POV ARTHUR LEYWIN
Ao levar Sylvie e Caera de volta à sala do trono pela décima vez nos últimos dois dias, não pude evitar o lampejo de aborrecimento que passou por mim.
Edirith e dois outros jovens dragões já estavam lá, mas Charon e Windsom ainda não haviam chegado. Percebi pela expressão um tanto entediada de Edirith que a busca deles, mais uma vez, foi infrutífera.
Se a visão de Sylvie estivesse correta, as outras Assombrações incluíam pelo menos os remanescentes de dois grupos de batalha, mas haviam desaparecido completamente.
— Parece improvável que simplesmente tenham desistido e ido para casa — projetou Sylvie em meus pensamentos. — Eles certamente estão esperando, mesmo que tenhamos adiado o ataque contra Charon e Etistin.
Charon designou três dragões para ajudar a procurar por Etistin e a área circundante. Ele não havia prejudicado ativamente meu trabalho de forma alguma, mas dedicou pouco tempo a uma conferência estratégica conjunta e se recusou totalmente a alocar mais recursos para o esforço.
— É quase como se quisessem que as Assombrações atacassem — ponderou Regis. — Como se estivessem atraindo-as ou algo assim.
Sylvie balançou a cabeça enquanto examinava os rostos dos outros dragões com cuidado.
— Não, acho que eles realmente acreditam que a ameaça é mínima. Que a própria presença deles iria impedir. Não são estúpidos, eles entendem suas ordens e o perigo apresentado, mas não conseguem aceitar esse perigo como real. Uma vida inteira empoleirada no auge do poder e da autoridade em Epheotus os convenceu de que sairão vitoriosos, não importa o que aconteça.
— Vocês estão todos falando em suas cabeças de novo, não é? — Caera perguntou, com a voz baixa, enquanto caminhava ao meu lado.
Empalideci, dando a ela um olhar culpado.
— Desculpe, força do hábito.
Caera rejeitou o pedido de desculpas, com o olhar voltado para os três dragões.
— Imagino que vou me acostumar com isso se você me mantiver por aqui por tempo suficiente.
— Não quero que se sinta excluída — respondi rapidamente. — Só fico me perguntando se gostaria de voltar aos acampamentos alacryanos porque… — meus olhos olharam para os dragões — sei que você não teve a melhor experiência com eles até agora.
Caera me deu um sorriso irônico.
— Fui enviada aqui por Lady Seris como representante, então, deixando minha experiência pessoal de lado, ficarei para cumprir esse dever.
Voltamos para um silêncio tenso até que Charon chegou alguns minutos depois, entrando na sala do trono tão casualmente como se estivesse saindo para uma agradável caminhada à tarde. Curtis Glayder manteve o ritmo ao seu lado e me deu um aceno familiar, embora não particularmente amigável, quando me viu esperando.
— Ainda não há sinais de mais atividade das Assombrações — confirmou Edirith imediatamente a Charon, chamando a atenção. — Com todo o respeito, senhor, acho que estamos perdendo nosso tempo.
Charon parou e sorriu, com as mãos cruzadas atrás das costas. Ele acenou com a cabeça como se esperasse essa notícia.
— Parece que a execução de seu batedor acabou com essa ameaça, Arthur. Você já vasculhou metade de Sapin. Com o elemento surpresa não funcionando mais em seu benefício, acho seguro dizer que as Assombrações cancelaram esse ataque.
— Não podemos saber disso, mas… — soltei um pouco da minha frustração —, talvez você esteja certo.
Esse, é claro, era o problema com as visões do futuro. A Anciã Rinia fez o possível para detalhar em minha cabeça o fato de que reagir às suas visões, mudar o que elas predisseram, trazia consigo seus próprios perigos inerentes.
— Além disso, a busca começou a chamar a atenção da população — disse Curtis. — As pessoas notaram sua presença, Arthur, e isso está gerando todos os tipos de rumores preocupantes após a explosão fora da cidade.
Olhei para Curtis, lembrando-me da visão. Assistir às mortes de Glayders me levou a agir precipitadamente, mas não me arrependi. Sem nenhuma maneira de saber quando o ataque aconteceria, me atrasar arriscava permitir que esse futuro se tornasse realidade. Por outro lado, ficar à espera de uma armadilha poderia ter me custado dias, até semanas, de um tempo valioso. Depois que descobri o batedor das Assombrações, era tarde demais para fazer qualquer coisa além de perseguir.
— Não seja muito duro consigo mesmo — pensou Sylvie. — A retrospectiva pode ser perfeita, mas mesmo as visões não podem nos ajudar a ver todos os resultados.
— Ah, bem, você sabe o que dizem: o soldado que nunca comete erros recebe ordens de alguém que comete — acrescentou Regis.
— Não tenho certeza de como isso se aplica — pensei de volta.
Regis girava em torno do meu núcleo, sua forma incorpórea cantarolando de diversão.
— Nada, na verdade, só queria me sentir incluído, já que estamos distribuindo pequenas sabedorias, sabe?
Eu reprimi um suspiro e voltei minha atenção para Charon.
— Agora, Arthur, esperava que tivéssemos algum tempo para conversar em particular. Vocês se mantiveram tão ocupados que mal tive tempo de falar com minha prima. — Charon levantou a mão quando comecei a debater em contrário, me parando. — Ainda não irei retirar os dragões extras que trouxe para Etistin, mas acho que a cidade pode viver sem você e Sylvie por algumas horas.
No final, tudo o que pude fazer foi concordar.
Edirith foi enviado de volta às suas funções, e Curtis se despediu de todos nós enquanto se apressava para outra reunião.
Oferecendo seu braço a Sylvie, Charon abriu o caminho sem esforço, fazendo conversas sem sentido sobre o estado da cidade e do continente, o que ele achava de tudo, desde as pessoas até a comida e outras fofocas desse tipo.
A sala de estar para a qual ele nos conduziu era desnecessariamente opulenta, claramente um resquício de uma época anterior à guerra. A estrutura defensiva da cidade e do palácio foi momentaneamente deixada para trás quando entramos na câmara branca e dourada, toda de linhas suaves e extravagantes. A mobília parecia raramente usada, os tapetes de pelúcia eram tão brilhantes quanto se tivessem sido tecidos naquela mesma manhã e, embora uma grande lareira aberta ardesse alegremente, não havia uma mancha de sujeira ou cinza nas superfícies brancas.
Windsom estava de costas para a lareira, observando em silêncio enquanto entrávamos. Ele havia desistido de tentar forçar o retorno imediato de Sylvie a Epheotus, mas eu tinha certeza de que ele já havia procurado seu mestre para obter instruções. Se Kezess tentasse forçar esse assunto…
Bem, eu ainda não tinha certeza do que faria.
Ainda não tinha uma imagem completa de Charon, que era razoável ou apenas mais paciente e menos óbvio em sua manipulação do que Windsom. Não ter certeza me fez desconfiar mais do dragão com cicatrizes do que de um fanfarrão como Vajrakor, mas ele se tornou um aliado potencialmente interessante.
Se for movido por algo que não seja a lealdade cega a Kezess, poderíamos ganhar muito trabalhando ao lado dele, pensei, olhando para suas costas.
A lealdade já estava se mostrando um problema difícil de resolver. Em particular, Kathyln e Curtis Glayder ocupavam uma posição preocupante. Especificamente, estava desconfortável com o quão próximo eles já pareciam de Charon e seus soldados.
— Já? — Sylvie enviou, respondendo aos meus pensamentos. — Lembre-se de que já passaram meses para eles, e os poderes de persuasão dos dragões são muito mais potentes do que a maioria dos humanos consegue suportar.
— Eles parecem problematicamente encantados — acrescentou Regis em referência aos Glayders.
— É o que veremos — mandei de volta.
— Lady Sylvie, peço desculpas por essa situação das Assombrações ter atrasado nossa chance de conversar adequadamente — disse Charon ao fechar a porta da sala de estar atrás de nós. — Estou ansioso por uma oportunidade de encontrá-la de novo desde que soube de sua sobrevivência. Você é vista como um enigma entre o clã… e isso foi antes dos eventos recentes.
Deixei Sylvie assumir a liderança na conversa. Sabia que estava controlando-a demais nos últimos dias, tentando forçar o equilíbrio entre mim e os dragões. Sylvie estava melhor posicionada para falar em pé de igualdade, capitalizando seu relacionamento com Kezess, mas somente se eu me mantivesse sob controle. A ligação entre nossas mentes nos permitiu falar como um só quando necessário, alimentando-nos do conhecimento uns dos outros a cada resposta.
— Isso ficou bem claro para mim quando Arthur e eu treinamos em Epheotus — disse Sylvie levemente enquanto se movia pela sala e admirava a decoração. — Kezess me isolou de muito disso para me manter focada no treinamento, mas não perdi os olhares e sussurros. Uma linhagem mista: dragão e basilisco, nascida fora de Epheotus e ligada a um humano? Sou uma esquisitice que nunca foi imaginada em Epheotus, pelo menos foi o que me disseram.
O sorriso de Charon era caloroso, embora um pouco decepcionado.
— É verdade, embora talvez não seja uma forma educada de expressar as coisas. Muitos no clã se ressentiam do forte controle de Lorde Indrath sobre você. Acho que você teria achado seu clã bastante receptivo à sua presença, se tivesse sido permitida. Ainda assim, no final das contas, isso apenas aprimorou sua mística. — Ele riu alegremente, depois ficou sério. — Quando soubemos que você tinha… falecido, bem, foi um grande golpe para o clã Indrath.
Escutei atentamente, absorto na conversa deles. Não tinha considerado muito o que os outros dragões deviam pensar de Sylvie. Ela era meu vínculo em primeiro lugar. Na minha cabeça, sua linhagem mista e ser neta do asura mais poderoso de Epheotus sempre foram uma ideia distante.
— Como pode ver, os rumores da minha morte foram claramente exagerados — disse Sylvie, com uma nota de humor em seu tom, apesar de seus pensamentos se afastarem de considerar o que aconteceu depois que ela se sacrificou por mim. — Mas eu… agradeço o que você disse. Não tinha pensado muito no meu relacionamento com o resto do clã, para ser honesta. — Ela se encostou no encosto de um sofá e me deu uma olhada. — Estávamos muito ocupados travando uma guerra.
Charon limpou sua garganta.
— Por favor, fiquem à vontade. Temos muito sobre o que conversar e não há necessidade de ser tão formal ao fazer isso. — Dando o exemplo, Charon mudou-se para uma cadeira de encosto alto com folhas douradas bordadas para cima e para baixo nos braços.
Caera sentou-se firmemente na outra extremidade do sofá, longe de Charon, Sylvie se moveu para se sentar ao lado dela, usando seu próprio corpo como um escudo. Senti Caera relaxar imediatamente e tive que apreciar a graça social do meu vínculo.
Regis escolheu esse momento para se manifestar, aparecendo nas sombras suaves ao redor dos meus pés. Ele foi até Caera e sentou-se do outro lado dela na beira do sofá. Não conseguindo se conter, se virou e lançou um olhar para Windsom antes de se instalar ameaçadoramente.
Windsom, que ficou perto da lareira, fingiu não notar.
Charon inspecionou Regis cuidadosamente.
— Aclorito senciente nascido do éter — ponderou. — Vocês três são tão únicos individualmente quanto em grupo, não é?
— Então, já pensou em contingências adequadas em relação às Assombrações? — perguntei, sentado na beira de uma espreguiçadeira macia. — Mesmo que eles tenham se retirado de Etistin e cancelado o ataque a você, certamente ainda estão em Dicathen. — Considerando minhas palavras cuidadosamente, acrescentei: — Quem sabe quantas. Certamente mais do que um único grupo de batalha.
Charon pareceu refletir sobre sua resposta antes de finalmente dizer:
— Se as Assombrações atacarem diretamente a mim ou aos outros guardiões, estou confiante de que seremos capazes de nos defender. — Vendo a expressão apreensiva em meu rosto, ele continuou: — Entendo que Agrona chama esses fantasmas de seus “assassinos de asuras” e, sem dúvida, são capazes de acordo com os padrões dos menores, mas garanto que não sou a presa que eles foram criados para caçar.
— E os dragões em patrulha? — perguntei, cruzando meus braços. — Quantos você ainda tem? Parece que Kezess não enviou muitos de vocês. Está disposto a deixar seu próprio povo ser eliminado um por um?
Charon acenou levemente enquanto eu falava.
— Aprecio o perigo que existe e vou ajustar as patrulhas para garantir que meus parentes se movam em pares. Se necessário, podem recuar e pedir reforços adicionais. — Ele inclinou levemente a cabeça. — Isso é o bastante?
Caera se inclinou para frente nos cotovelos, com os olhos de rubi voltados para o dragão.
— E as pessoas desta terra? O que impede as Assombrações de lançarem ataques de bater e correr em Dicathen para semear discórdia e caos? Ou, para que não esqueçamos por que estamos realmente aqui, atacando os alacryanos enviados para o deserto além das montanhas? Seris ainda precisa da ajuda dos dragões para garantir que os acampamentos alacryanos sejam defendidos.
As sobrancelhas de Charon se ergueram e um sorriso irônico apareceu no canto de sua boca com cicatrizes.
— Falou como uma verdadeira alacryana. E talvez o que você sugere seja uma possibilidade, embora, Agrona nunca tenha usado suas ferramentas mais potentes para esse trabalho braçal antes. Quanto às mortes de civis… as ordens de Lorde Indrath são para evitar que as forças de Agrona desestabilizem ou destruam este continente. A ênfase de nossa proteção permanece nas maiores e mais influentes cidades e na nobreza que as governa. Nunca fez parte de seu acordo que tentaríamos proteger todas as vidas dicathianas.
— Ah, dá um tempo — disse, inclinando-me para frente e entrelaçando meus dedos. — Vocês se esforçaram para se envolver com o público dicathiano. Tudo o que pedi foi que Kezess me ajudasse a proteger este continente, e vocês poderiam ter feito isso dos bastidores, mas optaram por trabalhar diretamente com as pessoas, construindo relacionamentos e confiança. — Parei por um momento e depois me arrisquei. — Você está claramente tentando desviar a percepção do público de mim para os dragões e seus aliados, como os Glayders. Se permitir que as Assombrações vaguem livremente e ataquem o continente, o que acontecerá com a boa vontade que estão tentando promover?
Essa pergunta fez com que ele parasse e não respondeu imediatamente, então Windsom interveio em seu nome.
— Eu guiei o povo de Dicathen geração após geração. Sempre procuramos garantir que eles estivessem em pé de igualdade com o povo de Agrona. Isso é o que ainda estamos tentando fazer.
Olhei para Caera e Sylvie para combinar olhares com Windsom.
— Você concentrou o poder em algumas famílias que podia controlar e prejudicou nosso crescimento por meio dos artefatos das Lanças, mas fez isso silenciosamente. Esse jogo para a percepção do público é novo. O que você está ganhando com isso? Certamente é mais do que as antigas histórias de divindades ganhando poder por meio da crença de seus súditos — acrescentei, com meu tom mordaz, mas divertido.
— Nada tão grosseiro — interjeitou Charon, dando-me um sorriso calmo. — Mas é importante que os dicathianos tenham esperança. De que adiantaria mantê-los seguros se eles mesmos tivessem sucumbido à escuridão amarga de viver sem acreditar em seu próprio futuro? Quanto à sua popularidade… — Seu sorriso se estreitou ainda mais, parecendo quase dolorido. — Kezess viu corretamente que a lealdade dividida entre você, como protetor deificado, e meus parentes potencialmente geraria hostilidade entre os dicathianos. Tentamos silenciar isso reforçando a liderança de pessoas como os irmãos Glayder.
Acenei com a cabeça, sem acreditar em uma palavra do que Charon disse. Sua desculpa foi tão bem falada e sensata quanto uma bobagem completa, mas não senti vontade de brigar com ele sobre o assunto.
Minhas motivações para ficar mais forte nunca incluíram a adoração do povo de Dicathen e ativamente resisti à “deificação” mencionada por Charon.
— Independente disso — inseriu Caera no breve momento de silêncio após o discurso de Charon —, a estratégia de seu senhor parece depender de sua mera presença como um impedimento, mas o que aprendemos prova que a estratégia já falhou. Estamos aqui há mais de dois dias e você ainda não explicou o que vai fazer para ajudar a proteger os refugiados de Alacrya em Elenoir.
Windsom zombou, mas Charon foi mais reservado em sua resposta, dizendo apenas:
— Você está certa. — Esperamos que ele continuasse, mas não parecia ter a intenção de acrescentar nada.
Durante o silêncio que se seguiu, senti várias assinaturas de mana se movendo propositalmente em direção à sala de estar. Charon e Windsom também já haviam notado, e Windsom se moveu em direção à porta.
— Aqui? — perguntou uma voz ricamente feminina, cheia de pânico, e a porta da sala de estar voou para dentro.
Lyra Dreide me olhava com olhos vermelhos, seus ombros subindo e descendo a cada respiração mal controlada. Ela deu alguns passos parados até a câmara, com os pés se arrastando pelo mármore. Ela estava claramente exausta, sua assinatura de mana fraca.
Pulei da minha cadeira.
— O que aconteceu?
Ela abriu a boca para falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta e ela desviou o olhar.
Kathyln estava parada incerta no corredor atrás dela.
— Ela chegou voando, alegando ser urgente…
— Estamos em uma reunião — zombou Windsom, olhando fixamente para Kathyln, que recuou. — Por que permitiu esse peão Vritra viesse tão fundo no palácio?
— Silêncio — exigiu Charon suavemente. — Houve um ataque, não foi? — Seu olhar se voltou para mim assim que o meu foi para ele, nossos olhos se conectaram por um breve instante.
— As Assombrações… — murmurei, as palavras quase um gemido quando escaparam dos meus lábios.
Lyra balançou a cabeça e depois assentiu. Seus olhos bem fechados, seus dentes à mostra em um rosnado animalesco. Com palavras passadas por aqueles dentes cerrados, ela disse:
— Oludari e as Assombrações…
Senti minhas sobrancelhas se apertarem em confusão.
— Olu… dari?
— Um dos Soberanos de Agrona — esclareceu Caera. Seu rosto estava pálido, seus olhos vermelhos se fixaram em Lyra enquanto ela estava meio de pé, depois lentamente se afundou de volta no sofá, com as mãos voltadas para o rosto.
— Havia um Soberano aqui em Dicathen? — Fiquei um pouco perdido, como se estivesse perdendo algum contexto importante dessa conversa. — Lyra, preciso que você se concentre. Diga-me o que aconteceu. Por favor — acrescentei mais suavemente.
Charon moveu-se para uma prateleira baixa ao longo de uma parede onde estavam algumas garrafas e copos. Ele derramou um copo cheio de líquido vermelho e o estendeu para Lyra.
Ela demorou um pouco para perceber, mas quando o fez, seu nariz se enrugou de aparente nojo. Sua mão se inclinou em direção ao copo e, por um momento, pensei que ela ia arrancá-lo das mãos de Charon, mas pareceu perceber o que estava fazendo e recuou novamente.
Engolindo pesadamente, olhou além do dragão e se concentrou em mim.
— Peço desculpas, Regente. Não foi assim… não foi…
Ela respirou fundo e se levantou mais ereta. Charon baixou lentamente o copo e deu um passo para trás para lhe dar algum espaço.
— O Soberano Oludari de Truacia chegou a um dos acampamentos, desesperado por proteção. Ele parecia acreditar… era difícil de entender enquanto implorava, mas estava aterrorizado com Agrona, insinuando que o Alto Soberano estava por trás da morte do Soberano Exeges e viria buscá-lo também.
Minha confusão só se aprofundou enquanto ela falava.
— Por que Agrona estaria matando seus próprios aliados? Especialmente os mais poderosos? — Procurei apoio de Charon e Windsom.
Os dois dragões trocaram um olhar ilegível, com um pensamento oculto passando entre eles.
— Não tenho certeza — disse Charon depois de um momento —, mas os basiliscos nunca foram leais. Nem entre si, e tampouco para os outros asuras.
— Ele estava balbuciando, disse algo sobre… seu trabalho estar inacabado. — As sobrancelhas de Lyra se tricotaram enquanto ela se concentrava. — Ele disse que havia “camadas no mundo” e que tinha “sentido a crescente tensão superficial de uma bolha pronta para estourar…”
— Os delírios de um lunático paranóico — interrompeu Windsom, rejeitando as palavras de Lyra. — Não dá nenhuma pista de porquê Agrona estaria caçando ele. Talvez ele tenha se enganado? Se for o último dos Soberanos, ver os outros caírem um por um provavelmente o levou à loucura desesperada.
Um pequeno fato que eu havia lido há muito tempo veio à tona em minha mente.
— O último? Não há cinco e depois o próprio Alto Soberano?
Foi Caera quem respondeu.
— O Soberano Khaernos não é visto publicamente há décadas. Às vezes, é chamado indelicadamente de Soberano Invisível…
— Acreditamos que ele está morto — disse Windsom com indiferença. — Talvez tenha sido a primeira vítima do fratricídio de Agrona. Não sei nem me importo particularmente.
A câmara ficou em silêncio por um momento, então Lyra continuou sua história, com a voz firme de emoção reprimida.
— As Assombrações não estavam muito atrás de Oludari. Quatro delas. Eles lutaram… a vila, destruída… tantas pessoas mortas. — O olhar de Lyra, que havia caído no chão, se ergueu e se enterrou em mim, com o desespero escrito nas linhas de seu rosto. — Você, Arthur. Elas culparam você. Disseram que…
— Só estavam lá porque eu desviei o ataque a Etistin — terminei por ela.
Ela acenou com a cabeça. Finalmente, ela se moveu, meio tropeçando em direção à cadeira mais próxima antes de cair nela, com o rosto nas mãos.
— Elas o derrotaram e o levaram embora. E deram um aviso a Seris.
A expressão de Charon se intensificou.
— Que aviso?
— Isso… — Lyra moeu os dentes juntos, se cortando. Olhando de mim para Charon, ela lambeu os lábios e continuou. — Que isso não tinha acabado. Eles nos deixaram vivos porque… Agrona queria nos matar pessoalmente.
Meus olhos se estreitaram quando olhei para ela. Ela estava mentindo, tinha quase certeza disso, mas não para mim. Ela não queria que os dragões soubessem o que as Assombrações realmente disseram.
— O que provavelmente significa que é algo que colocaria em risco a proteção contínua dos alacryanos — acrescentou Sylvie.
— Apesar de todo o bem que a proteção parece estar fazendo por eles — zombou Regis.
— Tem mais — continuou Lyra, retirando algo de seu dispositivo dimensional. Ela o ofereceu para mim. — Seris me disse para trazê-lo para você imediatamente.
Cuidadosamente levantei um pequeno disco da mão dela. A julgar pela textura sedosa e pela coloração esbranquiçada, estava confiante de que foi esculpido em osso. Uma runa manchada de sangue havia sido gravada em sua superfície e emanava uma potente assinatura de mana.
Concentrando-me na mana, a sondei com meu éter. Imediatamente, outra fonte de mana ressoou com ela de muito longe, tocando como um sino distante. Oludari…
— Está esculpido no osso dele. — Regis me informou, cheirando o disco na minha mão.
— Seris sabia o que é esse artefato? — perguntei a Lyra. Ela acenou com a cabeça.
Passei a ponta do meu polegar pela superfície lisa, traçando as cristas onde a runa foi gravada.
Caera, que havia esperado e assistido, permanecendo firme ao ouvir a explicação da retentora, respirou trêmula.
— Meu sangue está vivo?
Lyra olhou para ela como se a estivesse vendo pela primeira vez.
— Não sei.
— Arthur, precisamos voltar para as aldeias alacryanas. Eu… — Ela parou como se estivesse considerando suas palavras, quase parecendo surpresa com seus próprios pensamentos. — Preciso ter certeza de que Corbett, Lenora e os outros estão seguros.
— Dê a Lyra um momento para descansar e ela a levará.
Caera me deu uma expressão estranha e desanimada, mas rapidamente a encobriu.
— Claro.
Para Charon, eu disse:
— Esses alacryanos precisam de ajuda. Entendo sua hesitação, mas um ataque não é mais uma situação hipotética que estamos discutindo. Eles depuseram as armas, construíram casas em solo dicathiano e arriscaram a ira de Agrona.
Charon me olhou com incerteza.
— Você está preocupado com o perigo que eles representam? — perguntei com mais força. — Então, considere o quão mais perigosos eles se tornaram se forem forçados a voltar para Agrona porque os abandonamos em nossas próprias praias.
Os olhos de Charon endureceram e, através das cicatrizes, de repente vi sua semelhança com Kezess.
— Como alternativa, o que aconteceria se erradicássemos proativamente o risco potencial que esses refugiados representam e acabássemos com isso.
As cabeças de Caera e Lyra contorceram-se, com os rostos ficando pálidos.
— O general Aldir também seguiu as ordens de Kezess de derramar sangue inocente — ameacei, falando devagar e deixando as palavras pairarem no ar.
— Como você se atreve… — A intenção de Windsom explodiu, tirando o fôlego de Caera e Lyra.
Regis e Sylvie permaneceram mortalmente quietos e calmos, sem afetar seu comportamento externo.
Charon fez um gesto de calma para Windsom, depois suspirou e acenou com a cabeça.
— Vou enviar dois dragões e ajustar as rotas de patrulha através da Clareira das Bestas, mas estaremos observando esses “refugiados” tanto quanto os estamos protegendo.
Estendi minha mão e ele a pegou com firmeza.
— Garanta que Lyra Dreide e Caera também cheguem lá em segurança, por favor? — Na minha cabeça, continuei enviando instruções também para Sylvie.
Charon acenou com a cabeça novamente e soltou meu aperto.
— E o que exatamente você vai fazer, Arthur?
Virando-me em direção à porta, novamente ativei o artefato, avaliando a localização da resposta de toque distante.
— É isto o que faremos, Guardião.
Acho que Arthur vai mandar tds de base do esquadrão e talvez o soberano vire rato de laboratório dos drag
mano ele tem ir ate Seris e formular um plano e n sair igual um louco por ai
Rapaziada, e se por um acaso, por meio das runas alacryanas o Agrona consiga controlar as pessoas através de algum controle mental ou algo assim?
só se for dos alacryanos msm man, pq o arthur ou as pessoas que conseguiram runas por meio do experimento do gideon não tem nem perigo
Sinto cheiro de armadilha.
Arthur vai sair rapidinho do continente e nessa, vai geral de base provavelmente na mão de algum traíra no meio dos Alacryanos
Windson, por favor, cala a porra da sua boca por 5 minutos
Sempre que abre a boca, fala merda. Tem que ser o primeiro a morrer quando começar a luta contra os Asuras
Essa parada que Seria deu pro Arthur é um rastreador, ou pelo menos eu acho.
windson tá fazendo hora extra já
— Não seja muito duro consigo mesmo — pensou Sylvie. — A retrospectiva pode ser perfeita, mas mesmo as visões não podem nos ajudar a ver todos os resultados. — Ah, bem, você sabe o que dizem: o soldado que nunca comete erros recebe ordens de alguém que comete — acrescentou Regis. — Não tenho certeza de como isso se aplica — pensei de volta. Regis girava em torno do meu núcleo, sua forma incorpórea cantarolando de diversão. — Nada, na verdade, só queria me sentir… Ler mais »
Estamos em uma reunião — zombou Windsom, olhando fixamente para Kathyln, que recuou. — Por que permitiu esse peão Vritra viesse tão fundo no palácio?
— Silêncio — exigiu Charon suavemente. Só serve pra ser humilhado esse windson
C pa isso é a localização do terceiro insight
Se pá ele falou q tá diretamente conectado com o soberano
É a localização do Soberano
Arthur deixando claro pro Wisdom que em breve ele vai jogar no Vasco.
Basicamente o Arthur falou “se essa ideia passar, mato ambos aqui mesmo”
O segundo personagem mais irritante dessa obra éo Windson, puta cara insuportavel e
baba-ovo
O primeiro seria a Tessia, Lucas ou aquele desgraçado que tentou roubar a Sylvie no início da obra e depois vimos que ele é um traficante de elfos?
Um dragão e um meio dragão e basilisco a caça de assombrações 🗣️🔥🔥🔥
hora de caçar assombraçoes PORRA
Hora de matar figurantes BUAHAHAHAHAHAAHAHAHAHA… cof, cof, cof… Desculpe, me empolguei um pouco.
caraaaalhhouuuu o arthur simplesmente jogou na cara deles a merda que o aldir fez e fodase HAHAHAHAHA agr ele vai solar umas assombrações e ja era papai, é taça
Foi tipo uma ameaça já q pra eles o Arthur matou o aldir
É tipo um osso do asura lá que serve como localizador pra alguma coisa?
Sim, localiza o próprio
Ent a Seris arrancou um osso do Oludari ou oegou um que as Assombrações quebraram?
Ao que parece o próprio Odulari “entregou” a ela, quando apertou as mãos dela com força
Windsom..tá fazendo hora extra demais ultimamente né?
É… ele quer ir flr com o Aldir la nas relictombs
Nem precisa ir tão longe, Arthur da um pal nesse cara em qualquer lugar
Acho que ele que se encontrar com o aldir lá no Reino Etérico
Windsom tá fazendo hora extra já, pqp que ódio
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