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The Divine Hunter – Capítulo 103

Suspeita

Quando Huckle viu o que aconteceu com seu filho, ele deu um passo para trás e se sentou. Se não fosse por sua Vontade, ele teria desmaiado ali mesmo. “Essa coisa é Berschel?” Huckle olhou para Roy. O velho padeiro estava tremendo, lágrimas escorrendo pelo rosto.

Roy não queria mentir para ele, então ele assentiu solenemente.

“Berschel! Meu filho!” Huckle correu até Berschel. Ele olhou para o filho e tentou tocar seu rosto, mas Roy o impediu.

“É melhor você não tocar nisso,” Roy lembrou. “Isso só vai tornar as coisas mais dolorosas para ele. Tente chamar o nome dele. Se ele acordar, diga a ele… diga o que você precisar. Esta pode ser a última vez.”

“O que você quer dizer com última vez? Ele vai ficar bem! Eu sei que ele vai. Vou levá-lo de volta e conseguir o melhor curandeiro de Ellander para ele!” Huckle rasgou a teia enquanto gritava. “Você pode me ouvir, Berschel? Abra os olhos! Sou eu, Huckle! Papai está aqui!”

Não importa o quanto Huckle tentasse, ele não conseguia passar pela teia. Foi difícil para ele. Roy estava prestes a cortá-lo com sua espada, mas então, Berschel murmurou.

Amor familiar, né?

Suas pálpebras se contraíram e ele recuperou a consciência.

Quando viu o rosto familiar de seu pai pairando diante dele, Berschel não conseguiu mais se conter. Lágrimas escorriam pelo seu rosto que estava cheio de protuberâncias. “Huc…. Huc… Huckle…” Ele parecia animado, mas tudo o que conseguiu fazer foi um murmúrio fraco. Mesmo isso foi o suficiente para fazê-lo ter um espasmo de dor.

“Estou aqui, filho! Huckle está aqui. Como você tá se sentindo?” Huckle ficou muito feliz por seu filho ter recuperado a consciência. Ele rapidamente se aproximou em uma tentativa de ouvir o que Berschel estava dizendo. “Onde dói? Não se preocupe, filho. Vou arranjar alguém para te curar.”

“I-isso dói…”

Huckle virou-se para Roy, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto. “Por favor, me ajude, Sr. Roy. Vamos levá-lo de volta juntos,” ele implorou.

“Vou dar-lhe uma carona nas costas, então. Podemos ir mais rápido dessa maneira.” Roy olhou para Berschel e se agachou para dar uma olhada mais de perto. Ele balançou a cabeça. “Coloque-o nas minhas costas.” Roy não achava que alguém pudesse curar Berschel. Nem mesmo feiticeiros. Neste momento, Silfídies são sua única esperança.

“Eu…” Berschel de repente murmurou alguma coisa. “Eu…”

“O que foi, meu filho?”

“Emily… Emilia. Emily…”

“Quem é Emily? Você quer ver ela? Vou encontrá-la assim que voltarmos para a cidade. Eu Juro!”

“Ro-Rosa Branca…”

Rosa Branca? Roy ficou surpreso que Berschel mencionasse os cavaleiros quando estava a centímetros da morte. Ordem da Rosa Branca? Eles têm algo a ver com isso?

“Calma, filho. Respire fundo. Você pode falar sobre isso quando voltarmos para a cidade.”

“Me… mate…”

Huckle congelou e começou a tremer, mas forçou um sorriso. “Estaremos na cidade em breve. Segure firme.”

“Isso… dói… Me… mate… Isso dói. Me… Mate!”

Huckle respirou fundo e fechou os olhos. Ele começou a soluçar, mas escondeu o rosto nas mãos, os ombros tremendo.

“Ele está infestado com os filhotes da aranha e está enfraquecido.” Ruy suspirou. “Viver não passa de uma tortura para ele.” Roy lhe contou a verdade sombria. “Talvez devêssemos libertá-lo de sua miséria.”

“Não! Você é um bruxo, Sr. Roy. Você sabe como salvá-lo, não sabe?” Huckle de repente abraçou as pernas de Roy enquanto ele implorava. ‘Por favor! Eu posso te dar cinco… Não! Dez vezes a recompensa! Eu posso te dar tudo! Por favor, apenas salve Berschel! Tudo o que peço é que ele viva!”

“Sinto muito, mas não posso ajudá-lo.” Roy respondeu com relutância. Ele sabia que não podia fazer nada, mas queria ver se podia ajudar a pobre família. O que Letho faria? Roy começou a pensar em todas as alternativas que tinha. Não posso ficar aqui sem fazer nada.

“As aranhas podem ser mortas, mas você não vai gostar da ideia.” Roy cortou a teia em torno de Berschel. “Pode até matá-lo mais rápido do que as aranhas. Você consegue aceitar isso?” Roy abriu o casulo e olhou para o peito de Berschel. A visão o fez suspirar.

As mesmas protuberâncias apareceram em seu peito, costela e barriga. Obviamente, as larvas já estavam lá, prontas para eclodir. Os bebês monstros estavam roendo as entranhas de Berschel, nutrindo-se. Além das protuberâncias, havia um corte limpo no lado direito de seu estômago. Não parecia uma cicatriz do aracnomorfo, no entanto. De acordo com as anotações de Letho, Berschel provavelmente foi esfaqueado.

Ironicamente, o que parou o sangramento foi o fluido do aracnomorfo. Então alguém o machucou antes que ele fosse levado pelo monstro? Roy pensou nas coisas que Berschel disse. Rosa Branca? Emily? Estão interligados?

Enquanto Roy pensava na possível conspiração, Huckle pensava se deveria seguir a ideia de Roy ou levar o filho de volta à cidade. Ele não conseguia decidir, mas então seu filho implorou: “Mate… me…” Ele já estava suando furiosamente de dor. “Me… mate… Por favor…”

“Faça, Roy! Acabe com seu sofrimento!” Huckle gritou. “O-o que quer que aconteça, aconteceu!”

Roy assentiu e cerrou o punho, então uma garrafa verde de gargalo comprido apareceu. Era Andorinha, uma poção em seu inventário. “Não surte. Este é apenas um pequeno truque. Vê esta poção? Bruxos usam para se curar. Claro, isso só se aplica a eles, já que eles sofreram mutações. Qualquer outra pessoa acabaria… prejudicada, para dizer o mínimo. Mata monstros também, é claro.” Roy ergueu a poção para observar seu conteúdo. Era um tom verde claro, irradiando esperança e morte ao mesmo tempo.

“Uma vez que Berschel tome esta poção, ela vai matar as aranhas em seu corpo.”

“E Berschel?”

“Esta poção cura e envenena ao mesmo tempo, mas ele está muito fraco agora, então ele pode acabar morrendo. Francamente, suas chances são pequenas…” Roy não continuou. Em vez disso, ele abriu a poção e a cheirou. “Além disso, as aranhas vão causar estragos por um curto período de tempo depois que a poção entrar em contato com elas. Vai tornar as coisas mais dolorosas para o seu filho. O senhor ainda quer que eu faça isso?” Roy olhou para eles solenemente.

Berschel olhou para ele do casulo, seus olhos suplicantes. Ele abriu a boca, revelando suas cavidades podres e língua. “Me… dê…”

Huckle tinha uma expressão de desespero no rosto, mas assentiu. Roy fez o que lhe foi pedido.

Berschel engoliu a garrafa inteira de poção, desejando a doce liberação que traria. Ainda era dia, mas um silêncio ensurdecedor envolveu o campo. Nenhuma alma se mexeu, exceto pelo jovem que respirava pesadamente.

Roy e Huckle olharam para o pobre homem em silêncio, e Huckle sentou-se e colocou a mão do filho em seu peito. Ele olhou para seu filho moribundo com amor, como se o rosto deformado não o perturbasse. Ele sussurrou: “Nós vamos pescar em outro lugar depois disso, filho. Há um bom local do lado de fora do templo. As meninas sempre lavam as roupas lá. Elas são muito bonitas. Diga-me se você gostar de alguém. Vou ver se consigo um encontro pra vocês dois.” Huckle fungou. “Você nunca segurou a mão de uma garota antes. Lembra da filha do alfaiate? Você corou ao vê-la. Não vá, filho. Você ainda precisa se casar e constituir família. Eu quero um neto, você ouviu?”

O rosto de Berschel estava se contorcendo e ficando verde. Ele se encolheu por um momento e relaxou no próximo. Todo o seu corpo estava em espasmos, descendo até a ponta dos dedos. Os filhotes sob sua pele estavam devorando seu corpo, desesperados para fugir.

Muito, muito tempo depois, Berschel finalmente caiu e não mostrou mais dor. Até as protuberâncias causadas pelos filhotes estavam começando a desaparecer. Além de seu rosto esverdeado, ele parecia um jovem normal.

Berschel deu um longo suspiro, sorrindo fracamente para o pai. “H-Huckle…”

“Estou aqui, filho. Estou ouvindo.” Huckle segurou as mãos do filho com força, suas veias estalando.

“Eu amo…”

“O que você disse, filho?”

Os olhos de Berschel brilharam quando ele colocou o que restava de sua força vital naquela mensagem final. Nos momentos finais de sua vida, ele viu seu pai como um herói. Alguém que ficou com ele até o fim. “Eu amo você.”

“Eu também te amo, filho.” Huckle segurou o cadáver de seu filho e chorou dolorosamente.

Roy assistiu em silêncio. Houve algumas vezes em que ele quis dizer alguma coisa, mas ficou quieto para deixar Huckle extravasar sua tristeza.

Já era quase pôr do sol quando Huckle finalmente se levantou, embora estivesse cambaleando. O pôr do sol estava radiante, mas não conseguia iluminar o padeiro. Ele parecia pálido e esquelético, como se tivesse envelhecido dez anos em uma tarde. Ele enxugou as lágrimas com a manga suja antes de ir até Roy. “Obrigado, Roy. Por procurar Berschel e matar aquele monstro.” Sua voz soou rouca, como se algo estivesse preso em sua garganta. “Ve-venha à padaria amanhã para re-reivindicar sua recompensa.” Ele gaguejou.

“Desculpe, eu não pude salvá-lo. E eu até…”

“Não. Isso não é culpa sua. Você me avisou. Tudo o que posso fazer agora é aceitar seu destino. Isso é o que Melitele quer.”

Roy massageou as bochechas para não chorar. Ele reuniu um consolo. ”Meus pêsames. Sua alma está com Melitele agora.”

“Sim.”

“Vou levá-lo de volta à cidade para você.” Ele olhou para o cadáver. “Você está machucado.”

“Eu quero fazer isso sozinho. Esta é a última jornada.” Huckle se agachou para pegar o filho. O peso do cadáver quase o esmagou, e a ferida em seu peito estava rasgada, encharcando o curativo. Mesmo assim, ele cerrou os dentes, voltando para Ellander em silêncio.

Roy o viu partir. Por um momento, ele se perguntou se deveria ter contado a Huckle sobre a cicatriz que encontrara na barriga de Berschel, aquela que poderia ter sido causada por um humano. Não. Ele acabou de perder o filho. Ele não pode aguentar mais do que isso. Isso pode esperar até que ele se acalme um pouco.

Roy os escoltou de volta aos portões da cidade, onde os guardas se reuniram. Como ele não queria que Tailles o assediasse, Roy rapidamente voltou para a selva, correndo em direção à escuridão silenciosa. Lá, planícies e arbustos abandonados cresciam em abundância, mas Roy só tinha olhos para a escuridão à frente. A raiva tomou conta dele enquanto ele se lembrava da cena da morte de Berschel. Um fogo estava aceso dentro dele, e ele precisava apagá-lo.

***

Demorou muito, mas ele finalmente se acalmou, embora já estivesse na floresta a essa altura. Roy sentou e se afastou por um tempo antes de pensar na luta contra o aracnomorfo. Observar é uma habilidade incrível. Saber os atributos e habilidades do monstro antes da luta lhe deu tempo suficiente para fazer os preparativos necessários para enfrentá-lo sem sofrer muito dano.

A luta também provou que o fortalecimento de suas armas era essencial. Se Gabriel ainda fosse a mesma besta que ele pegou em Kaer, ele só teria tempo de disparar um tiro antes de ser perseguido pelo monstro. Não haveria tempo para recarregar ou disparar um segundo tiro. Simplificar mudou tudo. Roy não precisou recarregar a besta sozinho, pois a besta faria isso por ele. Um segundo ou terceiro tiro pode significar a diferença entre a vida e a morte.

No entanto, Gwyhyr foi, em termos modernos, o MVP[1] da luta. Isso causou muito dano ao monstro, enfraquecendo-o para o ataque final. E, finalmente, Incendiar o acendeu de dentro para fora, dando o golpe final. Claro, o monstro era mais fraco que o normal, então isso lhe deu uma abertura para matá-lo. Se Roy soubesse manejar a espada com mais eficiência, a luta poderia ter terminado mais cedo e de forma mais limpa.

Matar o aracnomorfo adicionou um tipo final de monstro à lista. Após a provação, ele subiria de nível para um bruxo novato. A única coisa que lhe restava fazer era melhorar suas habilidades com a besta.

Roy transformou alguns pinheiros em seus alvos e começou a treinar. Ele treinou seus tiros em pé e ajoelhado, bem como o ritmo de sua respiração. Gabriel passou por muitas mudanças após o seu aumento de poder. Quase não houve tempo de inatividade entre os tiros. O antigo treinamento não conseguia acompanhar o novo estilo de luta, então Roy teve que treinar muito para melhorar sua respiração.

***

Roy disparou entre as árvores, seu cabelo dançando ao vento. A brisa noturna roçou seu rosto, levando consigo gotas de suor. Aonde quer que Roy fosse, uma chuva de flechas de besta o seguia. Todos os pinheiros da área seriam cravados com uma.

O tempo voou enquanto Roy treinava. Antes que ele percebesse, já eram nove horas. Ele não podia voltar para a cidade porque já era hora do toque de recolher, então ele se banhou no rio antes de subir em uma árvore para meditar a noite toda.

TL/N[1]: MVP: Most Valuable Player -> Jogador Mais Valioso. Significa que Gwyhyr foi o item mais importante da luta.


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