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The Beginning After The End – História Secundária – Capítulo 13

Bater e Correr

MICA EARTHBORN

“Lutar contra você foi divertido, mas esse é o momento que a Mica esteve esperando.” Eu disse, meu rosto a centímetros do rosto da Lyra Dreide. Eu estava sentada em seu colo, mantendo suas pernas abertas, observando cuidadosamente cada movimento de seus lábios, cada mudança em seus olhos.

Essa retentora tem uma boa cara de paisagem.

Nós retornamos ao nosso esconderijo na Clareira das Bestas depois de capturar Lyra Dreide. Foi difícil rastrear as assinaturas de mana aqui por causa das bestas de mana de classe S e SS em todo lugar, e fomos cautelosas para ter certeza de que não fomos seguidas.

A retentora foi amarrada em uma cadeira de pedra que eu conjurei só para ela. Bem, era meio que uma cadeira, apenas não era uma muito confortável. A pedra dura se enrolou em suas pernas do tornozelo ao joelho e cobriu suas mãos completamente. Uma coleira foi posta em sua garganta e tinha um único espinho enfiado em suas costas. Se ela tentasse alguma coisa, esse espinho perfuraria seu núcleo de mana em um instante.

Pessoalmente, eu sugeri que a gente começasse com isso, mas Varay achou que desabilitar seu núcleo poderia quebrá-la completamente, e nós precisávamos de informações primeiro. Então a gente tinha que quebrar ela pouco a pouco.

Varay começou com um dedo.

Ela não fez nenhuma pergunta antes, apenas removeu lentamente a bota da retentora, beliscou seu dedinho com dois dedos, e o congelou completamente. Mesmo com nossos avisos para não resistir, o corpo da mulher tremeu com mana para reagir ao feitiço. Foi instintivo, mas eu forcei o espinho um pouco mais fundo de qualquer forma.

“Oh, cuidado, isso foi bem perto do seu núcleo de mana.” Eu dei um tapinha em seu nariz. “Para não se contorcer muito.”

Eu ouvi um crack atrás de mim e me virei para ver a Varay segurando o dedo, que ela tinha acabado de arrancar.

Eu dei um olhar doloroso e solidário para nossa prisioneira. “Ouch. Isso deve ter doído. Então, por que você não nos conta tudo sobre as operações dos Alacryanos, hein? Então, você vai poder continuar com seus dedinhos perfeitos.”

A Lyra Dreide, pálida e suada mesmo com o ar frio da caverna, fez uma careta, mas não disse nada.

“Falar é, tipo, sua especialidade, né?” Eu perguntei, enrolando uma mecha de seus cabelos ruivos em meu dedo. “Então não deve ser tão difícil.”

A retentora cerrou os dentes enquanto Varay ia para o próximo dedo. Quando ele quebrou, Lyra Dreide arquejou, com seu corpo inteiro tremendo sob mim.

A armadura da Varay rangeu enquanto ela se levantava, e eu podia sentir seu olhar frio em meus ombros. “Vaza, Mica. Eu cuido das perguntas.”

Fazendo biquinho, eu pulei do colo da retentora e fui para a cama. Lá, eu peguei uma das minhas bonecas e isso me deu uma ideia.

Enquanto Varay começava o interrogatório, eu foquei em rearranjar as características da boneca. Era uma das poucas que eu realmente tentei fazer ela ficar bonita, e ela já tinha uma face feminina semirrealista. Eu só tinha que mudar algumas pequenas coisas e ela seria semelhante com a nossa prisioneira.

“Eu quero os nomes dos oficiais de mais alto rank em Xyrus, Blackbend e Etistin.” Varay estava em pé na frente da retentora, com os braços cruzados e irradiando uma aura gelada. Ela tinha um tom de negócios. Ela realmente conseguia ser assustadora algumas vezes. Tenho certeza de que, se fosse eu na cadeira, teria contado tudo em quatro segundos.

Além disso, eu gostava muito dos meus dedos.

A retentora, por outro lado, parecia ter ficado muda de repente. Ela simplesmente assistiu enquanto a Varay se agachava, pegava um terceiro dedo, e o congelava.

Atrás de Varay, eu imitei a ação na boneca. Eu a fiz gritar e tremer em resposta, e então balançar, como se estivesse falando rápido. Varay pediu por nomes novamente, mas a retentora segurou a língua.

 “Mica acha que você deveria ir para o rostinho lindo da moça.” Eu sugeri tentando ajudar. Ao mesmo tempo, eu belisquei o pequeno nariz da boneca e o quebrei com um silencioso crunch.

Varay se virou para dizer alguma coisa mas parou quando viu a boneca. O julgamento escrito em sua expressão era bem óbvio, mas eu não me importei. Eu estava ajudando.

Aya apareceu de onde estava meio escondida nas sombras. “Varay, talvez eu devesse assumir daqui. Afinal de contas, essa é a minha especialidade.”

Varay encarou a retentora nos olhos e parou, seus dedos tocando sua coxa. “Tudo bem, mas se lembre, precisamos da mente dela inteira.”

Se aproximando lentamente, Aya levantou uma mão e fez um gesto no ar. Tentáculos de névoa do tamanho de chicotes começaram a se desenrolar se deus dedos e se enrolar na retentora presa. A mandíbula da Lyra Dreide se apertou enquanto sussurros incompreensíveis preenchiam a caverna.

“Eu acho que minha companheira anã está certa. Você parece se importar muito sobre como você é vista. Afinal, é por causa disso que você está nessa posição. A adoração, o medo, aqueles momentos em que multidões de pessoas prestam atenção em cada palavra que você diz…”

Aya descansou sua mão no lado do rosto da retentora. Quando a mulher se enrijeceu, eu a dei uma pequena cutucada com o espinho de pedra nas suas costas.

“É isso que vamos fazer se você não dar as informações que precisamos.” Aya disse, sua voz como um ronrono baixo cheio de promessas e ameaças. Enquanto ela falava, os tentáculos de névoa se enrolaram no rosto da prisioneira, e os sussurros se intensificaram. “Você consegue ver? Consegue ver o que você vai se tornar?”

O rosto da Lyra Dreide empalideceu e seus lábios estavam tremendo. Ela fechou seus olhos para a névoa, mas mesmo isso não a protegeria das ilusões da Aya.

“Ouça, Alacryana. Ouça os gritos. Você sabe de quem eles são?” Aya murmurou. “Esse é o som que você ouvirá em todo lugar que for: os lamentos horrorizados das mulheres e crianças, o nojo aterrorizado dos homens, incapazes de aguentar a visão de você.”

O corpo da Lyra Dreide começou a tremer. Eu senti o surgimento da mana nela e espetei o espinho em suas costas. “Nem tente, senhorita.”

Varay descansou uma mão no ombro de Aya, e a Lança élfica removeu a névoa.

“Confie em mim quando digo que não sinto prazer nisso,” Varay disse enquanto pressionava sua palma na bochecha da retentora. Os olhos de Lyra Dreide se abriram. “Eu não desejo te trazer dor, e preferiria que você simplesmente nos desse as informações que precisamos. Porém, se você me obrigar a fazer isso, eu vou congelar suas orelhas, depois seu nariz. Vou transformar seus olhos em gelo e queimar sua carne com o frio. Mica vai apertar essas amarras até suas pernas quebrarem e suas mãos vão ser esmagadas até virarem uma massa inútil e, finalmente, se você não falar mesmo depois de sofrer tudo isso, eu vou cortar sua língua, perfurar seu núcleo, e pendurar o que restou de você pelas ruas de Etistin para todos verem, como vocês fizeram com nossas rainhas e reis.”

Eu encontrei o olhar da Aya e disse silenciosamente, “Uau.”

Lyra Dreide parecia estar procurando os olhos frios da Varay. Depois de um momento, ela se abaixou em derrota, e a lança retirou sua mão.

Varay se sentou, e um trono de gelo pontiagudo se cristalizou do nada atrás dela. Ela parecia afundar no trono congelado enquanto relaxava e cruzava suas pernas, antes de alfinetar a Alacryana com um olhar penetrante. “Eu quero os nomes e títulos, detalhes da hierarquia e onde estão alojados os líderes locais. Lyra Dreide, quando terminar, eu quero entender tanto dos mecanismos do novo governo Alacryano quanto você. Se você fizer isso acontecer, tudo isso acaba e você pode continuar sua vida. Por enquanto.”

A mulher parecia ter murchado, afundando tanto na cadeira que eu tive que reduzir o tamanho do espinho para não furar seu núcleo acidentalmente.

“Tudo bem. Vou contar o que você quer saber.”

Apenas algumas horas depois, estávamos voando a velocidade máxima pelas Grandes Montanhas.

Quando a retentora começou a falar, não parou mais. Era como se Varay tivesse apertado um botão e toda informação contida nela tivesse saído para fora. Como uma porta-voz dos Vritra em Dicathen, ela sabia de tudo: Como o governo local estava sendo estruturado e mantido, quem estava no comando de onde, quais eram seus papéis individuais no projeto geral de Agrona…

Honestamente, ela falou por tanto tempo que eu fiquei entediada e meio que sonhei acordada, mas é para isso que as Lanças Aya e Varay serviam.

Não demorou muito para planejar nosso primeiro ataque. Varay insistiu em usar o que aprendemos imediatamente. Os boatos de nosso ataque iriam se espalhar pelas forças Alacryanas e civis Dicateanos como fogo de dragão, e nós iríamos capitalizar com isso.

Nosso primeiro alvo foi Xyrus: Ensel Speight, o mago que estava no comando da Academia de Xyrus. De todas as pessoas que ela nos disse, esse verme era o mais nojento. Seu papel era educar os jovens magos, o que obviamente, era fazer uma lavagem cerebral para os fazer apoiar os Alacryanos. Mas ia muito além disso.

Ensel Speight foi pioneiro de um sistema em que os jovens magos Dicateanos eram rigorosamente testados para melhorar seu entendimento de magia, e ao mesmo tempo usando contra qualquer um que não estivesse na linha. Eles estavam fazendo criancinhas praticarem seus feitiços em alvos vivos.

Esse pensamento me deixava com nojo, mas havia uma consolação em saber que nós iríamos limpar Ensel Speight da face do mundo.

Nós voamos em silêncio, com nossos corpos envoltos em mana contra o frio amargo do ar em uma altitude tão elevada. Varay parou apenas quando as luzes da Cidade de Xyrus apareceram a distância.

“A partir de agora as assinaturas de mana devem ser suprimidas.” ela disse, mesmo que já tivéssemos discutido tudo antes de sair. “Vamos circular ao redor e entrar de cima da academia. Aya, você vai penetrar a barreira de mana. Se lembre, direto para a torre do diretor. Nós-”

“Pela pedra e pela raiz, nós já falamos disso.” Eu resmunguei, encarando Varay.

“Nós vamos sair sem ser detectadas, ou então nosso próximo objetivo vai se tornar muito mais difícil.”

Aya assentiu, seu cabelo preto brilhando com a luz das estrelas. Eu grunhi meu reconhecimento.

Às vezes Mica acha que a Varay esquece que todos nós fomos generais uma vez…

Sem mais conversa desnecessária, nós voamos acima da cidade e nos alinhamos à academia. Ainda era possível que nós fôssemos detectadas pelo uso constante de mana, ou até mesmo sermos vistas, dependendo do azar, então nos movemos rápido.

Quando a academia estava diretamente abaixo de nós, entramos em formação e mergulhamos em direção ao domo protegendo Xyrus. Aya estava na posição de líder, e quando chegou ao domo, seu braço se iluminou com um brilho de mana pura. Usando seu braço como uma faca, ela cortou a barreira transparente e disparou para dentro.

O véu protetor começou a se regenerar instantaneamente, o feitiço poderoso dos magos antigos o tricotando de volta, como se estivesse curando um ferimento. Varay foi em seguida, e eu a segui, as bordas do buraco já perto o suficiente para queimar contra a mana em volta do meu corpo.

Como esperávamos, a barreira secundária que cobria somente a academia não estava ativa e o caminho para a torre do diretor estava limpo. Eu e Varay seguimos logo atrás da Aya enquanto ela voava como uma flecha para a sacada da torre.

Quando a Lança élfica bateu na porta fechada da sacada a toda velocidade, ela desmoronou como se fosse feita de papel, explodindo para dentro e espalhando poeira e entulho pela sala do diretor. O lugar estava uma bagunça. Eu pousei no centro da sala, segurando minha maça, mas sem ninguém para bater com ela.

Uma escrivaninha que estava na frente da porta da sacada foi lançada pela sala e esmagou metade da porta para as escadas. Pedaços de pedra e madeira cobriam o chão, e uma poeira branca fina estava por cima de tudo.

“Merda, talvez ele não esteja aqui?” Eu olhei para a Varay pela confirmação, mas senti mana surgindo ao mesmo tempo que ela.

Um escudo de gelo apareceu na nossa frente em um instante antes de um feixe de fogo azul ser atirado por debaixo dos destroços. O fogo se espalhou pelo escudo, o devorando, mas o feitiço de Varay absorveu todo o calor, e depois de um segundo, tanto o fogo quanto o gelo desapareceram.

Aya saltou para a fonte do feitiço e arremessou um grande pedaço da parede pela sala. Debaixo dele saiu um homem muito magro em um roupão vermelho e preto. Ele era calvo, com um cabelo fino e oleoso nos lados da cabeça. Seus olhos cinzas penetrantes estavam com lágrimas com a dor de uma perna claramente quebrada, mas de alguma forma ele ainda parecia nos menosprezar.

“As famosas Lanças, eu presumo.” Ele falou com os dentes cerrados. “Uma vez os melhores generais do exército de Dicathen, agora decaíram para o papel de meros assassinos.” Ele cuspiu sangue. “Realmente patético.”

“Você fala muito pra um cadáver.” Eu disse, levantando minha maça e olhando para Varay. “Deixe a Mica o calar para sempre, por favor?”

Ensel Speight bufou e cuspiu mais sangue. “Eu amaria dar vocês três para os Testadores. Por Vritra, as coisas que teríamos aprendido…”

Gritos de fora e da escada abaixo de nós anunciaram que era hora de ir embora. Varay assentiu, e eu dei um passo a frente para dar o golpe de misericórdia.

O homem cruel uivou enquanto soltava outro raio de fogo azul em meu rosto. Eu levantei minha maça para o desviar, mas o feitiço nunca me alcançou. Ao invés disso, Varay disparou e pegou o fogo. Por um momento, parecia ter uma linha sólida conectando os dois, então o fogo na mão da Varay começou a endurecer em um tom mais escuro e frio, congelando completamente. O fogo congelado se espalhou, o gelo correndo pelo comprimento do raio. O rosto do Ensel Speight se contorceu em concentração, mas no último momento seus olhos se arregalaram e eu o senti tentar cortar o feitiço, mas era tarde demais.

O gelo cresceu pela sua mão, seu braço, e em um instante cobriu seu corpo inteiro, o congelando por completo. Varay soltou seu lado do fogo congelado e a linha se quebrou, despedaçando no chão.

Descansando minha maça nos ombros, eu dei um olhar suplicante. “Agora a Mica pode?”

Varay apenas revirou seus olhos um pouco antes de assentir.

Quando minha maça acertou o Alacryano um segundo depois, ele se despedaçou como uma escultura de gelo, com pedaços dele voando pelo cômodo.

Alguém bateu na porta pelas escadas. “Senhor! Senhor? Você está bem, senhor?”

“Vamos.” Aya disse, pisando cuidadosamente em um grande pedaço do … do Ensei Speight. Eu achei que fosse um pedaço de um braço, mas era difícil dizer.

Enquanto voávamos pelo buraco no lado da torre, mais gritos vieram de baixo e uma série de feitiços brilharam no pátio escuro. Aya conjurou uma camada de ventos agitados abaixo de nós, mandando os raios vermelhos, azuis e verdes para longe enquanto subíamos para o céu.

“Ooh, é como fogos de artifício!” Eu gritei para os outros, observando o bombardeio de feitiços baterem na bolha protetora de Xyrus.

Como antes, Aya perfurou ela e nós saímos para o ar frio da noite. Nós imediatamente mergulhamos, voando rente à barreira até estarmos abaixo do nível da ilha flutuante, então fomos em direção à Cidade de Blackbend.

“Tão fácil quanto pegar larvas de pedras!” Eu sorri para a Aya, mas ela estava com uma expressão séria. “Ah, qual foi. Isso foi ótimo!”

Varay respondeu do outro lado. “Fomos bem-sucedidas, sim, mas foi apenas um homem. Teremos que fazer mais esta noite.”


Voando alto e nos esforçando muito, conseguimos chegar na Cidade de Blackbend antes do amanhecer. Blackbend era uma cidade em expansão construída para trocas entre Darv e Elenoir, mas mais importante, era o lar de um número enorme de aventureiros. Isso significava que a Guilda dos Aventureiros tinha uma forte presença nessa cidade.

De acordo com nosso prisioneiro, esforços foram feitos para pressionar a liderança da Guilda de Aventureiros para apoiar os Vritra publicamente. Ser aventureiro era uma ocupação lucrativa, se você se arriscasse ou agisse em Sapin, além de que o grande número de magos poderosos, independentes e bem treinados espalhados pelo país era um problema para o governo Alacryano.

Infelizmente, se Lyra Dreide estivesse dizendo a verdade, os Alacryanos tiveram bastante sucesso em persuadir os líderes de guilda. Quem diria que os profissionais exploradores de dungeons e matadores de monstros não eram muito leais?

O líder desses esforços era uma maga de sangue Vritra chamada Haleigh Leech. Ela era uma ascendente poderosa, o que quer que isso significasse, que se tornou uma política e comparsa dos Vritra. Aparentemente ela era muito boa em influenciar homens grandes e burros, o que eu respeitava, mas isso não significa que eu não iria matar ela.

Nós permanecemos alto o suficiente para evitar de sermos vistas ou detectadas até estarmos pairando sobre o Saguão da Guilda dos Aventureiros. Era uma sessão da cidade bem populosa, então teríamos que ser cuidadosas sobre soltar feitiços grandes, não ajudaria nada se a gente acabasse com vários Dicateanos para derrotar um Alacryano.

“Prontas?” Varay perguntou, a mana já se condensando ao seu redor.

Aya assentiu. Eu dei dois joinhas pra ela.

A mana de Varay se inchou em uma bola de gelo condensada na sua frente. Um momento depois, ela a mandou caindo como um cometa em direção ao telhado da construção. Nós seguimos o rastro de ar frio restante.

O cometa bateu no telhado, e passou por dois andares, e então explodiu no átrio, liberando uma explosão de água fervente que saía como uma onda, nocauteando vários homens. Quando Varay pulou na água um segundo depois, ela soltou um pulso de frio que congelou a onda, prendendo os homens onde estavam.

Dicateanos. Eu notei. Mas todos vivos.

Um grupo de três magos Alacryanos desarmados espiaram da borda do chão quebrado. Os pisos abaixo deles racharam antes de quebrar enquanto eu aumentava o peso dos soldados, fazendo com que eles caíssem como se fossem feitos de ferro. A força da queda foi suficiente para incapacitá-los, mas eles não estavam sozinhos.

Assinaturas de mana estavam se movendo pelo Saguão da Guilda. Quatro estavam vindo pelo corredor em direção a nós. Eu me preparei para atacar assim que eles aparecessem na entrada, mas a mulher que os liderava não estava vestindo roupas Alacryanas.

Eu segurei minha mão para pará-los. “Saiam daqui!”

Quando ela hesitou, seus companheiros se acumularam no corredor atrás dela, eu deixei estabeleci minha intenção sobre eles. “Você não luta por essas pessoas, entendeu? Especialmente não contra nós.” Isso foi tudo que precisou para os aventureiros fugirem.

“Eles parecem estar se juntando perto de uma assinatura de mana forte no noroeste da construção.” Aya notou enquanto mandava uma lâmina de vento que varreu os soldados Alacryanos que tinham acabado de entrar no cômodo pelo outro lado.

“Deve ser ela.” Eu disse.

Sem esperar por confirmação, eu disparei naquela direção, passando destruindo as paredes ao invés de navegar pelos corredores tortuosos do enorme prédio. Quando eu entrei de repente em um escritório bem iluminado, eu me encontrei encarando uma parede de escudos mágicos.

Ventos serpenteantes, chamas ardentes, gelo, pedras sólidas e painéis translúcidos e brilhantes me separavam de mais ou  menos vinte soldados. Eles estavam organizados ao redor de uma mulher loira musculosa. Mesmo sendo nas primeiras horas da manhã, ela estava enfeitada com uma armadura de placas pesada que brilhava dourada na luz. Os lados de sua cabeça foram raspados para destacar os dois chifres preto-azeviche que cresciam do seu crânio.

Uau, ela parece ser fodona pra caralho.

“Olá,” Eu disse, dando um pequeno aceno para a multidão de soldados Alacryanos. “Haileigh, certo?”

“Segurem ela aí.” A mulher disse antes de escorregar por uma alcova escondida e desaparecer.

Um domo de pedra sólida de um pé de grossura se formou sobre mim para defletir a tempestade de feitiços vindo, e então explodiu em lascas afiadas. Algumas passaram pelas brechas entre os escudos e atingiram os magos atrás deles, mas eu não desperdicei tempo atacando soldados individuais.

Correndo pelo lado, eu entrei de lado pela parede em um corredor estreito antes de esmagar outro e me encontrar do lado de fora, na rua. A grande mulher Alacryana estava correndo em outra direção, suas botas blindadas fazendo barulho nas pedras como um martelo na forja.

Me sentindo um pouco criativa, eu conjurei um simulacro para guardar o buraco que eu fiz na parece, apenas um golem de pedra bruto do tamanho de um anão, como uma versão gigante de uma das minhas bonecas, para evitar que aqueles magos fiquem surgindo atrás de mim, e corri pela rua atrás de Haleigh Leech.

Eu me perguntei por que as outras estavam demorando tanto, mas eu sabia que, a não ser que elas encontrassem uma Foice — o que não aconteceu, porque eu teria sentido imediatamente — elas não estariam em perigo imediato.

Pegando minha maça, eu a arremessei nas costas da Alacryana recuando. Uma sombra pareceu sair de seu corpo e pegar a arma no ar antes de alcançar ela. A sombra girou a maça, claramente se preparando para jogar de volta para mim.

“Ei, isso é meu!” Eu gritei.

Manipulando a gravidade ao redor da maça, eu a deixei tão pesada que ela escapou das mãos da sombra e caiu no chão, quebrando as pedras e afundando alguns centímetros na rua. A sombra estourou como uma bolha e desapareceu quando meu alvo virou em outra rua e eu a perdi de vista.

Eu voei baixo pela rua, pegando minha arma enquanto passava. Quando eu virei a rua bruscamente, me deparei novamente com um muro de escudos protegendo hordas de soldados Alacryanos, com Haileigh Leech atrás deles.

“Déjà vu.” Eu disse enquanto flutuava até parar. “Você tá tirando esses caras do bolso ou o quê?”

“Estamos mais do que preparados para lidar com alguns rebeldes.” Ela bradou, sua voz profunda ressoando das construções próximas. “A guerra acabou, general. Você já perdeu.”

Uma porta se abriu na minha direita, e um homem vestido como um aventureiro saiu. Ele estava com sua arma em mãos e encarava os Alacryanos com raiva. Portas e mais portas se abriram e vários Dicateanos o seguiram.

Haileigh Leech os encarou. “Voltem para suas casas, civis! Qualquer um que resistir será executado imediatamente.”

Vendo o povo disposto a se levantar contra os Alacryanos era exatamente o motivo de nós estarmos fazendo isso. As lanças foram formadas para ser um símbolo de força para o povo Dicateano, e era isso que tínhamos a intenção de ser.

Mas depois que essa mulher estivesse morta, nós voltaríamos a fugir. Qualquer um que levantasse suas armas contra os Alacryanos provavelmente seria morto, e ao invés de esperança, teria o desespero, a raiva e o ressentimento remanescente. Não era hora deles lutarem, apenas de saber que as lanças ainda estavam lá, lutando por eles.

“Vocês ouviram a moça demônio.” Eu gritei. “Voltem para suas casas, por favor. Deixem as lanças lutarem hoje.”

Houve alguma hesitação e alguns olhares confusos, mas ninguém desobedeceu, e eles lentamente voltaram para suas casas, mas eu ainda podia ver vários rostos nos espiando por trás das janelas ou entre persianas.

“Onde estávamos?” Eu perguntei, voltando meu foco para os Alacryanos. “Ah, certo, eu estava prestes a matar todos vocês.”

Me fazendo tão pesada quanto um hiracoide de ferro e reforçando a grossa barreira de mana ao meu redor, eu mergulhei em direção ao muro de escudos. Alguns feitiços passaram inofensivamente por mim antes que eu batesse no muro. Seus escudos dobraram e os magos atrás deles foram jogados para trás, se espalhando como confete. A fila inteira caiu.

Eu girei minha maça em um arco amplo, amassando vários soldados. Alguns estavam tentando se aproximar, mas o resto estava caindo para trás, sobre eles mesmos. As barreiras se refizeram ao meu redor em uma tentativa de me prender, mas antes que eu pudesse fazer algo legal para me libertar, um relâmpago súbito rasgou o ar. Os Alacryanos caíram gritando, com os narizes, olhos e bocas sangrando enquanto o feitiço arrebentava seus interiores.

Aya passou rapidamente, ignorando os poucos homens que haviam sobrevivido, em um esforço para alcançar Haileigh Leech, que estava correndo novamente, descendo a rua em velocidade máxima. Quando Aya a alcançou, três sombras saíram dela e agarraram a lança, tirando ela do ar e prendendo no chão.

Eu finalizei rapidamente os últimos soldados antes de correr para ajudar a Lança élfica. Mas quando eu a alcancei, as sombras tinham saído e ela estava levantando e tirando a poeira de si mesmo.

“Aliás, o alvo pode criar estranhas cópias de sombra dela mesma ou algo assim.” Eu disse enquanto corria.

“Isso está demorando demais!” Aya gritou, se mantendo no meu ritmo facilmente. “Nós seremos cercadas se não sairmos daqui.”

E então, quatro figuras apareceram do nada em nossa frente, bloqueando o caminho. Primeiramente, achei que fossem retentores pela força em seus núcleos de mana, e eu escorreguei para parar. Aya fez o mesmo, encarando os recém-chegados com cuidado.

Não, não estavam no mesmo nível da Lyra Dreide ou daquela criatura horrível, Uto. Eu percebi. Mas, mesmo assim, eles não eram fracos.

Eles eram estranhamente difíceis de ver, como se estivessem cobertos em sombras. Eu assumi que era um tipo de feitiço ou um poder que os ajudava a esconder suas presenças.

O homem na minha frente deu um passo para frente e era como se ele tivesse pisado no sol brilhante de meio dia, ou talvez como se, de repente, estivesse irradiando uma luz. Ele não vestia nada além de calças largas, pretas e sedosas, mostrando seu corpo atlético. Ele era bonito também, com o cabelo levemente ondulado da cor de cedro vermelho.

Ele pôs as mãos na cintura e sorriu para mim, seus dentes brilhando brancos na escuridão. “Guardas da Rosa, presente!”

A sombra saiu dos outros enquanto eles davam passos à frente, um de cada vez. À esquerda do homem sem camisa, uma figura esbelta em um roupão de batalha escarlate apontou um longo dedo para mim, falando bem suavemente. “Royal!”

Na direita, uma mulher em uma cota de malha preta e uma armadura de couro vermelho escura fincou a ponta de sua espada de duas mãos enorme na rua e jogou seu rabo de cavalo para o lado. “Roxy.”

Atrás deles, um grande homem em um uniforme vermelho e preto parecido com o de Lyra Dreide girou um cajado casualmente antes de o descansar em seus ombros. Sua voz era tão profunda quanto um mugido de um boi da lua. “Gale.”

“E eu sou Geir.” O líder finalizou com uma piscadinha.

Eu troquei olhares com a Aya. Não sei se foi seu olhar de espanto ou as introduções dos Guardas das Rosas que me atormentou mais.

Eu ri. Alto. Ri até chorar, até começar a ofegar, até me preocupar em desmaiar ali mesmo na rua.

Talvez esse fosse o plano, eu achei que fosse explodir de tanto rir. Eles debilitavam seus oponentes com uma risada incontrolável e então os esfaqueavam enquanto estavam fracos.

Apesar desse pensamento, os quatro Alacryanos não se moveram para atacar. Mas eles não pareciam estar muito felizes.

Secando minhas lágrimas, eu afastei a Aya. “Vá pegar o alvo antes que ela escape. Eu vou ficar aqui para brincar com esses quatro.”

Aya assentiu e foi para o ar. O Alacryano chamado Royal estava prestes a conjurar um feitiço quando Geir segurou sua mão.

“Madame, você zombou e desonrou os Guardas da Rosa. Nós demandamos uma satisfação por um desafio de combate. Até a morte.” ele adicionou dramaticamente.

“A sua, talvez.” Eu rebati, minha maça já se movendo.

Na verdade, era bem impressionante o quão rapidamente os quatro magos conseguiram sincronizar suas respostas. Minha maça esmagou o chão à minha frente, destruindo a rua. Rachaduras em formatos de raios se espalharam do impacto na direção dos meus oponentes, mas eles estavam preparados.

O homem grande chamado Gale conjurou dúzias de lajes de pedra do tamanho de pratos, que orbitaram o grupo, incluindo abaixo deles, então eles conseguiram sair do chão para evitar as pedras.

Royal dançou em um dos pratos e o afastou de uma rocha pontiaguda antes de conjurar água fedida e fervente, que borbulhou para fora das rachaduras que eu fiz. Ela chiou onde tocava as rochas, e depois de alguns segundos, tinha um fosso ao redor dos Guardas da Rosa.

Roxy girou sua espada e se contorceu como uma dançarina do ventre. Um longo túnel de mana do atributo do vento saiu de sua lâmina. Ela cresceu, e continuou crescendo até que fosse longa o suficiente para envolver todo o espaço entre ela e seus amigos. Em um dos fins, a cabeça de uma cobra foi esboçada no vento forte.

Finalmente, Geir flutuou no ar, e então seu corpo queimou em chamas. O fogo se moldou ao seu redor como uma peça de armadura, mas não era apenas isso. Duas asas flamejantes brotaram das suas costas e uma longa cauda de fogo em formato de chicote estava abaixo dele. Os dois braços estavam com garras incandescentes e brilhantes em suas pontas, e as chamas ao redor de sua cabeça se moldaram em um formato reptiliano familiar de um dragão.

“Oh, isso foi legal.” Eu disse, admirando o traje de dragão flamejante. “Você escolheu a forma ou já veio assim?”

A voz de Geir ecoou em um tom de outro mundo quando ele falou de novo. “Basta de palavras evasivas e brincalhonas, Dicateana. Agora, você está encarando todo o poder… dos Guardas da Rosa!” A boca do dragão soprou um vasto cone de fogo, que eu defleti com uma laje de pedra que saiu da rua. Quando as chamas araram, eu coloquei a laje na frente para pousar na lama ácida, criando um tipo de ponte sobre o fosso.

A cobra de vento deu o bote, sua boca completamente aberta. Eu estava meio curiosa para saber o que aquela coisa fazia, mas não o suficiente para a deixar me acertar de propósito. Pulando na laje de pedra, eu senti a mandíbula da serpente fechar logo atrás de mim antes de a acertar de volta, mas minha maça passou por ela e quase caiu no fosso fedorento.

Gêiseres de água fervente começaram a espirrar no ar. Onde as gotas me atingiram, elas chiaram ao encontrar minha mana e tentaram comê-la.

Eu dei um pulo pra frente e ataquei Geir, mas as placas de pedra se moveram para defletir o ataque, e o dragão abriu a boca para outro tiro de fogo a queima roupa. Dessa vez, eu encarei o ataque de frente, confiando na minha mana protetora para absorver o calor enquanto eu girava, aumentando a gravidade na minha maça para criar um momentum, então quando outra placa de pedra foi para uma posição defensiva, a maça a destruiu e continuou indo.

Geir gritou e pulou para trás, suas asas batendo ferozmente atrás dele, ele mal pôde evitar meu ataque. Várias placas se moveram para defendê-lo, mas eu continuei meu assalto, ao invés de voar para cima para evitar outro ataque da cobra de vento. Uma névoa nociva começou a se formar ao meu redor, corroendo minha mana defensiva. Criando um ponto de gravidade densa à minha esquerda, eu afastei o gás verde e girei para encontrar Roxy, que estava correndo pelas costas da cobra de vento como se fosse uma escada.

Sua enorme lâmina sibilou enquanto cortava o ar, então ressoou como um sino quando foi defletida pela minha maça. Suas mãos se moveram a uma velocidade incrível — apoiada pelas rajadas de vento calculadas — enquanto ela retalhava e cortava em um bombardeio de ataques.

Com o canto dos olhos, vi Geir circulando ao meu redor para se posicionar atrás de mim, e podia sentir Royal preparando um novo feitiço abaixo. Gale parecia estar focado em seus escudos de pedra, mantendo vários deles perto o suficiente de seus companheiros para evitar um ataque surpresa. Eu senti pela Aya e a Varay para ter certeza de que elas ainda estavam bem: Aya estava algumas ruas à frente, sua mana surgindo como se ela estivesse lutando contra alguém — tomara que seja a Haileigh Leech — mas Varay ainda estava no Saguão da Guilda, com sua mana calma.

Saber que elas estavam bem era suficiente para o momento; Eu estava um pouco ocupada demais com os Guardas da Rosa para me perguntar por que a Varay estava apenas sentada no chão com a bunda magra dela. Quando eu senti o calor de uma chama súbita nas minhas costas, eu caí como uma pedra, defletindo um último ataque da lâmina da Roxy enquanto caía. O jato de fogo passou por ela, obviamente mirado cuidadosamente para evitar fogo amigo.

Um míssil de líquido verde foi atirado das mãos do Royal, me forçando a girar no ar, mas eu tirei vantagem desse redirecionamento para colidir com Gale. O grande Alacryano conjurou mais uma dúzia de novas placas de pedra para se defender, mas eu apenas aumentei meu próprio peso e passei por elas, usando meu corpo como um aríete.

E quando eu o alcancei, o escudo desapareceu.

Outro míssil ácido espirrou no meu ombro, chiando e estourando contra minha barreira de mana. Eu conjurei uma coluna de pedra que saiu do chão e bateu em Royal, o mandando cambaleando para a parede de um prédio de tijolos.

Geir mergulhou do céu, suas garras flamejantes estendidas. Eu conjurei o Cofre de Diamante Negro, me fechando em uma concha de cristais brilhantes no último instante. Mesmo que eu não pudesse ver ou ouvir nada que acontecia do lado de fora, eu soltei uma risada gostosa ao pensar no Geir macetando a cara na substância mais dura conhecida pelos anões.

Depois de o manter por apenas alguns segundos, eu removi o feitiço, permitindo que os cristais caíssem e se dissolvessem no chão. Geir estava deitado aos meus pés, sua armadura conjurada brilhando fracamente enquanto ele se esforçava para manter sua concentração nela. Ele estava sangrando muito na testa.

“Você realmente devia ser mais cuidadoso.” Eu o alertei. “Voar leva muita prática, mas tenho certeza que você vai pegar o jeito algum dia.”

Um grito de guerra profundo ecoou de cima e eu levantei minha maça bem na hora para encontrar a lâmina da Roxy. Sua serpente apareceu dos lados e prendeu sua boca em mim. Eu fui tirada do chão e de repente me encontrei girando pela construção como uma folha em um furacão.

A boca da cobra de vento mergulhou na piscina de líquido cáustico que ainda cobria a rua, sugando a água ácida e me ensopando com ela.

Bem, isso é irritante. Eu resmunguei enquanto girava loucamente em uma sopa de ácido fedido dentro da barriga de uma cobra de vento.

Sentindo a mana do atributo-terra no chão lá embaixo, eu localizei uma camada de solo pesado de argila molhada mais ou menos nove metros abaixo da superfície de pedra da rua. Eu rapidamente aumentei a gravidade no bolsão, amassando a argila, forçando a umidade a sair, e deixando um vácuo com vários metros de largura.

Os Guardas das Rosas pareciam estar demorando um tempo para se preparar. Gale tinha reaparecido e ajudou Geir a se recuperar. Roxy estava focada em seu feitiço, fazendo o vento soprar constantemente mais rápido e forte para me manter presa dentro. Eu não podia nem ver Royal.

Isso funcionou perfeitamente bem para mim. Eu cerrei meu punho e quebrei a terra abaixo de seus pés. A rua e o solo abaixo desmoronaram no vácuo que eu criei embaixo. Ao mesmo tempo, eu acertei cada um deles com o Martelo de Gravidade, os amassando como baratas embaixo de um chinelo.

Três Alacryanos, várias toneladas de terra e pedra, e mais ou menos mil galões de água ácida desapareceram na ruptura.

A cobra de vento e o fluido digestivo agitado nela desapareceram, me jogando no chão bem na borda do buraco gigante que eu criei.

“Geir! Roxy! Gale!”

“Oh, aí está você.” Eu disse casualmente, me virando para o Royal. O conjurador estava em pé logo depois de onde a rua tinha desmoronado. Eu olhei para dentro do buraco, mas não havia sinal dos outros.

“Ei, pelo menos você removeu toda aquela água nojenta antes que ela derretesse o rosto dos seus amigos.” Eu disse para o consolar.

Eu senti a Aya se aproximando, e Royal se virou, conjurando uma longa corrente de líquido ácido que o orbitava em um padrão de espiral.

Aya ignorou o Alacryano. “Está feito.” Ela gritou, se virando para cima.

“Bem.” Eu disse, encontrando o olhar chocado do Royal. “Parece que é hora de ir. Talvez, se você se apressar, vai conseguir tirar seus amigos daí antes deles sufocarem. Tchau, tchau, eu acho!”

Meus pés se ergueram da rua destruída e eu voei até Aya. Varay veio pelo buraco no teto do Saguão da Guilda para nos encontrar, e nós nos viramos para o sul juntas, voando pelos telhados de Blackbend.


“Então, o que você estava fazendo enquanto eu e a Aya estávamos com a mão na massa, hm?” Eu perguntei para Varay alguns minutos depois.

“Convencendo a liderança da guilda que não é interessante para eles apoiar os Alacryanos.” Ela respondeu.

“E você foi bem-sucedida?”

“Ver as Lanças apareceram como um raio em um céu limpo para atacar os Alacryanos pareceu ter impactado eles, então sim.” A boca de Varay se contorceu, para o mais próximo de um sorriso que ela já teve.

O sol já estava nos espiando do horizonte à nossa esquerda, colorindo o céu em um azul cinzento. Tinha uma brisa gentil em nossas costas e quilômetros de terras selvagens abaixo de nós. Eu me senti bem sobre como as coisas estavam indo.

“Alguma coisa está nos seguindo.” Aya disse, gesticulando para seu ombro.

De Blackbend, nós voamos diretamente ao Sul, para Darv. Nosso último alvo dessa missão não estava nos terrenos secos ou nos túneis dos anões, mas nós queríamos nos livrar de qualquer rastreamento ou perseguição que os Alacryanos poderiam ter conjurado.

Varay sinalizou uma parada e nós olhamos para o norte para observar. O ar estava tremeluzindo algumas dezenas de metros abaixo de nós, como uma sombra suspendida no meio do ar ou uma pequena e fina nuvem cinza.

“Algum tipo de feitiço de rastreamento.” Eu confirmei, assentindo sabiamente. “Se conseguiu se manter na nossa velocidade até aqui, também é rápido.”

Eu fui até o borrão escuro contra o céu amanhecendo, mas ele fugiu. Eu voei mais rápido, mas ele ficou mais ou menos 20 metros atrás. Finalmente, eu me inclinei e disparei à velocidade máxima para a sombra, mas ela se moveu tão rápido quanto eu.

Aterrissando grosseiramente, eu voltei para as outras. A sombra reverteu o curso e me seguiu, mantendo a distância, mas não ficando para trás.

“Definitivamente rápido.” Eu confirmei quando eu fiz uma curva para parar do lado da Aya.

A Lança élfica lançou várias balas de vento nela. Seu feitiço passou pela sombra com uma pequena ondulação, mas não pareceu a machucar. Nós passamos um minuto atirando feitiços cada vez mais fortes, mas nada afetava a sombra.

“Vocês percebem que se tiver algum Vigia Alacryano sentado em Blackbend assistindo isso, nós vamos ficar parecendo idiotas, né?” Eu disse pra Varay.

“Alguma ideia?” Ela perguntou, não tirando os olhos da sombra.

Eu já tinha tentado aumentar sua gravidade diretamente, o que não havia feito nada, mas talvez alguma coisa mais poderosa possa ter algum efeito. Escolhendo um ponto mais ou menos no meio do caminho entre nós e a nuvem espiã, eu foquei toda minha energia em conjurar uma Singularidade.

O buraco negro estava muito longe da sombra para a afetar, mas se a sombra nos seguisse em linha reta como esteve fazendo até agora…

Nós nos afastamos do círculo perfeito de pura escuridão, não conseguindo enxergar mais a nossa perseguidora, mas torcendo para que ela continue na mesma direção. Nós andamos algumas dezenas de metros antes que eu liberasse o feitiço, incapaz de aguentar o manter de tão longe.

No instante que ele desapareceu, a sombra disparou pelo céu, mais uma vez pairando a distância.

“Essas merdas de Alacryanos e seus poderes estranhos.” Eu resmunguei. “Nós não podemos apenas deixar ela nos seguir por aí, então qual é o plano, senhoritas?”

“Talvez nós possamos absorver sua mana?” Aya sugeriu, sua sobrancelha franzida com o pensamento.

“Mas nós não podemos chegar perto dela.” Eu rebati. “A não ser que…”

“Nós podemos tentar nos aproximar de três direções diferentes, a fechando.” Varay disse. “Boa ideia. Talvez ela não saiba para que lado se mover.”

Eu fiquei onde estava enquanto as outras duas Lanças voavam em volta da sombra espiã. Quando elas entraram em posição, nós começamos a voar lentamente na direção dela, tentando manter uma distância igual entre nós.

A sombra rodopiou distâncias curtas para algumas direções, mas sempre se corrigia e não parecia conseguir se mover para mais perto de uma de nós. Quando estávamos a apenas alguns metros de distância, ela começou a vibrar rapidamente enquanto fazia pequenos ajustes para frente e para trás, tentando se estabilizar perfeitamente entre nós.

“Cuidado.” Varay ordenou. “Estiquem as mãos e vejam se conseguem sentir sua mana.”

Muito lentamente, nós fomos até a forma vaga. Quando minha mão estava nela — passando por ela como nossos feitiços — eu senti sua mana. Não tinha muita, não era um feitiço particularmente forte. Cada uma de nós absorvemos um pouquinho antes da sombra espiã se dissolver, desaparecendo completamente.

Varay estava encarando o espaço vazio entre nós com um olhar estranho no rosto. “Algum dia, eu espero ter uma chance de estudar essas formas Alacryanas de magia.” Ela disse. “As coisas que eles são capazes de fazer… Eu nunca vi nada como essa sombra.”

A expressão da Aya escureceu. “Como eles estão fazendo com a gente em Xyrus?”

“É claro que não.” Varay falou rispidamente. “Mas se essa guerra tiver um fim, eu espero que nossas nações possam ter a chance de compartilhar nosso conhecimento de magia… depois dos Vritra serem destruídos.”

Aya zombou. “Eu preferiria mandar seu continente inteiro para o fundo do oceano por mim mesma.”

“Mica concorda que os Alacryanos merecem isso e muito mais.” Eu disse, pousando ao lado da Lança élfica, apenas para ela se afastar alguns metros, com seus braços cruzados.

Varay parecia… triste.

Eu não sabia que ela tinha uma variedade tão grande de expressões faciais. Eu pensei para mim mesma. Sorrisos, tristeza, determinação fria, profissionalismo frio… isso já é facilmente o dobro de expressões que eu achei que ela tinha.

“Isso é sobre Agrona e os Vritra.” Varay disse. “Não as pessoas de Alacrya. Você não viu os navios cargueiros de escravos que ele mandou para morrer na Baía de Etistin, Aya. Para nada além de nos fazer pensar que estávamos ganhando, ele mandou milhares de seu próprio povo para a morte certa.”

“E quando o garoto de cabelos escuros chegou, ele matou quase a mesma quantidade de seus próprios homens que dos nossos.” Eu me lembrei. Imaginar o garoto com seu fogo negro e espinhos e metal me deu um arrepio na espinha.

Nós flutuamos em silêncio por vários longos segundos antes de Varay virar para leste. “Haverá tempo suficiente para debater essas coisas e mais quando retornarmos para a Clareira das Bestas. Por agora, ainda temos um alvo.”

Aya e eu ficamos para trás enquanto íamos para as Grandes Montanhas, nossa onda de sucesso foi ofuscada pelos nossos próprios pensamentos em conflito.


Nós nos agarramos pelos penhascos das Grandes Montanhas por quase o continente inteiro, de Darv no sul até a costa norte de Elenoir. De lá, nós voamos pela costa, escondidas por dentro da cobertura da floresta. Isso era mais lento que voar acima das árvores enevoadas, mas mais seguro.

Aya nos guiou. A elfa mudou no momento que mergulhamos na copa da Floresta de Elshire. Desde que ficamos sabendo das mortes do Rei e da Rainha Eralith, Aya ficou pra baixo. Ela era como uma vela que tinha queimado, mas agora que ela voltou para casa, seu pavio foi aceso novamente.

Ela explorou Elshire por nós algumas vezes enquanto nos escondíamos na Clareira das Bestas, mas eu não fui com ela. Agora eu queria ter ido. Vendo a postura e o foco que a floresta a deu me fez lembrar de nossos antigos dias de Lanças. O orgulho, a animação e o espírito competitivo que todos nós tínhamos. Nós estávamos tão preparados para a guerra. Nós éramos os magos mais fortes do continente, o que poderia nos encarar?

Os Greysunders deveriam ter sido nosso canário na mina de carvão. Nós deveríamos ter percebido isso…

Eu recuperei o foco, voltando minha mente para o interior e focando no meu núcleo como eu fiz quando estava o refinando. Não adianta relembrar de cicatrizes antigas.

Nosso alvo era Asyphin. Os elfos foram eliminados da cidade e ela se tornou uma fortaleza para os esforços Alacryanos em Elenoir. Eles não mantiveram nem mesmo elfos escravizados para eles não acharem um jeito de espiar, o que significava que não tínhamos que ser cuidadosas ao atacar.

Altos Sangues, cientistas, membros de alto rank no exército Alacryano… A Cidade de Asyphin estava cheia deles. Mas o verdadeiro motivo do porquê ela está na nossa pequena lista de alvos para a primeira missão de correr e bater foi por causa do que Lyra Dreide não disse.

Durante todo seu interrogatório, a única vez que ela fingiu não saber exatamente o que estava falando, era quando falava sobre Asyphin. Ela estava feliz me nos dar nomes de Altos Sangues, oficiais Alacryanos, instigadores importantes… tudo enquanto minimizava os papéis individuais na ocupação e fingindo ignorância no porquê a cidade era tão importante para nenhum Dicateano ser permitido nela.

Era claro que os Alacryanos estavam planejando algo em Asyphin, e então nós iríamos bater forte nela.

“Não estamos tão longe agora.” Aya nos informou. “Apenas alguns minutos.”

“Vocês duas conseguem sentir isso?” Eu perguntei, de repente sentindo uma quantidade incrível de mana a frente.

“Uma foice? Eu acho que está vindo do céu acima da cidade.”

Talvez eles adivinharam que nós estávamos vindo e prepararam uma festa de boas-vindas.

Borboletas indesejadas voavam no meu estômago enquanto eu pensava no garoto de cabelo preto da Baía de Etistin.

“Nós podemos voltar?” Eu sugeri, desacelerando até parar e pairar cinco metros acima do chão. “Mica estaria feliz completando apenas dois objetivos. Talvez três fosse meio ambicioso…”

“Não.” Varay e Aya responderam ao mesmo tempo. Aya se calou e deixou Varay terminar. “Vamos lá nos apresentar, sentir a situação. Mica, você e eu lutamos de igual para igual contra a Foice em Etistin, mesmo antes da Aya chegar lá. Se eles confiarem a defesa desse lugar para apenas uma Foice, então nossa jornada para Elenoir pode ser ainda mais recompensadora do que planejamos.”

Eu comecei a roer minhas unhas nervosamente enquanto um barulho agudo começou a zumbir no meu ouvido.

“Ou.” Eu gaguejei, meu coração batendo em meu peito como três anões batendo em uma bigorna. “Poderia ser uma armadilha. Como a Aya sugeriu!”

As outras estavam me dando olhares estranhos que me fizeram querer socar seus rostos estúpidos. “Na última vez que encaramos uma Foice, Mica quase morreu!” Eu me chutei mentalmente pelo jeito que minha voz soou como a de uma criança chorona, mas continuei falando. “Todas nós quase morremos! Era pra isso ser uma série de ataques rápidos para desestabilizar os Alacryanos, não é? Não uma guerra total contra uma Foice!”

Meu peito estava se agitando para cima e para baixando, fazendo eu me mexer no ar, e meus punhos estavam tão apertados que eu conseguia sentir meus dedos estalando. Tinha um zumbido de vespas em chamas na minha cabeça, e de repente eu estava preocupada com um desmaio.

Mica está tendo um ataque de pânico? Lanças não tem ataques de pânico!

Aya voou para perto e pegou minha mão. Eu a afastei, mas ela me segurou firme. Quando ela falou, era com uma suavidade e gentileza que não ouvi dela desde que o Conselho caiu. “Mica, nós achamos que éramos invencíveis. Mesmo quando Alea -— a Lança Alea — morreu, parecia um golpe de sorte, mais como azar. Não poderia acontecer conosco, porque nós seríamos mais cuidadosas, seríamos mais fortes. Então eles nos quebraram.”

Ela se inclinou para frente, me puxando para ela, e me deu um beijo gentil na bochecha. “Mas é assim que nos recuperamos, você entende? Nós voamos por aí e chutamos a bunda de quem quer que encontremos. Depois disso, nós podemos voltar para a Clareira das Bestas para você me incomodar até a morte com aquelas bonecas, tudo bem?”

Eu bufei e engoli as lágrimas, sem nem mesmo ter certeza do motivo do choro. “Eu acho que vou tentar fazer um show de marionetes na próxima vez.”

Aya se virou para Varay. “Pelo menos se morrermos hoje, nunca teremos que ver isso.”

Eu soltei uma risada rouca e soquei a Lança élfica no braço. “Então, vamos lá fazer isso, vamos?”

Com Varay liderando o caminho, nós voamos para fora das copas e fomos direto para a poderosa fonte de mana pairando sobre Asyphin. Ele obviamente nos viu chegando, mas não fez nenhum movimento contra nós, apenas esperando a gente se aproximar.

Não era a Foice chifruda.

O garoto de cabelo preto da Baía de Etistin, aquele que esteve nos meus pesadelos desde lá, nos cumprimentou com um olhar frio.

Varay parou a 10 metros de distância. O garoto falou primeiro. “Vocês me afastaram de algo muito importante, Lanças. O Alto Soberano está ansioso para ver vocês serem removidas do tabuleiro, mas eu não tenho tempo para vocês agora. Saiam.”

Isso… não era exatamente o que nós estávamos esperando. “Você cresceu mais ainda desde que nos encontramos em Etistin.” Varay disse, sua voz calma como gelo. “Mas eu não acho que você dá conta de parar o que viemos aqui para fazer sozinho.”

“Que é o que, exatamente?” O garoto falou rispidamente. “Mais assassinatos? O que quer que estejam pensando que conquistaram, vocês estão erradas. Honestamente, vocês Dicateanos são tão nanicos. Se Grey tivesse renascido em Alacrya, como ele deveria ter feito, tudo poderia ter sido diferente, mas não, ele se tornou um Dicateano, e eu tive que crescer em exílio apenas para ficar próximo dele!”

Nós três trocamos um olhar incerto. “Do que diabos você está falando?” Eu perguntei, esquecendo um pouco do meu medo.

O garoto rosnou, como se fosse um tipo de besta de mana selvagem. “Eu não tenho tempo para conversar com vocês, muito menos matar. Deixem Elenoir imediatamente. Não façam mais coisas com nosso povo. Vivam o resto de suas vidas inúteis como ermitões nos desertos dos anões, na Clareira das Bestas ou qual seja o lugar que vocês se esconderam. Se eu ver vocês novamente, vou matar todas. Vão.”

O medo gelado pressionou meu peito, mas não nos movemos. Quando chamas negras cobriram suas mãos, Varay, Aya e eu nos espalhamos e começamos a canalizar mana para contragolpear, mas outra figura veio da cidade. O garoto de cabelos pretos virou suas costas para nós enquanto observava o recém-chegado se aproximar.

O homem era um retentor, eu tinha certeza disso. Ele era alto e mantinha uma postura ereta mesmo enquanto voava. Uma armadura de couro preta o abraçava como uma segunda pele, e a verdade era que ele seria lindo se não fossem os chifres brotando de cima das suas orelhas.

“Cylrit, eu te disse para—”

“Está começando, senhor. Você precisa voltar para a cidade imediatamente.” O retentor falou com um profissionalismo curto e militarista. “Agrona em pessoa deu a ordem.”

O olhar do garoto se voltou para nós. “Eu não posso sair antes de cuidar dessas pestes…” Ele parecia incerto, ansioso para sair, mas ao mesmo tempo não querendo.

O que poderia ser tão importante para ele fugir de uma luta conosco? Nós assumimos que seríamos a maior prioridade dos Alacryanos depois de nos revelarmos, e era bem inquietante descobrir que não éramos.

“Eu vou cuidar delas, Nico.” Os olhos vermelhos de Cylrit se encontraram com os meus. “Você precisa estar lá.”

“Eu só espero que você faça um trabalho melhor dessa vez do que aquele que você fez protegendo a Lyra.” Nico rosnou. Para nós, ele disse, “Quando vocês chegarem no pós-vida, falem pro meu antigo amigo, Grey, que eu disse oi.” Então, ele voou para a cidade.

“Então, nós deveríamos ter medo de você?” Eu perguntei, ainda mantendo a encarada do retentor. “Desculpa por quebrar suas expectativas, amigo, mas nós já tomamos conta de um retentor essa semana. Se nós não estamos com medo de lutar contra aquele cara.” Eu acenei na direção que o garoto de cabelo preto desapareceu. “Por que você acha que estaríamos preocupadas com você?”

“Nós não vamos lutar.” Cylrit disse casualmente. “Vocês vão voltar para seu esconderijo e esperar pelo momento certo.”

“Por que faríamos isso?” Eu perguntei.

“Esperar pelo momento certo de que?” Varay disse ao mesmo tempo.

Um vento quente veio do norte, carregando o cheio de sal oceânico. Cylrit fechou seus olhos e respirou profundamente. Quando ele os abriu, ele me encarou novamente. “Como a Lady Seris disse, Mica Earthborn, cada um de nós temos papéis a cumprir, e esses não são os seus.”

O cabelo escuro da Aya dançou pelo seu rosto com a brisa enquanto ela me dava um olhar questionador. “A Foice que—”

“Me deixou viver e me mandou para ajudar em Etistin, sim.” Eu disse para Cylrit. “Eu não gosto de ser usada como brinquedo. Nos diga claramente o que quer, ou vamos arrancar de você.”

Cylrit riu com um senso de confiança que me deixou nervosa e frustrada. “Talvez vocês poderiam, mas vocês parecem cansadas para mim, e não ajudaria vocês de qualquer jeito.”

“O que é essa coisa importante que está acontecendo?” Varay perguntou. Eu senti que ela estava empurrando para ver quanta informação esse retentor estava disposto a compartilhar.

A simpatia e o conforto de Cylrit evaporaram em um instante. “Nada que vocês precisam se preocupar. Agora, vão. Não posso me arriscar a falar mais com vocês.”

Eu me inclinei para a Varay. “Nós conseguimos derrotar ele.” Eu murmurei. Agora que o garoto de cabelo preto foi embora, meus nervos pré-batalha tinham ido embora, e eu queria descontar minha vergonha e frustração nos Alacryanos. “Nós ainda podemos completar nossa missão.”

Mas Varay estava balançando a cabeça. “Não. Vamos lá, estamos indo embora.”

Cylrit ficou onde estava, nos observando ir embora. Mesmo depois de estar fora de vista, eu ainda podia sentir seus olhos vermelhos queimando minhas costas.


Não era assim que queríamos que as coisas acontecessem, e o voo para a Clareira das Bestas foi feito em silêncio. Ficou pior ainda depois disso.

Eu xinguei enquanto pousávamos perto da porta secreta para nosso esconderijo. O que deveria ser uma ladeira discreta em um chão rochoso era uma cratera explodida que deixava nossa caverna confortável completamente exposta.

Varay pulou na cratera e eu senti vários raios de mana. Aya seguiu, suas mãos para cima enquanto ela preparava uma conjuração, mas não havia necessidade. Três bestas de mana parecidas com lagartos estavam mortas no chão, suas cabeças explodidas como melancias.

Nosso esconderijo estava uma bagunça. A gaiola em que ela estava contida — uma fusão de elementos de gelo e terra que eu e Varay tínhamos construído, que foi imbuída com um feitiço de som para manter a retentora dormindo — foi quebrada, como a porta secreta.

Lyra Dreide havia desaparecido.


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Kallimar EmptyD
Membro
Kallimar Empty
14 dias atrás

Como o cara disse, se n fosse capítulo sobre a emily, ou lilia ia ser intankavel, só esse eu demorei 1 semana pra ler, enrolei o máximo que pude. Só das lanças e da jasmine pra tankar msm.

LEONARDO
Visitante
LEONARDO
4 meses atrás

Se não fosse pelas 3blanças eu n tinha lido esse, Por hoje deu

PEDOCO 86D
Membro
PEDOCO 86
5 meses atrás

Se fosse um capítulo q eu quisesse ler não era tão longo

Karthus
Membro
Karthus
8 meses atrás

Esse looooongo capítulo me respondeu uma pergunta, se os alacryanos tinha núcleo ou se era apenas runas.

Eddy
Visitante
Eddy
1 mês atrás
Resposta para  Karthus

O retentor que o Arthur consumiu o chifre teve seu núcleo quebrado pela foice, não lembra?

chico amaroD
Membro
chico amaro
8 meses atrás

Esse cap foi grande pra krl, deveria ser assim nos atuais

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