The Oracle Paths – Capítulo 476

Em algum lugar em uma caverna vazia havia um tanque. As paredes estavam cheias de vários buracos que juntos formavam uma complexa rede de túneis. Embora se ouvissem ao longe gritos bestiais e frenéticos, a caverna e suas galerias estavam decididamente vazias, como se tivessem sido esquecidas em meio a toda essa cacofonia.

No centro, havia uma bacia cheia de um líquido espesso cor de mirtilo borbulhando suavemente. Nesta piscina incrivelmente profunda, uma dúzia de enormes cobras pré-históricas com pele acinzentada e sem escamas nadavam.

Uma delas, no fundo da bacia, estava com o estômago mais inchado que as outras e as pálpebras levemente caídas, atestando estar prestes a tirar uma soneca digestiva.

No entanto, seus olhos se arregalaram, cheios de confusão e angústia indescritíveis. A protuberância em sua barriga começou a inchar e pulsar, a forma de punhos e pés humanos apareciam regularmente em sua superfície com um baque surdo a cada impacto.

Um item brilhante iluminou repetidamente nesta área, fazendo com que sangue escuro jorrasse como se as válvulas de uma torneira tivessem acabado de ser abertas.

O corpo da jiboia se contorceu de dor, então começou a se debater descontroladamente, batendo repetidamente nas paredes da piscina. Alguns minutos depois, a cobra parou de lutar e seu corpo inerte virou, de barriga para cima.

Um soco, mais forte que os outros, perfurou o estômago do réptil e a pessoa que estava dentro aproveitou a brecha para tirar a outra mão empunhando uma faca. Com isso, a pessoa dentro começou a estripar a besta que a mantinha prisioneira e um momento depois, o corpo irreconhecível de Peter rastejou para fora dali.

Seu físico negligenciado e viciado em drogas havia inchado, músculos sobre músculos cresceram desigualmente sobre seu corpo. Sua pele adquiriu uma cor de mirtilo doentia comparável à da bacia e estava coberta de finas escamas. Suas pupilas estavam cortadas, suas íris amareladas, garras escuras e em forma de gancho, e uma longa cauda sem caroço balançava frouxamente atrás dele, suas feições lembravam vagamente a cobra que ele acabara de matar.

Assim que ele apareceu na piscina, as outras cobras, já excitadas pelo cheiro do sangue de sua companheira cobra, vieram correndo para ele de uma vez, com a intenção de fazer dele sua próxima refeição.

Suspiro… “Eu só queria me drogar em paz…” A voz magoada de Peter ecoou na piscina apesar de ele ainda estar imerso em um líquido. “Agora que estou neste estado… esses venenos não têm mais nenhum efeito. Mas as pessoas pensam tudo errado sobre mim. Não desejo me drogar, quero só a emoções que vem com elas. Se eu não conseguir mais pacificamente… existem outras maneiras.”

Naquele momento, uma aura predatória brotou do fundo da bacia e o líquido de mirtilo começou a ferver mais forte, como se alguém tivesse aumentado a força do fogo aquecendo o fundo de uma panela. As titanoboas que estavam prestes a alcançá-lo fecharam a boca com pressa e silvaram de terror enquanto recuavam.

“Pena que você não é um desses parasitas…” Peter provocou com um lampejo de compaixão em seu olhar. “Se você fosse, seu destemor teria poupado sofrimento desnecessário…”

Depois disso, suspiros sibilantes de agonia ecoaram pela caverna por um longo momento, a superfície do tanque transbordou regularmente como se seu conteúdo estivesse sendo sacudido para frente e para trás pela abominação desenfreada dentro.

*****

Quando os três controladores se foram, a batalha terminou rapidamente. Os primeiros caçadores gigantes a serem exterminados trouxeram um fim à relativa superioridade numérica do inimigo, já que a horda de monstros normais até agora havia sido mantida sob controle por Carmin com o mínimo de problemas.

Suas correntes de sangue cristalizadas e outras armas sangrentas eram de um vermelho ardente e pareciam carregar uma centelha de inteligência própria. Rasgando as fileiras inimigas como correntes de estrelas cadentes, nenhuma criatura conseguiu sobreviver por mais de alguns segundos. Mesmo os grandes caçadores de 4-6m de altura não conseguiram evitar os golpes letais direcionados a suas partes ou orifícios vulneráveis.

Sem um Controlador para alimentar a fúria assassina de Ralnor, Mihangyl conseguiu tranquilizá-lo pela terceira vez com sua Magia da Natureza, mas pelo suor em sua testa, não foi fácil. Era duvidoso que ele fosse capaz de repetir a façanha uma quarta vez.

Uma vez que os doze caçadores gigantes foram eliminados, Jake e os outros ajudaram Carmin a limpar os outros monstros que ainda estavam chegando.

Invocando sua manipulação da terra, Jake agarrou o vazio na frente dele e a rocha que revestia o túnel mais próximo a ele amassou como se ele tivesse acabado de puxar um lençol. A rocha dobrou-se sobre si mesma e a galeria logo ficou fechada.

Depois disso, ele tentou outros métodos, mais ou menos exigentes em termos de atenção e energia, até que finalmente encontrou a solução ideal: prender cada túnel com várias lanças de pedra. Os Caçadores ainda dentro foram espetados três ou quatro de cada vez e os túneis rapidamente se tornaram uma bagunça.

Com as galerias seladas com cimento feito de cadáveres e tripas de parasitas, e uma fundação feita de pontas de rocha, os Caçadores que esperavam do outro lado se viram inevitavelmente paralisados.

Ao mesmo tempo, o Arquimago da Madeira fez o mesmo, cultivando vários arbustos sólidos e lenhosos, que obstruíam e empalavam todos os monstros internos. O resultado final foi muito semelhante ao método sangrento de Jake.

Inspirados, Ralnor e as duas irmãs bombardearam os túneis com seus poderes para forçar o colapso da entrada. Esse método era mais desgastante fisicamente e eles logo começaram a ofegar. Ainda assim, depois de alguns momentos, cerca de dez túneis foram selados dessa maneira.

Kyle teve que ficar à margem desta vez, pois sua espada e força física por si só não eram suficientes. Se a horda de Caçadores não estivesse lá, ele poderia ter conseguido obstruir um desses túneis com algum esforço, mas no meio de uma luta não era razoável.

Hephais teve o mesmo problema. Sua Magia das Sombras era muito mais versátil do que ele pretendia, mas era caracterizada principalmente por sua impermanência e volatilidade. Em menor grau, se opunha ao Elemento Luz das duas irmãs, sendo capaz de poluir, corromper e corroer.

Seus principais atributos eram velocidade, furtividade e intangibilidade apenas como último recurso de ataque. Se o assassino pudesse moldar as Sombras ao seu gosto para formar todos os tipos de armas tangíveis, uma Lança de Sombra não era tão eficiente e direta quanto uma bola de fogo simples.

Quanto a Ostrexora… Ela estava muito ocupada se concentrando para não engasgar com sua própria saliva. Estava apenas começando a compreender do que se tratava o feitiço que Tim havia lançado sobre ela. Antes, o próprio mundo e seu corpo pareciam estar se unindo e explorando tudo a seu favor. Ela já havia trabalhado os limites dessa habilidade e felizmente não era invencível.

Se não fosse por isso, sua alma simplesmente teria se dissipado por conta própria sem que ela pudesse resistir. Talvez fosse possível com um infortúnio ainda mais extremo, mas ela não queria nem pensar nisso.

“Tim…” A Fantasma rangeu os dentes em puro ódio enquanto visualizava o sorriso presunçoso do adolescente antes de sua morte.

Agora, além dos homens, também odiava um garotinho. No entanto, quando a surpresa passou, ela pensou em seu comportamento e percebeu que era tudo culpa dela. Ao saborear a morte e as dificuldades de seus companheiros em vez de ajudá-los, finalmente conseguiu o que merecia.

‘Tudo bem, vou fazer minha parte de agora em diante.’ Ela decidiu severamente.

Se continuasse a agir assim, ela não duraria muito em sua condição. Do que deveria ter sido um final fácil e relaxante para sua provação, agora teria que es esforçar bastante para sobreviver. Os olhares assassinos que Jake, Kyle e as duas irmãs a davam lembraram-lhe o quanto eles a desprezavam.

Quando quase todos os túneis foram selados, Ostrexora se sentiu confiante o suficiente para fazer seu movimento e com um gemido estridente, ela causou um desmoronamento no túnel restante. No entanto, não era rocha, mas poeira.

Ao contato com o som, as paredes racharam tão finamente antes de ceder que pareciam areia macia. Esta foi a primeira vez que a mulher Fantasma usou um ataque físico.

Sua participação espetacular, embora tardia, não lhe rendeu elogios, mas a hostilidade que Kyle estava mirando nela de repente diminuiu. Ele teria muito tempo para odiá-la quando fosse forte o suficiente.

Agarrando sua réplica do artefato, Jake a pressionou contra a versão original antes de parar no último passo. Escaneando a caverna com seu poder mental, relaxou apenas depois de detectar nada suspeito.

Aliviado, Jake cobriu o último centímetro entre sua réplica e o Artefato do Purgatório e as duas cópias finalmente fizeram contato. Quando o fizeram, ele sentiu um poderoso ímã puxar a réplica de sua mão.

Os dois objetos se fundiram instantaneamente em um flash ofuscante de luz, e a caverna ao redor começou a piscar de maneira estroboscópica, como se alguém estivesse acendendo e apagando a luz repetidamente. Às vezes eles podiam ver a caverna, enquanto as paredes frias e rígidas, e os canos da estação espacial enchiam sua visão pelo resto do tempo.

Alguns segundos depois, a caverna desapareceu completamente e eles apareceram em uma sala vazia da estação. O Purgatório finalmente foi desativado. O plano de Sigmar deu certo.

No entanto, foi precisamente neste momento que a expressão de Jake sofreu uma mudança abrupta.