir a boca, quando olhou para os dois olhos brilhantes atrás da máscara preta. Essa intensa aura o lembrava dos olhos ferozes que Yeon-woo tinha mostrado no Tutorial, os olhos de um homem forte e justo, que também lembrava os dos olhos do seu pai, o Rei Marcial, antes de ir para a guerra. “O que raios você vai fazer?”
Enquanto Phante estava sem palavras, Edora chegou, sorrindo enquanto limpava o excesso de suor.
— Você pode ir primeiro, oraboni.
Surpreso, Phante olhou para Edora, enquanto Yeon-woo franziu a testa porque não conseguia dizer o que ela estava pensando. Seu sorriso ficou mais brilhante quando continuou: — Mas vamos te seguir. A decisão é nossa e só nossa; você não pode nos impedir de seguir, não é, oraboni?
Phante começou a rir, achando que era uma ótima ideia. Yeon-woo olhou para os irmãos por alguns segundos, mas logo balançou a cabeça. — Façam o que quiser. Mas não vou ajudar se ficarem para trás.
— Hahaha! Não se preocupe! Sou eu que vou estar na frente destruindo tudo no caminho. Já estive no primeiro andar, então se tiver alguma dúvida, é só me perguntar.
— Ah, sério? Lembro que alguém nem entendeu as regras e fez uma zona naquele andar.
— Cale a boca. Vou me sair melhor na segunda vez.
Deixando os irmãos brigando para trás, Yeon-woo empurrou o portão de ferro. Crrrr! A entrada para o primeiro andar da Torre se abriu lentamente.
Que legal agora ele tem dois pokemons
bora, bom q ele tem amigos agr