The Oracle Paths – Capítulo 35

“Os Cubos?” Jake repetiu estupidamente, imaginando o que um cubo poderia fazer em um lugar como este.

Xi esclareceu.

Ela acrescentou.

Naquele momento, Crunch, que estava tomando sol no barco inflável, de repente se assustou, seus cabelos arrupiaram. Procurando seu mestre, ele veio para esfregar as pernas de Jake enquanto ronronava, aparentemente precisando ser confortado.

Jake, por outro lado, não tinha ninguém para se esfregar para se sentir melhor, exceto talvez a palmeira atrás dele.

BANG BANG

Sons de tiros ecoaram à distância. Com o eco, era difícil determinar o quão longe o tiro foi disparado. Mas veio da direção da colina coberta de neve com o fluxo de luz azul.

Em outro contexto, ele teria fugido na direção oposta, mas aqui foi uma boa notícia. Isso significava que pelo menos ele não era o único ser humano por perto.

Ele imediatamente partiu para alcançar a área onde os tiros foram disparados. Se a pessoa lá fosse não confiável, não havia nada que o impedisse de continuar seu caminho sozinho depois.

Avançando como uma mula, também teve que ter cuidado para que Crunch não o perdesse de vista. Felizmente, o gato o seguiu como um cão pequeno. De vez em quando, ‘Sua Alteza’ parava para urinar numa árvore ou cheirar algumas fezes pertencentes a quem sabe que mamífero. Mesmo assim, a distância foi percorrida rapidamente.

Apenas dois quilômetros depois, ele teve que parar quando um grito o tirou de seu estado de concentração. O som estridente enviou arrepios pela espinha, uma emoção tão intensa que só sentiu isso uma vez antes: quando conheceu seu primeiro Digestor…

Agachado furtivamente nas samambaias ao pé de uma árvore, cautelosamente deitou, segurou a alça de seu facão e moveu algumas folhas para ver melhor o ambiente. As samambaias na direção do barulho começaram a farfalhar na frente dele, então foram sacudidas por uma forma alienígena assustando-o que nem wifi passava pelo cú.

Uma criatura humanoide com mais de dois metros de altura, um corpo amadeirado e pele cinza, semelhante à de um anfíbio, ficou na frente dele, emitindo o mesmo som estridente intolerável de um grilo. Seus membros superiores eram finos e longos, terminando em dedos semelhantes a lâminas de prata líquida, mudando de forma incessantemente, às vezes tomando a forma das samambaias, às vezes as de garras ou cascos.

Os membros inferiores, pelo contrário, eram musculosos e cobertos de espinhos, lembrando as pernas de um inseto. Uma cauda longa semelhante à de um rato com o dobro do seu tamanho, mas com um brilho metálico, que cortava os arbustos atrás dele enquanto balançava. Quanto à sua cabeça, um crânio minúsculo, envolvendo um grande olho abaulado com uma pupila cortada e uma mandíbula com presas afiadas que pareciam ser capazes de se estender infinitamente como uma píton. Às vezes, o olho brilhava com uma auréola de luz branca. Uma criatura de pesadelos.

“Caramba… Que diabos é essa coisa?!” Jake murmurou entre os dentes cerrados, mal se impedindo de gritar.

Avisou Xi.

Percebendo o suor frio escorrendo pelas costas, uma raiva infantil encheu Jake. Ele estava apenas começando a superar seus pesadelos quando um digestor ainda mais feio apareceu na frente dele.

Toda a sua preparação foi ditada apenas por seu instinto de sobrevivência e a ideia de enfrentar animais ou humanos semelhantes aos da Terra. Ele não sabia nada sobre esses alienígenas, e assim optou por não paralisar seu pensamento com medo desnecessário. Mas quanto a esta criatura monstruosa, pelo menos sabia que não era páreo para ela.

Ele sabia por instinto que se a criatura o percebesse, sua carcaça logo acabaria em algum intestino. Por outro lado, tinha a certeza íntima de que a fuga era impossível. Sua velocidade seria inútil diante de tal besta. A única solução era lutar.

Superando seu medo, agarrou seu facão ainda mais apertado e deixou seu esconderijo de samambaia. Ao perceber, a criatura soltou um uivo alegre, como se o Natal tivesse chegado um mês antes. Franzindo a testa, Jake aproveitou para também apontar sua pistola semiautomática para a testa da criatura.

O homem e a besta olharam um para o outro nos brancos de seus olhos por um momento que parecia eterno para o jovem, e então a calma foi quebrada. A criatura rugiu vingativamente e avançou, seus dedos líquidos transformaram-se em facões.

Para não ser superado, Jake respirou fundo e puxou o gatilho da arma. A pele na testa da besta, que ele achava frágil, só rachou em contato com as duas balas que atingiram seu crânio. No entanto, a violência do choque fez com que a criatura cambaleasse para trás, parando seu ímpeto.

Por um momento, Jake foi surpreendido por sua própria precisão. Os dois pontos de Éter em agilidade melhoraram seu tempo de reação, bem como sua coordenação, destreza e controle corporal. A consequência inesperada foi que ele de repente teve um toque hábil. Seus primeiros tiros atingiram o alvo sem problemas.

Abandonando seus pensamentos ao tiro, aproveitou esta pausa para atacar o monstro. Uma longa cauda afiada moveu-se pela esquerda produzindo um som agudo, ele a evitou curvando-se para a frente sem parar. Então desviou uma das lâminas da criatura que haviam se transformado num facão.

Sentindo os dedos quase rachando devido ao impacto, ele percebeu que um homem mais fraco teria fraturado o pulso tentando esta manobra. A criatura tinha uma força incrível.

Ele continuou sua abordagem e, quando estava perto o suficiente, saltou em direção do rosto do monstro com sua pistola. Após colocar o cano de sua arma onde as duas primeiras balas racharam a pele da criatura, ele descarregou o resto do pente.

Em um agonizante chocalho da morte, as lâminas da criatura assumiram a forma de dedos afiados, em seguida, apertou-o com toda a sua força, esmagando suas costelas e cortando-o de todos os lados. Sem o colete de Kevlar, já estaria morto há muito tempo.

Teimosamente, Jake flexionou seus músculos como um louco para resistir à pressão e começou a estrangular a besta, sem saber se a forma de vida precisava ou não respirar.

Finalmente, depois de dois longos minutos infernais, o monstro proferiu um último chocalho da morte e a auréola da luz branca em seus olhos desapareceu. A pressão de seus dedos afiados aliviou à medida que liquefizeram e Jake foi finalmente capaz de recuperar o fôlego.

Suas costelas aguentaram, mas numerosos cortes cobriam seu corpo e suas roupas rasgadas estavam agora manchadas com seu sangue e o sangue prateado de sua vítima. Ele levaria vários dias para se recuperar, mas pelo menos seus movimentos não seriam impedidos.

Uma fratura provavelmente o teria condenado a tal lugar. Quanto ao colete de kevlar, já podia jogar no lixo, mas não jogou fora. Afinal, ele salvou sua vida, e por mais danificado que estivesse, ainda forneceu proteção substancial.

Escorregando no chão para recuperar o fôlego, um brilho luminoso chamou a atenção de seu olho. Um pequeno flash estático de branco puro brotou da testa da criatura exatamente onde ele perfurou seu crânio com sua arma. Percebendo que estava vendo uma manifestação de Éter pela primeira vez, tentou tocá-lo com as pontas dos dedos enquanto recuperava o fôlego.

Xi gritou.

Tarde demais. Como ele nunca viu Éter antes, nunca percebeu que a Compressão e Codificação não eram automáticas. Imediatamente, ele entrou num estado de consciência alterado, e soube imediatamente que não podia voltar atrás.

Deixando de se perder em reflexões inúteis, soube instintivamente como absorver esse concentrado de Éter. Concentrando sua atenção na energia estrangeira que estava emitindo um som harmoniosamente alto e baixo afinado ao mesmo tempo, o mesmo som estridente que a criatura, mas muito mais fraco, ressoava em sua cabeça.

Uma enxaqueca súbita o invadiu, dando-lhe a impressão de um transbordamento passando por um duto insuficientemente largo. Seu próprio Éter e o do Digestor começaram a se fundir, e por um breve momento sentiu um sentimento de intoxicação que nunca pensou ser possível. A intoxicação da vida, mas também outras emoções mais sombrias.

A vontade de devorar todas as criaturas, incluindo os humanos. Quando algumas memórias passaram pela sua mente, ele percebeu que essas emoções não eram suas. Eram da criatura da qual estava assimilando o Éter e, obviamente, uma fração de seus pensamentos.

Este monstro era bastante estúpido, mas os pedaços de memórias lhe deram a sensação de que poderia controlar suas funções vitais muito mais finamente. Talvez com mais memórias, ele pudesse ter descoberto como mudar a forma de seus membros.

Inconscientemente, ele entendeu o que fazer com um Éter cru como este e o que ganharia cultivando-o. Embora ainda não estivesse claro em sua mente, entendeu que isso o tornaria mais forte e aumentaria suas chances de sobrevivência.

Ele também entendeu que aquelas memórias que não eram suas acabariam por mudá-lo profundamente se não tivesse cuidado. Felizmente, apenas vislumbrou um pedaço dos pensamentos da criatura.

A mente da criatura era simples e primitiva, fácil de dominar e colocar em perspectiva. Ele não sabia o que aconteceria se o monstro tivesse uma inteligência superior à sua.

Quando a assimilação do Éter estava completa, Jake voltou ao seu estado calmo habitual. Ele se sentiu agradavelmente descansado apesar de sua perda de sangue, um presente de seu duelo até a morte com o monstro.

Alguns minutos depois, dolorosamente voltou para sua base, resmungando da dor, depois de bisbilhotar por um tempo, puxou uma solução desinfetante, ataduras e compressas estéreis e começou a aplicar suas aulas de primeiros socorros para se remendar. Uma infecção longe da civilização reduziria significativamente suas chances de sobrevivência.

Infelizmente, embora suas costelas não estivessem quebradas, estavam doendo muito, talvez rachadas. Suas chances contra outro monstro como este seriam muito mais sombrias.

“Droga, estou nesse maldito planeta por menos de uma hora e já estou em má forma.” Jake suspirou enquanto dava uma mordida em uma barra de alta proteína para recarregar suas baterias.

Ele nem percebeu na época que tinha acabado de matar sem mexer uma sobrancelha, o qual teria preenchido seus pesadelos um momento antes.