Second Life Ranker – Capítulo 9

Yeon-woo olhava para o jovem. Pela sua expressão, claramente ele se perguntava o que havia feito de errado.

O jovem parecia ter muito a dizer, mas manteve a boca fechada. Ele estava pensando que finalmente havia encontrado uma chance de sair daquele lugar horrível. Seus olhos se encheram de determinação. “Certo. Eu vou te ajudar. O que quer que eu faça?”

O jovem se apresentou como Yul.

“Yul?”

“Sim, Yul. Todo mundo me chama por esse nome.”

Yeon-woo sabia que era um apelido, mas ele não se incomodou em perguntar sobre isso. Afinal, eles se separariam depois de conseguirem o que precisavam um do outro.

“Tudo bem, Yul. Vou abrir um caminho, então siga de perto atrás de mim. Se você não consegue acompanhar, vou deixá-lo para trás.”

“Entendi.”

“E mais uma coisa.”

“Hum?”

“Use títulos honoríficos ao falar comigo. Eu não vou deixar você ir só porque você é uma criança.”

No início, Yul não sabia o que dizer. No entanto, ele decidiu que não era necessário agir duro, pois Yeon-woo já sabia sua idade real, então ele apenas respondeu com, “OK.”  Ainda assim, como se sua teimosia estivesse profundamente enraizada, ele não queria parecer fraco.

Com seus Olhos Dracônicos ativos, Yeon-woo assumiu a liderança enquanto eles caminhavam ao longo da passagem. A cada vez que avançavam uma certa distância, um espantalho de cobre aparecia para bloquear o caminho. Eles imitavam os movimentos de Yeon-woo e tentaram o atacar, mas o irmão mais velho os empurrou de lado e cravou a adaga em suas imperfeições a cada vez. ‘Clang.’ Um membro ou dois saltavam no ar e, às vezes, fragmentos quebrados de suas cabeças caíam no chão.

Se Yeon-woo estava se concentrando na velocidade antes, seu foco agora mudou. Ele queria colidir de frente com os espantalhos de cobre e derrubá-los. À medida que avançava, ele percebeu que esse era um método melhor, pois, assim, além de não perder tempo, também poderia descobrir novas maneiras de usar seus sentidos, e complementar seus músculos mais fortes.

Yul não conseguia parar de ficar boquiaberto, enquanto seguia Yeon-woo. Este ultimo, sempre que balançava uma certa adaga, fazia espantalhos explodirem em pedaços diversos. Isso tudo causou dúvidas a Yul, que estava começando a se perguntar se aqueles eram os mesmos espantalhos comos quais ele havia lutado antes.

Então, Yeon-woo olhou para ele, claramente se perguntando por que Youl ainda não tinha começado a explicar. Encarado, o jóvem disfarçado saiu de sua surpresa e começou a falar.

“Eu não sei sobre você, mas posso ver mana inatamente.”

“Inatamente?” Por um momento, Yeon-woo parou de andar e estreitou os olhos. “Isso é algo relacionado à sua linhagem?”

“É semelhante.”

“Hmm.” Esse tipo de talento era raro na Terra, mas era mais frequentemente encontrado em outros mundos, onde haviam mais indivíduos que possuíam um talento único , ou um poder sobrenatural codificado em seus genes. Eles geralmente tinham um ancestral notável que transmitiu essas habilidades geração após geração. Os descendentes destes despertariam suas habilidades latentes, ascenderiam à proeminência e continuariam passando o talento ou poder inato para as próximas gerações. Essa era a situação de Yul.

“A habilidade que herdei é algo na linha de afinidade com o mana, o que me permite ver, sentir e saborear o mana. Foi assim que percebi que os autômatos de cobre tinham sensores.”

Yeon-woo contemplou isso por um tempo. “Isso não é semelhante a habilidade de Jeong-woo?” Seu irmão tinha o traço de Adaptabilidade Perfeita, a qual fazia com que ele pudesse se comunicar com tudo. Isso significava que ele também poderia se comunicar com a mana. Seu irmão não tinha nenhum problema em senti-la, ao contrário de outras pessoas da Terra, que geralmente lutavam com ele. Jeong-woo podia até controlar a mana, suavemente, como se tivesse recuperado um orgão que uma vez havia perdido.  Ao observar essa surpreendente manipulação, seus companheiros de equipe ficaram chocados, e esse “dom” foi também a razão pela qual o antigo dragão Kalatus o escolheu para herdar as habilidades da raça dos dragões – algo que os humanos comuns não podiam entender. Era, justamente, por isso que as descrições de mana no diário de seu irmão não ajudavam em nada. Para Yeon-woo, seria como tentar tocar as extrelas daqui da terra.

A Herança Sanguínea e o Despertar eram iguais para Yeon-woo. “Tecnicamente, Yul e Jeong-woo poderiam ser considerados gênios, o que, no caso, eu não souEsses pensamentos estavam começando a fazê-lo pensar que o acordo que fizera com Yul acabaria sendo de pouca ajuda para ele.

Porém, o próximo comentário de Yul chamou a atenção de Yeon-woo. “Você pode considerar mana como uma espécie de rio. Magia é a água que flui do rio para um reservatório.”

Yeon-woo repetiu para si mesmo em uma voz suave. “Um reservatório?” Mas, houve algo que confundiu seus pensamentos, enquanto ele derrotava o último espantalho de cobre: Eles estavam agora se aproximando do portão de ferro da Seção B.

[Você limpou com sucesso a Seção A como jogador solo.]

[Você fez uma conquista que não é facilmente alcançada. Karma adicional será fornecido.]

[Você adquiriu 500 karma.]

[Você adquiriu 300 karma adicional.]

[Sua saúde e mana serão restaurados.]

[Todos os status serão removidos.]

“Felizmente, não fomos reconhecidos como uma equipe.” Yeon-woo abriu um leve sorriso enquanto lia as mensagens. O sistema de interface marcava todos os ganhos como conquistas de Yeon-woo, provavelmente porque ele cuidou dos espantalhos de cobre sem qualquer ajuda de Yul. “Consegui 800 pontos com isso.”

Na Torre, o conceito de karma foi muito importante. Era um sistema de pontuação baseado nas conquistas do jogador. A Torre e os Guardiões forneciam recompensas com base no karma, as quais também eram usadas como moeda entre os jogadores, e serem trocadas por outros itens. Cada jogador fazia o seu melhor para reunir o máximo de karma possível no decorrer da Torre.

Yeon-woo tinha acabado de passar na Seção A do Tutorial e já havia ganhado muito carma. Outros ficariam chocados se soubessem disso.No entando, ele pensava: “Ainda não é suficiente. Preciso acumular mais, preciso do máximo possível.” Yeon-woo fechou a janela do karma e entrou na sala de espera da Seção B. Um ar refrescante entrou em seus pulmões.

“Q-quem é aquele cara? O que há com a máscara dele?”

“Ele acabou de passar na Seção A, certo?”

“O quê? Em um momento como este?”

“Espera aí, onde estão os outros caras? Ele está sozinho?”

Esses comentários evidenciáram que, além do portão de ferro, uma dúzia de pessoas olhava para ele com espanto. Elas estávam surpresas por ainda haver participantes a concluir ( ou tentar concluir) o Tutorial, duas semanas após o seu início. Era de conhecimento geral que as pessoas geralmente esperavam pela próxima rodada, ao ibés de começar no meio. Mas o mais surpreendente para eles foi o fato de que apenas uma pessoa atravessou o portão de ferro e entrou na seção B. Eles se perguntaram se ele teria quebrado a seção A por conta própria.

“O que está fazendo? Você não vem?” Yeon-woo disse enquanto olhava para trás.

Yul cruzou o portão de ferro sem acreditar. Seus lábios trêmulos se separaram e ele murmurou: “Finalmente, estou fora.”  Sua voz estava cheia de várias emoções.

[Você entrou na Seção B.]

A sala de espera da Seção B tinha o formato de uma cúpula e era grande o suficiente para acomodar milhares de pessoas. As pessoas que esperavam lá dentro estavam todas ocupadas: uns afiavam as espadas com pedras de amolar, alguns faziam exercícios de aquecimento, outros dormiam e outros estavam deitados, a cuidar  de seus ferimentos graves. Destes feridos, parte chegou até a perder membros. Além de Yul, essas foram as primeiras pessoas que Yeon-woo conheceu desde que chegou ao Obelisco, mas ele ignorou todos os seus olhares. “Eles são todos desistentes.”

Eles não tinham planos de seguir em frente, depois de passar pela horrível Seção A. Todos eles haviam desistido e estavam esperando o final do Tutorial, em duas semanas.

Ao contrário de outros períodos de teste, o Tutorial é um lugar perigoso onde os jogadores podem morrer se não se recomporem. Essas pessoas superaram os perigos da Seção A, mas perderam a coragem de continuar. Alguns viram companheiros e entes queridos morrerem diante de seus olhos e sucumbirem ao medo da morte. Até eu ficaria cansado também.

O Tutorial ficava mais difícil conforme os jogadores avançavam nas seções, e era inevitável que alguns desistissem. Mas se ele prestasse muita atenção neles, isso apenas o distrairia. Yeon-woo mudou-se para um local vazio, onde encontrou um banco. Ele chamou Yul, que parecia perdido em pensamentos. “Yul?”

“Huh? Sim!” Yul estava encarando uma área com olhos brilhantes, mas Yeon-woo o assustou e ele se virou para olhar.

“Vamos terminar nossa conversa primeiro.”

“Ah, sim!” Yul deu mais um olhar zangado e rapidamente se aproximou de Yeon-woo. Ele se sentou em frente a ele.

Yeon-woo olhou na direção para onde Yul estava enviando olhares zangados. Quatro jogadores estavam reunidos lá com olhares severos em seus rostos. “Eles são seus companheiros de equipe?”

“Eram. Mas agora não mais.” A expressão de Yul estava fria. Eles o haviam deixado nas mandíbulas da morte. Era natural ficar com raiva, mas Yul não queria se envolver com eles também. “Lixo é lixo, e não adianta se misturar com lixo.”

Yeon-woo gostava desse tipo de atitude. Havia uma linha tênue entre vingança e imprudência. Ser capaz de diferenciar os dois significava que Yul tinha muito espaço para crescer.

“Onde mesmo que eu estava?”

“Fluxo de mana, ou algo assim.”

“Ah, isto…”

Para sua surpresa, Yul sabia muito sobre mana, ou melhor, ele sabia muito sobre as teorias por trás do mana. Na maioria das vezes, aqueles que tinham habilidades mágicas inatas não sabiam muito sobre teoria, mas Yul disse que foi forçado a estudar desde cedo, devido às regras de sua família. Graças a ele, Yeon-woo foi capaz de ter uma ideia aproximada de magia e mana. Era difícil entender a maior parte da teoria, mas as coisas estavam começando a tomar forma em sua mente. Essas ideias possibilitaram que ele compreendesse parte do que Jeong-woo havia escrito em seu diário.

“Então.”

“Sim?”

“Eu tenho uma ideia aproximada do que é mana, mas se eu não posso usá-la, é inútil para mim. Qual é uma maneira fácil de controlar ou usar mana?”

“Um, bem…” Yul coçou a nuca. Eu realmente não sei. Quando começa a ser refrescante, não é fácil? Eu consigo usá-la desde o início, por isso é meio difícil explicar como usar.”

“Sério? Bem, que seja.” Yeon-woo acenou com a cabeça como se estivesse esperando essa resposta. Ele imaginou que Yul só seria capaz de explicar tanto quanto seu irmão pudesse, mas isso não significava que não havia progresso algum. Pelo menos, ele poderia aliviar a vaga sensação que tinha. Só isso foi uma grande colheita. Ele não havia perdido nada com o negócio de levar Yul junto a ele para a Seção B, já que ele estava indo para lá de qualquer maneira. “Pois bem, nos despedimos aqui. Você vai esperar o Tutorial terminar e voltar, certo?”

“Sim? Ah, sim.”  Yul parecia ter algo mais a dizer, quando Yeon-woo se levantou de sua cadeira, mas ele apenas assentiu em silêncio. Mesmo se ele quisesse chegar à Torre, apenas aqueles que obtiveram as pontuações mais altas durante o Tutorial eram elegíveis para entrar. Isso imediatamente o excluiu. Ainda assim, Yul tinha uma expressão ligeiramente arrependida no rosto.

Yeon-woo disse um breve adeus antes de se preparar para ir. Ele havia passado apenas pela Seção A. Ainda havia quatro seções restantes até a Seção F, então seria necessário diminuir a distância entre ele e os líderes o mais rápido possível. Yeon-woo estava prestes a se afastar quando de repente viu quatro jogadores vindo em sua direção. Eles eram o time que abandonou Yul.