Seguindo o olhar de Luke, Quentin exclamou involuntariamente: — Não me diga que você quer que eu me deite no chão?
Luke sorriu estranhamente.
Ele precisava admitir que Quentin estava correto.
Luke estava pensando em fazer Quentin deitar sob seu pé para que pudesse ativar a Comunicação Mental através daquele contato.
Suas mãos estavam naturalmente reservadas para as senhoras; ele não podia colocar o pé nas testas de Kris e Nancy.
O ponto principal era que ao invés de deixar alguém tocá-lo, era mais conveniente tratar seus próprios membros como “conduítes” para ativar a habilidade. Era como se muitos arqueiros tivessem o hábito de esticar os dedos para guiar suas flechas quando segurava os arcos. Com o pé? Bem, era possível com alguma dificuldade.
Por um momento, houve silêncio no quarto.
No final, foi Kris quem rompeu o impasse: — Luke, eu… não acho que consiga adormecer.
Luke ficou atordoado, e Kris abaixou a cabeça om vergonha: — Dormi demais de tarde. Não consigo adormecer.
Luke ficou sem palavras. Ele tinha esquecido completamente disso.
Kris dormiu das cinco da tarde até dez da noite; ela estava acordada fazia uma hora.
Não seria fácil dormir agora.
Luke só podia dizer: — Okay, Quentin e Nancy ficarão na cama. Você pode encontrar um lugar para se sentar.
Quentin ficou muito aliviado.
Um momento depois, Nancy e Quentin deitaram na cama de solteiro e Kris sentou perto de Luke em outro banco.
Quentin finalmente não conseguiu se conter: — O que vai fazer?
Luke olhou solenemente para Bobby fora e abaixou o tom: — Mais tarde, farei aquele psíquico profissional ajudar a conectar minha mente com a de vocês para entrar em seus olhos.
Quentin ficou atordoado: — Que psíquico?
Kris rapidamente apontou para Bobby: — Aquele. Ele foi quem ajudou o Luke a entrar no meu sonho e me salvar de tarde.
Quentin e Nancy se entreolharam em descrença, mas olhando para Kris, só podiam acreditar.
Caso contrário, não fazia sentido Kris confiar tanto neste detetive após uma tarde.
Olhando para Nancy e Quentin, que estavam um pouco nervosos, Luke sorriu: — Não precisam ficar com tanto medo; ele não é tão aterrorizante quanto pensam. Kris e eu nos encontramos com ele de tarde e ainda estamos vivos, não é?
É claro, se encontrarem ele sozinhos, provavelmente morrerão bem rápido, Luke acrescentou secretamente em seu coração.
Isto não era ele os desprezando.
Nancy e Quentin eram estudantes comuns que nunca passaram por algum tipo de treinamento relevante.
Se ele podia ou não derrotar Freddy, dependeria de sua sorte.
Felizmente, Luke nunca contou com a sorte, mesmo que sempre tenha sido sortudo.
Nancy e Quentin assentiu e finalmente fecharam os olhos.
Houve tensão no primeiro momento e tentaram permanecer acordados subconscientemente, mas após deitar por um tempo num ambiente silencioso, relaxaram lentamente.
Eles não dormiram há dias. Além disso, Luke usou um pouco da Comunicação Mental quando estava os confortando mais cedo, então agora confiavam mais nele.
Assim, dormiram após vários minutos.
Luke não entrou nos sonhos imediatamente. Ao invés disso, bateu no seu fone duas vezes e recebeu imediatamente o mesmo em resposta.
Aquilo era Selina deixando-o saber que já estava pronto.
Luke tinha seus próprios trunfos, mas ainda preferiu ficar um pouco mais preparado. Selina agora estava observando a atividade no cômodo pela câmera de vigilância que Luke montou.
Selina cochilou por uma hora de tarde e estava em alerta total, diferente de um gerente de relações-públicas azarado.
Recebendo a resposta de seu apoio fiel, a atenção de Luke retornou para Nancy e Quentin e notou leves mudanças em suas condições físicas.
Sua respiração e batimento cardíaco aceleraram um pouco, mas nada muito intenso.
Freddy provavelmente já havia os arrastado para o pesadelo, mas este era apenas o prelúdio para o ato principal.
Ele se virou para o lado e sorriu para Kris: — Confie em mim. Todos vocês sairão daqui seguros.
Ele então fechou os olhos e colocou as mãos nas cabeças de Nancy e Quentin, ativando a Comunicação Mental.
No momento seguinte, a cena mudou.
Luke se encontrou em algum tipo de sala de aula.
Estava completamente escuro fora da janela, e havia apenas uma luz pálida e sombria na sala. Somente alguns brinquedos e itens estavam espalhados; não havia ninguém aqui.
Luke não ficou por mais tempo e saiu.
No corredor, ouviu o eco de uma leve música. Várias garotinhas pareciam estar cantando uma canção de ninar e havia o bater rítmico de uma corda.
Luke caminhou pelo corredor para uma sala no final. A porta estava aberta e ele viu três garotas usando vestidos brancos.
Elas estavam brincando de pular corda enquanto uma das garotas saltava no meio e cantavam a canção de ninar juntos.
— Um, dois, Freddy vem te pegar… Três, quatro, feche bem o quarto… — Elas pareciam tê-lo notado, mas nada mudou em suas expressões enquanto continuavam a cantar e pular. Na sombra da fraca luz fluorescente, seus olhos eram como buracos negros enquanto o encaravam.
Luke inclinou a cabeça, após averiguar a cena, riu de repente: — Este cara é realmente um pervertido, mas é criativo. Pena que está usando isto para algo assim.
Balançando a cabeça, continuou pelo outro lado.
Na sala atrás dele, as três garotas viraram as cabeças e o observaram sair enquanto continuavam balançando a corda e cantando. Suas vozes monótonas ecoaram no corredor.
— Cinco, seis, pegue seu crucifixo…
— Sete, oito, fique acordado…
Luke chegou no corredor e abriu a porta que tinha a palavra “Manutenção” nela para revelar um espaço cheio com vários tipos de canos de metal. Atrás dele, as garotas continuaram cantando: — Nove, dez, não durma nenhuma vez…
Quando Luke entrou na sala, a música chegou num fim abrupto.
Ele virou a cabeça, só para ver que não havia uma porta atrás dele, apenas uma parede escura. A luz vermelha fraca neste espaço era como uma camada de sangue nauseante de olhar.
— A habilidade deste cara… Eu realmente a quero! — Luke murmurou.
A habilidade de entrar nos sonhos não era apenas útil numa luta.
Se ele quisesse, poderia criar um sonho numa praia ensolarada e uma quantidade infinita de comida deliciosa para satisfazer uma gulosa em particular. Ele poderia inventar a comida que ela quisesse e ela nunca engordaria ou perderia peso.
Similarmente, poderia fazer os suspeitos acreditarem que estavam num lugar seguro e conversar para uma parte segura. Seria muito mais fácil que usar algum tipo de interrogatório para contornar suas barreiras psicológicas.
E isto era apenas considerando o uso da habilidade em trabalho ou batalha legitima.