Shadow Slave – Capítulo  184

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A poderosa caçadora encarou a Santa de Pedra, com a mão pairando no ar, pronta para agarrar o cabo da lança. Seus belos olhos cor de avelã estavam cheios de tensão e escura expectativa.

O contraste entre aquela pose feroz e o fato de que ela ainda estava confortavelmente enrolada em um cobertor era tão engraçado que Sunny não pôde deixar de rir.

“Caramba, relaxa. Você nunca viu um Eco antes?”

Effie piscou.

“Essa coisa… é sua? Espera, você conseguiu um Eco?!”

Ele assentiu e fez um gesto em direção à Santa de Pedra.

“Sim, consegui. Conheça a Santa. Ela não é uma beleza?”

A caçadora encarou a criatura taciturna e depois franziu a testa com indignação.

“Seu sortudo! Você sabe que eu nem sequer tive um vislumbre de um Eco depois de três anos neste buraco? Como ousa conseguir um antes de mim, hein?”

Sunny riu.

“Na verdade, esse foi o meu segundo Eco. O primeiro morreu no Labirinto.”

Effie encarou-o por um longo tempo, depois balançou a cabeça com uma expressão de total desânimo. Finalmente, ela se voltou para a Sombra e a estudou.

“Espere… ela é o que eu acho que é?”

Sunny assentiu.

“Sim.”

A caçadora levantou-se da cama e, deixando o cobertor para trás, caminhou descalça ao redor da Santa de Pedra. Ela a estudou de todos os ângulos e então disse:

“Como diabos você conseguiu matar uma dessas coisas e sobreviver?”

Sunny, que se viu involuntariamente estudando Effie de todos os ângulos também, piscou algumas vezes e deu de ombros.

“Na verdade, eles foram exterminados por um grupo de Caídos. Foi um confronto épico, para dizer o mínimo. Eu apenas aconteci de estar lá a tempo de acabar com um. E aqui estamos nós.”

Effie encarou a Sombra com admiração.

“Qual é a classe dela?”

Sunny sorriu.

“Monstro Desperto. Mas eu a vi matar duas Bestas Caídas, então… eu diria que ela é uma elite entre seus pares. De qualquer forma, você pode ver como não é impossível caçar três monstros em uma noite com ela ao meu lado. Eu os estudei com antecedência, é claro. Foi por isso que fomos tão rápidos em lidar com eles.”

A caçadora cruzou os braços, pensou por um instante e então lançou a Sunny um olhar estranho.

“Por que você está mostrando ela para mim? Com o quão paranóico você é, eu esperaria que você mantivesse um tesouro desses escondido.”

Ele se levantou, hesitou por um momento e então disse:

“Com o que eu tenho planejado, mostrá-la a você é meio que um requisito.”

Effie ficou em silêncio e, em seguida, deu-lhe um sorriso malicioso.

“Ah. Desculpe desapontar. Não me leve a mal, estou disposto a todo tipo de diversão. Mas, Sunny… Criaturas do Pesadelo é onde eu traço a linha.”

Ele franziu a testa, não entendendo bem do que ela estava falando. Então, seus olhos se arregalaram.

“O quê?! Você… que tipo de degenerado você é?! Treinamento! Eu queria usá-la para treinamento!”

A caçadora indisciplinada piscou inocentemente.

“Treinamento? Sunny, não há nada de errado em ser um pouco inexperiente, na sua idade. Na verdade, é bastante charmoso! Você não precisa recorrer a esse tipo de coisa, sabe…”

“Inexperiente?! Quem você está chamando de inexperiente?! Eu sou muito experiente! Espere… droga. Do que estamos mesmo falando?!”

Morrendo de rir, Effie deixou Sunny furioso e caminhou até a cozinha improvisada, balançando a cabeça. Logo, o cheiro tentador de carne assada encheu o ar.

‘…Vou matá-la. Devo matá-la? Será legítima defesa, de qualquer forma. Uma semana disso será minha morte.’

Com um suspiro, ele se esforçou muito para se acalmar. Quando seus pensamentos voltaram ao seu ritmo habitual, Sunny se posicionou diante da Santa de Pedra e exalou lentamente.

Era hora de aprender.

A caminho da catedral, Sunny tomou uma decisão difícil.

Ele decidiu não aumentar seu corpo com o poder da sombra durante sua prática com a Santa de Pedra.

Mesmo sabendo que isso lhe causaria muita dor no futuro, ele estava decidido sobre sua escolha. Havia várias razões pelas quais ele queria enfrentar seu monstro de estimação com sua própria habilidade física e nada mais.

A primeira e mais simples razão era que Sunny sabia que a sombra nem sempre estaria lá quando ele precisasse. Assim como durante a batalha contra o Mensageiro do Pináculo Carmesim, quando ela estava longe explorando, circunstâncias em que ele teria que confiar apenas em sua própria habilidade certamente aconteceriam.

Sem mencionar que haviam sido seus próprios reflexos, e não a sombra, que o salvaram de ser cortado ao meio pelo Cavaleiro Negro.

A segunda razão era menos evidente. Tinha a ver com a hierarquia de poder existente na Cidade Sombria. No topo, estavam os Caídos. Abaixo deles, as criaturas que eram apenas Despertadas. E no fundo, os Adormecidos.

Qualquer luta que um humano pudesse enfrentar naquele lugar amaldiçoado seria contra uma força avassaladora. Com o tempo, Sunny se adaptou a essa realidade e, hoje em dia, era capaz de enfrentar as classes mais baixas das abominações Despertadas em termos quase iguais… com a ajuda da sombra. Ele ainda era mais fraco, mas não muito.

No entanto, lá no fundo, ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, seria forçado a lutar contra inimigos Caídos. E também tinha quase certeza de que teria que cruzar espadas com humanos que haviam saturado seus núcleos com a essência da alma, e eram, portanto, muito mais fortes do que ele.

Por essa razão, sua experiência caçando monstros que não eram muito mais fortes do que seu eu aumentado na verdade era um impedimento. Isso enfraquecia seu potencial e o fazia esquecer o que realmente significava lutar contra um inimigo que estava muito acima dele — o conhecimento e a mentalidade de que ele precisava desesperadamente manter para ter uma chance de sobreviver no futuro.

Ele precisava se manter humilde.

E, por último, havia uma verdade que ele aprendeu durante esses seis meses na Costa Esquecida, e era que nada era mais benéfico para o crescimento de alguém do que lutar contra um oponente superior — especialmente se essa luta terminasse em sua derrota. Uma derrota ensinava uma pessoa mais do que uma dúzia de vitórias contra inimigos mais fracos.

O problema era que, neste lugar amaldiçoado, qualquer derrota significava morte. Então, Sunny realmente tinha pouca experiência em perder para alguém. Do começo ao fim, ele experimentou a derrota apenas três vezes: uma vez em uma batalha contra o Centurião Carapaça, uma vez quando enfrentou Nephis sob os galhos da Árvore da Alma e uma vez nesta mesma catedral, quando a espada do Cavaleiro Negro cortou seu estômago.

Cada uma dessas derrotas o ensinou mais do que qualquer outra coisa.

… Então, ter a oportunidade de lutar com um monstro que era muito mais poderoso do que ele e, no entanto, não tinha desejo de matá-lo, era uma oportunidade extremamente rara e preciosa.

Foi por isso que Sunny se preparou e deixou a sombra descansar no chão enquanto enfrentava a Santa de Pedra.

Respirando fundo, ele invocou o Fragmento da Meia-Noite, assumiu uma postura defensiva e encarou o ameaçador cavaleiro de pedra nos olhos.

“Ataque-me.”

Sem perder nem um segundo, ela fez exatamente o que lhe foi dito.

‘Ah… droga!’