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The Beginning After The End – Capítulo 409

E mais um passo

Arthur Leywin

Os salões escuros do Instituto Earthborn ficaram opacos conforme eu descia correndo ao fundo da massa labiríntica de túneis. Nenhum alarme soou, e os poucos anões pelos quais passei não estranharam nada fora a minha pressa, que os deixou nervosos.

O éter surgiu e se dissipou quase que de imediato na direção dos laboratórios. Havia poucas pessoas ou artefatos que poderiam causar tais fenômenos, e apesar de que não fosse uma delas, me alertei à presença de Lyra.

Nossa convidada está se comportando? Pensei com Regis.

‘Ela não teve nada a ver com aquele pico de éter, se é isso que está perguntando. Quer que eu vá com você para dar uma olhada?’

Não, fique onde está por enquanto.

‘Ebaaaa.’ resmungou, o tédio e irritação vazando através da nossa conexão.

Ao me mover à direção oposta, os meus pensamentos permaneceram em Kezess. Ele havia prometido ajuda na defesa de Dicathen e não foi claro a respeito dos detalhes do que isso poderia implicar. Não achava que algum asura entraria sem me informar, porém, não podia confiar de coração nas palavras dele, de qualquer modo — teria sido o auge da tolice — e sabia que ele poderia reverter o curso e tomar uma ação hostil.

Ainda assim, não parecia ele. Não havia nada a ganhar em ambos os casos, pelo que pude ver. Não, o cenário mais provável me levou a túneis familiares e, quando vi dois guardas anões corpulentos equipados com escudos, lanças e armaduras pesadas, parados do lado de fora do laboratório de Gideon, tive certeza de que o meu palpite estava correto.

Ambos ficaram tensos ao me verem, entretanto, relaxaram e bateram as bases dos seus grandes escudos no chão. “Lança, senhor!” Clamaram juntos. Um ficou em silêncio e o outro continuou, quase que se desculpando. “Gideon deu ordens estritas para que ninguém o incomod—”

As portas se abriram, revelando Emily, os olhos arregalados. Ela olhou para os guardas, abriu a boca para dizer algo, me viu, então pareceu mudar de rumo no meio do pensamento. “Arthur, você é um curandeiro!” Ela respirava com dificuldade, e as bochechas estavam um pouco coradas. “Digo, estou feliz que esteja aqui,” para o guarda, acrescentou: “Vá buscar um curandeiro.”

O guarda, após a saudar, correu para longe, a armadura pesada batendo a cada passo. Emilly abriu a porta para que eu entrasse, então a deixou se fechar atrás de mim. O laboratório estava vazio, o que me surpreendeu.

“Onde está—”

“Vamos, por aqui,” retrucou, já correndo para longe.

A segui por uma porta arqueada do outro lado do laboratório, depois desci um lance de escadas e entrei em outro corredor. Escondido abaixo havia uma série de câmaras menores que não havia visitado antes, cada uma bloqueada por uma pesada porta de pedra inscrita com runas. Ela parou na terceira à direita, a imbuiu com mana e empurrou com força.

Do outro lado, uma câmara larga e mal iluminada com um teto baixo. Uma única mesa fora arrastada para lá, mas a principal característica do espaço era um círculo de proteção no centro. Um pequeno gerador de escudo estava conectado a vários cristais de mana, o qual, quando ativado, criaria um escudo de mana em forma de cúpula ao redor do círculo.

Sentado no chão e com as costas nuas contra a parede curva: Gideon. O cabelo grisalho dele estava uma bagunça, e o seu olhar complementava o rosto pálido. Ao nos ver, os olhos se encheram de fogo.

“Eu descobri!” Resmungou, desatento à preocupação de Emily. “As concessões, os artefatos, os feitiços, tudo.”

Um sorriso maníaco se espalhou por seu rosto, e as palavras começaram a sair da sua boca. “A parte difícil foi o sequenciamento das runas no manto. Falei antes que deveria ser que nem uma senha, e a sua sugestão de que havia uma armadilha era verdade. Se você canaliza mana nas runas fora de ordem, elas continuarão sugando a sua mana até que você quebre a conexão ou se esgote, incapacitando ou até matando o usuário. Antes que diga algo, sair não seria uma tarefa fácil, pois há cintos dentro dos mantos que são difíceis de amarrar e desamarrar, e precisam ser afivelados do jeito certo para que toda a mana flua corretamente.”

Ele respirou fundo. Abri a boca para fazer uma pergunta, contudo, ele continuou. “Na verdade, os mantos usam o usuário como uma espécie de conduíte para certos aspectos da manipulação, então apenas segurá-los no colo ou tocá-los com uma mão não funciona, eles precisam ser vestidos. É bastante desonesto, para falar a verdade.”

Balançou a cabeça, parecendo impressionado. “Mas descobri o sequenciamento correto, naturalmente.” Ele gesticulou para Emily, e percebi com uma sensação estranha no estômago que ela usava o manto cerimonial.

“Gideon.” Falou ela com urgência.

Ela atravessou a sala e se ajoelhou ao lado dele enquanto ele divagava. Só então ele pareceu notá-la.

“Ah, é claro, a senhorita Watsken ajudou bastante, testando os artefatos sozinha para garantir que nossas hipóteses—”

“Gideon,” repetiu, exasperada. “Mandei chamar um curandeiro. Nós deveríamos…”

“Bah!” Ele explodiu, se esforçando usando a parede de apoio para ficar de pé. “Arthur, você me distraiu. Preciso passar para a fase de testes agora.”

“Se acalma,” falei, levantando a mão para detê-lo. “Devemos conversar sobre isso antes de tentar a concessão em uma pessoa. Se algo desse errado…”

Segui em frente, fazendo com que as sobrancelhas dele se erguessem e franzissem ao mesmo tempo, a expressão presa entre confusão e descrença. Atrás dele, Emily olhou para o chão, esfregando os olhos com as mãos.

O meu olhar seguiu do corpo magro de Gideon até a mesa, onde o cajado e outros artefatos descansavam.

Então ele explodiu com uma risada selvagem e balançou a cabeça, os ombros tremendo de diversão. “O que você acha que vai dar errado? Eu canalizo mana e o meu tronco estoura?” Perguntou, antes de assumir um olhar pensativo e olhar para a aprendiz. “Consideramos isso?”

“Espere,” disse, me sentindo mal. Conectei a explosão de éter com as palavras dele e soltei um suspiro enquanto colocava a mão no rosto. “Você já usou, não foi?”

Ele interagiu com um interruptor, canalizou uma explosão de mana no artefato do escudo e tomou o seu lugar no meio do círculo de proteção. “Este feitiço? Não, é claro que não, eu… Oh! Está falando dos artefatos de concessão. Bem, sim, é claro, eu não poderia ficar sentado te esperando para sempre, poderia?”

“Gideon, digo isso com todo o respeito, mas apenas uma pessoa insana de verdade se comprometeria a um julgamento humano de uma magia desconhecida e não compreendida.”

Ele fechou os olhos. “Toda magia é o ato constante de autoexperimentação. Se bem me lembro, você já causou a si mesmo um número enorme de microfraturas em todos os ossos das pernas que poderiam muito bem te deixar aleijado experimentando um feitiço.”

Cerrei os dentes, admitindo o fato. “Tudo bem. Mas antes que leve isso adiante, posso pelo menos chamar alguém que entenda o uso de feitiços pré-definidos? Quem talvez possa orientá-lo sobre o uso deles?”

“Você tem um mago alacryano no bolso ou coisa parecida?”

“Não no meu bolso. Só… Não faça mais nada estúpido até eu voltar.”

“Às vezes sinto que você não aprecia o meu gênio.”

De repente, houve uma batida maçante na porta, fazendo Emily pular. “Deve ser o curandeiro.”

Abri a porta para revelar o guarda e uma anã robusta, cuja carranca causou arrepios até na minha espinha. Ela entrou na câmara, olhou em volta e liberou a irritação em Gideon.

Passando pelo guarda, saí pro corredor, ainda ouvindo o reverberar dos gritos dela. “É a sexta vez esta semana que…” Foi a última coisa que ouvi.

A cela de Lyra não estava longe, e a alcancei rápido. Regis me sentiu chegando e, claro, estava parado em frente às barras, as suas chamas acesas ferozmente.

“O que está acontecendo?” Perguntou Lyra ao me ver parando na frente dela. “Senti a agitação da sua besta, mas ele é ainda menos comunicativo do que você.”

Sem dizer nada, teleportei pro cofre, segurei o braço dela e voltei ao corredor. “Fique por perto e não tente nada.”

A Retentora soltou um suspiro. “Talvez eu tenha me enganado…”

Pela segunda vez, desci aos corredores inferiores do laboratório. Os guardas não disseram nada e se afastaram da porta, os olhos rígidos seguindo a alacryana de perto, enquanto Lyra e Regis eram conduzidos por mim.

Emily foi rápida em abrir a porta interna quando bati, e todos entramos na câmara juntos. Lyra, que observava tudo com curiosidade, focou no cientista. “Ele tem uma runa.”

Ele analisou os olhos escuros, cabelos vermelhos-chamas e a aura suprimida dela, e franziu a testa. “Essa não é a Regente?”

“Parabéns para os dois. Ela abandonou o serviço ao inimigo, prometeu se tornar útil e virou a minha prisioneira.” Para ela, questionei: “Como você consegue dizer?”

“Há uma assinatura fraca da mana, brilhante logo após a formação, embora eventualmente escondida pela própria assinatura do mago.”

Ativei o Realmheart, vendo as partículas de mana do local. Com certeza, em camadas atrás da assinatura dele, existia um leve brilho do feitiço pré-definido. Foi então que notei o seu núcleo ainda queimando com mana, e dentro havia um rastro fino de éter. O excesso da mana começou a desaparecer, permitindo a visão do núcleo, que estava clareando para um amarelo-claro.

“Você descobriu como funciona o ritual de concessão do Agrona,” disse Lyra, o tom curioso. “Uma reviravolta inteligente, mas não sem risco.”

“Que riscos?” Perguntou Emily, mantendo-se bem longe da Retentora. “Presumimos que, uma vez que o feitiço estivesse no lugar, era apenas uma questão de aprender a controlá-lo.”

“Sim, a prática e a paciência permitirão que um mago domine uma nova runa, mas toda a nossa cultura se baseia no treinamento e no conhecimento para tal. As crianças alacryanas se preparam para empunhar runas antes mesmo da primeira concessão, e ainda diversos jovens magos se esforçaram muito e rápido demais, ao ponto de queimarem até virarem pó com uma runa que não entendiam e não estavam preparados para usar.”

O artífice bufou, mas a sua aprendiz aparentou ficar um pouco abalada quando a cor escorreu do seu rosto.

“Mas o maior risco está na concessão em si. Nosso pessoal está adaptado às concessões; pode até ser dito que fomos criados para elas. Nascemos com nossos núcleos, e um quinto da população desenvolve magia. O seu povo não tem linhagem asura, algo que até o mais humilde dos alacryanos não adornados pode ter. Não desconsidere o perigo, só porque este único Imbuidor sobreviveu. O processo pode muito bem matar alguns que tentam.”

“Bah! É fácil ver a divisão entre o desenvolvimento de Alacrya do mecanismo envolvido neste ritual e as magias originais formuladas pelos magos antigos. Se funcionou para eles há mil anos, e depois para os alacryanos agora, por que não funcionaria para nós também?”

Ele mudou o foco para mim, fazendo uma careta sombria. “Talvez a sua ‘prisioneira’ esteja tentando impedir o nosso progresso ou semear dúvidas, hein?”

Considerei as falas dos dois. A placidez dela parecia uma contramão direta ao antagonismo borbulhante dele, porém, não senti nenhuma inveracidade das palavras da alacryana. “O que ela disse se alinha com a minha própria experiência em Alacrya. Procederemos com cautela, entendendo os riscos e suavizando-os sempre que pudermos.”

Ele jogou as mãos no ar em uma oração sarcástica aos céus. “Ótimo. Posso acender esta coisa e ver o que acontece ou mais algum de vocês tem outros avisos terríveis para mim primeiro?”

“Só que ter uma dessas runas tende a coincidir com ser um maníaco homicida que segue uma divindade viva em guerra com o reino dos deuses,” falou Regis, sorrindo. “Não acho que seja um efeito colateral da runa, na verdade, mas nunca se sabe.”

Gideon bufou, perplexo, balançou a cabeça e fechou os olhos. Depois de um momento, abriu apenas um e olhou para Lyra. “Então, eu… Uh… Apenas jogo a mana ou…?”

Assentindo, os lábios dela formaram uma linha rígida. “Sinta. A runa é uma parte de você agora, e você deve senti-la.”

Ele fechou os olhos mais uma vez e se concentrou, franzindo a testa.

Com Realmheart ainda ativo, observei a mana fluindo através dele e entrando na runa. Ela se iluminou, e a mana irradiou dele antes de subir pela espinha e entrar no cérebro.

Ele ofegou. Os lábios se moviam, porém, nenhum barulho saía.

“O que foi?” Perguntou Emily, os dedos pálidos apertados em frente aos mantos cerimoniais. “Professor Gideon, você está bem?”

“Oh. Isto…”

O fluxo de mana se interrompeu ao liberar a canalização. Ele respirava com dificuldade, e os seus olhos se moviam com velocidade sob as pálpebras.

“Não se preocupe. Há uma carga inebriante a uma nova runa, em especial uma crista ou maior.”

Enfim, os olhos dele se abriram. “Não entendo tudo o que acabou de acontecer,” admitiu com um devaneio silencioso. “Era como o equivalente mágico de beber muito café em um tempo muito curto.”

“Uma runa mental então.” Respondeu Lyra, andando devagar em torno do escudo protetor. “Provavelmente a de um Sentinela ou de um Imbuidor. Uma crista, com certeza. Sem os tomos adequados…”

Emily ergueu o livro contendo uma descrição de todas as runas concedidas por aquele cajado em particular.

Cantarolando para si mesma, a Retentora pegou o livro e folheou. “Aqui está. Mente Desperta, a crista de um Imbuidor. Não surpreende, é claro, embora as runas nem sempre se alinham com a experiência anterior. Gravado neste tomo, foi concedida só duas vezes, mas as notas indicam que dominá-la permitiu que os dois Imbuidores convertessem mana em uma espécie de energia mental, proporcionando vigília e foco.”

Ela devolveu o livro para Emily, que o pegou com as duas mãos.

“Sim, foi o que senti, mas era uma energia caótica.” Ele se levantou com cautela, tropeçando no escudo, e apertou o interruptor, fazendo sumir a barreira transparente. “Vai ficar mais fácil de usar?”

“Ah, sim. E o efeito continuará a crescer conforme você domina mais a runa. Quando fizer isso, tente a concessão de novo, e você pode receber outra runa mais poderosa. Muitas vezes são complementares, embora nem sempre.”

Emily olhou para a alacryana, depois para o mestre e depois para mim, um horror caindo sobre os seus traços. “Então, ele vai ser ainda… Mais hiperativo?”

Eu ri com apreço, entretanto, o próprio Gideon não percebeu, colocando uma túnica sobre o tronco nu, e se esticou, as costas estalando.

“Então, seguiremos para o segundo experimento.”

A câmara ficou quieta quando todos olhamos para o velho artífice, surpresos.

“Sei que eu disse que isso é importante,” falei, quebrando o silêncio. “Mas você deve descansar, ter tempo para se certificar de que não há efeitos colate—”

Ele balançou o dedo na minha cara com uma violência quase cômica. “Você disse que era importante! E vai cair um meteoro em mim se desperdiçarmos nosso impulso. De acordo com a nossa conversa anterior, apenas estar perto de você aumenta a runa recebida. Eu me testei para garantir que o processo não matasse quem concedesse e a quem era concedido o feitiço, mas sou um caso médio. Passamos um tempo juntos desde o seu retorno, mas não tanto. Agora precisamos conceder a alguém que não tenha estado ao seu redor.”

Encontrei os olhos de Emily, mas ela apenas deu de ombros. Sabia muito bem como o seu mestre era teimoso e, apesar de não hesitar em expressar a opinião, não estava disposta a me ajudar a convencê-lo.

A alacryana se aproximou ele. “Meu próprio aviso, então, seria tomar cuidado para não pressionar demais o oficiante da concessão. Realizar a cerimônia é cansativo tanto para a mente quanto para o corpo. Os oficiantes do Agrona passam a vida inteira treinando para lidar com as grandes multidões que podem aparecer para uma concessão, e muitas vezes a carga é compartilhada entre muitas pessoas,”

Ela hesitou antes de acrescentar: “Eu estaria disposta a emprestar os meus serviços como oficiante se você me ensinasse o que você te—”

“Não,” cruzei os braços. “Vamos considerar quem mais devemos trazer. Por ora, Emily será a nossa oficiante.”

“Claro, Regente Leywin. Só estou tentando ajudar.” Sorriu.

“Bem, o que estamos esperando?” Questionou Gideon, olhando para todos nós. “Emily, busque um anão para mim. Arthur, dê o fora daqui para não contaminar o meu experimento.”


“Então, e depois?” Perguntou Regis do fim do corredor.

Fazia algum tempo desde que qualquer um de nós tinha falado, e eu tinha que coletar todas as partes desfocadas da minha mente. “Depois do segundo teste?”

“Não, depois de tudo isso. Nós retomamos quase que todo o continente, quebramos a limitação de Kezess colocada nas Lanças e agora demos feitiços pré-definidos a Dicathen para ajudar a equilibrar as chances em qualquer batalha futura. Mas alguns magos de núcleo branco e algumas tatuagens mágicas não vão derrotar Agrona.”

Me inclinei contra a parede e deixei a parte de trás da cabeça encostada na pedra fria. “O provisionamento estratégico dos feitiços pode não derrotar Agrona, mas nos permitirá fornecer rapidamente aumentos de energia onde é necessário e adicionar muitas ferramentas novas ao nosso repertório, você sabe disso.” Pensei por alguns segundos. “Qualquer um dos passos que damos pode ser o que permitirá a vitória no final.”

“Mas,” continuei depois de outra longa pausa. “Eu entendo que você e eu temos outras coisas para fazer. Seris está lutando uma guerra por nós em Alacrya, e há mais duas relictombs para entrar.”  Deixei de fora o problema principal para mim, aquele que tinha feito o meu melhor para manter em mente desde o sacrifício de Sylvie e a minha aparição nas Relictombs… Pois ainda não tinha ideia do que poderia fazer a respeito de Cecilia e Tessia.

Regis caiu em silêncio e, juntos, esperamos o retorno de Emily.

Demorou mais do que Gideon gostaria, recrutar um segundo sujeito de teste com quem não tive interação. Havia alguma preocupação de que até mesmo o contato acidental, como a minha conversa com os guardas no corredor, influenciasse os resultados, e a maioria dos guardas e soldados do Instituto haviam cruzado o meu caminho pelo menos uma ou duas vezes.

O verdadeiro atraso foi porque, quando Skarn descobriu o que Emily estava perguntando, ele insistiu em informar ao seu tio, Carnelian, sobre os testes, para que o senhor anão pudesse expressar a sua opinião, se tornando uma luta dos Earthborns e Silvershales para enviar um membro da casa deles. Só que a maioria passou horas em estreita proximidade comigo em reuniões com o Conselho dos Senhores.

Eventualmente, depois do que pareceram ser muitas horas — e era, no máximo, uma — Emily voltou com um jovem anão chamado Daymor Silvershale, filho mais novo do senhor Daglun, o principal rival de Carnelian. Ele mantinha a barba negra aparada em apenas alguns centímetros e o cabelo um pouco mais curto. Parecia mais da realeza ainda com aquela túnica e calças sob medida, anéis nos dedos e uma espada dourada no quadril.

Eu, claro, assisti do fim do corredor com Regis ao lado. Daymor encontrou o meu olhar antes de seguir Emily para a câmara, e os seus lábios se contraíram sob a barba. Pensei no possível nervosismo dele, que aumentou mais quando os dois guardas e o atendente que o seguiram pelos túneis profundos foram obrigados a esperar do lado de fora no corredor.

Embora não pudesse assistir ao processo, um fato que achei um tanto decepcionante, ouvi as vozes abafadas de Gideon, Emily e Lyra explicando tudo o que estava para acontecer. Assim, me consolei com o fato de ter visto a cerimônia antes, em Maerin, e saber o que estava acontecendo.

A cerimônia levou muito menos tempo do que o processo para encontrar a cobaia.

Ao abrir da porta, os três anões se apressaram para entrar. Segui atrás, curioso e esperançoso. Não houve gritos de pânico para indicar que acabamos de matar um membro da nobre casa Silvershale. De fato, quando olhei, vi Daymor sorrindo e esfregando as costas nuas.

Ele tentou se virar para olhar por cima do ombro, como se pudesse ver a própria coluna, enquanto Gideon empurrava os outros anões para os cantos de fora da pequena sala.

“Agora, sinta a runa e despeje sua mana nela. Deve parecer natural e instintivo.” Disse Lyra.

O anão virou o nariz para ela e cuspiu no chão. “Como falei, não recebo ordens de imundícies alacryanas, ainda mais da rainha puta de Etistin.”

“Basta, Daymor,” falei com firmeza. “O que estamos fazendo é importante, e Lyra, do alto-sangue Dreide, está aqui às minhas ordens.”

Ele tentou fazer uma careta para mim, contudo, os olhos arregalados e o tremer do queixo revelaram o quão assustado estava. Após uns segundos, pigarreou. “Sim, vamos continuar. Essa maldita coisa coça feito um inferno.”

Irritado, Gideon engoliu a saliva. “Tudo bem, então talvez você me escute. Fique dentro do círculo e empodere a marca.”

Seguindo as instruções, ele se acomodou no centro do círculo de proteção e, respirando fundo, estufou o peito.

A retentora recuou ao meu lado. “Obrigada,” falou baixinho. “Por me defender.”

“Não defendi,” respondi, também mantendo a voz baixa. “Mas vai ficar muito tedioso se cada conversa tiver que ter que uma série de xingamentos para você primeiro.”

Ela não respondeu, e então retomei o foco a Daymor, ativando em silêncio o Realmheart. Como com Gideon, o fluxo de mana saía do núcleo e ia em direção à runa. Desta vez, o feitiço resultante fluiu pelas pernas dele ao chão.

Fissuras finas racharam o chão dentro do círculo de proteção, e chamas frágeis irromperam delas. Pude ver a linha tênue das runas do círculo rejeitando o fluxo de mana, impedindo que o feitiço afetasse qualquer coisa fora dele.

“Fogo, meu senhor!” Disse o assistente, claramente chocado.

O anão riu, emitindo um barulho estrondoso que nem um canhão. “Ah, mas é estranho. Bom, mas estranho!”

No geral, não era um feitiço impressionante, todavia, sabia que ele era um mago de terra. A marca lhe concedeu a capacidade de lançar um feitiço de um tipo diferente da afinidade natural dele, o que era uma grande bênção para um mago dicatheano. Com certeza era algo sobre o qual o seu pai poderia afirmar e reafirmar nas reuniões do Conselho dos Senhores, especialmente à medida que o domínio do filho sobre a runa crescesse.

Quando Emily e Gideon explicaram o que se esperava dele — treinamento e monitoramento diários, relatórios de como o feitiço pré-definido afetou a sua magia e assim por diante — deixei os meus pensamentos derivarem para a próxima pergunta. O artífice gostaria de fazer um terceiro teste, desta vez com alguém com quem passei uma quantidade significativa de tempo…

Apesar do pequeno tamanho da lista, isso não facilitava as coisas. Com quem eu passei tempo o suficiente desde que voltei para Dicathen?

Na verdade, pensei comigo mesmo, quem nesta lista estou disposto a colocar em risco?


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Matheus
Visitante
Matheus
1 mês atrás

Tinha parado de ler nesse cap, voltei um pouco perdido, mas já tô lembrando o que tava acontecendo, slk deu saudades dms agr que eu voltei

ShinigamiGOD🔥D
Membro
ShinigamiGOD🔥
8 meses atrás

Só falta colocar a irmã com essas runas… não tô confiante que essas runas do Agrona, assim como a Corrente do trato com o Indrath não tenham uma pegadinha, talvez o agrona faça algo e todos os Alacryanos com essas runas não possam desobedecer ele e virem zumbis loucos…kkk cada possibilidade slc 🍷🗿

Arthur LeywinD
Membro
Arthur Leywin
8 meses atrás
Resposta para  ShinigamiGOD🔥

Também acho, era melhor ele não fazer isso, deviam por alguém com ele por 1 semana e depois faziam o teste com essa pessoa

DokzPak
Membro
DokzPak
5 meses atrás
Resposta para  ShinigamiGOD🔥

Tenho quase certeza que não afinal essas runas são uma versão da shopee da runas divinas do dijin que o Agrona fez para dar poder ao seu exército.

Mathh_01
Visitante
Mathh_01
4 meses atrás
Resposta para  ShinigamiGOD🔥

Acho q não mano, se não ele não precisaria mandar a Cecília pra lutar com a seris, era só usar essa “pegadinha” da runa

Guilherme
Visitante
Guilherme
26 dias atrás
Resposta para  ShinigamiGOD🔥

Moleque do deu espoiler antes de acontecer ???

matheus teixeira
Membro
matheus teixeira
11 meses atrás

Mais um Power up pra irmã dele tá vindo

WarlocSRPD
Membro
WarlocSRP
7 meses atrás
Resposta para  matheus teixeira

Usa a tag de spoiler…

Hunter
Visitante
Hunter
3 meses atrás
Resposta para  WarlocSRP

É uma suposição

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