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Sword Pilgrim – Capítulo 66

Capítulo 66

Neve era uma parte inalienável das terras nortenhas.

Ela continuava se acumulando por todos os campos e montanhas no decorrer do ano, não importando a estação.

Exceto por um único lugar.

O único lugar no Norte que não tem nenhuma de suas características.

A Floresta Negra.

Mesmo que neve dentro da floresta, ela não se acumula ou mesmo cobre o solo. As enormes e densas árvores projetavam uma atmosfera opressiva. Mesmo em plena luz do dia, o interior da floresta continuava muito escuro.

Portanto, a Floresta Negra é o único lugar no Norte que não é coberto por neve.

E, de dentro dessa floresta, Callius olhou para Helena e perguntou, sorrindo: — Deixa eu ver se entendi, Helena. Então você está dizendo que quer casar comigo?

— O quê… mas o que é que você está dizendo?! Quem é que vai querer casar com você! Quem seria louca o suficiente para casar com o maior mulherengo do reino!

Callius cortou gentilmente um pedaço de bife com seu garfo e faca.

— …

Até mesmo nessa situação, a figura dele lembra alguma obra de arte, de modo que Helena involuntariamente deixou um sorriso no canto da boca escapar enquanto o observava.

Que gatão.’

Mesmo comendo, com apenas um garfo e uma faca no meio de uma floresta podre, de algum modo esse cenário a lembrava de alguma pintura à moda antiga.

O terreno era sujo e molhado devido à neve, e a floresta tinha um odor de relva e mofo, mas a própria existência dele afastava tudo aquilo para longe.

Será que pergunto qual perfume ele usa? Cheira tão bem…’

Inconscientemente, Helena fechou os olhos e expandiu seu olfato. Um aroma como flores e mel, doce, porém sutil, roçou levemente seu nariz. Ela desejou que pudesse sentir esse aroma para sempre.

Ainda assim, um casamento está fora de questão. Uma pena.’

A posição de Senhora do Norte era de fato muito atrativa.

Só que ainda assim teve que recusar.

— Mas por que você falou isso então?

— Eu estava apenas dizendo. Sua filha já não tem doze anos? Logo ela irá se casar e ter filhos. Então eu me tornaria uma vovó.

Helena já deve ter imaginado um futuro inexistente na cabeça dela.

— Entendi. Então o que é que você está tentando dizer? Que você quer se tornar uma vovó?

— É claro que não!!!

— É apenas uma situação hipotética! São apenas palavras, por que você tomaria isso como uma tentativa de eu me casar com você?

— Então foi apenas uma conversa inútil.

Conversa inútil, hein.

Ela realmente não tinha pensado nas palavras que disse, mas ouvir aquilo a deixou com vontade de chorar.

— Você nem ao menos consegue dizer uma palavra gentil para sua própria filha, vocês, pelo menos, tiveram uma oportunidade de conversar?

No instante em que ela proferiu aquelas palavras, Callius naturalmente ficou furioso.

— Mas que diabos! Eu estou dando o meu melhor!

Ele tinha seu próprio orgulho.

Mesmo que tenha apenas descoberto que tinha uma filha recentemente, ele assumiu Emily e a tratou bem com todo o seu coração.

É claro que, do seu próprio jeito.

— Não é suficiente apenas jogar alguns presentes para ela. Você sabe que garotas são delicadas! Você não poderia, pelo menos, ter dado um abraço nela?

Callius vacilou.

Parando para pensar, ele nunca fez isso, porque era muito embaraçoso.

— Essa criança não quer coisas desse tipo.

Além do mais, ela era uma criança que gostava de lutar com espadas.

Ele não estava errado… Provavelmente.

— Emily falou isso?

— Não, mas eu acho…

Eles não se falaram muito ultimamente.

Emily estava sempre treinando, e Callius tinha muito a ser feito.

A guerra tinha acabado, mas ele ficou ainda mais ocupado.

O pós-processamento depois de uma guerra é sempre importante. Funerais precisavam acontecer para acalmar as almas dos cavaleiros e soldados que tinham morrido.

Bernard e Callius, junto aos inquisidores de herege, todos se reuniram para rezar e realizaram uma magnífica cerimônia.

Emily agora era reconhecida pelos cavaleiros, e ela sempre estava com eles ou ajudando Bernard a ensinar as crianças.

Além do mais, Callius não teve muitas oportunidades de vê-la, pois estava se preparando para a caçada e para a viagem à Igreja. Elburton também tinha muitos problemas do seu lado, que teria que lidar em seu tempo livre.

Houve ocasiões em que Elburton os convidou para jantar.

Porém, mesmo nessas ocasiões, eles não conversavam muito.

A relação entre pai e filha tinha chegado num impasse, sem sinal de progresso.

Callius queria calar Helena, que continuava sendo irritante.

Se ele a deixasse continuar, ela tagarelaria sem parar até romper seus tímpanos.

— Helena.

— Hã, sim? O quê?

— Eu estive no Norte por um tempo, então não sei o que tem acontecido pelo reino. Você deve saber de alguma coisa, então se importaria de compartilhar as histórias que sabe comigo?

Helena era uma comerciante, então era sensível aos rumores,

Nessa época, informação era dinheiro, então tinha que haver muitas histórias na qual ela saberia.

— Hum, de graça? Você nem me pagou as mil moedas de ouro que pegou emprestado, ainda.

— Onde você acha que está? Aqui é o Norte.

Se você quer mil moedas de ouro, é só falar.

— Bem, a guerra deixou mais de dez mil mortos desta vez. E a Igreja está os transformando em carcaças para você, de graça! É, parece que você está rico o suficiente para não se importar com meras mil moedas de ouro.

— Mas por que mil moedas de ouro? Pelo que eu me lembre eram apenas quinhentas.

— Os juros estão incluidos, é claro. Você agora é o maior conde do reino, mas não quer pagar nem mesmo os juros de um empréstimo?

— …

Callius ficou furioso por um momento, mas, pensando bem, ele pegou o dinheiro emprestado há três anos.

Mesmo que os juros tenham dobrado sua dívida, não havia nada a dizer. Ele realmente precisava do dinheiro naquela época.

Não apenas o dinheiro, ele devia sua vida a ela, então os juros não eram nada demais.

— E tem outra dívida que você precisa me pagar. Afinal eu salvei sua vida.

Ela era o tipo de mulher que sugaria até mesmo o tutano dos ossos deles se deixasse.

Era hora de construir uma parede de ferro para se defender.

— Eu nunca pedi sua ajuda.

— Ah… Como alguém pode ser tão ruim assim? Mas já que eu te salvei de todo modo, não posso voltar atrás.

Ser casca grossa ocasionalmente valia muito a pena.

Callius decidiu mudar de assunto.

— Você recebeu minha carta?

— Carta? Ah sobre a mina de cobre em Torrett, certo?

— Sim.

Ela deve ter lucrado muito com aquela mina de cobre.

— Você está tentando pagar sua dívida com aquilo? Nós nem pudemos fazer nada com a mina.

— O quê? Por quê?

Era apenas cobre, mas isso tinha muitos usos.

A mina possuía uma reserva respeitável de cobre.

— Você não sabia? A igreja já tinha ocupado toda a cidade. Havia rumores sobre uma relíquia sagrada?

— Relíquia sagrada?

Callius cerrou os olhos.

Não tinha como ter uma relíquia da Igreja de Valtherus em Torrett.

Se estamos falando de uma relíquia sagrada perdida em Torrett…

Não podem ser as Lágrimas de Valtherus.’

Elas eram similares a uma relíquia sagrada, mas provavelmente eles não levaram pessoal o suficiente para procurar.

— De todo modo, foi por este motivo que não me incomodei com aquele lugar. Eu poderia me machucar se me envolvesse.

— Entendi.

Isso aconteceu mesmo em Torrett?

Então, a perseguição de Ryburn comigo tem algo relacionado a uma relíquia sagrada?’

Uma relíquia sagrada justificaria tão determinada perseguição.

Então, o senhor de Torrett…

O que será que aconteceu com Leone?

No pior dos casos, já deve estar morto.’

Leone.

Ele era uma criança doce.

— Tem mais alguma história?

— Não acho que tenha algo de interesse. Talvez algo que você esteja interessado… Ah! Agora que lembrei, Oliorro está em ruínas.

— Hum, então isso realmente aconteceu.

— O quê? Você já sabia?

— Não, não sabia.

O conde Artemion tinha pedido para ele ser parte de uma escolta destinada naquele lugar.

Mas ele recusou, porque imaginou que isso aconteceria.

Em primeiro lugar, qualquer lugar que o Império enfiasse o nariz está destinado ao desastre.

— Eu ouvi que havia hereges se escondendo por ali. Então a família real… Entendeu já, né?

— Aquele animal, hein.

— Animal? Se você disser algo assim na cara do príncipe, você vai ter sua cabeça decepada.

— Mas não estou errado, ou estou?

Quando Callius falou firmemente, Helena deu de ombros como se simpatizasse com o pensamento até certo ponto.

— Bom, foi isso que aconteceu. O príncipe foi para lá e esmagou, matou e destruiu tudo.

— Hum.

Conde Artemion pediu para Callius para escoltar alguém que estava em Tristar.

A escolta deveria ser destinada ao príncipe de Carpe.

Se eu tivesse sido parte daquela escolta, teria terminado em desastre.’

Aquele conhecido como “Príncipe Louco”.

Uma besta que perdeu sua cabeça e ficou maluco após ser atingido por um golpe de espada por engano.

— Mas o problema em Oliorro não era apenas sobre a rebelião, né? Eu não acho que o príncipe teria conseguido lidar com a situação.

— Porque não era apenas sobre a rebelião, o príncipe tinha que ir. Isso é segredo ainda, mas você sabe que tipo de armas os rebeldes estavam usando?

— Clavas, certo?

— Hã? Como você sabia?

— Entendi. Então foi por isso que eles enviaram o príncipe.

Clava.

Se fosse esse o caso, era possível entender.

Um país que não tinha sido absorvido pelo Império, porém ainda mantinha relações amigáveis com eles.

Radon, o país que servia ao Deus da Clava.

O ódio que o povo de Carpe tinha por eles apenas perdia para o que sentiam pelo Império.

Ou talvez, de certo modo, eles os odiavam ainda mais do que odiavam os imperiais.

— Você realmente não sabia?

— Agora eu sei.

— O que você… deixa pra lá, então não foi apenas uma pequena rebelião, Comprei um monte de coisa, já que a qualquer momento uma guerra podia estourar. Mas o Norte já estava em guerra. Teria sido um grande negócio.

A roda girou, e a guerra no Norte tinha a missão principal.

Agora já chegou a um fim, porém esse era apenas o primeiro passo.

A linha do tempo está progredindo mais rápido do que pensei.’

Antes da guerra acontecer, os problemas tinham que ser reduzidos antecipadamente.

De algum modo, isso tornou mais fácil quais decisões tomar.

— Até quando você pretende ficar comendo? Levante-se! Estou com um pouco de frio…

— Eu não estou com frio.

— Você tem esses artefatos com você, é claro que não está! E você é um nativo! E eu não!

— Está frio! Estou morrendo de frio!

— Dramática. Bruns. Cuide disso.

— Sim! Espera, o que você quer que eu faça?

Bruns olhou para o prato em suas mãos e para Helena alternadamente.

— Falei para…você limpar os pratos.

— Ah, sim!

— Espera, você acabou de olhar para mim?

— Não desconte sua raiva em alguém que não tem nada com isso. E foi você que quis me seguir. Se vai reclamar sobre um friozinho desse, apenas volte de onde veio.

— Estou apenas te acompanhando, pois a Floresta Negra está no caminho para a capital! Por que você fica me dizendo para voltar? Estou magoada!

Callius balançou a cabeça e subiu no cavalo.

Ele era um tapado quando o assunto era andar a cavalo em sua juventude, mas as pessoas crescem. Com a Sela de Humasys, cavalgar não era mais um problema.

— Por que está fazendo isso?

O cavalo não se moveu um centímetro sequer.

— Não é que ele não queira. Eu acho que ele está com medo, Callius.

Da criatura que habita a Floresta Negra?

Tinha sangue de dragão.

Parece que nem mesmo os animais comuns queriam entrar na floresta.

— Já está desse jeito. Eu pensei que era um filhote… não?

Callius ativou o Olho Tricolor.

Toda a floresta foi tingida de vermelho. Haviam alguns pontos solitários tingidos de azul, mas a maior parte do cenário estava vermelho vivo, como se estivesse manchada com sangue.

Talvez alguém tenha incomodado o dragão lobo do trovão.

Bom, já faz algum tempo, então eles devem tê-lo encontrado pelo menos uma vez.

Ao andar pela floresta, não havia como não cruzar o caminho da besta pelo menos uma vez.

— Vou deixar o cavalo aqui. Bruns. Você deve ficar e protegê-lo.

— Certo!

Melhor assim, esse cara só seria um obstáculo caso entrasse na Floresta Negra, que se estendia na frente deles.

— Helena. As sombras…

No momento que ele estava falando, a intuição do Callius o alarmou.

Os cabelos do seu corpo se eriçaram, e, em seguida, sentiu um arrepio profundo nos ossos.

Inconscientemente, seu corpo se moveu.

— Ei!!!

Ele empurrou Helena para longe a fim de se esquivar.

Foi então que…

Kwagwagwang!!

Um clarão de um relâmpago azul.

– Hiiiiiiiiing!

Na frente de seus olhos tinha uma cabeça de um lobo.

O corpo coberto em escamas de dragão. Pelo azul-claro na cauda e dois chifres que exibiam pequenos pontos de luz.

Um ser híbrido entre um dragão e um lobo. O dragão lobo do trovão com sangue dracônico tinha aparecido, com relâmpagos reluzindo de sua boca aberta.


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