— É uma espada de ego com consciência própria?
— Tenho certeza disso.
Claro, Windur não parecia ter uma autoconsciência forte o suficiente para iniciar uma conversa com ele. Mesmo naquela vez, ela somente informou Zich da porta enviando a ele um forte “sentimento” sobre.
— Foi ela também que me protegeu das chamas quando elas estavam prestes a nos engolir.
Você tem alguma ideia do que ela pode ser?
— Não, eu não ouvi nada sobre tal espada antes — respondeu Romanne.
— É mesmo? Que pena. Agora que eu entendi mais os conflitos de Clowon com os outros elfos agora, poderia me dizer mais sobre a força selada sob o castelo?
— Nós também não sabemos. No entanto, as ações do império parecem indicar que invadiram Mentis somente para armazenar esse poder lá.
— Eu não sei se o que eu vi foi isso, mas tinha uma grande árvore atrás da porta aberta. Era diferente das outras, em especial porque o fogo envolvia tudo ao seu redor.
— Uma árvore envolta em fogo?
— Sim, e as folhas também eram feitas de chamas.
— Chamas que saíram pela porta e queimaram o castelo… parece ser isso, então.
— A-agora que pensei melhor nisso… — disse Leona, hesitando no processo. Como era Zich e a xamã conversando, todos os outros pareciam espectadores.
— N-nós também vimos uma árvore na tumba em Violuwin. Acham que existe uma conexão entre elas?
— Capaz — respondeu Zich. Quando sentiu o olhar de Romanne alfinetando o seu pescoço, levantou a voz.
— Ela está falando sobre a ruína onde eu encontrei a Windur. Tinha também uma porta que eu podia abrir com a espada lá.
— Como era esse lugar?
— Era uma tumba gigantesca. Considerando todas as informações que reuni até agora, acho que aquele lugar era o túmulo real de Clowon.
— Você fez uma descoberta incrível. Mas havia uma árvore lá também?
— Sim, tinha uma árvore que espalhava suas raízes no ar e seu topo crescia no subsolo. Eu ouvi de Leona que você contou a ela uma história de uma árvore semelhante.
— Ah, aquilo… Deve ser uma história de muito tempo atrás. Havia cinco árvores com habilidades especiais. Entre elas, tinha uma árvore que crescia de cabeça para baixo. A daqui também seria uma delas?
— Então, suponho que a história não um simples conto antigo. Como você a descobriu? Eu também poderia ouvir mais sobre ela em detalhes?
— Não é como se eu soubesse a história completa. Ela foi passada para mim como uma lenda, e eu só ouvi da minha avó antes também.
“Acho que não conseguirei descobrir tanta coisa. Ainda assim, foi bom ter falado com ela. Só preciso descobrir se tem uma conexão entre tudo que sei.”
— Nós já falamos bastante. Por que não voltamos às medidas a serem tomadas contra a Tribo do Ferro? — questionou ele.
— Mesmo que a árvore em chamas não seja o tal poder de Clowon, não muda nada. A porta está agora aberta, e o poder está ao alcance deles.
— Não parece que a situação tenha melhorado muito — falou Retree, sério.
— Sim, eles cumpriram o objetivo final deles. A situação fez foi piorar, isso sim.
— A Tribo do Ferro não será capaz de usar a força de imediato — interveio Romanne. — Quando fui capturada, descobri que Renu não poderia usar o poder logo depois de liberá-lo. Eu também ouvi que eles precisam de um ritual específico para controlá-lo.
Mas, ele não ficará completamente indefeso, já que mencionou um método que poderia dar tempo a eles.
— Resumindo, temos que reunir nossas forças armadas o mais rápido possível e atacá-los antes que eles possam completar o ritual. — Terminou Zich
Todos ficaram sérios. Eles pensaram que poderiam relaxar agora que todos os reis estavam seguros, porém à medida que iam mais fundo, perceberam que estavam em um cenário terrível.
Poucos dias depois, todos os elfos de Adrowon, exceto a Tribo do Ferro, criaram uma coalizão e se reuniram na frente de Mentis. Eles tinham mobilizado os seus militares bem rápido, em partes porque já estavam formando tropas quando os reis estavam capturados.
Não podiam se apressar em atacar Mentis. A Tribo do Ferro tinha a vantagem geográfica esmagadora de existir em uma ilha conectada por uma única ponte. Além disso, até mesmo aquela única ponte agora estava queimada e quebrada.
— Aqueles malditos! Como se atrevem a quebrar a ponte de Mentis!?
Independentemente da história passada dos elfos, Mentis estava sendo usada como um local importante para a Puola. Era natural que os elfos ficassem chateados.
— Eles planejaram mesmo isso — falou D’niel.
D’niel, que estava procurando por quaisquer intrusos humanos na fronteira, também foi participar da batalha. Ele estava queimando de empolgação por ter voltado a ser um guarda real. Entretanto, mesmo para ele, era chocante que a ponte tivesse sido destruída.
Zich olhou ao redor. A coalizão de exércitos estava toda reunida na frente de Mentis, se misturando na floresta. Por essa razão, ele e os seus companheiros se destacaram feito tinta espalhada.
Fweet! Fweeet! Fweeeet!
O som agudo de uma flauta soou pela floresta. As tropas aliadas começaram a se mover.
— A luta vai começar em breve.
— Você disse que o comandante deste exército é o rei da Tribo da Planície, certo? — Zich perguntou a D’niel.
— Sim. Ele tem muita experiência em batalha, pois, por se localizarem perto de terras humanas, eles cobiçavam o lugar onde a tribo vive.
— Estamos com um pouco de problema. A única ponte para Mentis se foi, então não temos escolha a não ser nadar ou usar jangadas.
— Se tivéssemos tempo, poderíamos tê-los deixado morrer de fome.
— Então, devemos nos preparar. — Zich pegou a Windur.
Mesmo que fosse a sua primeira vez envolvido em uma guerra entre elfos, ele não achava que seria diferente de outras guerras. Logo, poderia testemunhar uma visão familiar de sangue explodindo e gritos estrondosos no meio de uma forte tensão. E aí, o cheiro da morte. Ele enfim participaria de uma guerra “real”.
‘Ah, aguardei feliz por este momento.’
Lyla olhou para as costas dele com uma expressão ansiosa.
— Comecem!
Assim que o rei da Tribo da Planície emitiu uma ordem, os elfos começaram a avançar nos barcos. Os primeiros enviados foram os da Tribo do Lago e do Oceano. Uma vez que viviam ao lado da água, estavam muito mais familiarizados com corpos grandes de água do que as outras tribos. Assim que a primeira unidade saiu, a segunda subiu no barco.
A Tribo do Ferro em Mentis também descobriu as forças aliadas e começaram a atirar com flechas. Todavia, as forças aliadas não se apressaram e pairavam perto de Mentis, mantendo uma boa distância. O número continuou aumentando junto à tensão.
Um grande som foi ouvido. Era um sinal. Os barcos que pairavam perto do lago mudaram de rumo e seguiram direto para Mentis. Ambos os lados prepararam os seus arcos, e mais e mais barcos continuaram a se dirigir à terra. Logo, chegaram ao alcance um do outro.
— Atirem!
Ambos os lados dispararam flechas ao mesmo tempo. Os aliados indo a Mentis começaram a cair dos barcos, pintando a água de vermelho. Por outro lado, não foram os únicos a sofrerem danos. No entanto, como os elfos em Mentis tinham coisas com que se proteger, tinham menos baixas.
A Tribo do Ferro passou a lançar feitiços conforme as forças aliadas se aproximavam. Uma bola de fogo pousou em um barco, o despedaçando por completo. Então, o lado dos aliados também conjuraram feitiços. Era como se ambos os lados estivessem competindo pela resistência.
Em uma área que estava a uma distância da zona de batalha principal, o terreno central de Mentis subiu como se estivesse explodindo. Então, um buraco apareceu. Um dos soldados da Tribo do Ferro descobriu o buraco enquanto lutava e, para verificar, se aproximou.
Swish!
Uma espada cortou o seu pescoço. Foi Zich quem saiu de lá.