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The Beginning After The End – Capítulo 345

Socialite

Abaixando o pergaminho detalhando as matérias que eu deveria lecionar, suspirei e recostei-me na cadeira. Acabei me lembrando da academia militar que frequentei na minha vida anterior, e não foi uma lembrança boa.

O guerreiro dentro de mim – o homem que tinha sido um mestre espadachim, um rei, uma Lança – olhou para esses exercícios, que se concentravam em dominar movimentos repetidos e aperfeiçoar as minúcias de postura e o posicionamento de mãos e pés, e viu que era o tipo de controle obsessivo no treinamento que eliminava a criatividade em batalha. Esta parte de mim sabia que eu poderia fazer mais do que somente forçar um molde nos estudantes.

Mas havia outra parte também: o irmão, amigo e filho. Eu era um cidadão de Dicathen, deslocado e rodeado de inimigos, sendo solicitado para treinar soldados que um dia poderiam usar essas habilidades contra as pessoas que eu mais amo, apenas para me manter seguro. Embora tivessem se passado apenas dois dias, estava ficando cada vez mais difícil me concentrar enquanto aquela parte de mim continuava fazendo a mesma pergunta.

Pra que? Eu me perguntei pela décima vez desde que a Foice, Dragoth, tinha aparecido na Academia Central. Essa raiva se apegou a mim desde então, invadindo cada interação, envenenando cada pensamento.

Eu queria fazer algo mais do que apenas examinar papéis atrás de uma mesa.

Todos os argumentos de Alaric e Darrin pareciam tão distantes agora que eu estava aqui, sentado em um escritório na Academia Central, me preparando para dar aula. Não havia realmente uma maneira melhor de escapar do nó político no qual eu estava amarrado, preso entre a hostilidade dos Granbehls e a manipulação dos Denoirs?

Tudo isso vale a pena?

“Tudo o que vale a pena?” Regis interrompeu de onde estava no canto. “A proteção política, o acesso gratuito e sem perguntas pra entrar e sair das Relictombs? Ou talvez o tesouro de relíquias mortas e livros didáticos aos quais temos acesso?”

Fechei os olhos. “Você sabe o que eu quero dizer.”

“Apenas admita que você está com medo de ver esses alacryanos como pessoas reais em vez de encarnações do diabo,” disse ele com um sorriso malicioso. “Eu imagino que humanizar seus inimigos não alivia a sua bússola moral já bagunçada.”

Abrindo um olho, joguei um pergaminho no grande monte de pelo e fogo. Logo quando deveria ter ricocheteado nele, seu corpo acendeu em chamas roxas, engolindo o projétil.

O sorriso malicioso de Regis apenas se alargou quando seu rabo abanou irritantemente. “Espero que não seja nada de que você precise.”

Eu abri minha boca para responder, mas uma batida suave na porta me interrompeu.

‘Você quer que eu volte pra dentro?’ Regis perguntou.

Balancei a cabeça. A essa altura, acho que não tem problema.

“O que é?” Eu disse em voz alta, as palavras saindo mais abruptamente do que eu pretendia.

A porta do escritório se abriu e uma mulher entrou, suas ondas flutuantes de cabelo loiro arrastando ligeiramente atrás dela como se ela estivesse rodeada por uma brisa suave. “Grey! Eu espero que você não se importe que eu venha aqui.”

Eu a reconheci com um aceno conciso. “Sinto muito, estou um pouco ocupado—”

“Oh, você precisa de ajuda para se preparar para a aula? Tenho certeza que você tem muito a fazer.” Ela saltitou pela sala e encostou seu quadril na minha mesa para olhar para os materiais espalhados na minha frente. “Esta é a terceira temporada em que dou aulas em ambas as minhas matérias, então estou preparada. Eu ficaria feliz em passar algum tempo com você – ajudando você, quero dizer.”

Franzindo a testa, ponderei a melhor forma de me livrar da mulher sem entrar em um caminho sem volta, mas Regis se mexeu, suas chamas queimando, e Abby gritou e recuou através do pequeno escritório.

“O-o que é isso?!” ela exclamou, seus olhos âmbar arregalados de medo.

“Minha invocação,” respondi com indiferença.

“Uau, uma invocação?” Abby perguntou sem fôlego, suas bochechas coradas de medo. “Eu nunca vi uma como esta antes.” Dando alguns passos hesitantes para longe de Regis, que estava tendo dificuldade em manter uma expressão séria, ela subiu na minha mesa, uma perna cruzada sobre a outra. “Isso é realmente impressionante. Mas você se importa se eu perguntar” — seus lábios se curvaram em um sorriso provocador — “conjurar sua invocação, você se sente em perigo ou algo assim?”

Regis balançou as sobrancelhas enquanto observava Abby se inclinar para mais perto de mim, obviamente gostando do meu desconforto. Fiquei tentado a chamá-lo de volta com o sinal verbal que Regis e eu havíamos combinado de antemão para casos como esse, mas meu companheiro balançou a cabeça agora que Abby não estava olhando para ele.

‘Gosto da vista daqui, se não se importa,’ disse ele com um sorriso satisfeito. ‘E ver você se contorcer torna tudo ainda melhor.’

Eu balancei minha cabeça, travando meu olhar com o de Abby e retornando um sorriso suave. “Talvez eu só quisesse impressionar uma colega.”

“O-oh,” os olhos da professora loira se arregalaram, surpresa. Os olhos de Regis fizeram o mesmo.

Após uma breve pausa, dei uma piscadela para ela. “Estou apenas brincando, Srta. Redcliff. Porém, tenho certeza que você está bem acostumada a ignorar pretendentes maliciosos.”

“Você é demais,” disse ela com uma risadinha, suas orelhas queimando de vermelho quando ela desviou o olhar. “E, por favor, me chame de Abby.”

“Muito bem.” Eu me levantei e dei a volta na minha mesa, encostando-me nela ao lado dela.

Eu estendi minha mão e esperei que ela pegasse. Seus dedos mal tocaram os meus quando ela retribuiu meu gesto. “É um prazer vê-la novamente, Abby.”

“O prazer é meu,” ela respondeu com um leve aperto na minha mão.

Afastando-me, dei uma olhada em meu companheiro, que estava de queixo caído, antes de voltar minha atenção para a minha visita. “Espero não estar sentado muito perto. Falar com você por de trás da minha mesa faz com que pareça que estou falando com meus alunos.”

“Não, eu também prefiro assim, quer dizer — eu não sou uma estudante, afinal,” ela disse, balançando a cabeça.

“Bom, estou feliz,” eu dei uma risada feliz antes de deixar meu sorriso desaparecer. “Embora talvez tenhamos que ser breves na conversa de hoje.”

Abby manteve sua expressão imparcial, mas seus ombros caíram com minhas palavras. “Oh? Imagino que você fez planos para o resto do dia?”

“Eu pretendo desfrutar de um encontro adorável com essas pilhas de papéis aqui,” eu disse com um sorriso cansado.

“Como eu disse antes, ficaria feliz em ajudá-lo a se preparar para sua aula, Grey,” ela disse.

“Não é exatamente sobre a minha aula, por assim dizer.” Eu cocei minha bochecha enquanto desviava o olhar, fingindo vergonha. “Esqueça, fico com um pouco de vergonha se disser em voz alta.”

“O que é?” os olhos âmbar de Abby brilharam de curiosidade quando ela se aproximou de mim. “Eu prometo que não vou contar.”

Soltei um suspiro. “Bem, eu sou de uma área bastante isolada de Sehz-Clar, então estou terrivelmente desinformado sobre muito do que todos aqui considerariam como conhecimento comum.”

O rosto de Abby iluminou-se. “Oh! Você não poderia ter contado pra ninguém melhor!”

Eu levantei uma sobrancelha, lançando-lhe um olhar tímido para cima. “Como assim?”

Minha colega me deu um sorriso malicioso. “Sabe, eu conheci a maioria dos outros professores aqui muito antes de eu mesma assumir um cargo de professora, e muitos de nós gostam de conversar.”

Inclinei-me para mais perto de Abby, apenas o suficiente para deixar nossos ombros se tocarem. “Sério?”

Ela olhou para nossos ombros antes de olhar para trás. “E um tópico comum de fofoca que todos nós compartilhamos é sobre os alunos aqui, especialmente com os Altos Sangues que temos que estar atentos.”

“Estou com inveja.” Eu deixei escapar uma risada. “Eu realmente quero fazer deste lugar um lar e me encaixar, mas pedir para você compartilhar tanto comigo seria apenas um fardo para você.”

“Não seria um fardo de jeito nenhum!” Ela se iluminou como Xyrus durante a Aurora Constelada. “Oh, por onde eu começo?”


Eu deixei minha mão descansar suavemente em seu braço por um momento enquanto dava a Abby um sorriso melancólico. “Você é uma salva-vidas, Abby. Isso foi muito útil.”

Radiante, ela deslizou da minha mesa e se curvou em uma reverência, segurando suas vestes de batalha brancas como a bainha de um vestido. “Ao seu serviço, Professor Grey. Por favor” — aqueles olhos cor de mel focaram os meus com uma atenção feroz — “não hesite em me chamar de novo, ok? Talvez para um drink na próxima vez?”

Eu andei atrás dela, levando-a em direção à minha porta com um leve toque na parte inferior de suas costas e um sorriso junto. “Deixe-me acompanhá-la para fora.”

“É um verdadeiro cavalheiro para alguém que se diz tão pouco inclinado socialmente,” disse a Conjuradora com um sorriso tímido antes de sair do meu escritório.

Assim que fechei a porta atrás de Abby e seu cabelo, que ondulava com o vento que ela obviamente estava conjurando em torno de si mesma, meus ombros caíram e um fôlego escapou de meus pulmões. A raiva persistente finalmente se extinguiu, mas eu fiquei me sentindo frio e desapegado.

Virando-me, me deparei com um Regis estupefato, seus olhos confusos me encarando.

“O quê?” Eu rosnei.

“Quem é você e o que fez com meu proprietário anti-social e tão charmoso quanto um tronco apodrecido?” Ele perguntou com uma mistura de suspeita e admiração vazando para minha cabeça.

“Só porque escolho ser discreto, não significa que não posso ser charmoso quando necessário,” argumentei, afundando de volta na minha cadeira.

Regis me seguiu até meu assento e colocou o focinho na minha mesa. “Você não está preocupado que a Srta. Boca Solta ali contará a outros professores tudo sobre a conversa dela com você?”

“Estou contando com isso,” respondi, cansado, inclinando a cabeça para trás. “Minha história falsa será muito mais verossímil se vier da boca de outra pessoa.”

“Devo ter medo da sua proficiência fantástica na arte da sedução?”

“Você faz parecer que eu acabei de me vender para ela ou algo assim,” eu zombei.

“E a maneira como você evitou a última pergunta dela colocando a mão nas costas dela… você aprendeu isso em um livro ou algo assim? Porque eu gostaria de ler também,” disse ele, balançando a cabeça.

Eu ignorei meu companheiro enquanto coloquei um pé na mesa, descansando o salto da minha bota no meio da pilha de pergaminhos.

“Você não deveria estar trabalhando nisso tudo, afinal?” Regis apontou.

“Sim, presumindo que eu tivesse algum interesse em realmente ensinar essas crianças.” Levantando-me novamente, saí do escritório. “Vamos lá, vamos fazer algum uso deste centro de treinamento antes do início das aulas.”

Regis cambaleou atrás de mim. “Ooh, uma batalha pela gostosona que desafia a gravidade?”

“Pare de pensar como um tarado. Ela não é um objeto,” eu retruquei. “E, além disso, pensei que você tivesse uma queda por Caera.”

“Por que eu preciso gostar de apenas uma?” Regis perguntou sério.

Revirei os olhos enquanto eu caminhava para o painel de controle. “Apenas vá se alongar ou algo assim, para não culpar a perda numa virilha etérea distendida.”

Depois de mexer em alguns interruptores, a barreira de proteção ganhou vida com um zumbido baixo. Em seguida, aumentei a gravidade dentro do anel tanto quanto o sistema conseguia, reprimindo um sorriso malicioso.

“Vou lhe mostrar uma virilha etérea,” brincou Regis, saltando para a plataforma e tropeçando imediatamente sob o peso de seu próprio corpo. “Ei, espere um maldito segundo!”

Eu gargalhei enquanto pulei ao lado dele. A força da gravidade aumentada era opressiva – talvez sete vezes o normal – mas nada que eu não pudesse lidar com éter infundido nos meus músculos e ossos.

“Qual é o problema, cachorrinho?” Eu provoquei, começando a pular na planta do pé enquanto me acostumava com a mudança no ambiente.

Regis soltou um rosnado baixo e andou de um lado para o outro em sua extremidade da plataforma enquanto ele também tentava se ajustar. “Oh-ho. Você tem sorte que eu provavelmente deixaria de existir se eu explodisse você com Destruição agora.”

Segurando um sorriso, comecei a dar socos e chutes no ar, sentindo o peso extra de meus golpes, então mudei para uma série de movimentos que aprendi enquanto estudava com Kordri. O movimento minucioso e cuidadoso necessário para implementar a maioria das habilidades marciais asuran tornou-se significativamente mais difícil devido ao intenso peso dos meus membros.

Regis torceu o pescoço com um estalo retumbante e todo o seu corpo estremeceu de antecipação – ou talvez fosse o esforço de ficar em pé na gravidade aumentada. “Você está pronto para isso, princesa?”

Concentrando, foquei minha atenção no lobo das sombras, bloqueando o zumbido sutil do escudo e o som das vozes dos alunos que ocasionalmente vinham do pátio externo.

As ancas de meu companheiro ficaram tensas e, no instante seguinte, ele foi arremessado pelo ar como uma flecha de balista, mas eu já tinha dado um passo para o lado, a palma da minha mão subindo para desviar de sua mandíbula.

Quando ele passou voando, minha outra mão agarrou uma de suas patas traseiras. A simples perturbação de seu impulso, combinada com o aumento da gravidade, foi o suficiente para fazê-lo girar de modo que ele caiu pesadamente no tatame, caindo de costas e tropeçando dolorosamente nos escudos.

“Pelo menos poderia ter… ligado o amortecimento de impacto?” Regis bufou enquanto lutava para ficar de pé.

“Já terminou?” Eu perguntei em um tom de decepção fingida.

As chamas ao redor do corpo de lobo de Regis brilharam, pintando a sala de aula com respingos de luz roxa. Assim que se pôs de pé novamente, ele se preparou para outro salto, aparentemente sem ter o que dizer pela primeira vez.

A tensão de seu corpo foi ainda mais pronunciada em seu segundo ataque, mas ao invés de se lançar diretamente em mim, ele fintou para frente apenas alguns metros, esperando que eu me afastasse, então redirecionou seu ataque.

Eu levantei minhas mãos revestidas de éter, com a intenção de pegar Regis no ar, mas sua forma mudou e se tornou etérea, e ele desapareceu em meu corpo. Eu girei, esperando o que se seguiu, mas com meu corpo pesado não fui rápido o suficiente, e sua mandíbula agarrou minha panturrilha e puxou a perna debaixo de mim, jogando-me pesadamente no chão.

A cabeça envolta em fogo do lobo das sombras sorriu para mim. “Estamos empatados, chefe.”

Levantando-me sobre um cotovelo, inspecionei meu companheiro pensativamente. “Foi muito esperto utilizar sua forma etérea para me enganar assim.”

Regis estufou o peito. “Eu sou uma arma literal projetada por uma divindade, pelo bem de Vritra. Você acha que eu—” Regis parou, olhando para mim com os olhos arregalados.

Eu devolvi seu olhar com um sorriso irônico, uma sobrancelha levantada. “Pelo bem de Vritra?”

“Ugh, perdão. Um parte do Uto escapou aqui.” Ele se recostou e sorriu maliciosamente. “Que inclusive gostou muito de te fazer cair de bunda.”

Eu me levantei. “Vamos ver se você consegue fazer isso de novo.”


Continuamos a treinar e disputar até que nossas pernas tremeram com o esforço e meu núcleo doeu com a quantidade de éter necessária para fortalecer meu corpo contra a gravidade elevada. Regis estava me rodeando, ganhando tempo antes de outro ataque. Embora ele estivesse tentando proteger seus pensamentos, eu sabia que ele estava no fim de suas forças físicas no momento.

É por isso que eu pensei que ele seria pego desprevenido quando eu usei o Burst Step pelo ringue de duelo para suas costas, mas antes que suas pernas pudessem desabar com o fardo adicional, o lobo das sombras desapareceu, flutuando com segurança em meu corpo enquanto eu batia no chão forte o suficiente para sacudir toda a plataforma.

‘Temos companhia,’ a voz de Regis soou dentro da minha cabeça. ‘Você cuida desse cara. Vou tirar uma soneca longa e agradável em seu núcleo de éter.’

Lembre-me de começar a trancar a porta enquanto estivermos aqui, reclamei.

Pulando pra fora do tatame, examinei a sala e vi que um homem estava descendo lentamente as escadas em minha direção, mancando ligeiramente a cada degrau. Ele parecia uns dez anos mais velho do que eu, mas algo – talvez a maneira como ele se comportava, as linhas ligeiramente suaves de seu rosto, ou a expressão de diversão juvenil que ele tinha – me dizia que ele era mais jovem do que parecia.

Assim que ele me viu olhar para cima, ele deu um pequeno aceno, que eu não devolvi imediatamente. Sua mão foi para seu cabelo ruivo, despenteando-o de forma que parecesse ainda mais desgrenhado pelo vento do que já estava, mas minha atenção estava na outra mão – ou na falta dela, pois terminava em um toco em seu cotovelo.

“Olá. Grey, certo?”

“Sim,” eu disse sem fôlego. “Posso te ajudar?”

Ele inclinou a cabeça com curiosidade antes de me dar um sorriso educado. “Não, não exatamente. Minha sala de aula fica no final do corredor, e eu queria dar uma passada e me apresentar. Sou Kayden do Sangue Aphelion.”

Eu dei a ele um único aceno de cabeça, o que enviou uma nova onda de suor escorrendo pelo meu rosto e nariz. Na minha cabeça, Regis disse, ‘Até Uto tinha ouvido falar dos Aphelions. Altos Sangues, família militar.’

Uma carranca passou por seu rosto por menos de um segundo, mas foi suavizada tão rapidamente assim que ele mancou em direção ao ringue de duelo. “Você é tão curto e grosso quanto dizem os rumores, o que é uma mudança bem-vinda por aqui.”

“Seu tom sugere uma aversão a fofoca, mas parece que você também está bastante interessado em rumores,” eu respondi com uma sobrancelha levantada.

“Eu escolho ouvir em vez de participar, mas vou admitir minha pequena hipocrisia,” disse ele com uma risada, continuando a descer as escadas com cuidado. “De qualquer forma, consegui pegar seu último movimento e devo dizer… sua velocidade é quase tão impressionante quanto seu controle de mana. Mesmo agora, não consigo sentir nem mesmo uma gota de mana vazando de você.”

Só foi quando ele ultrapassou o limite da plataforma que eu percebi…

“Pessoalmente, não passo tanto tempo quanto eu – oof!”

Como se ele tivesse caído da beira de um penhasco, Kayden desabou, sua perna ferida cedendo imediatamente ao contato com a plataforma enquanto seu peso aumentava sete vezes.

Ignorando Regis, que estava gargalhando, pulei para o piso e apertei o controle para redefinir todas as configurações. O escudo de mana estalou ao desaparecer, e o Alto Sangue alacryano foi capaz de se sentar em uma posição estranha.

“Pelos chifres de Vritra, como você estava de pé aqui?” Ele perguntou, boquiaberto. Então ele soltou uma risada surpreendentemente genuína. “É claro que o homem que quebrou as correntes de detenção bem na frente do painel de juízes que tentavam executá-lo treinaria assim.”

“Desculpe,” eu disse, embora no fundo da minha mente eu estivesse me perguntando quantas pessoas aqui sabiam sobre o julgamento. “Você está bem?”

“Nada grave,” disse ele com um sorriso. “Eu já estive pior.”

“Eu… não duvido disso,” respondi, olhando para o coto de seu braço.

Após uma breve pausa, Kayden sufocou uma risada.

Minhas sobrancelhas franziram. “Algum problema?”

“Nada, não é nada.” Ele acenou com a mão, ainda sorrindo. “É só que, já vi muita gente olhar para o que sobrou do meu braço esquerdo, mas você é o único cuja expressão não se transformou em pena.”

“Quem sou eu para ter pena quando isso poderia ser sua medalha de honra ou símbolo de sacrifício,” eu disse simplesmente.

A leveza de Kayden desapareceu quando ele olhou para mim como se eu tivesse acabado de abrir asas antes de se segurar e balançar a cabeça enquanto murmurava, “Estou muito feliz por ter trazido isso.”

Usando minha camisa para enxugar meu rosto suado, avaliei o homem enquanto ele se sentava e estendia suas pernas pela beirada da plataforma de duelo. Ele retirou um pacote branco brilhante de seu artefato dimensional, que parecia ser uma pulseira de ouro simples em torno de seu pulso restante.

Ele estendeu o pacote com uma indiferença cuidadosa. Quando eu hesitei, ele me deu um sorriso malicioso. “Não se preocupe, não tenho o hábito de dar presentes que possam prejudicar o destinatário.”

Eu puxei o presente da sua mão. Era macio ao toque. Eu balancei para que o pacote se desdobrasse, revelando uma capa branca brilhante com um capuz forrado de pelo branca. A finalização da costura era em prata sutilmente brilhante que parecia metálica ao toque.

Um olhar mais atento revelava runas quase invisíveis bordadas no capuz. “Magia?” Eu perguntei desconfiado.

O homem sorriu. “Pensei que talvez você apreciasse um pouco de anonimato ao viajar para fora dos terrenos da academia, considerando tudo.”

Esfreguei meus dedos sobre o fio branco sobre branco que formava as runas. “Algum tipo de feitiço de ocultação?”

Kayden acenou com a cabeça, suas sobrancelhas se contraindo para cima. “Especificamente, a capa irá ocultá-lo da atenção dos outros, fazendo com que seus olhos se desviem de seu rosto. Somente quando o capuz estiver levantado e somente quando eles não olharem muito de perto.” Ele pigarreou e se mexeu ligeiramente. “Espero não ter interpretado mal a situação…”

Franzindo a testa, olhei para o homem, que estava me observando de perto. Percebi que estava olhando para as runas enquanto pensava sobre o que seu presente – e suas palavras – implicavam. “Este é um presente caro,” eu disse, dobrando a capa de volta. Eu estendi para ele. “Não posso aceitar isso.”

A expressão de Kayden suavizou, mas ele não se moveu para pegar de volta. “Eu entendo por que você pensa isso, mas não é nada, honestamente. Quer você decida usá-lo ou jogá-lo fora, faça o que quiser com ele.”

Depois de um momento de hesitação, eu balancei a cabeça, aceitando a capa mágica. “Você tem meus agradecimentos,” eu disse formalmente, dando ao outro professor uma pequena reverência.

Kayden dispensou meu gesto antes de sair desajeitadamente da plataforma. “Foi um prazer conhecê-lo, Grey.” Ele começou a mancar em direção à escada, então parou e olhou para trás por cima do ombro. “Todos por aqui têm seus demônios, Grey. A maioria das pessoas não será capaz de ver o seu além dos delas.”

Sorrindo para si mesmo, o homem subiu delicadamente as escadas e saiu da minha sala de aula.

‘Cara esquisito,’ observou Regis. ‘Mas ele trouxe presentes, então vou perdoá-lo.’

“A maioria das pessoas não verá os seus além dos delas,” eu ecoei, me consolando com essas palavras.

‘Sim, pare de ser tão paranóico. É basicamente isso que venho dizendo a você,’ retrucou Regis.

Eu olhei para o manto branco refinado. “Quantos dias até o início das aulas?”

‘Sim. Apenas sim,’ disse Regis, lendo meus pensamentos.


“E você tem certeza que quer entrar sozinho?” a mulher perguntou novamente. Ela era de meia-idade, com um toque de cinza em seu cabelo castanho. Uma cicatriz de queimadura cobria o lado esquerdo de seu rosto. “Há muitos grupos procurando—”

“Tenho certeza,” eu disse com um sorriso imóvel.

A balconista finalmente cedeu com um encolher de ombros enquanto marcava algo no pergaminho à sua frente. “Professor Grey da Academia Central, ascensão solo. Sua identidade foi verificada. Todas as relíquias e espólios devem ser registrados em sua saída. Que sua ascensão seja frutífera.”

Afastando-me da cabine, puxei novamente o capuz forrado de pele para esconder minhas feições e olhei em volta.

Algumas dezenas de ascendentes estavam reunidos em frente ao enorme portal de ascensão, alinhados atrás de mim ou se preparando para entrar. Eu examinei os estandartes que mostravam os símbolos de muitos Altos Sangues e Sangues Nomeados pendurados nas paredes brancas e sufoquei uma risada quando vi que alguém havia desfigurado o estandarte dos Granbels.

Um grupo de rapazes e moças, não mais velhos do que no final da adolescência, estava parado por perto, e um deles tentou chamar minha atenção. Ele estava segurando um artefato que parecia uma caixa preta simples com um cristal de mana afixado nela.

“Ei, desculpe incomodá-lo,” ele disse, dando um sorriso tímido, “mas você se importaria de tirar uma foto nossa? É a nossa primeira ascensão sem um diretor—”

“Não,” eu disse simplesmente, passando pelo grupo surpreso e diretamente para a luz branca dourada do portal.


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Diego
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Diego
3 meses atrás

Se quiser sim mano

YoEyes | Deus GadoD
Membro
YoEyes | Deus Gado
4 meses atrás

“Todos por aqui têm seus demônios, Grey. A maioria das pessoas não será capaz de ver o seu além dos delas.”

Arthur ainda vai esquecer essas palavras fica vendo

RhythmD
Membro
Rhythm
5 meses atrás

Não

Gabrielzin
Visitante
Gabrielzin
6 meses atrás

A galera cap passado reclamando do arco, eu tô é feliz que saiu das relictombs, bglh horrível

Hunter
Visitante
Hunter
4 meses atrás
Resposta para  Gabrielzin

Sim, o pior arco da novel

Gabriel Lima
Membro
Gabriel Lima
3 meses atrás
Resposta para  Gabrielzin

muito melhor na relictombs achando relíquia, aprendendo umas técnicas malucas do que nessa escola aí lidando com essa pirralhada

WikiD
Membro
Wiki
2 meses atrás
Resposta para  Gabriel Lima

Não gosto tanto desse viado vindo de cima, mas ele tá certo

milon
Visitante
milon
6 meses atrás

“Por que eu preciso gostar apenas de uma?”
Regis é dos nossos

AlyssonD
Membro
Alysson
4 meses atrás
Resposta para  milon

Sou fiel a Seris

ManelD
Membro
Manel
3 meses atrás
Resposta para  Alysson

rapaz… outro patamar isso ein men

GianD
Membro
Gian
7 meses atrás

Não é somente o sal que é grosso kkkkkkk

JÃOZINHO HTT
Membro
JÃOZINHO HTT
8 meses atrás

Não. 😃👍

Tomás
Visitante
Tomás
11 meses atrás

Pena que ele não tem mais mana

Arthur LeywinD
Membro
Arthur Leywin
9 meses atrás
Resposta para  Tomás

se ele ainda tivesse mana isso faria todo o decorrer da historia a partir daqui perder a graça, pois ele não teria que reaprender um novo tipo de magia de novo, e seria muito forte no entanto limitado ao poder da mana, assim ele é, de certa forma, deslimitado com o uso do éter, que na teoria é mais forte

Dante
Membro
Dante
8 meses atrás
Resposta para  Arthur Leywin

Não so na teoria como na pratica podendo ate reviver os mortos ou destruir

chico amaroD
Membro
chico amaro
5 meses atrás
Resposta para  Arthur Leywin

entretanto muita gente não sabe ou ignora esse fato e muitas dessas pessoas ainda querem ver o Arthur controlando outros elementos sendo que ele pode literalmente ser deus com o potencial que ele tem com o éter.

Neyzim
Visitante
Neyzim
5 meses atrás
Resposta para  chico amaro

E o povo esquece q uma historia trm q ser intereçante, tipo se ele virar um deus onipotente n tem graça mais

Mathh_01
Visitante
Mathh_01
4 dias atrás
Resposta para  Arthur Leywin

Mas eu fico curioso com o quão forte o Arthur seria quando ele passasse do núcleo branco e entrar no estágio de assimilação. Ele com a afinidade do éter seria forte pra crlh, e talvez ele ainda conseguisse os insights do éter e do destino, talvez. Mas ainda sim, está muito foda o Artur núcleo roxo.

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